Destined by The Stars escrita por DantaKun


Capítulo 2
Ele não era mais o mesmo...


Notas iniciais do capítulo

Como só postei o prólogo, estou postando o primeiro capítulo hoje também. Não posso prometer quando sai o próximo, pois tenho outras duas fanfics em andamento (a outra está na minha outra conta KillerAngel), e elas são a prioridade no momento. Mas é possível que não demore tanto assim... Já que essa fanfic já tá toda escrita, basicamente.



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Manta não era mais o mesmo desde que recebera alta no hospital, onde havia passado os últimos meses internado após o acidente de carro, e pôde finalmente ir para casa... Isso é, para a Pousada Funbari, que dali em diante seria o seu novo lar. Ele se recusava a ir para a escola, também havia abandonado o cursinho, não queria sair do quarto, exceto quando precisava comer — muito obrigatoriamente — ou usar o banheiro, e só ficava deitado praticamente o dia inteiro. Mesmo banhos haviam se tornado escassos.

Yoh, mesmo havendo prometido a Faust que assumiria toda a responsabilidade pelo garoto, não conseguia ser "autoritário" o suficiente para forçar seu melhor amigo a algo que ele não quisesse, ou não estivesse bem para fazer. Por isso apenas o deixava faltar, sem pensar muito sobre o assunto. Isso, é claro, até Anna avisá-lo que, se Manta continuasse perdendo aulas daquele jeito, ele poderia acabar repetindo o ano. Yoh se importava demais com Manta para permitir que algo assim acontecesse.

Em uma manhã, foi até o quarto dele para conversar e o encontrou deitado em seu futon, ainda vestindo pijamas... Como já esperava que ele estivesse. Yoh deixou escapar um leve suspiro.

— Manta, você vai se atrasar pra escola — avisou ele.

— Eu não vou — respondeu Manta, em um murmúrio abafado.

Ele estava deitado de lado, com as costas voltadas para a porta e o rosto parcialmente escondido embaixo do edredom. Mas Yoh também já estava esperando por aquela resposta.

— Tudo bem... — Ele esfregou a nuca. — Sei que te deixei faltar nessas últimas semanas... Mas uma hora você vai ter que ir! Você sabe muito bem que pode acabar repetindo por faltas se continuar perdendo aulas...

— E isso faz diferença? — Retrucou Manta, resmungando mal-humorado. — Eu nem gosto de ir à escola mesmo... Nunca gostei. Só ia porque meus pais me obrigavam. Mas eles não estão aqui agora.

— Olha, entendo que esteja triste pelo que aconteceu com seus pais, mas... Hei! A vida continua. Você não pode querer simplesmente largar tudo agora. Somos jovens, temos ainda um futuro inteiro pela frente!

— Não estou triste por causa dos meus pais — movendo-se devagar, Manta começou a afastar o edredom e se levantar, sentando-se sobre o futon, com as pernas dobradas em posição de índio, e encarando seu melhor amigo seriamente. — Nunca me dei bem com nenhum dos dois.

— Se pensa assim, então por que anda tão deprimido ultimamente? — Perguntou Yoh, enquanto se aproximava dele, o encarando de volta com as sobrancelhas levemente franzidas, demonstrando sua confusão.

Ouvindo a pergunta, Manta baixou o rosto e desviou os olhos.

— Não sei dizer... — Suspirou. — Sinto que tem alguma coisa me incomodando, mas eu não sei direito o que é. Algo quebrou em mim... Por dentro. Por isso só quero ser deixado em paz por um tempo, é pedir muito? — Olhou novamente para Yoh ao dizer essa última frase, suplicando com os olhos para que ele o compreendesse.

— Mas nós estamos te deixando em paz, Manta — Yoh dobrou os joelhos e se agachou, apoiando os braços em cima das coxas, para estar mais próximo à altura dele. — Você não sai deste quarto desde que voltou do hospital. Ninguém entra aqui pra te incomodar, eu só venho te chamar quando a comida está pronta... Mas estou começando a me preocupar, de verdade. Você é o meu melhor amigo, e eu sei que não é saudável passar o dia todo deitado. Precisa sair pra tomar um ar de vez em quando, sabe? Fazer um pouco de exercício.

— Não precisa se preocupar tanto assim comigo, Yoh-kun... — Manta soltou um pequeno suspiro. — Eu estou bem.

— Mas é lógico que me preocupo! Por acaso se esqueceu da promessa que te fiz no hospital?

— Não, não me esqueci... — Os olhos de Manta, involuntariamente, se desviaram outra vez, e suas bochechas adquiriram um leve tom rosado. — Mas você não precisa levar essa promessa tão a sério. Eu sei cuidar de mim mesmo, não sou nenhuma criancinha!

— Manta... — Disse Yoh, de repente ganhando em seu rosto uma expressão mais séria. — Não prometi que cuidaria de você porque te considero uma criancinha, e nem porque estou te tratando como uma. Eu fiz essa promessa porque sei que você está passando por um momento muito delicado agora e precisa de alguém pra se apoiar. Você não está sendo o mesmo de sempre nesses últimos meses. Tudo o que quero é te ver bem e feliz! Porquê...

— Porquê...? — Ao arriscar uma olhada para Yoh, Manta percebeu que dessa vez ele quem corou, bem sutilmente, mas deu para notar mesmo assim, e tentou desviar os olhos.

—... Porque somos amigos, ora bolas! E é isso que os amigos fazem, cuidam uns dos outros.

— Eu entendo. Você está dando o seu melhor, Yoh-kun... — Manta fechou os olhos e deu a ele um gentil sorriso. Um sorriso claramente forçado, no entanto... Por mais que tentasse fazê-lo parecer natural. — E eu vou ficar bem, sério! Um dia isso vai passar. Também não quero que fique triste por minha causa...

— Sei que vai ficar tudo bem, você é um rapaz bem forte — retribuindo o sorriso, de maneira amigável, Yoh esticou o braço e fez um rápido afago nos cabelos de Manta, bagunçando-os um pouquinho, para depois se levantar. — Então... Que tal fazer uma forcinha extra, por mim, e voltar à escola?

— Pode até ser... Mas não hoje.

— Manta...

— Hoje é quinta-feira, que diferença faz eu faltar mais dois dias? — Encolheu os ombros. — Eu juro que dessa semana não passa. Volto pra escola na segunda sem falta, ok?

— Está bem. Mas essa é a última semana que te deixarei faltar, só porque você acabou de voltar do hospital. Eu falo sério, Manta... Não é bom você ficar perdendo aulas desse jeito.

— Eu sei, eu sei... — Manta revirou os olhos, suspirando baixo.

— Bom... Eu vou indo agora, antes que chegue atrasado — Disse Yoh, enquanto caminhava em direção à porta. Mas ao chegar à frente dela, antes de atravessá-la, ele parou onde estava e virou o rosto para dar a seu amigo uma última olhada. — Ah, é... Também me preocupo um pouco em te deixar aqui sozinho o dia todo enquanto estou na escola. Nunca sei o que você fica fazendo... Tem certeza de que ficará bem?

— Ficarei sim, não se preocupe — respondeu Manta, com calma.

— Certo, se você diz. Então até mais tarde — Yoh se despediu, em seguida saindo e fechando a porta.

Estando novamente sozinho em seu quarto, Manta voltou a se deitar, de barriga para cima e com os olhos bem abertos, encarando o teto vazio à sua frente.

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Durante todo o período escolar, a maior parte dos pensamentos que rondavam a mente de Yoh estavam focados em Manta. Não conseguia parar de olhar para a carteira vazia de seu melhor amigo, pensando que não estaria preocupado daquele jeito se ele estivesse ali, sentado nela. Ultimamente, as aulas pareciam estar demorando uma eternidade para passar...

Assim que chegou em casa, a primeira coisa que fez, logo após tirar suas sandálias de madeira no Genkan, foi subir direto para o quarto de Manta. Encontrou-o dormindo ao entrar, mas parece que o barulho da porta se abrindo acabou por despertá-lo. Ou talvez ele não estivesse dormindo de verdade; podia estar apenas deitado de olhos fechados.

— Yo! Eu voltei — Yoh cumprimentou seu pequeno amigo com um aceno de mão, abrindo um grande e alegre sorriso.

— Okaeri — respondeu Manta. Porém não muito animado.

— Como foi seu dia? — Yoh ainda estava segurando a maleta com seu material escolar. Largou-a no chão, em um canto qualquer do quarto, e se aproximou de Manta em seu futon, mantendo o sorriso, querendo conversar.

— Normal. E o seu?

— Também. Daqui a pouco a Anna me manda sair pra treinar. Ah, estou tão cansado... — Espreguiçou-se. — Não gostaria de me acompanhar?

— Não, obrigado.

— Ah... — Yoh fez uma cara decepcionada, franzindo as sobrancelhas em uma expressão triste. — Faz tempo que você não vem comigo... Eu sentia sua falta quando você estava no hospital. Mas... Se não quiser mesmo, então tudo bem, eu acho... Mas você precisa mesmo sair deste quarto de vez em quando. Um pouco de ar fresco vai te fazer bem, você vai ver!

— Eu sei. Só não estou muito a fim de sair agora.

— Percebi. Você nem saiu da cama, ainda está de pijama. Falando nisso... Quantos dias faz que você não toma banho?

— Uh... Bem... — Uma gota escorreu ao lado da cabeça de Manta. Ele desviou os olhos e coçou uma das bochechas, que ficaram levemente avermelhadas, com a ponta do indicador.

— Ok, então tá decidido! Quando eu voltar do treino, você vem tomar banho comigo. Depois, quem sabe, a gente podia sair pra dar uma volta, só pra passar o tempo. Seria divertido, não acha?

— É... Acho que sim...

— Ótimo! — Colocando os punhos na cintura, Yoh fechou os olhos e abriu um sorriso enorme, ignorando o fato de Manta não parecer exatamente "feliz" com aquela ideia. — Preciso comer alguma coisa agora... Estou faminto! E você, Manta? Já almoçou? Quer vir comigo?

— Não, não, eu já almocei. Mas obrigado por perguntar.

— Tudo bem então. Antes de sair, eu dou uma passada aqui de novo, pra ver como você está. E... Bem... Até mais!

— Até — Manta sorriu ao se despedir.

Conforme caminhava para fora do quarto, Yoh continuava olhando para ele e sorrindo-lhe de volta. Porém bastou atravessar a porta e fechá-la para que seu sorriso se desfizesse. Ele desceu a escada até o andar de baixo em silêncio e pensativo, encarando os degraus inexpressivamente.

Chegando à sala de estar, encontrou Anna sentada no chão em frente à mesa baixa, onde a refeição estava posta e ela já estava comendo. Yoh sentou-se na almofada ao lado dela e começou a encher uma tigela de arroz branco.

— Estou preocupado com o Manta — ele comentou em voz alta. — Ele anda muito diferente... Não parece nada bem. Queria fazer algo pra ajudá-lo.

— Ele não vem comer? — Quis saber Anna.

— Eu o chamei, mas ele disse que já tinha almoçado.

— Ele disse isso? — Ela levantou uma sobrancelha, fitando seu noivo com o canto do olho. — Estranho... Porque Ryu me disse que ele não quis comer nada o dia inteiro.

— O quê...? Sério?! — Ouvindo aquilo, por um instante, Yoh pareceu ter ficado um pouco irritado. — Por que o Manta mentiria pra mim? E por que se recusaria a comer??

— Depressão é uma das fases do luto. Algumas pessoas perdem o apetite quando estão deprimidas.

— Mas ele me disse que não está triste pela perda dos pais.

— Conhecendo o Manta, ele deve estar se culpando pelo que aconteceu — Anna disse com calma, e com aquela sua expressão apática de costume, depois fechou os olhos e levou um pouco de arroz na ponta dos hashis até a boca.

— Isso não faz sentido... Por que ele se culparia? Não foi culpa dele!

— Yoh, você e eu sabemos disso, mas você sabe como funciona a mente daquele garoto. Se quer realmente ajudá-lo, converse com ele. Manta provavelmente dirá que prefere ser deixado em paz, mas no fundo quer alguém pra ouvi-lo desabafar.

— Sim... Deve ter muita coisa o incomodando que ele precisa por pra fora. Ah, eu disse que o levaria pra dar uma volta mais tarde, espero que não se importe.

— Pode fazer o que quiser depois que terminar o seu treinamento — e, após essa última frase, Anna terminou sua refeição sem dizer mais uma palavra, não tendo mais nada que pudesse comentar a respeito daquele assunto.

Ela parecia indiferente, pois se esforçava para manter as aparências, mas, no fundo, também estava preocupada com Manta, quase tanto quanto Yoh estava. Manta também era seu amigo, afinal... E ninguém gostava de vê-lo naquele estado.

Yoh tentava pensar em maneiras de levantar o ânimo dele enquanto comia.


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Notas finais do capítulo

Se leu até aqui, muito obrigado por ler ♥
Você é lindão/lindona



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