Sonho novo escrita por WinnieCooper


Capítulo 1
Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790610/chapter/1

Não era para ser um dia perfeito, ele tinha plena consciência disso, não era ao menos para ser um dia normal e monótono tão pouco, antes fosse, pelo menos não teria se frustrado, não teria criado expectativas e todas elas não teriam se dissipado, pelo jeito totalmente trágico que tudo terminou.

Ok, não foi trágico de maneira catastrófica como se recordava na guerra do ano anterior, mas para ele era como se fosse. Toda sua vida estava projetada naquele momento, desde que se conhecia por gente pensava naquilo, em realizar aquilo. E no fim, tudo foi embora antes mesmo de existir.

Não estava nem um pouco a fim de entrar em seu dormitório na sala comunal da Sonserina e ter que encarar tantos rostos o acusando, como se ele fosse um vilão que não conseguiu cumprir seu papel. Ele não pretendia ser vilão o tempo todo, na verdade tudo pelo qual fez, foi para não desonrar seu sobrenome. Só agora, depois de tudo pelo qual tinha vivenciado, sabia que um sobrenome, era apenas um nome. Nada mais.

Andando por um dos diversos corredores do castelo, e passando três vezes em frente a uma especifica parede, pensando apenas: “um lugar para fugir dos meus pensamentos”. Uma porta a sua frente surgiu.

Entrando na sala precisa, olhou encantado o lugar que estava. Parecia que o céu havia se aproximado da Terra perigosamente, as estrelas estavam enormes, a Lua, maior do que jamais se lembrava de vê-la. Será que esticasse sua mão poderia toca-la?

— Eu gosto daqui, me faz esquecer sem precisar de poções – uma voz sonhadora o assustou fazendo-o olhar para trás.

Sentada numa grama verde e aparada que era o chão da sala precisa, estava Luna Lovegood.  Seus cabelos loiros sujos relavam no chão de tão compridos. Seus olhos se mantinham arregalados admirando o céu deslumbrante ao seu redor.

— Como conseguiu entrar na sala precisa ao mesmo tempo que eu? – Ele apontou seu dedo à garota acusando-a.

— Se você pensar, eu devia estar assustada, mas pensando na conclusão de tudo. Bom, só podemos estar aqui pelo mesmo motivo.

— Obviamente que não – ele jamais admitiria um erro, mesmo que estivesse em sua frente.

— Eu não te julgo Draco – ela voltou a dizer calmamente – Diferente das outras pessoas, não me importo com seu passado.

Tudo que ele parecia ter escutado, no entanto, foi seu primeiro nome saindo da boca dela. Não seu sobrenome.

— Sua opinião não faz diferença alguma para mim – vestiu sua melhor carranca cruzando os braços.

— Não é opinião propriamente, só um convite – lhe entregou um sorriso mais iluminado pela luz intensa do luar.

— Convite? – não resistiu a perguntar.

— Pode ser meu amigo se quiser – ela ergueu os ombros o encarando pela primeira vez.

Draco pensou em algo ofensivo, obviamente o: “Amigo da Di-Lua? Preferia conversar amigavelmente com o Potter”. Mas não disse nada.

Engolindo seu orgulho, sentou-se ao lado dela. Ficaram calados o tempo todo, olhando a paisagem magnifica a frente, tentando esquecer.

xx

Aquilo se repetia, ambos sentados na sala precisa, calados olhando para o céu tentando esquecer. Certa vez, a garota resolveu arriscar uma possível conversa:

— Já parou para pensar que você vem aqui pelo mesmo motivo que eu? Afinal, senão a sala não se revelaria para nós dois a acessarmos ao mesmo tempo.

Draco pensou um instante e resolveu não falar nada. Luna sabia que as coisas com ele deveriam ser devagar. Talvez conseguisse arrancar algum dialogo dele alguma hora.

xx

Conseguiu, devia ser a quarta ou quinta noite que dividiam a sala. Foi ela que disse primeiro:

— Um sonho frustrado? Uma lembrança horrível que não sai da cabeça nem quando arranca os pensamentos de sua mente e coloca numa penseira?

— Você primeiro – a intimou.

Bom ele havia a respondido, era um começo.

— Lembranças horríveis que não quero simplesmente arrancar da minha mente, lembranças que quero aprender a viver com... E você?

— Um sonho frustrado – sussurrou com medo de mais alguém além deles escutar. O que era impossível.

Seria muito ela questionar qual era, Luna sabia disso. Resolveu apenas dizer as palavras que acreditava:

— Sabe o que acontece quando um sonho se vai?

— O que? – ele questionou curioso.

— A gente arranja outro para sonhar.

E então o olhou sorrindo abertamente, a lua iluminava seu sorriso majestoso.

xx

Não que ele sentisse falta, Draco jamais admitiria aquilo, sentir falta dela? A Lunática doida que lhe fazia companhia na dor da sala precisa. A maluca que lhe dizia palavras sem querer dizer nada com nada, mas lhe dizendo tudo sem perceber. A Di-Lua Lovegood que não o julgava.

Constantemente a via nos corredores do castelo, mas não tinha coragem suficiente para nem um “oi”. Nas noites, perambulando pelos corredores até chegar a sala precisa não queria encontrar o céu lotado de estrelas, nem ver uma lua enorme e brilhante tão perto. Secretamente desejava sua companhia, porque mesmo que não admitisse, Luna era sua única amiga.

Mas o tempo, ele não espera por ninguém, ele não espera pela coragem de ninguém. O tempo voa. E logo quando Draco viu, estava no trem partindo para sua casa. Hogwarts havia ficado para trás. As aulas para sempre haviam terminado. E a única coisa que o jovem levava consigo, e que tinha a certeza, era que continuava o covarde de sempre.

Podia vê-la na cabine ao lado, dividia ela com Gina e Hermione, lia uma revista de cabeça para baixo, e de vez em quando, dizia algumas palavras onde Hermione fazia uma careta de desaprovação. Por um milésimo de segundo, ambos se encararam. Draco sentiu todos os pelos de seu corpo se eriçarem.

Até então, não sabia ao certo o poder que Luna tinha sobre si. Obviamente seu coração batendo acelerado não devia significar nada.

Com medo, e fugindo das reações de seu corpo a uma simples troca de olhares.  Fechou as cortinas de sua cabine que dividia com ninguém, e deitou num dos bancos fechando os olhos, tentando esquecer.

Dizem que quando fechamos nossos olhos, as imagens, as lembranças, tudo fica mais nítido. Luna praticamente se materializou na frente de seus olhos. Ela lhe entregava aquele sorriso que jamais esquecera e dizia: “Arranje outro sonho para sonhar”.

Alguma coisa lhe dizia que já havia achado esse novo sonho a sonhar.

— Dizem que quando fechamos nossos olhos, as imagens ficam mais nítidas – a voz dela parecia tão real para ele – O que está vendo de olhos fechados?

— Você – o garoto respondeu rapidamente.

— Porque está me vendo?

Só então Draco parecia ter acordado de seu topor e abrindo os olhos a visualizando em sua frente.

— Luna – sussurrou sentando-se no banco.

— Nunca me chamou pelo meu primeiro nome – ela fez a observação – Bom, vim me despedir de você, acho que nunca mais vamos nos ver não é?

— É... – ele confirmou ainda hipnotizado por ela.

— Então, adeus Draco. Espero que seja feliz – num impulso se aproximou dele e abaixou meio desajeitada o abraçando – Eu vou tentar ser.

Draco não sabia ao certo o que estava acontecendo com ele. Mas o perfume dos cabelos de Luna e suas mãos apertando suas costas, eram coisas boas demais para serem só uma vez. Ele poderia ser feliz assim.

— Tchau.

Ia abrindo a porta da cabine quando o garoto decidiu:

— Eu descobri.

— O que? – questionou curiosa deixando um sorriso aparecer em seus lábios.

— Um sonho novo a sonhar.

— Que bom – ela não queria se intrometer na vida do garoto, mas tinha curiosidade, então obviamente ela não perguntou nada.

O silêncio às vezes só causa ansiedade. Desta forma Draco perguntou:

— Não quer saber qual é esse sonho?

— Quer me contar?

Ele confirmou com a cabeça se aproximando a passos curtos da garota.

— Meu novo sonho... – respirou fundo erguendo suas mãos até o rosto de Luna o acariciando – É você.

Na verdade, ele não estava pensando nas consequências. Só sabia que nunca havia sentido isso por ninguém antes. E quando seus lábios se uniram aos dela, começando um beijo, quando sentiu Luna retribuir devagar, sentiu de novo aquilo, seus pelos do corpo se eriçarem, seu coração bater descompassado. Mais que isso, sentiu amor.

— Pronto – foi o que ela disse quando o beijo sessou.

— Pronto – ele sorriu pela primeira vez em meses – Realizei meu sonho.

Luna suspirou olhando para baixo tristemente.

— Existe um problema.

— Qual? – a pergunta saiu dos lábios ansiosa.

— No meu sonho, nunca existiu você.

Seus olhos se arregalaram, o jovem rapaz sentiu uma enorme tristeza repentina que achava que tinha se dissipado para sempre.

— Luna, eu posso tentar fazer com que...

— Não – lhe calou com o dedo nos lábios – Sabe o que tem que fazer agora não é?

— Posso tentar fazer com que seu sonho seja eu – ele terminou sua frase. Achava que devia.

Ela negou com a cabeça e voltou a falar:

— Sabe o que tem que fazer agora não sabe? – ele negou em silêncio, sentiu seus olhos molhados – Arranjar um novo sonho para sonhar.

— Luna... – tentou faze-la parar uma última vez.

— Adeus Draco.

Enquanto a via passando pela porta da cabine e indo embora para sempre, tinha a certeza que seu sonho sempre seria ela.

xx

Ele se lembrava claramente do dia que a viu de novo, na estação de Trem, levando seus filhos gêmeos para o primeiro ano em Hogwarts, parecia feliz, sorriu com medo de deixa-los irem embora sem vê-los diariamente, mas tinha orgulho por saber que já haviam crescido tanto. Seu Scorpius já era grande e estava cursando o último ano. A troca de olhares foi rápida. A sensação dos pelos eriçando e seu coração batendo acelerado havia voltado. Será que seu sonho ainda era ela?

Ele tinha uma mulher, a amava, tinha plena consciência disso. Mas dizem que os romances na adolescência são sempre eternos, eles começam nunca querendo ter fim, acabam de forma inimaginável e ficam eternos na lembrança. E quanto ao dele, aqueles que começam sem jeito e nunca terminam da forma correta. Como esquecer?

A coruja que recebeu dela a noite, não foi previsível, muito menos as palavras contidas nela:

“Eu menti aquele dia. Meu sonho era beijar você, mais que isso, ter você unicamente para mim, saber o seu melhor lado como ninguém. Te conhecer verdadeiramente. Eu realizei meu sonho aquele dia graças a você. Devia procurar um novo certo?

 

Estupidas regras que criei a mim mesma.

 

Você é feliz? Eu sou e quero que você seja feliz.

 

Seria loucura sermos amigos? Esse é meu novo sonho.

 

Luna”

Sorrindo respondeu:

“Coincidência? Acho que destino então. Meu sonho é reencontrar você.

 

Amigos. Acho que você sempre foi minha única amiga.

 

Quando podemos nos ver?

 

Draco”

Se encontraram e reencontraram. Sempre tendo a certeza que quando realizassem um sonho, teriam um novo sonho a sonhar para tentar realizar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sonho novo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.