Shikamaru não queria ter de buscar nada que já não estivesse ao alcance de suas mãos. Um desapontamento a menos para a outra pessoa e para ele mesmo. Não queria ter de ficar frustrado, isso nublava sua mente, que deveria permanecer lógica.

Dessa forma, nada extremo, uma média atingível. O esforço era reservado apenas para jogos mentais e momentos críticos, o quanto pudesse.  

Por isso, surpreendeu-se quando aquela garota caiu de paraquedas em sua vida. Hinata Hyuuga cheirava a problema mesmo que tivessem interagido apenas o necessário — pelo nome que carregava.

Não importava se seus colegas ou amigos o vissem como rude por conta de sua atitude de distanciamento claro. Era melhor que ficar perto o suficiente, o bastante, para que a escutasse.

Então a culpa poderia começar a pesar em sua cabeça e ele não conseguiria deixar de se importar.

Não ia colocar sua tranquilidade na linha. A única coisa que ele sem sombra de dúvidas não queria ter de perder o controle era quem poderia entrar em na sua lista de importância, reduzida.

Quanto menos pessoas que se importasse melhor, menos problemático.

Mas aquilo aconteceu e era algo que ele podia ter previsto se não estivesse tão distraído. Em sua defesa, ele raramente ia naquelas festas, mas tinha estranhamente ganhado o título de funcionário do mês e não teve como recusar.

Não teria cogitado exatamente tudo o que transpirou, todavia, Hinata sempre se encontrava consigo mesma quando todos os outros estavam em seus grupos. Ele poderia ter imaginado isso quando saiu do estabelecimento. Que esbarraria nela, que estaria esperando uma das amigas saírem para irem embora juntas.

O que Shikamaru não entenderia — mesmo que estivesse mais atento — era que a Hyuuga estava reunindo sua coragem para certo ato. E as falhas consecutivas a tinham deixado no limite de estresse, resultando em olhos vermelhos de choro contido com esforço.

Isso a levou a um erro fatal, ou talvez nem tanto assim.

 — x —

Não era ele.

Shikamaru olhou para ela surpreso. Então, pouco a vontade, coçou a nuca, olhando para o lado.

A Hyuuga sentia seu coração querer se esconder dentro dela. Subitamente um mal estar, medo, vergonha, esses sentimentos se condensaram em seu corpo.

E foi quando ela apagou.

 — x —

A quem não estava em seu círculo limitado de amigos, apenas uma indiferença meio fria lhe era dirigida. Ela não se lembrava de muitas expressões além de tédio por parte dele, ou de aborrecimento. Hinata mais uma vez estava sendo um empecilho, mas ele foi gentil apesar de tudo, com suas palavras cruas, sem adereços.

Foram essas palavras cruas que lhe salvaram.

Não exatamente doces ou amargas, fizeram seu coração palpitar estranhamente. Ela encarou o rapaz com confusão por ele estar ali ainda, ao lado dela após seu desmaio, quando poderia mais uma vez ter virado o olhar quando teve a chance.

O calor que sentia em seu coração a impediu de dizer muitas coisas. Mas não poderia deixar de lhe agradecer.