Caspian desviou do golpe da espada afiada de Pedro, se lançando para longe quando a lâmina atingiu a areia. Levantou rapidamente, equilibrando seu peso nas pernas fortes e girou sua arma, lançando-a com força sobre o corpo do garoto, que a parou, fazendo com que a força que Capian colocara no golpe voltasse e atingisse suas mãos.

Rangeu os dentes e recolheu a espada, girando-a e estocando contra o outro, que desviou. Finalmente a luta estava se virando a favor do atual Rei de Nárnia, deixando as criaturas que assistiam descontentes. Queriam ver Pedro ganhar, queriam ver Caspian e sua família – mesmo que ele fosse renegado por aqueles de seu sangue – longe de sua amada terra mágica.

Os centauros urraram quando, em um golpe ágil e muito forte, Pedro desarmou Caspian, deixando-o de joelhos na praia, espada tocando a garganta e braços levantados admitindo sua derrota.

— Você venceu – Murmurou a contragosto, o que fez com que os seres comemorassem ainda mais, gritando e saudando Pedro.

— Boa luta – Abriu um sorriso e estendeu a mão, puxando Caspian do chão e batendo em suas costas amigavelmente.

— Podia ter me humilhado um pouco mais – Comentou baixinho com humor buscando sua espada caída – Eles iriam delirar - Indicou os espectadores com um gesto da cabeça, o que fez com que o outro risse.

— Sinto muito decepcioná-los.

— Parece que não será hoje que lhes dará o agrado de verem você me ferir.

— Eu controlo meus golpes para que isso jamais aconteça – Garantiu passando o braço sobre os ombros do Rei.

— Então quer dizer que você tem medido sua força? – Se deixou ser levado pelo outro, que caminhava lentamente carregando a espada na mão.

— Um pouco, você não? – Direcionou olhos azuis e surpresos para o rosto do companheiro.

— Na verdade, não muito – Concluiu sentindo-se derrotado. Controlando sua força Pedro era melhor do que ele, imaginou se ele não o fizesse. Seria brutalmente derrotado.

— Não se pode ser bom em tudo, meu amigo – Pedro o consolou, entrando no castelo.

— Você é – Resmungou.

— Não em tudo – Garantiu indo para seus aposentos.

— Cite uma coisa que não faça monumentalmente bem – Desafiou entrando no quarto de Pedro e fechando a porta em suas costas.

— Sou péssimo na arte da sedução – Sugeriu retirando a camisa suada e cheia de pó.

— Não é uma habilidade muito válida. Ainda mais quando se é Rei de algum lugar.

— Ora porque não? – Achou graça. Caspian sentiu as bochechas pegando fogo, mas respondeu.

— Bom... Reis casam por política, não precisam seduzir ninguém.

— E seu eu quisesse. E se eu me apaixonasse por alguém e quisesse seduzir a ele ou a ela?

— Poderia contar com a reciprocidade do sentimento – Deu de ombros. Pedro despiu-se da calça – Quer que eu saia?

— Ah, não precisa – Abanou a mão – Ao invés disso, continue o assunto que iniciou essa manhã.

— Ah, sim – O rapaz entrou na banheira já preparada, acomodando o corpo cansado na água morna e observando Caspian e o que ele tinha a falar.

— Comece – Pediu vendo que o outro estava travado.

— Claro – Gaguejou puxando uma cadeira.

— Está tímido?

— Um pouco – Sussurrou envergonhado. Pedro riu.

— Sente-se mais perto.

Caspian obedeceu.

— Eu ia perguntar o que você acha de Nárnia ter dois Reis.

— Já teve quatro, não sei porque não. Seria até melhor, pois o povo ainda não confia completamente em você.

— Culpa da minha família. Essencialmente do meu tio – Deu de ombros – Mas eu não me referia ao modelo de você e seus irmãos.

— Então não se se entendo.

— Dois Reis, mas não trabalhando como irmãos.

— Oh – Pedro terminou de se limpar e saiu da banheira, secando o corpo com uma toalha macia.

— E... Assim... Você seria o ideal. Sabe como os narnianos te amam.

— Isso é verdade – Riu.

— Eles não gostam tanto de Edmundo, ainda mais depois do que aconteceu com a Rainha de Gelo. Eles não esquecem as lendas.

— Não confiam nele. Mas não é só por isso que você prefere a mim, é? – Vestiu uma calça limpa, amarrando-a na cintura.

Caspian deu um riso sem graça, se aproximando e tocando seu corpo com a mão trêmula.

— Não.

Pedro deslizou a mão pela nuca do outro, aproximando seus lábios e o beijando com volúpia.

— Na verdade, você é muito bom nisso – Caspian sussurrou.

— Nisso o que? – O olhou confuso.

— Na sedução – Respondeu rindo e voltando a beijar seu futuro Rei.