Entre Fogo e Gelo escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 9
Carma é uma vadia


Notas iniciais do capítulo

Paul mandou Wendy embora, agora ele irá sofrer as consequências da sua escolha.
Estão prontos?
Então boa leitura!



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Capítulo 8

por N.C Earnshaw

 

DURANTE ALGUMAS HORAS, Paul resistiu bem. A dor de vê-la indo embora o fazia querer desabar, no entanto, a esperança de que conseguiria superar o imprinting era a única coisa que o dava forças. Ele não conseguiu evitar o sentimento de gratidão que queria preenchê-lo. Tinha sido pego de surpresa, uma vez que nunca imaginaria que uma vampira se preocupasse com o fato de estar lhe afetando. O quileute estranhou cada segundo e cada palavra que saiu dos lábios dela. Porque nunca, em toda a sua vida, ele tinha se sentido tão compreendido.

Sua mãe não se importou com seus sentimentos quando o largou com o pai ainda pequeno. Seu pai não deu a mínima para os seus sentimentos quando se desintegrou ainda mais, e virou um bêbado agressivo. As pessoas da reserva não se importaram com seus sentimentos, e não tentaram entender o porquê dele ser tão raivoso o tempo todo. Não ligavam para o garoto que se sentia inadequado no meio daquelas famílias perfeitas, e que tinha como mecanismo de defesa a raiva. O único que estendeu a mão para ele foi Sam. No entanto, ele via a atitude do alfa mais como uma obrigação que ele cumpriu, não um ato de bondade vindo do fundo do seu coração. 

A última pessoa que ele esperava dar atenção para os problemas dele, era ela. A vampira que ele sentia nojo, jurava odiar e repugnava com todas as suas forças. 

Ele se recusava a admitir qualquer coisa boa que sentia em relação a ela, colocando toda a culpa no imprinting que o forçava a endeusá-la em sua mente. Mas não podia negar que ela tinha crescido um pouco em seu conceito.

“Só pode ser carma”, pensou ele, voltando a se transformar em humano e caminhando até o tronco de árvore que ele tinha escondido suas roupas. 

Paul visualizava os vampiros como mortos-vivos sem sentimentos, que não pensavam em nada a não ser em drenar o sangue de criaturas inocentes. Entretanto, naquele dia, conheceu uma vampira altruísta e bondosa. 

“Ou pode ser o plano dela de ganhar minha simpatia e confiança, para me matar quando eu estiver dormindo”, concluiu morbidamente. 

“Mas ela foi embora”, lembrou uma vozinha irritante no fundo da sua mente. Ele apenas a ignorou. 

Paul terminou a ronda se sentindo exausto. Vestiu o short estropiado sem prestar muita atenção em nada no seu caminho. Foi para casa cambaleante, e assim que abriu a porta do quarto, caiu na cama num sono profundo. 

Então tudo começou. 

  ☀

Paul via Wendy à sua frente. Parecia perfeita olhando-o com um sorriso nos lábios vermelhos — convidando-o para um beijo. Os cabelos negros ondulados emolduravam o rosto arredondado com covinhas profundas. 

Covinhas? 

Ele não sabia ao certo se ela tinha covinhas ou não. Ela nunca havia sorrido para ele, entretanto, não era como se ele tivesse dado algum motivo… 

Não importava. 

Naquele momento, Wendy estava sorrindo para ele, e Paul sentia que estava sorrindo de volta com tudo que tinha. 

“Wendy”. Sentiu seus lábios murmurando o nome dela. Sua fala fez com que o sorriso se alargasse na boca pequena e carnuda.

Céus, como ele queria beijá-la. E como ele amava dizer o seu nome. 

Wendy. 

Sua Wendy. 

O nome saiu doce nos seus lábios, e Paul tentou se erguer da cama. Todos os sentimentos negativos foram esquecidos, e somente a presença dela ali, preenchia sua mente. 

Wendy, ao ver que ele tentava se levantar, deu uma risada gostosa que fez todos os pelos do corpo dele se arrepiarem, e uma pressão se iniciar na parte baixa do seu corpo.

“Você quer que eu vá até aí?”. Ela arrumou a camisola branca que estava vestindo, parecendo querer atrair a atenção dele para o seu corpo. 

Paul, ao perceber a vestimenta que ela estava usando, arregalou os olhos. 

“Porra”, xingou. Ele tentou erguer os braços para pegá-la e jogá-la na cama. 

Wendy sorriu carinhosamente, e um brilho maroto tomou conta da sua íris. 

“Se quiser que eu vá até aí, vai ter que pedir”. Ela levou um dedo até a bainha da camisola, e levantou alguns centímetros para provocá-lo. “Se me quer, é só falar. Prometo que vou até você”.

Paul hesitou por alguns instantes. Queria ele mesmo derrubá-la na cama. Mas já que estava sem controle do seu corpo…

“Vem cá”, pediu ele, dando dois tapinhas ao seu lado na cama. 

Ela não pensou duas vezes. Lentamente engatinhou para o lado de Paul — como um felino caminhando em direção a sua presa. No entanto, antes que ela chegasse na metade do caminho, ele a puxou para os seus braços. 

Fios de cabelo se espalharam por toda a cama, pelos rostos de ambos e se enroscaram no seu peito. Wendy gargalhava enquanto tentava organizá-los, e ele somente conseguia encarar aquela mulher linda que estava deitada ao seu lado. 

Paul ergueu a mão para ajudar, e não resistiu a acariciar os cabelos dela, colocando-os no lugar e aproveitando para afagá-los. Os fios eram longos e macios. E ele, querendo sentir o seu cheiro, agarrou a cintura dela e a trouxe mais para perto. O quileute pressionou o rosto no cabelo dela, respirou fundo — arrastando o nariz pela pele do pescoço, e finalizou com uma mordida no lóbulo da orelha.

O corpo de Wendy estremeceu, e Paul soltou um som apreciativo, começando a distribuir beijinhos por toda a pele. 

“Isso é bom”, sussurrou ela, apreciando o contato e abrindo a boca. Encontrava-se maravilhada com as sensações que ele estava lhe proporcionando.

Paul deu uma risadinha rouca, e se afastou um pouco para olhá-la melhor. Fitou os olhos cor-de-mel, que deixava-o maluco, antes de comentar alguma coisa.

“Ah, você ainda não viu nada, meu amor!”, murmurou ele de volta, logo subindo em cima dela e enroscando suas pernas. “Você não tem ideia das coisas que eu quero fazer com você”.

Ela olhou-o com cautela, mas sua ansiedade também era aparente. Paul começou a explorar seu corpo, apertando a cintura e deslizando as mãos pelas pernas, até parar na altura do quadril. Ao observar o movimento dos seios pequenos subindo e descendo com a respiração, ele decidiu dar alguma atenção para aquela área. 

Ele a viu arregalando os olhos quando percebeu para onde ele estava levando sua boca. 

— Paul, cara, acorda! Você tá atrasado para a ronda — bradou uma voz conhecida e nada feminina. 

Paul parou o que estava fazendo, e Wendy olhou-o com confusão.

“Aconteceu alguma coisa?”. As sobrancelhas bem-feitas franziram pela ação repentina. Ela não conseguiu não demonstrar sua preocupação.

Paul olhou ao redor do seu quarto, e nada pareceu fora do normal. Então ele acenou com a cabeça para ela, negando. 

“Só achei que tivesse escutado algo”. Ele deu de ombros. “Não foi nada demais”. 

A vampira levou a mão direita para os cabelos de Paul, e começou a massagear todo seu couro cabeludo, fazendo-o fechar os olhos e cair em cima dela lentamente, depositando sua cabeça sobre os seios da garota ao se aconchegar. 

“Você gosta disso?”. Wendy continuou o carinho. 

“Uhum”, concordou ele, inebriado. “Não para”. 

“Eu não vou”. A Cullen deu uma risadinha satisfeita.

Paul sentia seu corpo todo relaxar. Depois de dias de tensão e sofrimento, estar nos braços dela, era a melhor coisa que já tinha lhe acontecido. 

— Eu tentei acordar ele de todo jeito — falou a mesma voz novamente. — O cara tá morto.

— Tudo bem. — Outra voz mais grave surgiu. — Vou ver se consigo. 

O corpo de Paul tencionou ao identificar seu alfa. Segundos depois ele reconheceu a outra voz. Era Jared, seu melhor amigo. 

“Paul?”, chamou Wendy, preocupada com a mudança, parando então de acariciá-lo.

Paul abriu um olho e sem se mexer, checou a parte do quarto que ele conseguia ver sem sair da posição em que se encontrava. 

Nada de Sam ou Jared. Ele só podia estar ficando louco.

"Continua", ordenou ele. Porém, ao sentir um olhar queimando seu rosto, adicionou: “Por favor”. 

“Agora está bem melhor”. A garota voltou a acariciá-lo. “Seu cabelo é gostoso de passar a mão”. 

Paul deu um sorriso de lado ao ouvir o comentário, e resolveu brincar com ela. 

“Não é só meu cabelo que é gostoso”. 

Wendy parou por alguns segundos, e depois deu um tapinha na sua cabeça, indignada. No entanto, resolveu provocá-lo de volta. 

“Ah, é? Então por que você não me mostra, hein?”. Paul pôde sentir o sorriso que ela dava enquanto falava isso.

Ele ergueu a cabeça rapidamente, e apoiou o peso do seu corpo em um braço para vê-la melhor. 

Os olhos de Wendy brilhavam, e o lobo se inclinou mais sobre ela. 

“Eu vou te mostrar tudo, querida. Várias e várias vezes”, murmurou ele, encarando os lábios dela com desejo. 

— Ele não acorda. Acho melhor o levarmos até a minha casa.

Paul deu um pulo da cama, assustando Wendy. Ela tinha acabado de fechar os olhos para beijá-lo. Os dois se sentaram eretos. 

“Tá legal, eu só posso estar ficando maluco”. O quileute esfregou o rosto com as mãos, tentando despertar do que quer que fosse. Não era normal que estivesse ouvindo vozes. 

Ele sentiu uma mão esguia e delicada acariciando suas costas nuas. 

“Está tudo bem”, sussurrou Wendy para consolá-lo. “Quer me contar?”. 

Paul a olhou meio em dúvida. Não queria que ela o achasse louco na primeira vez em que tinham aquele tipo de contato. Entretanto, no fim, resolveu desabafar. Afinal, ela era seu imprinting, e não tinha como negar aquela informação.

“Não é nada. É só que…”. Ele parou, incerto, e suspirou.

“É só o quê?”. Ela moveu as mãos das costas para o seu rosto.“Você pode me contar qualquer coisa”. 

“Toda vez que eu fecho os olhos, fico escutando os caras falando”. Ele soou frustrado até para os próprios ouvidos. “Ou eu devo estar louco, ou…”. 

Ele não continuou o resto da frase, porque não sabia o que dizer. 

Wendy deu uma gargalhada.

“Você não está louco, amor”. 

“E como sabe disso?” Ele a fitou com confusão.

“Eu os ouço também”. Ela lançou um sorrisinho conspirador. “Mas não precisamos nos preocupar com isso, não é?”. 

Wendy se aproximou dele e se sentou em seu colo, fazendo com que Paul a enlaçasse com seus braços. Ele pensou em relutar, entretanto, não conseguiu forças para insistir no assunto. Queria continuar a tocá-la.

“Não precisamos”, afirmou. Ele se inclinou para o pescoço dela, e começou a dar leves chupadas até chegar a sua orelha, fazendo-a gemer alto. 

Paul se sentiu orgulhoso e excitado ao ouvir o som delicioso que saia daquela boca, e apertou mais o abraço. 

— O que aconteceu com ele, Sam? Ele não acorda por nada. Nós temos que fazer alguma coisa. Ele está dormindo já faz quase quatro dias.

O lobo reconheceu a voz doce de Emily no mesmo instante. O choque o fez se afastar de Wendy, e no seu íntimo ele experimentou um gosto amargo de traição.

“Você ouviu isso?”, perguntou Paul. Ela apenas acenou com a cabeça, afirmando que sim.

— Vou mandar o Jacob ir até à Bella para contatar a Cullen. Quero ela aqui o mais rápido possível — falou Sam repentinamente. — Paul já ficou tempo demais nesse estado. 

“O quê?”. Ele a empurrou para o lado, mas não com força o bastante para machucá-la. “O que ele quis dizer com isso, droga?”. 

Wendy encarou-o sem alterações, não parecia nem um pouco surpresa.

“Me fala”, esbravejou, pondo-se de pé. O corpo tremulava pela raiva. “O que tá acontecendo comigo?”.

“Você está dormindo”. Ela se arrumou para sentar melhor na cama. Seu semblante continuava calmo — mesmo que Paul estivesse tendo um surto à sua frente. 

“O que quer dizer com isso?”, inquiriu ele, aproximando-se dela com um olhar ameaçador. Seus punhos estavam fechados em fúria. No entanto, mesmo que estivesse com raiva por ter sido enganado, nunca a machucaria.

“O que eu quero dizer, é que tudo isso aqui”, explicou ela, rodando o dedo para enfatizar o lugar. “Tudo isso é coisa da sua cabeça”.

Paul sentiu seu mundo rodar. 

“Mas você está aqui!”. Ele se sentiu desorientado. A sua respiração se tornou pesada, e ele teve que buscar autocontrole onde não sabia que tinha.

“Estou, porque você me quer aqui”. Ela deu de ombros, nem um pouco afetada. “É sua mente, afinal”. 

“Então por que você parece tão real?”. 

“Você não se lembra, não é mesmo?”. Ela franziu o cenho, olhando-o com pena.“Você me mandou embora”.

“O quê? Não!”. O quileute levou as mãos até os cabelos e os puxou. Ele não tinha mandado-a embora. Ela estava ali, e era real. Tinha que ser.

“Você não me quis, Paul! Você me mandou embora e eu fui”. 

“Eu não posso ter feito isso”. Ele se sentou na beirada da cama, não sentindo firmeza nas próprias pernas para se manter de pé. “Não posso ter te mandado embora. Eu não posso”.

“Mas mandou”, retrucou a Wendy dos seus sonhos. “E eu não vou mais voltar. Fui embora para sempre”. 

“Não”. Paul se virou e segurou o braço dela. Se não a soltasse, ela nunca sumiria. “Você não pode!”.

“Mas foi você que quis assim", sibilou ela, alterada. “Você me odeia, tem nojo de mim…”.

“Não!”. O Lahote se aproximou ainda mais dela. “Não diz essas coisas”. 

“Você me mandou embora”, repetiu com o olhar vidrado. “E eu fui”. 

Sem que Paul pudesse reagir, Wendy saiu do seu agarre, e foi em direção à porta sem olhar para trás. Cada passo que ela dava era um soco no seu coração. Ele tentou gritar, tentou segurar ela, mas estava paralisado. Somente conseguia observá-la desaparecendo. 

Sem a presença dela, tudo se transformou. 

Então veio a dor e o vazio.

— Um lobo não pode viver sem seu imprinting — A voz de Sam surgiu no fundo da sua mente.

E Paul nunca havia concordado tanto com seu alfa.


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