Casamento da Morte escrita por HatsuneMikuo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Entediante.  

Era o que sentia nessa viagem que a carruagem balançava toda hora, por horas e horas. Não pegou um cochilo nenhuma vez, mesmo encontrando uma posição confortável para apoiar sua cabeça nos braços olhando a paisagem que não mudava nunca. Era a mesma vegetação de sempre, sendo de dia ou noite, olhar pela janela não era nada entredente, e ficar ouvindo seu tutor recitando o manual de como ser um bom líder de um autor que não lembrava o nome.  

Na cabine da carruagem estava Hyoga Kido, filho mais novo do magnata Mitsumasa Kido, Camus Verseau, o ilustre pedagogo e mestre do caçula e Isaak, apenas um rapaz com um ano de diferença do loiro e melhor amigo e responsável do mesmo, também era irmão mais novo de Camus. Estavam a 12 horas de viagem a carro para o destino final, uma cidade do interior da metrópole para conhecer a noiva do rapaz de 14 anos. Seria um casamento quase político, visto que os irmãos mais velhos de Hyoga tiveram o mesmo destino, já eram adultos e casados, e agora seria a vez dele. E algo nos seus olhos entediados dizia que não tinha pressa para isso.  

Fazendo uma reapresentação, já que faltavam horas para chegar ao destino, Hyoga possui 14 anos, cabelos loiros que se repicavam na altura dos ombros e olhos azuis da cor do céu ao meio dia. Camus, o braço direito do patriarca da família, dono de madeixas vermelhas que deslizavam por suas costas. Isaak tinha cabelos loiros um pouco mais escuro que o herdeiro, escondidos por um chapéu militar ushanka, tinha olhos verdes como pedra quartzo.  

Camus repetia os votos que Hyoga deveria recitar no altar enquanto Hyoga não prestava atenção, Isaak parecia se divertir quanto a isso pois não haveria problema se Hyoga esquecesse os votos já que ele tinha uma cópia escrita no papel em seu bolso. Haviam outros livros de literatura nos bancos para que ele pudesse ler durante a viagem, mas nada prendia sua atenção.  

A cidade onde estavam chegando poderia não ser considerada grande e nem mesmo pequena já que era mais um polo industrial cheio de fábricas e fonte de minerais e matéria prima para. Visto que o mais novo crescera numa mansão na metrópole, nunca viajara tão longe dessa maneira que durava a metade de um dia.  

Hyoga conseguiu pegar no sono ao som de Camus, mas demorou pouco pois a carruagem havia parado de se mexer.  

Chegaram ao destino, a residência da futura noiva..., mas não estava afim de conhece-la, mas deveria, pois, passaria a morar com ela a partir de amanhã. As únicas coisas que sabia sobre a garota é que ela era a esposa ideal para alguém da importância dele, filha de empresários do ramo da tecelagem.  

Não fora consultado, não fora perguntado nada. Apenas os criados iriam arrumar suas malas e iria viajar para cidade tal e se casar com alguém, e assim estava ele descendo da carruagem e várias pessoas o recepcionando, desejando-lhe boas vindas e com criados acomodando as bagagens.  

Fora apresentado a sua noiva, Eiri. Era meiga e fofa, parecia bem mais jovem pra alguém da sua idade, era loira de olhos azuis e tinha o cabelo preso com um coque, das poucas palavras que os noivos trocaram, Hyoga já teve a impressão que ela era uma boa garota, mas no fundo não queria se casar com ela. Já tivera lido literaturas sobre casamento arranjado, casamento político que desagradavam os noivos, mas teve sorte em encontrar uma noiva linda e delicada. Mas mesmo assim, dentro de si não queria se casar.  

Parentes e convidados diziam que o casamento dos dois foram abençoados por cornetas tocadas por anjos do senhor, que o casal se completara logo no primeiro olhar. Eles estavam mais ansiosos pelo casamento do que os próprios noivos.  

O casamento seria deles, ou “deles”. Perguntava-se.  

Alguém anunciava que o almoço seria servido, pois os recém chegados não haviam comido nada. Na mesa Hyoga observava no outro canto sua noiva e de como ela era polida com as regras de etiqueta, e de vez ou outra recebia olhar reprovado de parentes deixando-o constrangido.  

Não queria estar ali, mas precisava.  

Após o almoço foi a vez do casório e o ensaio dos votos, sem direito algum de descanso para ele, e Hyoga fez feio no altar da capela. Disse que esqueceu os votos, e o papel com eles? Perdido. E com isso a decepção de quem estava assistindo. Isaak fora responsabilizado por isso.  

Camus conversou com os presentes pedindo um pequeno tempo para que noivo pudesse responsavelmente se acostumar com sua vida de casado. Depois de uma negociação com os pais de Eiri que não gostaram nada do comportamento do garoto. Foi decidido então que ele acertaria na hora os votos sem nenhum erro amanhã no altar, mas que esse episódio não seria deixado de lado tão cedo na vida daquele rapaz por tamanha incapacidade e descompromisso. 

Depois de abaixar a poeira, longe da capela e também longe da mansão da noiva, Hyoga e Isaak preferiram dar uma volta de carroça pelos arredores para conversarem sobre o casamento.  
Hyoga mais à vontade com seu amigo desabafou que não queria casar, sendo que o mais velho já sabia disso desde o começo, que Eiri não era a culpada, ele apenas queria ao menos ter o seu tempo de verdade, e não o tempo dos outros.  
Isaak que estava guiando os cavalos brincou com Hyoga e tirou uma garrafa de vodka que estava escondida em seu casaco.  

“Para melhorar o seu dia.”  

 
Os dois sorriram cumplices e pararam a carroça e desceram para dentro da mata procurando por algum lugar para sentar e abrir a garrafa e aproveitar o resto do fim do dia  
Apenas dois goles e Isaak pergunta sobre os votos e o loiro pede para deixar de lado, e a verdade é que antes de jogar o papel no lixo havia lido algumas vezes.  
Com uma brincadeira entre os dois para imitar a hora do casamento. Hyoga inconscientemente dita os votos sem errar, e no final pôs a aliança de ouro num galho de árvore caçoando os votos e canções danças judaicas que tivera que aprender aos risos descontrolados de Isaak 

“Com esta mão espantarei as suas tristezas; 

Sua taça jamais ficará vazia, pois eu serei o seu vinho; 

Com esta vela iluminarei o seu caminho na escuridão; 

E com esta aliança eu lhe peço que seja minha. “ 

 
Os rapazes não perceberam a brisa mudando de direção e circulando os dois, Isaak até ao menos notou a ventania repentina, mas não falou nada.  

Tudo se tratava de uma brincadeira, e na hora de retirar o anel caríssimo de ouro para não o perder, o galho segura com força Hyoga o puxando. 
Por instinto tentou fugir e Isaak correr para ajudar, mas estavam era ajudando o que tinha do galho a se levantar pois a primeiro princípio achou que a mão dele estivesse preso, e não sendo segurada por algo.  
Uma figura cheia de terra que ia escorrendo revelando tecidos brancos, vários vermes e centopeias escorregando e enfim um rosto de uma caveira com terra e fedendo entre os véus.  
A mandíbula abriu derrubando mais areia e larvas e pronunciou com a voz de uma mulher pronunciando os votos de casamento perfeitamente.  

 
"Eu aceito" 

 
H-Hyoga... monstro... monstro!—  Isaak estupefato tinha escorregado no chão quando o cadáver se reergueu 
Hyoga que até então estava em transe tentando saber o que havia acontecido e com que voz da mulher não havia se tocado que estava diante de um monstro. Os meninos saíram correndo para se salvar, mas n foram em direção a estrada, ficando cada vez mais dentro da floresta e se perdendo.  

OH MESSIAS, O QUE ERA AQUILO? - gritava o Isaak recobrando o folego. 
— Eu não sei. O que diabos era aquilo? Um demônio? 
— Vamos voltar, rápido. E se aquilo estiver nos perseguindo? 
— MERDA! Isaak. A aliança. Eu deixei a aliança lá! 
— Você o que??? Ah, meu senhor, Camus irá me matar. 
— Temos que voltar! Aquela aliança vale minha vida.  
— Você É louco Hyoga?? Aquilo vai te matar. 
— Eu sei... mas, o anel é importante. Aquilo é de ouro.  
— Hyoga, eu já te protegi demais nessa vida e aquilo não é uma coisa qualquer. Aquilo estava morto!  
— Era uma mulher isaak! 
— Uma mulher demônio!  Uma mulher fantasma... Eu vou molhar minhas calças se ficar aqui... Hyoga... Hyoga.... Hyoga...  

... 
Isaak afinava a voz até perder por completo. Hyoga se preocupava com o que fizera e com o anel que deixara no dedo da criatura, olhou para a direção que Isaak apontava e viu uma figura se destacando entre as árvores e o azul escuro do céu já sem a luz do sol. 
Um vestido branco de seda encardido, o corpete bordado já desfiando-se e o véu sendo levado pela direção do vento. Os braços de ossos bem finos e o rosto cadavérico de pele seca grudada ao crânio cantarolando 

Cantarolando marcha nupcial em direção aos dois.  
Fora a coisa mais macabra que vira. Mas o brilho da luz do pouco sobrara no céu refletia ao dourado em seu dedo referente ao anel de ouro. Isaak tentou correr puxando o braço de Hyoga, mas o mesmo não se moveu. O forte puxão no braço e novamente nada, e a mulher se aproximava cada vez mais.  
Isaak se afastou quando a criatura chegou perto do loiro temendo pela segurança dele. Mas os dois estavam parados. 

 
"Eu esperei tanto por esse momento... estou tão feliz..." 

 
De perto o odor do cadáver era insuportável, era agoniante ver sua pele cinza carcomida com algumas larvas de besouro que escapavam para fora dos tecidos dos músculos.  

 
"Tanta felicidade que sinto dentro de mim, agora seremos felizes para sempre..." 

 
Hyoga tinha olhos para o anel que estava em seu dedo de apenas ossos, mas agora estava hipnotizado por sua voz, Isaak fazia suas orações judaicas pedindo proteção ao loiro para afastar o demônio de perto de si. 

 
"E agora, ficaremos juntos para sempre..." 

 
As mãos finas tocaram os ombros do loiro aproximando sua mandíbula com dentes enfileirados até os lábios de Hyoga. Isaak gritou tentando interromper, mas uma corrente de ar misturado com poeira e galhos de arvore fechou-se sobre os noivos impedindo do mais velho se aproximar.  
Protegeu seus olhos com os braços até a ventania acabar. E quando isso aconteceu os noivos não estavam mais ali. 
Hyoga??? Hyoga!!?? Onde está?! Oh Salvador, me ajude... 
...


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Notas finais do capítulo

Pretendo atualizar em breve os capítulos desta fic que é o meu maior orgulho. Não esqueça da review, ok?



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