Destino Complicado - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Destino Complicado




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Blaine estava pendurando seu avental branco com o nome “Just Cupcakes” bordado em azul claro quando percebeu uma chuva leve começando a cair. Pela aparência do céu, essa chuva ia piorar muito, então o moreno pegou o guarda-chuva que estava pendurado no mesmo gancho e sorriu para a própria intuição que jamais falhava.

Ao trancar as portas da pequena doceria onde trabalha, abriu o guarda-chuva e saiu, começando a seguir seu típico caminho para casa. Geralmente via pessoas passando de um lado para o outro e crianças brincando na rua, mas a chuva deixou todos fadados ao exílio, então foi uma grande surpresa ver um garoto agachado na calçada do outro de uma das ruas pelas quais passava. Ele era pequeno e bem magro, não aparentava ter mais do que dezesseis anos. Seus ombros subiam e desciam rápido, denunciando seu choro.

Preocupado, Blaine decidiu atravessar a rua e ver se o garoto precisava de alguma ajuda. Não precisou anunciar sua presença, pois o guarda-chuva cobriu o rapaz, fazendo-o olhar para cima para ver quem o estava protegendo da chuva, o que deixou à mostra o hematoma roxo em seu olho.

— Oi. Eu posso te ajudar de alguma forma? — indagou tentando soar o menos invasivo que pode, mesmo com toda a preocupação que aquele garoto havia lhe despertado.

— Eu não sei, pode? — respondeu ele com sua voz bonita e um tanto quanto afeminada.

— O que foi isso no seu olho? Porque está aqui na chuva sozinho? — Blaine não conseguiu segurar as perguntas dentro da boca.

— Meu padrasto estava batendo na minha mãe e eu fui tentar defendê-la, foi quando o macho de merda me acertou um soco na cara, mas eu acertei ele na parte que mais dói. — começou a contar com a voz ficando ainda mais chorosa e feminina. — Ma-mas minha mãe disse pra eu deixar pra lá que ela se resolveria com ele, então eu disse que quando ela voltasse a se dar o devido valor ela podia me procurar, só que eu não tenho pra onde ir, só não quero de jeito nenhum voltar pra lá.

— Eu moro em um apartamento aqui pertinho. Se você quiser tomar um banho quente, trocar de roupa, comer alguma coisa e dormir um pouco, eu posso te oferecer um lugarzinho no meu sofá pra passar a noite. — Blaine ofereceu com um sorriso de canto e um olhar compaixão.

Ele sabia que era muito arriscado chamar um completo estranho para sua casa, mas ao olhar para aquele garoto magro e de aparência tão tristonha e indefesa, seu coração derreteu e tudo o que queria naquele momento era ajudá-lo.

— Eu não sei. — o desconhecido respondeu com um ar inseguro. — Eu não te conheço, porque deveria confiar em você?

— Bom, eu to confiando em você, não é?

— Tudo bem. Eu não tenho nada a perder mesmo. Ao menos posso saber o seu nome do meu salvador antes?

— Blaine. Blaine Anderson. — respondeu estendendo a mão não só para cumprimentá-lo, mas também para ajudá-lo a levantar. E o seu?

— É Kurt. Kurt Hummel. — murmurou com um sorriso tímido (e fofo).

— Prazer.  Agora vem antes que acabe pegando um resfriado do jeito que tá encharcado.

O apartamento de Blaine ficava a menos de cinco minutos de caminhada dali, então logo ele estava colocando o guarda-chuva no cesto ao lado da porta e a sacolinha com três cupcakes que haviam sobrado das vendas do dia em cima do balcão de mármore que separava a sala da cozinha.

— Não é um apartamento lá muito grande, mas... — começou a falar, tirando o casaco enquanto Kurt entrava timidamente olhando em volta. — É bem aconchegante.

— Na verdade, é enorme comparado a minha casa. — o garoto respondeu sem exagerar.

— Você morava debaixo de uma casca de ovo, por acaso? — Blaine brincou, rindo da própria piada idiota enquanto Kurt apenas sorriu, pela primeira vez desde sua saída de casa.

— É, tipo isso.

— Enfim... Acho que você precisa de um banho quente ou vai acabar adoecendo.

— Eu agradeceria muito. Estou morrendo de frio.

— Vem comigo. — Blaine foi até um quarto e Kurt o seguiu, no entanto preferiu esperar na porta. — Aqui. As minhas roupas devem ficar um pouco largas em você, mas ao menos temos certeza que vão ficar confortáveis.

— Obrigado, Blaine. Eu nem sei como te agradecer. — murmurou tentando não voltar a chorar, dessa vez de alívio por saber que não teria que dormir na rua.

— E nem precisa. O banheiro fica bem aí atrás de você. — Blaine sorriu com gentileza e deu uma piscadela. — Só é melhor você já ficar ciente de que eu não sei cozinhar, então espero que goste de pizza de micro-ondas.

Mais ou menos quarenta minutos depois, o tempo que levou para ambos tomarem seus banhos e se vestirem confortavelmente, Blaine e Kurt estavam sentados em bancos altos perto do balcão entre a sala e a cozinha, comendo pizza e bebendo suco de uva.

— Então... Você está no ensino médio, né? — o dono do apartamento perguntou com curiosidade.

— Estou. Termino no ano que vem. — Kurt respondeu depois de engolir o que tinha na boca. — E você ainda estuda?

— Eu faço faculdade de música. — replicou, ganhando um brilho novo no olhar. — É a minha maior paixão.

— Eu sempre tive vontade de estudar artes cênicas, mas considerando que eu não tenho eira nem beira, é melhor eu fazer uma faculdade mais segura. — Kurt constatou rindo fraco, mas logo depois ficando com uma expressão triste. — Isso se eu conseguir fazer faculdade agora que aconteceu o que aconteceu...

— Eu sei que as coisas estão difíceis, mas não se deixa perder a esperança assim, Kurt. — Blaine aconselhou, olhando fundo nos olhos do garoto. — No começo não foi fácil pra mim também e, ok, eu ainda não posso dizer que tenho muita coisa na vida, só que eu sou feliz. Estou vivendo pra realizar os meus sonhos e crescendo aos poucos, eu faço o que amo e é isso que faz o meu esforço valer a pena.

— Você... Parece ser bem jovem ainda. Os seus pais não te ajudam? — Kurt perguntou com as sobrancelhas levemente franzidas, mas não apenas pela curiosidade, aquele olhar tão intenso o havia encabulado.

— Não. — a expressão de Blaine mudou por um segundo, evidenciando que esse era um assunto delicado para ele. — Eu não falo com meus pais desde que me expulsaram de casa por me assumir gay pra eles. Eu tinha dezessete anos.

— Oh. Sinto muito. — pediu, sentindo-se envergonhado por ter trazido aquilo à tona.

— Não tem problema. — o moreno se forçou a sorrir como se não doesse mais. — Eram dois preconceituosos e narcisistas. Digamos que carregar o sobrenome Anderson não é motivo de muito orgulho pra mim. Pretendo corrigir isso logo.

— E como você se virou sozinho? — mesmo sendo delicado, o desenrolar da história o deixava curioso.

— Bom, eu já tinha uma ideia de que pudesse ser expulso de casa quando contasse pra eles, mas eu queria viver a minha verdade, então tratei de arrumar um emprego pra jovem sem experiência e pesquisar apartamentos baratos. — contou dando uma mordida em sua pizza, até o momento esquecida, antes de continuar. — Esse aqui é ótimo. É de bom tamanho pra quem mora sozinho ou até mesmo pra casais sem filhos, o bairro é seguro, os vizinhos são tranquilos e bem tolerantes, o preço cabe no bolso e, o mais importante, fica bem longe da casa daqueles homofóbicos, então nunca mais nem cruzei com eles na rua.

— Nossa, que palavras fortes.

— É um sentimento forte também. — Blaine soou até um pouco sombrio ao dizer aquilo.

— Ok... O clima da conversa tá ficando um pouco pesado. É melhor mudar de assunto. — Kurt constatou, sentindo falta no olhar suava e gentil daquele homem. — Com o que você trabalha enquanto não termina a faculdade de música?

— Eu sou atendente na doceria Just Cupcakes. A clientela é bastante fiel e tá crescendo muito ultimamente. Meus patrões estão até pensando em abrir uma filial no começo do próximo ano, eu to torcendo muito pra dar certo. Eles merecem mesmo crescer.

— Bom... Você não sabe se estão precisando de alguém? Eu não pretendo voltar pra casa tão cedo, então vou precisar muito de um emprego.

— Como atendente não, mas pra faxina talvez. Não sei se você vai querer...

— Não me importo. Trabalho é trabalho. Se o serviço é honesto, não tem motivo pra ter vergonha. O importante é não cair no mundo do crime.

— Isso é verdade. — Blaine sorriu e constatou. — Você parece ser bem cabeça. Quantos anos você tem mesmo?

— Eu tenho dezesseis. E você?

— Vinte. Faço vinte e um daqui três meses. Ah, não faz essa cara de surpresa. Qual é? Eu não pareço ser tão velho assim, vai.

— Não mesmo. Meu chute era vinte e dois ou vinte e três, então eu estava perto.

— Bom chute. — respondeu rindo e esticando a mão para pegar o saco de papel que trouxera do trabalho. — Quer um cupcake? Você pode se considerar com sorte, quase nunca sobra. Te garanto que são deliciosos, aprecio bastante os produtos que vendo.

— Quero sim, obrigado.

Blaine abriu a sacolinha com o logotipo da loja e tirou de lá um dos bolinhos confeitados para si e outro para Kurt, oferecendo um brinde logo em seguida. — Ao começo de uma nova, e espero que longa, amizade.

— E uma nova jornada. — completou Kurt tocando suavemente seus cupcakes.

— Ih. Eu não lembro se tenho escovas de dente novas, mas vou verificar. — disse Blaine deixando o bolinho em cima da bancada, saltando da cadeira e indo em direção ao banheiro. — Deu sorte, ainda tem uma. Vou deixar ela aqui em cima da pia pra você usar depois. — dito isto, Blaine voltou e terminou de comer.

— Onde posso lavar a roupa que estava usando? É a única que tenho agora.

— Bom, eu já tava pensando em colocar as minhas na máquina mesmo. Se quiser pode botar junto. A não ser que elas não possam ser colocadas na secadora.

— Ah não, não tem problema.

— Eu vou ligar pra minha chefa e pedir pra marcar uma entrevista pra você logo que sair da escola amanhã. Que horas você sai?

— Duas.

— Foi o que eu pensei. Isso é bom porque a loja abre às quatro da tarde, então não vai atrapalhar os seus estudos. Os meus patrões, são muito abertos a contratar funcionários sem experiência, até porque eles mesmo começaram a doceria do zero. Tenho certeza que você não vai ter problemas em conseguir o emprego.

— Ah, que alívio. Uma preocupação a menos pra minha cabeça essa noite.

Depois disso, Kurt ajudou se ofereceu para lavar as poucas louças do jantar e enquanto isso Blaine foi pegar dois lençóis limpos e um travesseiro no quarto e os deixou a disposição no sofá cor de vinho. Assim que deixou a cozinha em ordem, o convidado foi se deitar e o anfitrião se recolheu em seu quarto.

Na manhã seguinte, Blaine acordou cedo como tinha o costume fazer todos os dias e se surpreendeu ver Kurt já de pé dobrando os lençóis. Como era um garoto novinho, pensava que teria de acordá-lo, mas então lembrou que a vida dele não era fácil antes, o que o fez recordar de como era em sua adolescência quando fazia tudo o que podia para ficar o máximo de tempo possível fora de casa, saindo cedo e se metendo em todas as atividades escolares possíveis para sair tarde do colégio.

— Bom dia. — cumprimentou antes de passar para o banheiro.

— Bom dia, Blaine. — respondeu Kurt, bocejando em seguida.

Como era um apartamento pequeno, dava para conversar mesmo os dois estando em cômodos diferentes.

— Se você quiser tomar banho primeiro que eu. Porque eu demoro. — Blaine informou enquanto colocava pasta na escova de dentes. — Não me importo de esperar.

— Imagina. O apartamento é seu, eu espero numa boa você terminar. — Kurt recusou com um sorriso educado, mesmo que não pudesse ser visto ali.

— A escolha é sua, mas vou logo avisando que quando eu digo demoro no banho, eu to falando bem sério. — respondeu rindo e começando a escovar os dentes.

— Não tem problema. Tem uma tábua onde eu possa passar a minha roupa?

— Já cuidei disso ontem à noite quando tirei as roupas da secadora. — murmurou com a boca cheia de espuma. — Não consigo dormir direito se tiver algum serviço deixado pra fazer amanhã. Coisa de quem trabalha e estuda também, a gente aprende a economizar o máximo de tempo possível.

— Ah. Você devia ter me avisado, eu não quero ficar te dando trabalho. — Kurt disse com uma voz culpada.

Blaine terminou a higiene bucal e só então respondeu. — Relaxa, não me deu trabalho nenhum, eu já ia passar as minhas mesmo. Uma peça a mais, uma a menos. Eu também separei umas roupas minhas pra você, já que você tá sem nada. Não se preocupe com qualidade delas, sou tão cuidadoso que quem abre o meu guarda-roupa não sabe diferenciar o que eu comprei há cinco anos ou semana passada.

— Não sei o que teria sido de mim sem você. Muito obrigado mesmo por tudo o que fez por mim sem a mínima obrigação. — Kurt tentou não parecer emocionado, mas não pode evitar, era expressivo demais em sua voz.

— Eu sei o que é ficar sozinho. Eu ao menos estava preparado, nem imagino a confusão que deve ter passado na sua cabeça antes de eu te encontrar. —Blaine saiu do banheiro e sorriu para ele de um jeito meigo, fazendo seu coração acelerar de leve. — A gente se encontra aqui mais tarde, quando você voltar escola. Assim você pode tomar um banho e se arrumar antes de ir pra sua entrevista de emprego.

— Combinado. Você tá sendo um salvador mesmo pra mim.

— Ai para, eu to ficando com vergonha. — dito isso, voltou para o quarto para pegar sua toalha e disse, antes de entrar no banho. — Fica à vontade. Tem frutas e iogurte na geladeira.

Kurt se sentiu um tanto quanto constrangido de mexer na cozinha de Blaine, então só se sentou no sofá em uma postura exageradamente ereta e ficou esperando sua vez de usar o banheiro. Não demorou mais que alguns segundos para descobrir a razão do moreno demorar tanto no banho. A voz excepcional do estudante de música misturava-se com o som da agua caindo e ecoava por todo o apartamento, esbanjando um talento incrível e encantador.

(...)

Duas semanas passaram bem rápido. Kurt havia conseguido o emprego fácil, pois o seu jeitinho gentil, fofo e inocente conquistou sua nova chefa logo de cara. Agora estava morando no prédio de Blaine e no “mesmo apartamento” só que um andar acima. No entanto, como não tinha nada além das roupas que o moreno havia lhe doado, passava boa parte do tempo livre no apartamento do colega de trabalho a convite do próprio.

— Blaine, Blaine. Eu não sei porque faz tanto por mim. Você já salvou a minha vida me ajudando a conseguir um emprego, não precisa fazer mais nada. — dizia Kurt enquanto entrava no apartamento do colega de trabalho que havia lhe convidado para jantar outra vez.

— Eu sei, mas descobri que gosto da sua companhia, então não vejo problema em você comer aqui até conseguir dinheiro o bastante pra comprar uma geladeira e um fogão. Ou micro-ondas. — ele respondeu com o típico sorriso.

— Eu também gosto da sua companhia. E não digo isso só por você ser o meu salvador, e sim por ser uma das pessoas mais divertidas que já conheci. — replicou sorrindo de volta.

— Obrigado. — murmurou, corando de leve. — Sabe que eu nem me acho tão divertido assim? Você é bem mais que eu.

— Ainda bem que não acha. — Kurt constatou, dando uma piscadela. — Isso te faz um cara natural, você não precisa tentar ou se esforçar. Você simplesmente é.

— Isso foi tão poético, Kurt. — Blaine fez uma pausa, encarando-o de um jeito profundo, então pigarreou e em seguida disse. — Enfim... Para o jantar de hoje teremos uma deliciosa e suculenta lasanha de micro-ondas.

Kurt riu e se sentou em um dos bancos altos perto da bancada. — Blaine, você realmente tem algum motivo pra ter um fogão em casa?

— Tenho sim.

— Que seria?

— Ocasiões especiais.

— Oh, claro, ocasiões especiais. Acredito.

— Engraçadinho. Eu to falando sério. Juro juradinho que esse fogão já foi usado.

— Eu acredito, Blaine. Só duvido que tenha sido por você.

— Não nego nem confirmo essa afirmação. — Kurt apenas riu e Blaine esperou alguns segundos para voltar a falar. — Vou logo colocar a lasanha no micro-ondas e fazer um suquinho pra gente. Enquanto isso você coloca um dvd pra gente assistir durante o jantar?

— Ah. Claro. Qual filme você quer ver?

— Tanto faz, pode escolher qualquer um.

— Okay.

Kurt ainda se sentia um pouco desconfortável em mexer nas coisas de Blaine, mas como ele sempre o tratava como se fosse de casa, já esteva se acostumando a isso.

Depois de bater o suco no liquidificador e deixar a lasanha esquentando, o moreno foi se sentar no sofá para aguardar, aproveitando para ver qual havia sido a escolha de Kurt.

— Olha só. — Blaine sorriu largo assim que reconheceu o menu de Chicago.  — Esse é meu filme favorito, sabia? Meu sonho é assistir ver o musical ao vivo.

— Não brinca. — respondeu Kurt com os olhos arregalados. — É o meu também. Já levei tanto esporro do meu padrasto por ficar cantando as músicas enquanto fazia faxina em casa.

— Às vezes fico realmente chocado com tantas coisas que já descobrimos ter em comum em tão pouco tempo.

— É, eu também fico.

Kurt já andava reparando nisso, as coisas que tinham em comum. Todas elas se reunindo em uma lista mental e isso estava deixando-o cada vez mais caidinho por Blaine. A primeira vista, apenas sentiu afeição por ele quando ele lhe tirou da rua e colocou-o debaixo do próprio teto para ajudá-lo mesmo sem lhe conhecer, mas assim que o ouviu cantar uma fagulha se ascendeu em seu peito, uma espécie de encanto que crescia toda vez que o via sorrir daquele jeito fofo, o ouvia a voz aveludada cantando ou descobria algo novo de tinham em comum.

Não que fosse ruim se apaixonar por uma pessoa tão boa. O que deixava Kurt realmente assustado era a velocidade com que isso estava acontecendo, afinal, eles só se conheciam fazia duas semanas.

— Mas que bom que é assim, afinal temos uma ligação desde que te vi na chuva. Espero que nossa amizade dure muito, muito tempo.

— Espero que não. — Kurt deixou escapar sem querer.

— O que?

— Nada.

Blaine tomou ar para questionar se realmente tinha entendido certo, mas bem a tempo de salvar Kurt daquela saia justa, o sinal do micro-ondas apitou avisando que a lasanha já estava pronta. Eles estavam famintos, então logo trataram de esquecer o assunto.

Depois que o filme acabou, os dois ainda ficaram conversando por horas a fio, embora ambos soubessem que um tinha que ir para a escola e o outro para a faculdade cedo na manhã seguinte, o papo fluía tão fácil que nenhum deles realmente percebia as horas passar.

Mais duas semanas passaram, essas se foram rápido e devagar ao mesmo tempo. Blaine percebeu aos poucos, assim como Kurt, um encanto se acendendo em seu peito conforme iam se conhecendo mais e mais. Isso não era nada bom, mas até a mera ideia de se afastar do garoto o assustava agora que tinha se acostumado a tê-lo por perto. E assim Blaine estava se deixando envolver mesmo sabendo que não deveria.

O expediente daquele dia havia terminado e Blaine só estava esperando Kurt terminar de guardar os produtos de limpeza para irem embora juntos, no entanto ele estava demorando mais que o normal, então o moreno decidiu ir ver se o garoto precisava de ajuda.

Assim que entrou no estreito corredor que levava a salinha de materiais, pode ouvir bem baixinho uma voz soando e quanto mais se aproximava, mais alta e bonita ela ficava. E quando abriu a porta sem fazer barulho, viu Kurt fazendo a vassoura de microfone e cantando como se sua alma estivesse fluindo através de seus lábios bonitos e rosados. O coração de Blaine acelerou como se estivesse lutando para sair do peito. Jamais havia ouvido voz tão linda em toda sua vida.

Música era sua paixão desde que conseguia se lembrar a e ver Kurt cantando de forma tão intensa e entregue o fez se encantar ainda mais pelo garoto de olhos claros que caiu em sua vida junto com uma forte chuva de verão. Então, sem negar seus mais primitivos instintos, entrou de uma vez na salinha, agarrou Kurt pela cintura e lhe atacou a boca no beijo mais voraz que já dividiu com alguém.

Kurt retribuía o beijo a altura em uma batalha por controle que ambos perderam quando o fôlego acabou, forçando-os a dar fim ao contato.

— Estou apaixonado por você. — Blaine soprou as palavras, sem separar suas bocas mais do que uns poucos centímetros.

— Eu também estou apaixonado por você, Blaine. — respondeu Kurt sorrindo e fazendo menção de voltar a beijá-lo, mas o moreno afastou seus corpos dando alguns passos para trás.

— Preciso te contar um coisa.

— O que?

Blaine tomou abriu e fechou a boca algumas vezes, olhando para tudo menos para Kurt que o encarava com as sobrancelhas franzidas. Antes que ele conseguisse voltar a falar, a sineta que ficava na porta da doceria soou, alertando que algum cliente havia entrado na loja.

— Eu volto em um minuto e nós conversamos, okay?

— Okya. Eu espero aqui. — o garoto sorriu de lado mesmo que seus lindos olhos claros denunciassem sua confusão.

Blaine saiu da salinha fechando a porta, então respirou fundo e forçou um sorriso gentil enquanto se encaminhava para frente da loja.

— Eu devo ter esquecido de virar a placa, mas... — as palavras morreram na garganta quando o olhar do moreno encontrou o do loiro parado atrás da vitrine com um enorme sorriso nos lábios carnudos. — Sam? O que você... Quando você... Não devia voltar só semana que vem?

— Sim, mas eu estava com tanta saudade que corri pra terminar o trabalho o mais cedo possível e aqui estou. Decidi que seria mais divertido vir direto e fazer uma surpresa. Fiz mal? — o sorriso que permanecia no rosto angelical denunciava a ironia da pergunta.

— Claro que não. — respondeu Blaine sorrindo e se aproximando com cautela. — Senti sua falta também, meu amor.

— Aposto que não tanto quanto eu. — disse Sam, segurando-o pela cintura e colando seus lábios em um beijo longo e com gostinho de reencontro. — Espero que já tenha acabado. Eu to louco pra ir pra casa e matar de verdade a minha saudade de você.

— Ah, sim, já resolvi tudo por aqui. Eu só...

— Tudo bem, Blaine? — Kurt apareceu interrompendo a conversa.

— Tudo, eu só...

— Quem é o garoto? — Sam perguntou curioso já que nunca o havia visto antes, mas já imaginando que era um funcionário novo.

— Sim, é... Vamos às apresentações. — Blaine pigarreou tentando não parecer nervoso e fez uma breve pausa antes de continuar a falar. — Sam, esse é nosso novo vizinho, por assim dizer, e também meu colega de trabalho, Kurt Hummel. Kurt, esse é Samuel Evans. Ele é... Ele é o meu noivo.

— Se-seu noivo? — o garoto repetiu aquelas palavras tão amargas, sentindo o coração rachar dentro do peito.

— Sim. — Blaine respondeu com um tom sutil de culpa. — Ele estava viajando a trabalho nos últimos três meses e voltou hoje.

— Prazer em conhecê-lo, Kurt. — o loiro sorriu gentilmente e estendeu a mão para o castanho. — Pode me chamar de Sam.


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