Soldier Seiya - A Era de Poseidon 01 escrita por Léo Rasmus


Capítulo 10
Ataque à Ilha da Rainha da Morte




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CAPÍTULO 09

“ATAQUE À ILHA DA RAINHA DA MORTE”

MARRAKECH – MARROCOS

A região da África Setentrional e do Oriente Médio são os poucos lugares que resistiram à perseguição religiosa de Atlântida, devido à sua cultura milenar já enraizada desde eras remotas. Os países muçulmanos e Atlântida vivem sob uma trégua que atravessou os séculos, entretanto, as tropas de Poseidon nunca deixaram de se fazer presentes, seja pelas ruas, seja nos bastidores.

Em Marrakech, os souks, como são conhecidos os intermináveis mercados a céu aberto, fervem com o calor e com o vai e vem intenso de pessoas. Uma atmosfera mística envolve cada beco e cada viela, carregada por aromas de incensos dos mais variados. Naquelas ruas, abarrotadas de vendedores de rua, tendas e lojas que se espremem umas contra as outras, é possível encontrar praticamente de tudo: Jóias exóticas, vasos dos mais diversos tipos, deslumbrantes tapeçarias, tecidos multicoloridos, perfumes inebriantes, espadas afiadas, venenos mortais.

Dois homens caminham incólumes por essa multidão, vestidos com roupas comuns e com as cabeças e o rosto cobertos por turbantes brancos. Eles sabem exatamente aonde vão e seguem resolutos. Um deles teme chamar atenção devido a sua estatura de mais de dois metros, mas seu companheiro o tranquiliza:

— Não se preocupe Aldebaran. Estou usando meu poder psíquico para mudar a percepção das pessoas ao nosso redor. Todos estão nos vendo como dois homens comuns de um metro e oitenta. Mas vamos em frente. O colecionador está a nossa espera.

— Será que finalmente encontraremos a Ânfora de Athena, Mu? Estamos nessa pista há dias. Esse homem que vamos encontrar, ele é confiável?

— Acredito que nem nossas sombras sejam confiáveis nesse lugar, meu caro amigo. O homem com quem tenho mantido contato se chama Píton. Ele vai nos guiar até o colecionador de antiguidades conhecido como Gigars. Ele diz estar em poder de um vaso cuja descrição bate perfeitamente com a da Ânfora de Athena que consta nos Manuscritos de Shion. Veja, ali está ele.

Mu e Aldebaran são recebidos, na rua mesmo, por um homem alto e magro, vestindo uma kandoora, a típica túnica muçulmana e na cabeça, um ghtrah, o lenço branco tradicional, adornado pelo igal, que é uma espécie de corda de cor preta que dá duas voltas no topo de sua cabeça. Seus gestos são precisos e lentos, dando a impressão de que foram ensaiados, o que aumenta ainda mais a sensação de desconfiança.

— Senhores Mu e Aldebaran? Eu sou Píton. Queiram me acompanhar.

Píton conduz os dois por um beco estreito, com pequenas lojas amontoando-se dos dois lados. Eles entram e saem por um incontável número de outros becos e passagens apertadas, até chegar a uma loja de aspecto bem antigo. Passando por algumas cortinas, eles chegam a uma sala mal iluminada, onde é possível ver, entretanto, uma variedade imensa de artefatos antigos dispostos em múltiplas prateleiras ou acomodados no chão.

Ao fundo da sala, sentado atrás de uma mesa repleta de vasos com flores murchas, aparelhos telefônicos antigos e até uma máquina de datilografar empoeirada, figura um homem idoso, de vasta cabeleira em um tom azulado. Sua longa barba divide-se em duas partes na altura do peito. Adornando sua cabeça, um estranho elmo rosado em um formato que lembra a face de uma coruja humanóide. Ele veste uma túnica púrpura bastante alinhada e sobre ela, um longo manto vermelho. No lugar de seu olho esquerdo, brilha uma pedra de turmalina azul bem lapidada, dando a ele uma aparência sinistra.

De pé ao lado da mesa, um guarda-costas de corpo esbelto e atlético encara os convidados de forma nada amistosa. Ele tem os cabelos loiros e espetados e veste um colete tático vermelho por sobre a camisa amarela sem mangas, calças da mesma cor da camisa, além de botas e luvas vermelhas.

Píton aproxima-se e apresenta os dois convidados ao velho senhor, que abre um sorriso hospitaleiro:

— Sejam bem vindos, estimados senhores! Eu os esperava ansiosamente! — declara o senhor, levantando-se de sua mesa e mostrando sua baixa estatura — Meu nome é Gigars, e sou o maior colecionador e negociante de antiguidades de toda Marrakech. Este aqui ao meu lado é o Cavaleiro de Fogo, meu paladino pessoal, mas nada temam, ele só atacará se alguém me ameaçar e já que estamos entre amigos, não é?

— Senhor Gigars, ficamos lisonjeados em conhecê-lo, mas estamos com um pouco de pressa. Poderia nos mostrar a ânfora da qual vínhamos falando?

— Muito bem. Píton traga-nos a relíquia, por favor. — ordena Gigars.

Píton retira o objeto com cuidado de dentro de uma caixa de papelão e o põe ao lado de seu mestre. É um vaso branco brilhante, com detalhes em dourado, que possui duas alças dispostas em lados opostos e uma jóia vermelha em formato de coração incrustada em sua frente.

Aldebaran retira do bolso um papel dobrado onde consta uma imagem da Ânfora de Athena e os compara. O objeto é idêntico. Aldebaran estica o braço para tocá-lo, mas é atingido por uma pequena rajada de fogo.

— Vamos com calma, rapaz. — avisa Gigars. — Qualquer movimento em falso e vocês verão o que mais meu Cavaleiro de Fogo pode fazer. O vaso será de vocês apenas mediante o pagamento do valor acordado.

— Certamente, senhor Gigars, perdoe-nos. — concorda Mu. — Aldebaran?      

O amigo de Mu retira de baixo de suas vestes uma bolsa de tecido e a entrega nas mãos de Píton. Ele a esvazia sobre a mesa e uma boa quantidade de diamantes se espalha. Gigars as observa atentamente, constatando que são pedras legítimas. Aldebaran mais uma vez se aproxima para por as mãos no vaso e de repente, sua tampa cai no chão e, de dentro dele, surge a imagem da cabeça de uma pessoa. Aldebaran empalidece de susto.

— Mestre Mu! — diz a aparição.

— É a projeção astral de Kiki! — esclarece Mu. — Kiki, o que houve?

— Fuja mestre Mu! As tropas de Poseidon estão a caminho!

— O quê? — todos se espantam, em uníssono, ao mesmo tempo em que a velha loja é invadida por vários soldados rasos e por três Soldados Marinas.

— Parados em nome do Senhor de Atlântida! — diz um dos Marinas, atacando com uma esfera metálica com espinhos pontiagudos, atada a uma corrente. — “Ouriço Demolidor!”.

 A devastação causada pelo ataque do ouriço de aço é enorme.

— Minhas antiguidades! — lamuria-se Gigars — Mas o que Poseidon procuraria aqui? Sou apenas um humilde colecionador!

— Aldebaran, pegue a ânfora! Vamos dar o fora daqui! — demanda Mu, perdendo a concentração e revelando o tamanho real de Aldebaran.

— Não tão rápido! — diz outro dos soldados — Estamos aqui exatamente para confiscar esse objeto! Tentáculo da Anêmona!           

Dezenas de tentáculos são lançados na direção de Aldebaran, que é um alvo fácil devido a sua estatura, mas Mu se interpõe e é paralisado pelo ataque inimigo, desmaiando. Aldebaran puxa os tentáculos, que ferem suas mãos, pois parecem possuir algum tipo de toxina, mas ele esquece a dor e joga o inimigo contra a parede. O soldado acaba sendo soterrado por centenas de antiguidades que caem sobre ele.

O guerreiro gigante acomoda seu amigo desmaiado sobre os ombros e pega a ânfora com a outra mão. Ele tenta fugir, mas os outros dois Soldados Marinas impedem a passagem.

— Você não irá a lugar algum! Entregue a ânfora e não o mataremos!

— Droga! Com Mu no ombro e o vaso nas mãos, não consigo lutar e nem usar meu “Grande Chifre”. Se eles me acertarem será o fim. Gigars e seus comparsas, a essa altura, já deram no pé!

— Se não quer se entregar, então morra! “Disco Assassino!”

O Soldado Marina joga uma arma em forma de disco e esta se multiplica em dezenas de outros, que avançam na direção de Aldebaran. Para sua surpresa, todos os discos chocam-se em cheio contra a Muralha de Cristal de Mu, que despertou o suficiente para utilizar sua magnífica técnica de defesa.

— Vamos embora daqui, Aldebaran! — diz Mu, com uma voz debilitada, enquanto usa seu último resquício de energia para teletransportá-los dali.

— Maldição! Eles desapareceram! — esbraveja o soldado do ouriço de aço.      

— E levaram o vaso, ainda por cima. — repara o soldado dos discos.

— Eles não podem ter ido, longe! — observa o terceiro soldado, usando seus tentáculos para retirar o entulho de cima de seu corpo. — O rapaz psíquico estava muito enfraquecido. Vamos atrás deles! Temos que concluir essa missão!

***

ILHA DA RAINHA DA MORTE – NO DIA SEGUINTE.

Seiya e Shun, trajados com suas poderosas Escamas, desceram de uma embarcação atlante há alguns minutos e agora caminham pelo solo inóspito e árido da ilha. É difícil imaginar como alguma criatura possa sobreviver naquele lugar. Eles foram ordenados por Shiryu, líder nessa missão, a seguirem na frente e realizarem um reconhecimento no local, enquanto ele aguarda a restauração de sua lança e escudo. Hyoga, por sua vez, avisou que logo se juntaria a eles.

— Não vou com a cara do geladinho, Shun. — confessa Seiya, referindo-se a Hyoga.  — Ele é muito misterioso, nunca sei o que se passa na cabeça dele.

— Todos nós somos muito diferentes, Seiya. — replica Shun. — Acredito que, muito em breve, essa impressão que você tem dele passará.

— Não sei não, sinto que há algo de errado nele.

Seiya e Shun continuam observando a ilha, enquanto conversam sobre suas histórias de vida e suas motivações. Seiya acaba percebendo o quanto é fácil conversar com aquele jovem de aparência frágil e delicada, mas que demonstrou ser um forte soldado na luta pela sua escama durante o torneio. Shun, por sua vez, consegue esquecer um pouco da tristeza que assola seu coração ouvindo as histórias jocosas contadas por Seiya, que ele já considera um bom amigo.

Os dois percebem que têm muito em comum, pois ambos lutam para encontrar seus irmãos perdidos, ambos viveram em orfanatos durante a infância e o destino acabou levando os dois até o reino de Atlântida.

— Shun! Façamos um juramento. Vamos proteger um ao outro até que consigamos realizar nosso sonho de encontrar minha irmã e seu irmão.

— Seiya! — surpreende-se Shun, com brilho no olhar — Está bem, Seiya! Vamos nos ajudar até o fim! Eu prometo!

A âncora da armadura de Shun levanta-se sozinha e aponta em direção a um rochedo há alguns metros de distância.

— Seiya, há uma ameaça nessa direção!

— Quem está aí? — pergunta Seiya, em tom agressivo — Apareça!

— Ora, ora, então o time do Centauro Marinho são apenas vocês dois? Ou será o time do Dragão? Ouvi dizer que a luta de vocês foi uma bagunça, até o Tritão participou!        

Jabu de Narval surge de repente, na frente do rochedo, dando uma risada irônica. Os outros quatro soldados de seu time, Ban de Hipaléctrion, Nachi de Orthros, Geki de Morsa e Ichi de Amphisbena, aparecem ao seu lado.

— Jabu? Você devia ter ficado no seu barco. A Ilha da Rainha da Morte não é lugar pra bebezinhos como você. — provoca Seiya.

— Bebezinho? — irrita-se Jabu — Acho que vou mostrar pra você o poder do Narval!

— E eu estou louco de vontade de descobrir se o Soldado de Amphitrite é homem ou mulher. — manifesta-se Ichi de Amphisbena, aproximando-se de Shun — Vamos lá! Primeiro eu farei você desmaiar e depois...

— Seiya, lembre-se de nossos objetivos aqui. — avisa Shun, sem se abalar com as palavras de Ichi — Não é hora para lutas entre nós, Soldados Marinas.

— Tem razão, Shun. — fala Seiya, apagando a luz de seu cosmo. — Mas isso não vai ficar assim, garoto do chifre.

— Ah é, é? Pois saiba que meu grupo vai pegar o Fênix antes do seu! — desafia Jabu. — Vamos, rapazes!

Jabu e seu time afastam-se dando risadas e seguem saltando sobre os rochedos de forma incrivelmente veloz.

— Vão, bando de bobões!!!! — exclama Seiya, balançando o punho levantado em direção a eles. — Vambora, Shun!

Seiya e Shun seguem em sua missão e, enquanto isso, em uma caverna longe dali, encontra-se Shaka, aliado da rebelião. Ele se mantém em posição de lótus, em meditação, deixando reluzir seu cosmo. A energia que flui de seu corpo é branca e reluzente, mas aos poucos, transforma-se em uma aura enegrecida.

— Criaturas sombrias! Levantem-se!

Uma legião de sombras emerge do solo e toma a forma de criaturas bestiais de diversos formatos. Elas observam seu criador e aguardam suas ordens.           

— Agora vão! Ataquem todos os invasores!

Seiya e Shun avançam, enquanto observam a ilha e, repentinamente, a âncora de Shun reage novamente.

— Seiya, há perigo por perto!

Duas criaturas, uma em forma de um ciclope de duas cabeças e outra em forma de um réptil alado, surgem e investem contra eles. Seiya desfere um poderoso chute no ciclope e Shun atinge a criatura alada com sua âncora. Os seres são arremessados contra as pedras.

— De onde saíram esses bichos feios? — pergunta Seiya, aproximando-se do ciclope que, inesperadamente, se transforma em uma fumaça negra.

— Que estranho. — comenta Shun, enquanto vê o monstro abatido por ele se converter também em fumaça, mas ele nem tem tempo de se recompor — Veja Seiya, outro deles!

A nova criatura monstruosa é abatida com um poderoso gancho de Seiya, que parece ter a força de uma onda gigante.

— O que são essas coisas?  — pergunta Seiya — Eu pensei que “Soldados Marinas enfrentando monstros” era só história de criança!!! Eu vim aqui pra pegar o Fênix, droga!

— Cuidado, Seiya!!! — A poderosa âncora de Shun, atinge mais uma criatura, no momento em que esta quase atingia Seiya pelas costas com suas garras.

—Shun! Essa foi por pouco! — agradece Seiya, enquanto os dois jovens se posicionam de forma a proteger a retaguarda um do outro.

— Mas de onde vêm essas criaturas? O que são? — questiona Shun. — Não esperava que essa ilha fosse habitada por monstros assim. E quando as derrotamos, elas se transformam em fumaça!

— Não faço idéia. Ei, Shun, então a Escama de Anfitrite que você conseguiu possui essas correntes? E essa âncora? Ouvi dizer que Centauros Marinhos usavam lanças, mas não veio lança nenhuma na minha escama não...

De repente, surgidas do solo, dezenas de criaturas emergem furiosas e encurralam os dois soldados, que se vêem numa difícil situação.

— Belo jeito de começar como Soldado Marina, Shun!

— Não dá tempo de usar minha âncora!

— Ora, calem-se vocês dois! Essas criaturas não são nada na frente dos Espectros de Hades que logo iremos enfrentar!

Cristais de gelo dançam pelo ar enquanto as criaturas rapidamente se tornam estátuas congeladas. As estátuas se despedaçam e surge outro guerreiro.

— Sou Hyoga, Soldado Marina de Aegir.

— Eu também estou aqui. — disse Shiryu, juntando-se aos outros — mas, pelo visto, com uma entrada não tão impressionante quanto a do viking de branco aqui.

— Shiryu de Azure, o dragão marinho chinês. — comentou Hyoga. — Você não devia estar se recuperando da surra que levou do Centauro do Mar?

— Foi uma luta justa. E Seiya não saiu tão ileso assim. Não é Seiya?

— Ah, não estou tão ruim. — respondeu Seiya se aproximando, tocando o muque esquerdo com a mão direita. — As escamas protegem mesmo. E olha, sem nenhum arranhão! Imagina o trabalho que seria pra consertar se elas quebrassem? Li um mangá uma vez, que um cara tinha que dar todo o sangue do corpo pra consertar uma armadura quebrada e...

— Que tremor de terra é esse? — reparou Shiryu, e todos entraram em alerta.

Um gigantesco ser divino, conhecido no Japão como Misshaku, surge das profundezas, em meio a chamas infernais. No ombro da aparição, um homem com um manto avermelhado, com o rosto coberto por uma máscara, se ergue e encara os rapazes. Ele empunha uma espada de madeira, estranhamente dourada.

— E então? Soube que procuram por mim. Pois aqui estou eu. Líder da Rebelião de Athena. O Fênix!

— Fenix? — espantaram-se Seiya e Shun.

— Finalmente! — bradou Shiryu.

— Me devolve, Fênix. — todos olharam em direção a Seiya — Sei que foi você. Sei que foi você quem sequestrou a minha irmã. DEVOLVA A SEIKA SEU MALDITOOOO!!!

Seiya avança furiosamente em direção ao Fênix, como se tivesse perdido completamente a razão. O inimigo, vendo a presa fácil, desfere um golpe certeiro com sua espada, que deixa um rastro flamejante quando risca o ar.

Seiya é atingido diretamente com tamanha força que o jovem soldado é empurrado para trás por vários metros, quebrando vários rochedos com seu próprio corpo.

Todos se espantam com tamanho poder. A criatura Misshaku, em meio às labaredas, golpeia os outros três com seus poderosos punhos, que pulam para trás. Hyoga entra em ação:

— É a minha vez! “Pó de Diamante!”

Ao mesmo tempo, Shun também avança:

— Deixem comigo! “Âncora Relâmpago!”.

Fênix, por sua vez, não demonstra a menor intimidação frente aos dois ataques. Em uma velocidade sobre-humana, ele maneja sua espada com ambos os braços e retém todo o ataque de gelo de Hyoga, redirecionando todo o ar congelado contra as correntes de Shun, que perdem a força devido ao frio intenso e caem ao solo como se fossem apenas objetos normais. Shun é atingido pelo golpe do próprio companheiro e cai, com seu corpo coberto de gelo.

— São esses os Soldados Marinas eleitos no Torneio da Tormenta de Atlântida? — zomba Fênix — Não me façam rir. Vocês se atiram ao inimigo como lebres suicidas se atiram ao fogo. Será muito fácil para a Rebelião de Athena por um fim na tirania de Poseidon.

“Ele tem razão” — pensa Shiryu, enquanto ampara Seiya — “Não estamos trabalhando como equipe. Precisamos de tempo para nos realinhar.”

— Atenção, Hyoga, Shun! — convoca Shiryu — Bater em retirada, agora!

Hyoga carrega Shun em seus ombros e esboça um sorriso ao olhar para Ikki. Está tudo nos conformes e logo todos os soldados naquela ilha serão derrotados. Os quatro saltam através dos dois lados de um enorme desfiladeiro e avançam até tomar uma distância segura.

A imagem de Misshaku se desfaz, transformando-se em fumaça negra. Ikki tira sua máscara e sente o vento quente soprar em seu rosto, enquanto ele vê seus inimigos se afastando.

— Nenhum de vocês, lacaios de Poseidon, sairá vivo dessa ilha. — fala Ikki, com ódio no olhar — Cavarei aqui seus túmulos, assim como Poseidon me obrigou a cavar os túmulos de meu mestre Guilty e de Esmeralda. Eu juro!

Longe dali, os quatro se recuperam do susto. Shun não teve o corpo congelado graças à proteção de sua escama. Seiya, porém, foi atingido diretamente e sua escama foi danificada bem no peitoral e ele teve diversas escoriações pelo corpo.

— Fomos péssimos na luta contra Fênix, soldados. — expõe Shiryu. — Não tivemos sincronia, nossos movimentos impensados foram usados contra nós. Estou envergonhado.

— Mas ele nem mesmo estava usando uma armadura. — resmunga Seiya — Como eu ia saber que aquele pedaço de madeira era um super sabre de fogo?

— Você é o mais imprudente de todos, Seiya. — repreende Shiryu — Não devemos subestimar o inimigo, muito menos confiar demais em nossas armas e armaduras. Seiya, eu aprendi isso durante nossa luta. Minha lança e meu escudo, agora cem por cento restaurados, de nada adiantarão se nós quatro não lutarmos como um só.

— Mas Shiryu, eu... — balbucia Seiya. 

— Shiryu está certo, Seiya. — interrompe Hyoga. — Na luta contra Shiryu você quase perdeu as mãos. Sua inconseqüência poderia matar todos nós.          

Shun, que se mantinha em silêncio, resolve levantar-se e se manifestar:

— Todos nós fomos inconsequentes. Seiya, por ter agido por impulso. Hyoga e eu, por não coordenarmos nossas forças. E Shiryu, por não planejar o ataque como um verdadeiro líder. Nós somos quatro soldados trabalhando juntos pela primeira vez. Mal nos conhecemos. Acredito que tenhamos sim o poder para derrotar Fênix, mas antes, devemos encontrar um meio de nos unir.

Os quatro ficam em silêncio. Há muito que fazer e não há tempo para hesitar. É a vez de o líder Shiryu ter a voz:

— Por enquanto, o melhor a fazer é nos separarmos, para que Fênix e suas criaturas de sombras não possam nos emboscar. Dêem uma olhada nisso.

Shiryu tira do cinto um rolo de papel. Ele o desenrola sobre uma pedra mais plana que havia perto deles e explica:

— Esse é um pedaço do mapa do antigo continente Mu, que ficava nessa região. Logo após ter deixado minhas armas no ferreiro, em Atlântida, me dirigi à antiga biblioteca e pesquisei a respeito. Essa ilha nada mais é que o último resquício desse continente, que desapareceu misteriosamente. Esse pedaço de mapa corresponde exatamente a esse pedaço de terra que hoje é a Ilha da Rainha da Morte.

Todos observam os detalhes no mapa, o vulcão, o desfiladeiro e muitos outros locais. Shiryu foi brilhante. Ele continua, apontando o mapa com o dedo:

— Jabu e seu time foram por esse lado, eles pegaram o caminho mais longo até o vulcão. Nós seguiremos por aqui. Seiya, você seguirá por esse vale, abaixo do desfiladeiro. Hyoga irá por cima, seguindo esta colina. Shun pode escalar esta zona montanhosa com sua corrente e seguir até o outro lado. Eu irei pelo litoral, dando a volta, onde há água para potencializar meu ataque.

— Gostei de ver, chefe de tropas! — comenta Seiya, com um olhar amistoso, enquanto dá um tapinha nas costas de Shiryu.

— Shiryu, eu acredito que essa seja a melhor estratégia — considera Shun — Mas já que nós vamos seguir separados, eu gostaria que usassem isto.      

Shun retira de um bolso lateral, oculto pela armadura, quatro pulseiras com amuletos em forma de âncora e entrega para cada um de seus aliados.

— Esses são amuletos de Amphitrite, a deusa do mar. Na Ilha de Amphitrite, durante nossos treinos, nós os usávamos para saber a localização dos colegas de time. Basta direcionar um pouco de cosmo para o amuleto e...

Shun demonstra com o próprio cosmo e um feixe de luz sobe de seu amuleto até o céu.

— Incrível, Shun! — Assim poderemos saber a localização um do outro facilmente, caso aconteça algum problema.

— Muito bem. — conclui Shiryu — Desejo sorte a todos. Vamos em frente, soldados!

Enquanto isso, no outro lado da ilha, o time de Jabu também está enfrentando criaturas monstruosas:

Chifre do Narval!

— Mordida Dupla de Orthros!

— Grandes Presas da Morsa!

— Bombardeio de Hipaléctrion!

— Amphisbena! Veneno Sibilante!

Com suas técnicas, eles abatem os monstros um a um e seguem em frente em direção ao vulcão.

— Parabéns, rapazes! — declara Jabu, animado. — Nosso time é mesmo o melhor! Seiya e aqueles perdedores vão comer nossa poeira!

Na caverna de Shaka, o guerreiro rebelde continua sua meditação. Ele percebe que uma grande quantidade de suas criaturas sombrias já foi abatida. É hora de pôr o plano principal em ação.

— Chega de jogos infantis. — diz Shaka — Usarei a técnica que aperfeiçoei após todos esses dias aqui na Ilha da Rainha da Morte. “Invocação dos Espíritos Malignos!”.

Com a ascensão de seu cosmo, Shaka invoca nove figuras sombrias que tomam forma humana na sua frente. Eles começam a assumir cada um a aparência de um dos soldados que invadiram a ilha, copiando até mesmo a forma de sua Escama.

— Finalmente estão libertos. Meus fiéis Soldados Marinas Negros. Espalhem-se e vão de encontro às suas contrapartes. Acabem com todos.

Rapidamente, os nove Marinas Negros se espalharam. Logo depois, quatro deles estavam observando, do alto de um penhasco, os quatro jovens soldados, Seiya, Shun, Hyoga e Shiryu, que haviam acabado de se separar.

— Eles seguiram por caminhos diferentes, Marinas Negros. — comenta um deles, que é idêntico a Shiryu — Não iremos desapontar o mestre Shaka. Vamos atacar nossos inimigos onde eles estiverem. Eu sou o Dragão Negro!

— Centauro Marinho Negro!

— Amphitrite Negro!

— Aegir Negro!

Os quatro saltam, em meio a gargalhadas e se tornam vultos que avançam rapidamente pelos cenários ameaçadores da Ilha da Rainha da Morte.

PRÓXIMO CAPÍTULO DE “CAVALEIROS DO ZODÍACO – SOLDIER SEIYA – A ERA DE POSEIDON”:

“INVOCAÇÃO DOS ESPÍRITOS MALIGNOS! A AMEAÇA DOS MARINAS NEGROS.”

QUEIME COSMO! ALÉM DOS SETE MARES!!


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