After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Peço desculpas pelo atraso do capítulo. Boa leitura.



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Não conseguia parar de me culpar enquanto a água gelada escorria pelo corpo de Hermione, pequenas manchas roxas se formavam em seus joelhos. Meu macacão está encharcado quando desligo o chuveiro e enrolo uma toalha em minha cunhada. Me sentia culpada por não ter conseguido segurá-la e por ter tido a péssima ideia de levá-la para sair. Depois do banho e de uma boa dose de chocolate quente, Hermione estava em silêncio, sentada na cama do quarto de hóspedes, as costas apoiadas na cabeceira da cama. Seus olhos estavam vermelhos por conta das lágrimas que caiam e eu tentava dizer alguma coisa, embora não soubesse exatamente o que. Não sabia o que se passava em sua cabeça, mas podia imaginar o quão envergonhada ela devia estar, agora que o efeito da bebida já havia se dissipado quase que por completo. Hermione nunca gostou de dar vexame, sempre foi a certinha do nosso grupo. O fato de Harry e Rony estarem na sala, sentados no sofá em silêncio também não ajudava muito. Eles me ajudaram até chegar ao banheiro e Rony insistiu para que ele cuidasse da esposa. Fiz uma nota mental para agradecer a Harry quando ele o puxou para limpar a sujeira da sala e me deixou sozinha com minha amiga, que nessa altura já reconhecia o marido e gritava para ele ir embora dali.

— Mione, pare de chorar. Todo mundo já passou um vexame na vida, não se culpe tanto assim.- ela abre um sorriso fraco em minha direção, esfregando o nariz na manga da blusa.

— Estou chorando porque estou com uma baita dor de cabeça. Parece que um trator passou pelo meu corpo.- ela fala baixinho e decido acreditar que o choro era só por conta da dor de cabeça mesmo.

— Ah, deve ter sido da dança que você fez com dois caras na balada. Pena que não filmei.- ela franze a testa, erguendo a xícara até os lábios.

— Não me lembro muito bem disso. - ela responde e eu solto uma risada, me levantando.

— Amiga, você ainda está sob efeito do álcool. Amanhã eu te conto tudo. Agora acho melhor você descansar.- me levanto, puxando o macacão molhado que está grudado em minha barriga redonda. O bebê me chuta, exigente.

— Gin, espere.- Hermione me chama e eu a encaro, acariciando minha barriga.

— O que foi? Quer mais alguma coisa? - pergunto e ela se levanta devagar, caminhando em minha direção.

— Obrigada por tudo. Eu te amo.- ela me abraça e o bebê chuta mais uma vez. Ela se afasta e agacha na minha frente, depositando um beijo em minha barriga molhada.- A titia também ama você, garotão.

— Nós te amamos também, Mione. Agora me deixe tomar um banho porque ele não está gostando nada dessa molhadeira.

— Só mais uma coisa. Mande seu irmão ir para casa, não quero assunto com ele.

— Vou mandar, mas não prometo nada. Ele está preocupado com você. E realmente acho que vocês precisam conversar.- ela suspira e volta para a cama, deitando. Não fala mais nada, então eu saio do quarto em direção ao meu.

Tomo um banho quente, soltando um suspiro de alívio. Sempre fui uma pessoa intuitiva, o que significa que eram raras as vezes em que eu sentia algo e essa coisa não era verdade ou não acontecia. O que eu sentia agora era que uma longa discussão estava por vir, só que dessa vez era entre Harry e eu. Saio do banho e coloco uma camisola, depois me enrolo em um robe e desço para a sala, onde encontro Rony e Harry, cada um segurando um copo de uísque. Minhas pantufas eram silenciosas o suficiente para que eles não percebessem minha presença, então paro nas escadas para ouvir a conversa dos dois.

— Cara, eu não sei como isso foi acontecer! Ela simplesmente saiu de casa e disse que ia vir para cá. Nunca imaginei que iria chegar aqui e encontrá-la bêbada da forma como ela estava.- a voz de Rony é tranquila, embora eu perceba que seus dedos tremem ao redor do copo.

— Ela não bebeu daquele jeito sem motivo nenhum, Rony. Pensa um pouco. Alguma coisa você fez.- Harry passa as mãos pelo cabelo bagunçado, a aparência cansada.

— Ontem a noite ela estava bem, hoje ela acordou estranha. Não consigo pensar...- ele para de falar por um tempo e então parece se lembrar de algo.

 

— O que foi? - Harry pergunta, encarando Rony, a expressão confusa.

— Ontem a noite eu estava conversando com Lilá no meu celular. Ela deve ter visto quando fui ao banheiro.- os olhos de Harry estão arregalados quando ele termina de falar. Tenho vontade de rir porque tive a mesma reação.

— Cara, você ficou louco? Com tantas mulheres para você conversar, você vai atrás dessa maluca? - Rony levanta, passando as mãos pelo cabelo, visivelmente nervoso.

— Você não está entendendo, Harry. Lilá Willian! É uma nova acionista da empresa. Nunca tive nada com ela! - então ele não estava falando com a ex maluca? Me pergunto mentalmente.

— Então não era com a ex maluca que você estava falando? - Harry pergunta.

— Não, cara. Eu não falo com ela desde a faculdade! Sei todas as loucuras que ela fez para Hermione, eu nunca magoaria ela dessa forma.- meu irmão fala angustiado e pela primeira vez naquele dia sinto algo que não seja raiva por ele.

— Bem, confesso que estou muito mais aliviada ao escutar isso. Que bom que você não é tão babaca assim.- decido descer as escadas e me meter na conversa dos dois. Ambos me encaram com as testas franzidas.

— A quanto tempo está ouvindo nossa conversa? - Rony pergunta e eu encaro Harry, que desvia o olhar para seu copo. É assim que percebo que ele está chateado comigo.

— Tempo suficiente para entender que tudo não passou de um mal entendido.

— Onde está Hermione? Preciso conversar com ela.- Rony caminha em minha direção e eu seguro em seu ombro.

— Espera aí, bonitão, não é assim que as coisas funcionam. Hermione está dormindo. Inclusive pediu para que eu o mandasse para casa.- ele bufa, tentando passar por mim, mas continuo segurando no seu ombro com firmeza.

— Ah, pare de bobagem, Gina. Me deixe passar.

— Rony, você viu o estado que Hermione estava? De um tempo para ela. Amanhã vocês conversam.

— Quero conversar com a minha mulher agora, Ginevra. Saia da frente.- Rony fala mais uma vez, me empurrando com delicadeza. Harry se levanta, encarando meu irmão.

— Gina está certa, Rony. Você pode dormir no outro quarto e amanhã de manhã vocês conversam. Deixe Hermione descansar.- eles se encaram por um momento e Rony se da por vencido.

Depois de um tempo, subimos os três. Harry entra para o nosso quarto e vai direto para o banheiro, em silêncio. Ajudo Rony a se acomodar no quarto de hóspedes e volto para meu quarto. Me deito enquanto espero Harry tomar banho. Já passava de uma hora da manhã e eu estava exausta, mas mantenho meus olhos pesados pelo sono bem abertos. Algum tempo depois, ouço o chuveiro sendo desligado. Harry sai do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e abre a porta do armário, procurando um pijama. Encaro seu peito nu e mordo meu lábio inferior quando ele tira a toalha e veste uma cueca. Ele me olha nesse momento.

— Por que está me olhando desse jeito? - Harry pergunta, deixando a toalha molhada no banheiro e em seguida deita ao meu lado na cama.

— Porque eu estava com saudades e você é uma delícia.- me aconchego em seu peito e ele passa um braço por meus ombros. Com a mão livre, ele puxa minha camisola o suficiente para que minha barriga fique a mostra. Sua mão repousa ali, me acariciando.

— Eu também estava com saudades, mas confesso que estou chateado.- ele fala baixinho enquanto passo meus dedos pelo seu rosto, sentindo a barba crescida me arranhar um pouco.

— Me desculpe, eu sei que deveria ter avisado que ia sair com Hermione.

— Você está grávida, não quero que nada de ruim aconteça com vocês dois. Tome mais cuidado da próxima vez. E por favor, pare de esquecer o celular em casa.

— Tudo bem.- eu estava esperando uma longa discussão, mas acreditava que ambos estavam exaustos o suficiente para evitar aquilo. Também senti uma vontade extremamente grande de dizer: estou grávida, não estou doente. Mas não hoje. 

 

Harry beija minha testa, minhas bochechas e por fim encosta os lábios nos meus. Entrelaço meus dedos em seu cabelo, puxando seu corpo para perto do meu. Nossas roupas estão jogadas no chão pouco tempo depois disso. A língua de Harry em meu pescoço, em seguida em meus seios, me faz gemer e eu rio quando ele cobre minha boca. Mordo seus dedos com delicadeza, empurrando seu corpo para o colchão enquanto subo em seu colo. Nosso beijo é urgente. Parecia que a cada dia, nosso amor crescia um pouco mais. Assim como minha barriga, que insiste em ficar ali entre nós dois, bloqueando levemente minha visão. Não conseguia explicar a falta que ele me fazia. Dois dias viravam eternidade quando estavámos longe. Harry segura em minha cintura, xingando quando se encaixa entre minhas pernas e eu desço meu corpo, sendo preenchida por ele. Estávamos exaustos e o desejo era demasiado para prolongar aquele momento. Ele não tira os olhos dos meus e eu sustento seu olhar. Meus gemidos se misturam ao dele, que chama meu nome em meio a xingamentos. Em um determinado ponto, estamos suspirando alto, e nenhum dos dois parece se importar com as visitas dormindo nos quartos ao lado. Harry se senta, apertando meu corpo nu contra o dele. Estamos suados e com a respiração acelerada quando juntos atingimos nosso clímax. Ele sussurra que me ama e acho que respondo de volta, não sei dizer. Durmo nua e suada, agarrada em sua cintura.

Os gritos de Hermione no quarto ao lado eram estridentes e embora eu não gostasse de ouvir conversas que não me diziam respeito, ficava impossível daquele jeito. Harry se mexe ao meu lado, dormindo profundamente, alheio a gritaria. Era bem cedo e acordei com o bebê chutando com vontade minha barriga. Fico deitada por um tempo, encarando o teto. Depois de um tempo, os gritos cessam. Tenho medo de que Hermione tenha matado meu irmão, mas também penso que eles de repente estão fazendo outra coisa, então decido não ir até lá verificar. Deixo Harry dormindo, tomo um banho rápido e coloco um vestido, peça essencial no meu guarda-roupa nos últimos dias. Desço para a cozinha e preparo um café. O bebê continua chutando.

— Calma, meu filho, já estou preparando o café da manhã. Acredite, também estou faminta.- falo enquanto acaricio minha barriga.

Preparo panquecas para todo mundo, porque acordei inspirada. Frito bacon com ovos, coloco geleias e caldas na mesa. Estou terminando de arrumar a mesa quando Harry desce as escadas. Ele está usando um pijama agora, o que acho uma pena. Adorava ver aquele tanquinho sendo exibido pela casa.

— Nossa, que cheiro bom, ruvinha.- ele me beija, pegando um pilha de pratos da minha mão e leva até a mesa.- Por que não me acordou? Podia ter te ajudado com o café.

— Você estava dormindo tão profundamente que fiquei com pena de te acordar.

— Estou bem descansado, agora só preciso comer alguma coisa. Estou faminto.- ele me encara com um sorriso malicioso e eu dou um tapa em seu ombro.

— Pensei que tinha matado sua fome ontem a noite.- falo enquanto ele me abraça, dando um beijo em minha testa. Suas mãos descem por baixo de meu vestido e ele acaricia minha bunda. Em seguida da um tapa de leve e aperta a mesma, me aproximando de seu membro.

— Ah, não, eu continuo faminto. Foram dois dias sem comer, não é? - aquela conversa estava me deixando excitada e levo um susto quando ouço a voz de Rony atrás de mim.

— Eca, por que vocês não vão para um quarto? - olho para trás e encaro Rony de mãos dadas com Hermione. Não posso deixar de sorrir. Harry tira as mãos de minha bunda e arruma meu vestido.

— Porque a casa é nossa e nós gostamos de explorar todos os cômodos.- Harry responde, puxando uma cadeira para que eu me sente. Todos nós nos acomodamos na mesa.

— Quem preparou esse café maravilhoso? - Hermione pergunta, tomando um longo gole de café com leite. Percebo que ela faz uma massagem na testa com a ponta dos dedos.

— Claro que foi a sua cunhadinha querida.- respondo, comendo um pedaço generoso de panqueca.

— Só esse café fortíssimo para curar a ressaca, hein, amor? Vocês lembram que sempre que bebíamos, a única coisa que curava nossa ressaca era o café de Gina? - Rony fala, deixando Hermione corada. É aí que percebo que o que aconteceu na noite passada não deveria ser comentado, a não ser que ela me perguntasse algo, é claro.

— Eu me lembro. Adorava zerar as garrafas de vinho da adega de meu pai. No dia seguinte, só esse café para ajudar com a dor de cabeça.- Harry responde e em seguida pisca em minha direção.

— O dia está tão bonito! Por que não fazemos um passeio? - eu falo, mudando o rumo da conversa. Hermione me encara com o olhar agradecido.

— Preciso ir para casa separar alguns documentos, amanhã tenho uma audiência cedo e preciso estar bem descansada. Mas obrigada pelo convite, quem sabe no próximo final de semana? - Hermione fala devagar, os olhos cerrados por conta da claridade.

— Final de semana que vem é o casamento de Luna e Neville, amor. Mas temos todo o tempo do mundo para isso.- Rony responde e dou um leve tapa em minha testa.

— Tinha praticamente esquecido disso. Preciso marcar um horário com a manicure.

— Não se preocupe, isso está anotado no quadro de anotações lá em nosso quarto.- Harry fala e eu suspiro de alívio.

Passamos um tempo sentados a mesa, mesmo depois das panquecas terem sido devoradas. Rony e Hermione trocam olhares muitas vezes, o que me deixa um pouco sem graça. Harry percebe e decide informar a todos que iremos fazer uma pequena viagem até uma praia numa cidade vizinha. Depois de algum tempo, uma pequena bolsa está arrumada na mala do carro e estamos na estrada, cantando músicas dos anos 90. O dia estava ensolarado e fazia calor, então estou usando um bíquini e uma saída de praia. Demoramos duas horas até chegarmos. Bournemouth é uma cidade litorânea no condado de Dorset, no sul da Inglaterra. A praia de Bournemouth é uma praia de areia branca. Sim, areia. Digo isso porque aqui na Europa a maioria das praias são de pedrinhas, principalmente aqui na Inglaterra. Outra coisa que chama muita atenção aqui nessa cidade são as cabanas coloridas que ficam na beira mar. Além de serem bem fotogênicas, essas cabanas são utilizadas para descansar, cozinhar, guardar coisas. Cada um faz o uso que quiser da sua, mas infelizmente era muito difícil conseguir alugar uma delas, principalmente assim tão em cima da hora. Paramos no píer para almoçarmos, já que a viagem longa me deixou faminta.

— Você está cada dia mais barriguda e linda.- Harry me encara por baixo dos óculos escuros. Acaricio minha barriga, que está bem vísivel por baixo da saída de praia.

— É verdade. Linda eu sempre fui, é claro. Mas até que estou gostando de ser barriguda por alguns meses.- Harry solta uma gargalhada ao me escutar e da uma mordida em seu hambúrguer.

— Estou ficando ansioso para conhecer o nosso filho.- termino de mastigar meu filé antes de responder.

— Não se preocupe. Quando ele nascer, vou deixar todas as fraldas sujas para você trocar. Assim vocês podem passar mais tempo juntos.

— Não me importo em trocar as fraldas sujas.

— Espero que não se importe mesmo, porque estou te dizendo, elas serão sua.

A maresia sopra meus cabelos e fecho os olhos, me sentindo angustiada por um momento. Continuamos conversando e Harry me conta sobre novos projetos e novas parcerias do trabalho. Não tinha muito o que falar sobre o meu trabalho. As coisas estavam indo bem desde que ganhamos aquele prêmio. Quando terminamos de almoçar, caminhamos pela beira da praia, nossas mãos unidas. Harry sempre odiou frutos do mar, areia, praia, piscina e principalmente, o mar. Tudo que envolvesse sol e água na mesma frase não combinava em nada com ele. Ao contrário de mim, que adorava sol, calor, água. Meus pais me chamavam de peixinho, porque quando eu era criança e até mesmo na adolescência, eu passava horas na pequena piscina de nossa casa. Por esse motivo, Harry sempre me acompanhava e me olhava de longe quando íamos para a praia. Hoje não tinha sido diferente. Tiro minha saída de praia e entrego a Harry quando entro no mar. Ele pede para que eu tome cuidado e fica parado como um salva-vidas na beira do mar, o olhar focado em mim.

As ondas estão agitadas e perco o equílibrio em alguns momentos, mas faço força com meus braços para manter meu rosto fora da água. O sol está muito quente e meus olhos começam a arder por conta do sal do mar. Decido boiar um pouco e fecho meus olhos para relaxar. A água envolve meu corpo como se me abraçasse. Não percebo quando a correnteza me puxa para longe. Olho para os lados e só consigo enxergar a imensidão azul do mar, o que me causa medo. Não consigo sentir a areia de baixo dos meus pés. As ondas estão mais altas agora e tento nadar para longe dali, mas meus braços estão exaustos. Minhas lágrimas se misturam com a água salgada e eu tento gritar, mas minha boca está cheia de água. Meu bebê começa a chutar, provavelmente porque ele também sentia o meu pânico. Então uma onda atinge meu rosto com força e tudo fica escuro.


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Notas finais do capítulo

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