Dirfino alisou a camiseta branca que Luke tinha dado para ele alguns dias atrás e respirou fundo antes de tocar a campainha da casa. Não sabia porque estava nervoso, mas estava.

Ia dar aulas de português para o amigo, Luke, e suas mãos estavam começando a suar como loucas. Provavelmente porque não era a pessoa ideal para dar aula de nada, mas não sabia se era apenas por isso. Tinha reparado que algumas vezes já, em companhia do outro garoto, estava ficando muito nervoso e tentava ridiculamente impressioná-lo. Embora já assumidamente bissexual não acreditava que estava gostando do seu amigo, então mandou seu eu interior parar de ser ridículo e esperou o outro abrir a porta para ele.

Entrou limpando os pés em um tapete na porta e sorrindo para o garoto.

— E ai, Dirfino? – Esticou a mão para que o convidado batesse.

— Oi, Luke – Sentiu um calor subir da mão para o resto do corpo e se xingou internamente. “Se controle, cara”.

— Vamos pro meu quarto, já deixei tudo pronto – Falou com uma piscadela.

— Tudo o que? – Gaguejou.

 - O que? – Luke estreitou os olhos confuso – Liguei o computador e arrumei um caderno, como você pediu.

— Ah, sim. Sim. Isso mesmo. Eu só tinha esquecido.

— Você tá bem? – O tom preocupado veio acompanhado de uma mão na testa, checando a temperatura do outro – Docinho, você tá meio quente, quer uma água?

— Sim, pode ser – Concordou veementemente com a cabeça, bagunçando seus fios castanhos que antes estavam bem penteados.

Luke atenciosamente buscou na cozinha da casa um copo de vidro e o encheu com água gelada, estendendo para que o amigo bebesse.

— Obrigado – Deu um gole no liquido, sentindo seu frio inundar seu corpo e acalmar sua mente turbulenta – Acho que estou melhor.

— Que bom, cara. Vamos subir?

Convidou e já começou a percorrer o caminho até seu quarto, puxando sua camisa azul marinho do tronco e deixando-a jogada em um sofá.

“Merda” Dirfino pensou e bebeu mais água gelada.

O corpo de Luke era bem definido, ele gostava de se manter “malhado” e impressionar as pessoas com seus músculos. Ele era bonito e sabia disso, mas porque estava tirando a roupa assim, na frente dele?

“Porque vocês são amigos e ele está com calor” a cabeça do garoto sugeriu. Mas seu amigo debaixo discordou da afirmação, sugerindo que ele estava apenas o provocando. Luke estava sempre provocando alguém.

Chegando no quarto, o americano sentou na cama, indicando a cadeira de rodinhas para o outro.

— Vamos começar? Eu estou ansioso – Seus olhos brilhavam como uma criança na noite de natal – Estou “animado” – Falou a palavra em português.

Dirfino riu negando com a cabeça.

— “Animado” significa animado, não ansioso – Traduziu sentando de frente para Luke.

— Por onde vamos começar?

— Anh, eu não sou muito bom com gramática – Falou em tom de desculpas – Nunca tirei notas muito boas nessa matéria.

— Normal – Riu – Mas aposto que era muito bom na aula de “introdução ao pornô gay”.

— Oh se era. Só tirava dez – Brincou lembrando dos boatos que corriam na escola quando ele parou de ir nas aulas: Eram muitas histórias, mas a que o pessoal mais acreditava era que Dirfino tinha fugido para virar ator de filmes eróticos.

— Parabéns – Fingiu bater palmas enquanto ria. Luke se inclinou na cama, fazendo com que o peito de Dirfino saltasse mais uma vez. Droga droga droga. Estava ficando maluco de novo. Bebeu mais um pouco da água.

— Dirfino... Você não parece bem. Quer se deitar?

Sentiu um formigamento no baixo ventre e se amaldiçoou por aquilo. Como se explicaria? Acenou positivamente com a cabeça e subiu na cama de Luke engatinhando, deitando de lado com a cabeça no travesseiro macio. O amigo percorreu o mesmo caminho, apoiando a cabeça no mesmo travesseiro e ficando de frente para ele.

— O que está acontecendo?

— Nada – Murmurou com o olhos arregalados. A proximidade era assustadoramente tentadora.

— Você pode contar comigo – Tocou a bochecha do garoto com os dedos, acariciando seu rosto – Eu sou seu amigo.

— Esse é o problema.

— O que?

— O que o que? – Murmurou constrangido. Não acreditava que realmente tinha dito aquilo.

— Eu estou ficando muito preocupado, docinho – Luke avisou levantando o rosto e aproximando do outro.

— Desculpa – Pediu e, logo em seguida, puxou seu pescoço, tocando seus lábios nos do garoto, que afastou a cabeça com o susto.

Luke arregalou os olhos, mas, em seguida, abriu um sorriso malicioso.

— Então esse era o seu mal?

— Cala a boca.

— O seu problema – Falou rindo e chegando mais perto de Dirfino na cama – É que eu sou gostoso demais.

— Você é um idiota – Assegurou virando o rosto.

— Estava delirando porque eu sou “goxtôso” demais – Pronunciou em português.

— Falou tudo errado – Reclamou quando Luke passou a mão quente pela sua nuca, trazendo sua boca para perto dele.

— Mas você me entendeu.

— Humpf. “Ridículo” – Resmungou na língua materna sentindo os lábios quentes de Luke tocando seu pescoço.

— Eu sei que isso é um xingamento. Mas acho que quis dizer “Delixia” – Provocou acentuando o sotaque de propósito.

— Não, eu quis dizer o que eu disse mesmo – Cruzou os braços, mas logo os soltou quando foi puxado pelo garoto, unindo seus corpos e suas bocas em um beijo cheio de desejo e caricias - Tá, bem. Você é gostoso – Se deu por vencido puxando o corpo de Luke sobre o seu.