Impossível escrita por kjuzera


Capítulo 6
"É verdade o que ela disse?"




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Bakugou não estava preparado para primeiro: perder sua “mercadoria” na frente do rei da porra toda. Segundo: que tal mercadoria reaparecesse do nada sem que ele precisasse gritar por ela pelo castelo, quebrando portas e xingando serviçais inúteis. E terceiro: que ela brotasse vestida como… como… o que diabos ela estava vestindo?! O bárbaro estava muito confuso. 

Uraraka respirou fundo tentando suportar toda a atenção do salão sobre ela. Estava sim nervosa. Muito nervosa. Lembrou da apresentação que sua turma fez no festival cultural da escola, e como ela encarou todos os olhares sobre ela no palco. Seria a mesma coisa, uma apresentação. Uma atuação. Nada do qual dependesse sua vida. Tranquilidade, respiração controlada, filmes antigos, aja como uma dama. 

— Obrigada por nos receber, vossa majestade. - ela disse fazendo uma mesura puxando um pouco suas novas vestes e baixando a cabeça. - Este homem é um assassino terrível que vem me mantendo como sua prisioneira. Eu posso não ser ninguém para este reino, mas eu e meu povo ficaremos eternamente em dívida se vossa majestade me protegesse das intenções cruéis deste bárbaro. - ela finalizou baixando a cabeça, demonstrando toda sua humildade. 

— Que merda é essa de povo, mulher?! - Bakugou gritou pronto para avacalhar aquele cabelo delicadamente preso. 

Alguns soldados quase o alcançaram para contê-lo, mas Izuku foi mais rápido, se colocando entre o bárbaro e a moça, o segurando pelos ombros como podia.

— Kacchan, pare!! Não está ajudando! - ele disse o parando e logo baixando a cabeça na direção do rei - Mil perdões, majestade, ele não conhece os costumes da corte… Mas ele vai ficar calmo e parar de gritar, não vai? 

Bakugou sentiu o aperto das mãos do menor ficar mais forte em seus ombros em clara ameaça silenciosa. O sardento ousava olhar pra ele cheio de determinação. Bakugou iria surrar aquele nanico na primeira oportunidade que tivesse.  

Em seguida o bárbaro tentou avaliar a situação em que estava. Claramente em desvantagem pelo número de soldados presentes ali, e passadas muitas portas pequenas que Kirishima não conseguiria chegar rapidamente se o chamasse. Detestava aquela conclusão, mas talvez fosse melhor evitar o combate mesmo. 

Olhou para a cara de lua cheia que estava de cabeça baixa ainda, claramente fazendo seu jogo, aquela traidora. Se é esse o jogo que ela queria fazer, ele iria jogar também.

— Com todo respeito, vossa majestade, ela é uma doida da pedra! - Bakugou falou mais alto que o necessário, mas assumindo uma postura não agressiva. - Malucona! Onde já se viu essa história, que povo é esse? Além do mais ela já era prisioneira de alguns soldados quando eu a encontrei. 

— Perdoe a interrupção, vossa majestade. - disse um soldado se aproximando da frente do trono e se ajoelhando perante o rei - Mas o que este homem diz é verdade. 

— Óbvio que é verdade! - Bakugou sorriu lívido e convencido da própria inteligência.

Mas o soldado continuou falando.

— Este é o homem que atacou nossa comitiva alguns dias atrás com seu dragão, matou dois de nossos melhores homens a sangue frio, roubou nossa carga e prisioneira. - ele disse sem levantar a cabeça. 

Puta que pariu se o universo não estava conspirando contra ele. A idéia de sair na porrada pareceu uma alternativa bem mais realista agora. Talvez se pulasse da janela Kirishima poderia pegá-lo antes de cair no chão. 

O Rei seguia com expressão fechada, sem se comover com o que se passava. Com olhar sério e frio ele dirigiu sua atenção para Uraraka. 

— E poderia saber de que reino a senhorita vem? O que fazia em nossas terras? 

Ochako ergueu a cabeça se recompondo. Bakugou certamente seguiria alegando que ela era maluca, ela precisava fazer parecer que ele quem era o doido.

— Vossa majestade, se me permite explicar, eu vim de um mundo que não é este. Não sei que tipo de magia me trouxe para cá, mas com certeza foi contra a minha vontade. - ela disse calma - No advento do meu retorno não há dúvidas de que meu povo estará disposto a retribuir o auxílio que me foi prestado com as mais belas riquezas que possuímos. Itens que, com certeza, não existem neste mundo. 

— Viram só? Completamente doida essa mulher! - Bakugou disse simplesmente. Deku quase surtou o mandando calar a boca pela enésima vez.

— Hmm… - o Rei disse finalmente esboçando algum interesse - Ítens mágicos, você diz? Armas poderosas? 

— Não, vossa majestade, ítens de muito poder sim, mas criados pela tecnologia. Armas poderosas também, com certeza. Com as instruções adequadas de um mestre do meu mundo, seu reino poderia inclusive produzi-las aqui em grande escala. 

Conforme ia falando, Ochako foi ficando cheia de confiança, e o Rei ficando cada vez mais interessado. Como uma aluna comum do ensino médio do Japão, um país que nem permitia o comércio de armas, ter acesso a qualquer tipo de armamento era uma mentira deslavada. Mas o Rei pareceu muito interessado e aquele poderia ser seu passaporte de volta pra casa. Então falou sobre armas de longo alcance, sobre comunicação por rádio e até tentou explicar sobre remédios modernos. Chegou um momento que ela teve certeza que o Rei estava convencido que sua história era verdadeira, até vir a seguinte pergunta:

— Interessante. Você pode provar o que está dizendo? 

Ochako gelou por alguns instantes. Provar? Óbvio que ela não tinha como provar. Como que provaria qualquer coisa? Seu discurso cativante não tinha sido suficiente? Quase entrando em pânico ela viu a criada de cabelos verdes se aproximar, quase rastejando de tão abaixada que estava. Nas mãos ela trazia seu uniforme da escola. 

— Não tenho provas contundentes, vossa majestade. - ela admitiu pegando o uniforme das mãos da criada. - Mas lhe ofereço as roupas que eu vestia quando fui trazida para este mundo. Elas são muito comuns de onde eu vim, mas tenho certeza que vossa majestade nunca viu nada como estas vestes por aqui. 

O Rei assentiu com a cabeça e um criado foi rapidamente pegar as vestes das mãos dela e levou até o Rei se ajoelhando aos pés dele. Ele olhou o uniforme com interesse moderado, e tocou o tecido com a ponta dos dedos. 

Logo todo o salão começou a cochichar opiniões e conclusões. O homem loiro de óculos muito estranhos que estava mais atrás se aproximou também, olhando as vestes através das lentes e falando algo próximo ao ouvido do Rei. Instantes tensos se passaram, até o Rei erguer a mão levemente, fazendo tudo ficar em silêncio prontamente. 

— Paguem ao bárbaro, ficaremos com a mulher. 

Não foi preciso dizer mais nada. Os serviçais todos se colocaram em movimento. Ochako viu soldados pegarem Bakugou pelos braços tentando o conduzir para fora da sala, ele obviamente gritando e mandando se afastarem. A menina do cabelo verde pegava seu uniforme de volta enquanto outros criados já a conduziam para fora do salão por uma outra porta. 

Foi tudo muito rápido e apenas Izuku percebeu a preocupação estampada no rosto do príncipe Shouto.   

 

*~*~*~*~*~*~* 

Bakugou parou de reclamar quando largaram nas mãos dele uma pequena bolsinha pesada, claramente cheia de moedas. Se colocou a contá-las enquanto era escoltado até o topo da torre onde Kirishima estava. 

Se perdeu na contagem quando chegou no número 29 e o saquinho não estava nem na metade. Abandonou os números e julgou que era bom mesmo que lhe pagassem aquele tanto todo pois tinha tido um trabalhão para trazer aquela cara de bolacha até ali. 

Encontrou Kirishima roncando atirado num canto da torre, de barriga pra cima e claramente fartado de tanta comida que lhe deram. Bakugou precisou literalmente socar a cabeça da besta para acordá-lo. 

— Acorda, preguiça gigante, estamos dando o fora. 

O dragão piscou os olhos sonolento e logo fez um grunhido percebendo que Ochako não estava mais com ele. Bakugou apenas jogou pra cima o saquinho cheio de moedas e o pegou de volta, fazendo barulho metálico. 

— Vendida! Até consegui bem mais dinheiro, bando de ricos otários. - ele se vangloriou como se tivesse sido mérito dele. 

A expressão do dragão era de preocupação.

— Corta essa Kirishima, seu coração não é gelado?! Ela vai ficar ótima. Já estão tratando ela que nem burguesa. - e completou num muxoxo - E ela não é fraca não, sabe se virar. - E guardou o dinheiro num bolso da calça para subir na sela do dragão.

— Kacchan….!! - ele ouviu chamarem, e só podia ser o Deku. De certo tinha vindo buscar sua surra prometida. 

— Que foi agora, Deku?! - Bakugou respondeu ríspido se virando na direção dele, mas se surpreendendo vendo que, junto dele, vinha correndo o tal príncipe Shouto.  

— É verdade o que ela disse? - Deku quis saber preocupado.

Bakugou encarou o sardento que parecia em desespero, depois olhou para o rosto sério do príncipe que, apesar de mais contido, também parecia bem preocupado.  

— O que ela disse sobre a tecnologia e armas poderosas. É verdade? - Shouto completou quando Bakugou não respondeu. 

— E eu vou lá saber. - o loiro respondeu indiferente - Pra mim é impossível isso daí. 

Deku e o príncipe trocaram olhares preocupados.

— Kacchan, é muito importante que a gente saiba se isso é verdade ou não. - Izuku tentou explicar com calma. 

— Se o meu pai colocar as mãos em armas como essas, impossível vai ser esse mundo continuar existindo. - o príncipe disse sem medo de exagerar. 

Kirishima ouviu o diálogo e começou a se revirar e grunhir. 

— Ele tá dizendo que acredita na lua cheia. - Bakugou traduziu indiferente. - Não se mete que você nem ouviu o que ela disse lá embaixo, aquela traidora. - Kirishima fez um muxoxo triste - Mas o ponto é, o que raios eu tenho a ver com isso? 

— Se isso for verdade - Shouto continuou tenso - Meu pai certamente vai usar essas armas para expandir o reino, vai iniciar uma guerra. 

— Puta que pariu vocês, hein, não se pode ter um momento de paz! - Bakugou disse gritando e se afastando.

Os dois rapidamente pediram que ele falasse baixo, quase em pânico de alguém ouvi-los. 

— Você precisa levar ela daqui, Kacchan. - Deku disse sério. 

— Impossível. - Bakugou determinou ríspido. - Eu vim até aqui pra me livrar dela e agora eu não tenho mais nada a ver com isso. O que vão fazer com ela é problema de vocês, se virem. 

Ele disse já se dirigindo pro dragão, vestindo sua capa vermelha e subindo apesar dos protestos dos outros dois. 

— Bakugou, por favor, se meu pai tiver acesso a essas armas, ele não vai só invadir outros reinos. Ele vai acabar com os acordos de paz, dominar os povos bárbaros e qualquer outro povo livre. - Shouto tentou apelar para a razão. - Inclusive os dragões. - Finalizou apelando pro lado sentimental que, esperava ele, Bakugou tivesse ainda, mesmo que escondido em algum lugar. 

O loiro apenas se sentou na sela do dragão e jogou um olhar fulminante na direção do príncipe. 

— A gente vai fazer ele queimar até as cinzas se ele tentar. - Bakugou respondeu ameaçadoramente. - Com ou sem armas novas.  

— Você não faz idéia do que está falando, Kacchan... - Izuku parecia que ia chorar a qualquer momento. 

— Como o meio a meio ali falou, Deku, somos um povo livre então eu vou fazer o que eu bem quiser. - e com um puxão nos chifres de Kirishima ele fez o dragão se pôr em movimento.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: “Por que não vacas?”



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