Lonely Revenge escrita por Arcchan


Capítulo 1
Single Chapter — The deep rivers flow slowly


Notas iniciais do capítulo

Essa fic é simples, mas é de coração. ❤



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Lonely Revenge

By: Archie-sama

Single Chapter — The deep rivers flow slowly

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Os rios profundos fluem lentamente — provérbio japonês. 

 

Vazio. A solidão embalada pela escuridão mais densa já experienciada por alguém, a tristeza esmagada e engolida pela primazia da vingança; assim era a vida de Uchiha Sasuke. 

Seus dias passavam com uma lentidão torturante, pois estar sozinho tornara-se o habitual, e as sombras projetadas nas paredes da casa principal faziam-no ser tragado pelos medos que tentava ocultar. Mas também não havia qualquer tipo de alívio ao anoitecer. O céu escuro sempre chegava com a certeza de que pesadelos podiam ser reais, e que chorar não mudaria nada. Chorar não mudou nada. Por isso Sasuke condicionou todos os seus esforços para tornar-se forte, imutável, inquebrável. 

Ele não se importava se aqueles sentimentos o consumissem, porque não tinha mais nenhum propósito de viver senão punir o causador de tudo aquilo. Sentia-se fraco e impotente desde aquela fatídica noite, e era isso que alimentava sua sede de poder. 

Sasuke decidiu que estava tudo bem em ficar sozinho. Se seu caminho como um vingador necessitava da abnegação de sentimentos mundanos como afeto, ele abraçaria a solidão com todo o seu ser. Porque o ódio era muito mais fácil de lidar.

Mas doía. Porque, afinal de contas, ele ainda era só uma criança… Era realmente pesado demais para suportar. O mundo era injusto. Depois de tudo, ele era o único a carregar esse fardo nas costas.

Então, para alcançar seus objetivos, Sasuke decidiu que seria o melhor ninja. Ele precisava ser. E não havia um dia sequer em que sua mente não revivesse a dor de perder toda a sua família de uma só vez. Sem misericórdia. Sem qualquer outra alternativa. Era essa sensação de miséria, de inutilidade e de fraqueza que o impulsionava adiante. 

Contudo, houve um pequeno desvio no caminho que o Uchiha escolheu para si mesmo. Não era nada planejado, era somente… inevitável. Ele nunca esperou que fosse se apegar a alguém tão facilmente. Depois de ter vivenciado as perdas mais dolorosas de sua vida — pelas mãos da pessoa que mais admirava —, seu coração havia se fechado inteiramente para qualquer tipo de afeição.

Amizade, carinho, apreço, amor… 

Não havia nada que pudesse adentrar suas barreiras. Ou era isso que achava.

Sem que ele percebesse, havia acontecido o que mais temia: a convivência com Sakura, Naruto e Kakashi estabeleceu laços que ele gostaria que nunca tivessem existido. Porque não podia arriscar seu ódio por algo tão… tão trivial como sentimentos. 

Já era tarde demais, entretanto. 

Naruto, com todos os seus princípios — e sua persistência digna de um idiota —, conseguiu cativá-lo de uma maneira que ninguém havia conseguido ainda. Porque eles eram semelhantes na solidão e extremos opostos na personalidade, a afinidade e a rivalidade desenvolveram-se em igual nível. 

Já Kakashi tinha todo aquele jeito despreocupado, o que inicialmente fez Sasuke julgá-lo erroneamente. Ele realmente achou que o sensei não se importasse, que aquele trabalho era apenas pura obrigação… Até que o jounin provou exatamente o contrário. Ele não era apenas forte, Kakashi também possuía ideais dos quais não abria mão. Ele ganhou o respeito de Sasuke. 

E Sakura, bem… A melhor palavra para descrevê-la era irritante. A princípio Sasuke não se importava com ela ou com o que ela pensava dele; para ele, Sakura era como todas as outras garotas. E ele não hesitou em dizer o que estava em sua mente, não importando se seria rude — ela não o conhecia e não entendia sua dor. Como podia dizer "eu gosto do Sasuke-kun" tão facilmente? Sasuke achava que jamais seria capaz de compreender. Então, depois de ser duro com ela, também pensou que ela poderia ter desistido desse ideal de gostar. 

Ela não desistiu. 

Ao mesmo tempo que Sakura deveria ser simples de entender, Sasuke a achava confusa. Porque era difícil lidar com alguém que, diferente dele, expunha o que sentia tão sinceramente. Ele escondia suas emoções. E se esquivava, porque tinha certeza de que alguém como ela, garota de sorriso fácil, jamais continuaria a gostar dele se soubesse que era vazio por dentro. Que, na verdade, não trazia nada na bagagem além de um passado horrível. Sakura havia crescido rodeada de pessoas que a amavam, não fazia ideia do que era aquele buraco que ele carregava no peito… 

Mas ela nunca voltou atrás. Ela continuou a invadir o seu mundo, mostrando que tornar-se alguém melhor não era difícil ou irreal. Críticas eram o primeiro passo para mudanças. E ela provou isso, ela ganhou sua confiança de uma maneira que nem entendia… A aproximação foi espontânea. Chegou um momento em que ele já não era mais capaz de objetar. Ele mesmo buscou apoio nela naturalmente. Sakura ultrapassava suas barreiras dia após dia e ele não conseguia oferecer nenhuma resistência, não sabia nem se queria mais, a essa altura. 

Ela foi capaz de chorar em seu peito de uma maneira que ele nunca pensou que alguém pudesse chorar por ele; jogou de lado os limites que ele havia imposto e se permitiu tocá-lo como ninguém nunca havia tentado; foi adentrando em seu mundo tão devagar e delicadamente que, quando ele se deu conta, seus pensamentos estavam inteiramente voltados para ela. 

Assim como os rios em que as águas fluíam lentamente, os sentimentos de Sasuke foram crescendo de forma gradual e inesperada, tornando-se tão profundos que enraizaram. Ele estava submerso naquele rio de esperança e vir à tona seria o mesmo que sair de um sonho para cair direto na realidade. Mas ele queria permanecer ali… Realmente queria. Só não podia. Porque o seu trajeto já estava inteiramente traçado, e abrir mão dele não era uma opção. Ele era um vingador.

Se ele quisesse poder, precisaria liberar seu rancor e reviver todo o ódio que estava esquecido no seu inconsciente. No entanto, para que isso fosse possível, teria que libertar-se dos laços que o prendiam a Konoha, que o prendiam a ela. E estaria mentindo para si mesmo se dissesse que a despedida não havia sido extremamente dolorosa.

"Eu te amo, Sasuke-kun! Eu te amo tanto que nem consigo segurar isso dentro de mim!" 

As palavras de Sakura ainda ecoavam nitidamente em sua cabeça. Ele sabia que, mesmo que tentasse esquecer, aquela declaração ficaria gravada para sempre em seu coração. Porque também havia sido feliz durante os momentos que passou com ela. Porém, ele não tinha nada a oferecer além de sua gratidão… Pois amor não era um sentimento permitido a um vingador, não mais. Sua estrada era escura e solitária, exatamente como deveria ser. 

"Sakura… Obrigado."

Ele só desejava que um dia pudesse voltar. 


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