Say Something escrita por Tatti Rodriguez


Capítulo 1
Capítulo Único




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Diga algo, estou desistindo de você

Eu serei o único se você me quiser também

Eu teria te seguido para qualquer lugar

Diga algo, estou desistindo de você

As gordas nuvens escuras pairava sobre Konohakagure. Os ventos gelados fizeram com que os habitantes da vila da folha tirassem seus casacos dos guarda-roupas, mas por um estranho motivo nenhum dos dois estavam sentindo frio no alto da montanha, o barulho da cachoeira não atrapalhava em nada a discussão do loiro com a morena.

Tanto o Uzumaki quanto a Uchiha se encaravam com intensidade, as respirações irregulares, as faces coradas e os corações acelerados.

Sarada ainda podia sentir o calor do toque de Boruto em seu rosto, conseguia se sentir aquecida com aqueles beijos que antecederam a discussão. Uma desnecessária discussão. Uma ridícula e irritante discussão.

— Não vai me responder, Sarada?! — Boruto perguntou de novo.

— Responder o quê? — ela tentou desviar do assunto. Queria voltar aos braços dele. Se afogar nos lábios macios com gosto de menta.

— Você sabe do que eu estou falando, Sarada! — ele se mostrava exasperado, porque realmente estava — Não se faça de idiota.

— O que quer que responda?

— Quero que fale que estamos realmente juntos, que você se apaixonou por mim da mesma maneira que eu estou apaixonado por você. Que você me ama da mesma maneira que eu te amo!

E eu

Estou me sentindo tão pequeno

Foi demais para minha cabeça

Eu sei absolutamente nada

O estrondoso trovão soou ao final da fala de Boruto. Seu peito descia e subia rapidamente, conseguia sentir o coração bater na ponta de seus dedos. Queria saber de uma vez por todas o que Sarada sentia. Queria saber que estavam na mesma sintonia. Que tudo o que estavam vivendo era real, concreto. Que ele era algo sério para ela.

— Tsc. — ela cruzou os braços e amarrou o longo cabelo negro em um coque malfeito. Ajeitou o óculos antes de dar sua resposta — Como você é idiota, Boruto.

Ela deu as costas ignorando todas as sensações que seu interior protestava. Algo a impedia de falar o quanto o amava. O quanto precisava dele em seus dias e o quanto o queria. Queria gritar para que todos do País do Fogo ouvissem que eles se pertenciam. Mas não conseguia e nem queria. Tinha medo de falar o que sentia, tinha medo de que depois de se entregar totalmente Boruto se fosse. Talvez, se ela mantesse segredo do que sentia, ele ficasse com ela para sempre. Talvez, palavras não fossem necessárias. Nunca foram para ela.

— Eu sou só isso para você, não é?! — ele berrou. Ela detestava que ele fosse escandaloso, mas ele não se importava com isso, muito menos agora — Sou idiota. Sou mesmo, Sarada. Um maldito idiota por amar você e querer que você me prove que não estou sendo mais idiota ainda de amar sozinho. Que merda! Não custa nada falar!

— Não tem o que falar, Bolt! Não é preciso. Isso é ridículo.

— Ridículo? Acha ridículo que eu queira que minha namorada diga o que sente por mim?! — perguntou sorrindo sem humor algum.

— Sim! Acho! — ela virou de costas, mas seu ombro foi puxado pelas grandes mãos masculinas. Aquele toque a arrepiou, era sempre assim quando a tocava.

— Não estou pedindo muito, Sarada... — sua voz agora perdera a energia que possuía. Seus olhos estavam marejados e ela sentiu o coração apertar. Ele estava tão frágil em sua frente, ela iria o abraçar, mas ele a impediu — Está vendo? Nesses momentos eu penso que você sente amor por mim, quando quer estar perto de mim...

— Para de besteira, Boruto! — ela se desvencilhou do toque dele e seu lado frio prevaleceu.

— E é nessas horas — ele apontou para ela — que eu sinto que não sou nada.

— Não preciso escutar mais nada.

— Eu também não. Mas eu quero. Diga alguma coisa, Sarada... Eu estou cansado... Eu só queria saber... Mas, eu estou desistindo de você... Não me faça desistir de você... Engula esse maldito orgulho Uchiha e fala...

— Depois conversamos. Tenho outras coisas para fazer agora.

— Não tem depois, Sarada... — ele enxugou as lágrimas e foi a vez dele virar as costas para ela, ao mesmo tempo que a tempestade explodiu — Não tem mais nada."

E eu

Tropeçarei e cairei

Eu continuo aprendendo a amar

Estou apenas começando a engatinhar

Não tem mais nada... Mais nada.

As lembranças da tarde que aconteceu há duas semanas atrás ainda a atormentavam.

— Sabe, Sarada... — Sasuke começou a falar entrando no quarto da filha — Quando sua mãe diz que você se parece comigo, eu sei que não é somente na aparência. 

O Uchiha mais velho suspirou e sentou na cama ao lado dela. Há duas semanas que ela já não era mais a mesma e sabia também o motivo, ele era um ninja, sabia coletar informações, mas não foi preciso de muito. Não quando o seu principal informante era Boruto, seu pupilo estava cansado emocionalmente e ao ver os ollhos azuis sem o costumeiro brilho, se lembrou da mesma opacidade aparente em olhos verdes. De repente já não era mais Boruto ali, havia voltado ao passado.

 Sakura estava ali, exposta. Mais uma vez de coração aberto a sua frente, sem medo algum de seus sentimentos, indefesa a mais uma de suas rejeições. Ela era tão corajosa, tão forte e ao mesmo tempo frágil.

— Se você me ama... Se eu sou alguma coisa para você... Me deixe saber!

Aquela frase, o olhar opaco, a voz disfarçando o medo com notas de imperatividade. 

Ela era tudo, a luz, a sua salvação, a sua verdadeira redenção, mas era digno dela? Ela era a única que poderia fazer o que quisesse com ele, era a única que chegaria perto o bastante para qualquer coisa que fosse. Ela era a única. Era ela. Sempre fora.

Mas como falar? 

Ele nunca foi bom com palavras, nem com ações, nem como nada. Mas Sakura merecia tudo de si. Até passar por cima do orgulho que ele tinha herdado de um clã inteiro. E passou, sabia que aquele era o momento D de sua vida. O momento em que teria que faze a escolha que carregaria por toda a sua vida. E ele só teria uma vida ao lado dela. E essa vida estava acontecendo. A tinha todos os dias, era os seus olhos a última coisa que via ao dormir e seu rosto a primeira coisa que via ao acordar. Era ela que havia lhe dado luz e um futuro, perspectivas e mais uma razão para viver. 

— Nós pertencemos a um grande e poderoso clã. Mesmo que com apenas três pessoas atualmente. - ele sorriu da maneira que conseguia - E herdamos muitas coisas dele, Sarada. 

A morena olhava o pai com atenção. Era difícil de acreditar que estivessem tendo uma conversa como aquela. Já haviam conversado sobre tudo o que havia para saber sobre o clã Uchiha, mas ela sabia que tinha algo a mais. 

— O Sharingan, é uma das três principais características. - ele falou calmo e afastou a franja do rosto da filha. Ela era tão parecisa com ele, mas aqueles olhos enormes e o rosto de feições doces eram todos de sua esposa - Tem o orgulho também e essa característica, Sarada, é a que mais devemos treinar, não só o Sharingan. 

Ela suspirou e soube do que se tratava aquela conversa. Flashes da sua última conversa com Boruto lhe encheram a mente e não conseguiu evitar soltar um soluço. Não queria chorar por causa de um garoto com seu pai do lado. Mas não era qualquer um. Era Uzumaki Boruto, aquele idiota que amava de todo o coração. 

— Nosso orgulho pode atrapalhar muitas coisas, Sarada. O meu quase me tirou tudo. - viu quando a filha ergueu o olhar até seu rosto, ansiosa pelo o que viria - Quase perdi sua mãe por conta dele. Você consegue imaginar o que seria de mim? Consegue imaginar o que eu perderia? Tudo. Perderia qualquer chance de amar, perderia qualquer perdão e perderia você. Eram muitas coisas e eu jamais poderia viver sem ela e sem você. 

— Papa... - começou, mas parou quando viu ele soltar uma pequena risada.

— É graças a ela também que posso falar de meus sentimentos, mesmo não tendo costume. Ela me ensinou que posso domar esse orgulho Uchiha.

— Não sei se consigo. Eu tento, mas eu não sei, eu... 

— Você consegue, você tem motivos para isso. Mas, mesmo com essas duas fortes características Uchiha, a mais forte de todas é o nosso amor. O amor é tudo o que somos e que determina a nossa vida. Nosso amor é tão profundo e intenso que muitas vezes frágil. Não há ninguém que ame como nós. Não mostramos nossos sentimentos, mas os priorizamos. Somos conhecidos como o clã da Maldição do Ódio e vivi muitos anos sob esse fato. Até Naruto, Sakura e você. Não precisa ter medo de seus sentimentos, eu sei que tem. 

Jamais imaginou uma conversa dessas com o seu pai, mas soube, naquele momento, que apenas ele poderia acalmar o seu coração. 

— Nunca te vi falar tanto. -  brincou secando as lágrimas e viu o pai rir também.

— Eu estava economizando minhas palavras para esse momento. 

Sarada sorriu e com confiança levantou da cama. Olhou mais uma vez para o pai e saiu pela janela. Nunca correu tanto, sabia que ele estaria no campo de treinamento, sabia que era lá que ele ia quando precisava extravassar. Foi com coragem, sabendo que não havia nada de errado em amar, não havia nada de errado se Boruto soubesse que era ele o dono de seu coração.

E eu

Engolirei meu orgulho

Você é a pessoa que amo

E estou dizendo adeus

— Sarada... - a voz máscula soou surpresa ao ver a menor a sua frente. 

Boruto não quis, mas sentiu o coração acelerar, o vento trazendo o cheiro de Sakuras do cabelo de Sarada. Era engraçado que a filha tivesse o cheiro da flor que originara o nome da mãe. Ela estava lá, com aquele moleton laranja berrante que dera a ela em seu aniversário de 16 anos apenas para a irritar, mas que da mesma maneira ela havia adorado porque foi ele quem deu. 

— Boruto... - a voz baixa, como se não acreditasse que ele estivesse ali. Tão frágil e incerta.

Ficar na presença dela sem poder a tocar, sem sentir a maciez dos longos cabelos negros, sem poder sentir os lábios rosados nos seus machucava. Doía. Amar ela doía. Mas ele não se importava com dor se ela pudesse sentir o mesmo.

— Eu, precisava falar com você... 

— Eu não quero ouvir. - ele falou sem convicção alguma - Você teve o seu momento para falar. 

— E eu vou usá-lo agora. Você queria que eu dissesse alguma coisa e por mais que possa ter demorado, eu não me importo porque você só vai poder desistir de mim depois de ouvir que eu te amo. - as lágrimas rolavam e ela não se importava. Não se importava de chorar na frente dele, por ele.

— Sarada... 

O choque da declaração repentina o fez segurar a respiração. 

— Eu sempre amei você. Desde a infância, desde aquelas brigas bobas, aquelas competições idiotas e até a nossas missões juntos. Eu sempre te amei. Eu só não queria que soubesse. Eu nunca neguei a mim mesma, eu nunca escondi de mim porque eu sempre soube que era você. Eu nunca falei porque eu tive medo...

— Você sempre soube que eu te amava. - Boruto se defendeu - Eu sempre te amei, Sarada. Eu sempre fiz tudo por você, porque tinha medo? Do quê você tinha medo? 

— De você partir. - ela deu de ombros, enxugando o rosto com a manga do enorme moletom laranja - Tinha medo de que se eu dissesse em voz alta você partisse, eu sempre fui boa em ser deixada para trás. 

Ela estava completamente aberta. De coração, de alma e de guarda baixa. Ela estava indefesa e foi aquela fragilidade que ele nunca viu em Sarada que o fez correr o campo até ela e a abraçar com a força de seus sentimentos. 

— Sarada, você é tão boba... - ele dizia baixinho, sentindo tudo o que ela lhe proporcionava - Como eu poderia...

Boruto se afastou para ver o rosto dela, Sarada, aquela que tinha tudo de si. E vendo toda aquela emoção e sinceridade a beijou. Seus lábios se encaixaram e eles souberam que nada no mundo poderia se comparar a isso. Eles. Os dois. Juntos. Sempre. 

— Espero não ter sido tarde demais. - ela falou com o rosto afundado no peitoral do rapaz.

— Eu esperaria por você toda a minha vida se preciso. - ele confessou.

— Está feliz agora, Uzumaki no baka? - perguntou ela arrancando uma risada do namorado. - Me fez dizer em voz alta, como queria.

— Como nunca antes. - ele a beijou mais uma vez. - Mas não se preocupe, eu também direi em voz alta para você, todos os dias pelo resto de nossas vidas. 


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