O Conde que me seduziu escrita por Mari


Capítulo 3
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Era capítulo quentinho que vocês queriam??



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— Você só pode estar brincando comigo! – bradou Edward e Beau tinha apenas uma certeza: iria morrer. Apesar da personalidade peculiar do conde, nunca vira ele tão possesso como naquele dia. – Você arranjou um casamento para mim com sua irmã? Sem nem me consultar? Suponho que ela não deva saber disto. E ela aceitou?

                - Edward, um dia irá me agradecer por isto. Sério. Isabella é uma boa mulher e não irá incomodá-lo... você a viu durante esses dias, viu como ela é perdida em si mesma... será bom para ambos! Ela também precisa se casar. Faça esse favor ela... a você também. – suplicou ele.

                - Não considere que estás me convencendo por pensar em alguém além de ti, Beaufort. – a voz dele era firme e ameaçadora.

                Enquanto isso, Isabella observava os dois amigos conversando no jardim; e o conde parecia estar bem exaltado. Naquele dia, ela também não estava com o melhor dos humores. No que diabos estava pensando em aceitar casar-se com um desconhecido? Quanto desespero... não havia pessoa mais mortificada do que Bella naquele momento, porém teria de admitir que grande parte do desespero se devia a sua tia, que a provocava desde a hora que acordava até a hora de dormir.

                Respirou fundo e tentou se tranquilizar. Aquele era supostamente o último dia de tia Miranda em sua casa e poderia finalmente voltar a viver sua vida normalmente. Além disso, em breve o conde também iria embora. Tomou coragem e decidiu: iria dizer ao seu irmão que tinha cometido um erro e não levaria adiante a ideia do casamento.

....

Mais tarde, Isabella procurava seu irmão para lhe informar sua decisão e se deparou com sua mãe. E tia Miranda.

— Filha, vamos à sala verde conversar um pouco. – pediu ela, mas Bella podia ver que estava insegura.

— Não tenho nada para conversar...

— Vamos, querida. Acalme-se e escute o que hei de dizer.

Na sala verde, mãe e tia sentaram-se juntas num sofá e Bella estava num outro paralelo à elas. Tomavam chá enquanto pairava um silêncio constrangedor no ar.

— Bella, querida, já completara vinte e quatro anos e podes perceber que não há muitas moças solteiras com esta idade. Sei o quanto é especial minha filha, porém ninguém é feliz sozinho... Eu, seu pai e... er... sua tia Miranda não estaremos aqui para sempre. Há de chegar um dia que partiremos e Beau poderá encontrar uma moça por quem se apaixone. Preocupo-me com você, meu amor.

— Mãe, eu-

— Londres não está sendo proveitoso para ti, querida. Não há homem à sua altura, eu sei. Também não vejo ninguém aqui nesta cidade que seja suficiente para ti, minha Bella.

— É isto. Irá comigo esta tarde para Bridgetown, lá há homens trabalhadores, brutos, que valorizam um bom casamento que possa gerar muitos filhos. – pronunciou-se a velha tia Miranda.

— Que? Mamãe, não posso crer que irá permitir isso! – gritou Isabella, levantando-se do sofá de súbito.

— Será só por um mês, querida. E eu irei contigo, ficarei lá com você o tempo inteiro. Ficaremos hospedadas na propriedade de Miranda.

— Não. Não compactuo com a ideia e é meu futuro em questão. Não aceito.

— Isabella! Não seja rude. Iremos e ponto final. Um mês não irá matar-te. – repreendeu sua mãe, que embora não fizesse por mal, defendia a ideia louca da megera Miranda.

— Com licença. Sinto-me indisposta. – Isabella disse enojada, sem poder acreditar na possibilidade que sua mãe a ofertara.

Saiu em busca do irmão e encontrou-o na biblioteca, em discussão com o conde. Ela inspirou e criou forças para entrar no cômodo.

— Precisamos ir. Mamãe quer que eu vá morar com tia Miranda em Bridgetown. – intrometeu-se ela e eles se calaram rapidamente.

— O que? Não acredito. – o irmão Beau suava como um porco e trocava olhares com seu empregador.

— Sim. Querem que eu parta hoje à tarde com ela, a fim de achar um marido.

— Escute aqui, milady. – começou Edward, se pronunciando pela primeira vez. – Vamos ser sinceros nesta conversa, para que ela jamais aconteça novamente. Primeiramente, isso tudo foi ideia de seu irmão, numa tentativa de evitar minha falência, e, consequentemente a dele. Irei aceitar, não porque não quero perder meu dinheiro, mas porque compadeço-me de sua situação. Nós iremos embora esta tarde, para Olympia, onde conseguirei um documento que licite um casamento de urgência. Contrairemos matrimônio, porém conviveremos pacificamente e de forma independente. Não quero ser perturbado com nada que não seja estritamente necessário. Ouviu-me? – foi educado em seu tom, entretanto o conde era um homem muito grosseiro. – Ouviu-me? – indagou novamente, impaciente.

— Sim. Não irei incomodar o senhor.

— Perfeito. Arrume seus pertences, partiremos em algumas horas.

...

Quando Isabella estava pronta avisou aos rapazes, que não estavam num clima muito amigável. O criado arrumou as coisas da futura esposa do conde na carruagem e eles desceram para cumprimentar os Swan.

— Sr. Swan e Renèe. – saudou ele com um sorriso mínimo. – Gostaria de pedir permissão para casar-me com Isabella Swan, vossa filha.

Todo mundo no recinto se voltou ao sério. Ninguém piscava. Tia Miranda parecia que viria à óbito a qualquer instante. A moça quis gargalhar. Aceitar tal conveniência já tinha valido a pena apenas pela reação da sua tia louca.

— Rapaz... tens certeza? Mal conhece nossa filha e além disso não temos um dote suficiente. – ponderou Charlie enquanto Renèe estava absorta em pensamentos.

— Não será necessário o dote. Conheci Isabella no decorrer desta semana e apercebi-me que daria uma ótima esposa. Se derem-me a permissão de tê-la, ficaria muito satisfeito. – discorreu Edward, claro e objetivo.

— Bom, neste caso não vejo problema em permitir esta união. – disse Charlie sorrindo. Realmente, ter um conde na família não seria nada mal, nada mal mesmo. – Renèe, querida?

— Hahahahahahah! Está claro que é uma pegadinha! – exclamou a megera Miranda, rindo como se alguém tivesse contado a piada mais divertida de toda Inglaterra. – És dono de grande senso de humor, cond-

— Gostaria que se dirigisse com mais respeito à minha futura esposa. Em breve, Isabella será a condessa de Olympia e tal título merece inteira subserviência da sua parte. Não te esqueças que poderá precisar dela um dia. De nós. E, sinceramente, tenho pouca vontade para ceder favores a quem julgo não merecer tampouco um botão. – o conde cortou a velha como uma foice cortava alho-poró.

— Perdão, milorde, e-eu...

— Direcione seu pedido à minha noiva. – interrompeu ele, com impaciência.

— Perdão, sobrinha amada, não queria-

— Está tudo bem, tia Miranda. – finalizou Isabella aquele momento constrangedor, desejando que acabasse logo. – Mamãe? Tudo bem?

— Sim, filha, claro. Podemos nos despedir à sós? Bella concordou e as duas se direcionaram ao escritório de Charlie.

— Filha, não me diga que aceitou isso para se livrar de sua tia.

— Sim, aceitei. Não só de viver um mês ao lado daquela mulher, como de ter um marido muito pior que o conde.

— Bebê, gostaria que estivesse noiva de alguém que amasse e...

— Mãe. A maioria dos casamentos ingleses não são por esses motivos. Creio eu que não acreditavas realmente que eu iria amar um pretendente em Bridgetown. Então... não precisa ter remorso algum. Irei embora esta tarde. Para a minha nova vida.

— Esta tarde? Não haverá festa?

— Não. Não há motivo. Nem eu, nem meu... – a palavra noivo parecia não querer sair de sua boca. – noivo temos interesse em dar uma festa. Sentirei sua falta, mamãe. Mas não tenho escolha. – afirmou ela, abraçando Renèe e contendo às lágrimas. Sua mãe podia ter a apoiado. Ter ficado do lado dela e a defendido das investidas maldosas de tia Miranda, como o conde havia acabado de fazer na sala. Não seria feliz ali com os pais para sempre, principalmente quando os mesmos não a protegiam de gente como sua tia.

— Também sentirei a sua, docinho. – declarou a matriarca Swan, desmanchando-se em lágrimas. – Por favor, deixe-nos saber quando poderemos visitá-la. Deus, tenho que dizer adeus à minha menininha de forma tão repentina! – Isabella queria chorar por ser apartada dos pais de maneira abrupta, porém não sentia comoção na declaração da mãe. Ainda estava muito magoada com a conversa que tiveram hoje cedo no salão Verde.

— Vai ficar tudo bem. Adeus, mamãe. Nos vemos em breve. – disse Bella sem expressar muita emoção. – Vou dar um abraço no papai.

...

Bella chorava copiosamente durante a viagem para Olympia. Edward pensou até ter criado um pouco de pena pela garota, mas ignorou a sensação. Ela havia escolhido isto, e, literalmente, ele não tinha dedo nenhum nesta escolha. Não havia sugerido tal ideia, nem obrigado ela a nada. Beaufort, quem havia arquitetado tudo, estava no outro vagão da carruagem. Deus sabia o que fazia. Se os dois estivessem no mesmo vão, o coração de Beau já havia parado há muito tempo. Edward detestou o fato do matemático tramar pelas suas costas, afinal, sempre confiara muito nele.

A carruagem parou.

— Milorde, estamos frente à uma taberna. Deseja algo? – indagou o cocheiro.

— Milady? – perguntou o conde simplesmente.

— Gostaria de um pano limpo e água morna, para aquecer meu corpo e fazê-lo aguentar à madrugada.

— Você ouviu, Jeffrey. – respondeu Edward absorto na preocupação de sua noiva de aquecer o corpo. Tinha outra ideia em mente.

Poucos minutos depois, chegara uma bacia de água quente e um pano. Bella agradeceu, molhando o pano e as mãos, sentindo uma onda de deleite pela temperatura da água. Colocou o pano na testa por um tempo e no pescoço. Tirou os sapatos e levantou um pouco o vestido, afim de colocar os pés na bacia. Edward prestava atenção naqueles tornozelos mesmo querendo desviar o olhar. Ela que antes estava pálida e roxeada pelo frio, agora tinha as bochechas e lábios rosados e parecia mais relaxada. Nem com os olhos inchados de tanto chorar estava mal aparecida. Continuava bela e agora, depois de ter se limpado e se aquecido com a água, aparentava estar cheirando tão bem quanto um prado de rosas.

— Pronto, Jeffrey. Agradeço-lhe imensamente. – disse Isabella com um pequeno sorriso, entregando a bacia ao senhor.

— Traga uma manta do meu baú para a dama. Irá fazer mais frio depois da meia noite. – avisou o conde e o cocheiro assentiu.

....

Era tarde quando os dentes de Bella começaram a bater de frio. Estava enrolada numa manta grossa, macia e com um cheiro inacreditável. Se aquele aroma fosse o cheiro do seu futuro marido, seria difícil manter a distância desejada que ele ordenara.

Edward estava na frente da futura condessa, quando, mais uma vez – que esta maldita sensação não se tornasse hábito – se compadeceu da mulher que tremia de frio.

— Milady, sente-se ao meu lado. Vai congelar se continuar aí. – sugeriu Edward e ela levantou o olhar assustada. Não sabia se desejava ficar colada àquele homem que não era dos mais simpáticos. – Vamos. Não temos muito tempo até que parta desta para uma melhor. – ironizou ele. Ela o fulminou com os olhos. Desde quando o conde era adepto a anedotas? Muito sem graça por sinal. Infelizmente, não estava em posição de recusar nada do homem que a havia ajudado.

Ela levantou-se e foi até ele que a puxou para seu peito. A respiração dela parou enquanto o coração só acelerou. Nunca em toda sua existência estivera tão unida a um homem daquele modo. Era novo para ela e muito bom, além disso, ele era o calor em pessoa. E sim, o cheiro da coberta era o dele. Ela não saberia explicar o quão masculino e prazeroso era aquele perfume. Supôs que era uma colônia que senhores ricos usavam. Devia vir da França. Olhou para o rosto dele e sua visão estava distante. Seu rosto era perfeito, com grandes sulcos nos lugares das bochechas, destacando o maxilar e as maçãs do rosto... o nariz bem desenhado e retilíneo, os olhos verdes agora eram rodeados por olheiras claras e a boca, bem... a boca ela preferiu ignorar. Não era certo pensar nessas coisas. Não havia amor ali ou sequer um gostar. Tudo que havia se resumia em uma palavra: conveniência. Além de tudo, ele parecia ser alguém recluso em si mesmo, que simplesmente não gostava de interagir com ninguém. Questionava-se ela se ele já estivera com outras mulheres. Quis rir. Que tamanha ingenuidade a sua! Estava mais do que claro que, mesmo que ele fosse frio, poderia muito bem ser um libertino e seduzir quem desejasse pelo próprio deleite.

...

Graças ao Senhor a tortura havia cessado. Uma madrugada inteira com a mulher mais bela que cogitava existir na Terra colada ao seu corpo, sem ele mover um único dedo. Nem estava casado ainda, e já era um inferno. O seu consolo era que a partir de agora que já estava em sua propriedade iria fazer suas ocupações e fingir que estava tudo como antes. Pelo menos tentaria.


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Notas finais do capítulo

Adorei o feedback, meninas! Me motivou muito. Capítulo até grandinho pois na semana sou mais ocupada e não garanto vir aqui postar... Agora vou dar um spoiler: a partir do próximo, as coisas começam a esquentar entre o conde e a futura condessa! Me digam o que acharam e até a próxima!



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