Manuscrido escrita por MJthequeen


Capítulo 9
Errato




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er.ra.do

adj; em que há erro, errôneo.

 

— Olha, eu sabia que vocês tavam de papo e tal, mas isso…? – E o queixo de Ino caiu, pois ela estava claramente chocada. 

— "Isso", o que? – Sasuke perguntou, levantando os olhos do hambúrguer que tinha comprado na cantina. Tinha o cenho franzido para os dois loiros, Naruto levemente mais bronzeado que Ino, à sua frente, ambos de olhos arregalados e boca aberta, como idiotas.

— Cara! – Naruto soltou, tendo largado o refrigerante. – Vocês tão ficando! Você e a Hinata! Ficando

Sasuke fez uma careta.

— Dá para parar de gritar isso, animal? 

Ino balançou a mão no ombro de Naruto, cutucando-o sem deixar de olhar Sasuke; ela tinha comprado só um sanduíche natural, mas todo o apetite tinha sumido.

— Não, ele tá certo! Vocês estão ficando messsmo! – e aí ela tampou a boca. – Meu Deus! Como isso aconteceu, assim, só para saber? 

— Não estamos ficando – Sasuke resmungou, desviando o olhar. Tinha aproveitado o fato que Sakura não veio para a escola para contar aos dois amigos sobre o encontro com Hinata, três dias atrás. Agora quase se arrependia disso, pois obviamente Ino tentaria tirar cada gotinha de história que ele pudesse dar... Aí Sasuke franziu o cenho. – Quer dizer, eu acho que não. Só nos beijamos uma vez. Já estamos ficando…? – E ele olhou diretamente para Ino, pois Naruto obviamente não saberia dar a resposta.

O loiro, porém, ergueu as sobrancelhas de forma sugestiva, soltando um risinho pervertido.

— E aí, virjão, você pegou nos… – e, com as duas mãos, ele apalpou algo invisível na altura do seu peitoral.

Antes que Sasuke pudesse socá-lo, Ino, que estava bem do lado do Uzumaki, puxou a orelha dele com força, fazendo uma careta. 

— A sua sorte é que a testuda não tá aqui, Naruto! – Ela disse, vermelha, soltando a orelha dele quando o loiro começou a choramingar de dor. – E todo mundo aqui é virgem, seu idiota, o que você tá falando? – Ai, cruzando os braços, ignorando os gemidos de Naruto, que parecia um cachorrinho machucado, Ino voltou a olhar Sasuke. – Bem… Na verdade você tem que perguntar para ela, né, não pra gente.

Sasuke fez outra careta, pois não conseguia se imaginar pedindo para ficar com Hinata. Não parecia que ela gostaria disso, também, Hinata tinha mais cara de quem a gente pede em nam…

Namo-? 

Oroman – arrá! Essa eu posso escrever de trás para frente; chupa essa, Sasuke Uchiha!

Bom, fato é que Sasuke não estava conseguindo pensar na palavra mágica, pois ela vinha interligada, por fios invisíveis, à palavra com P – não, não essa, sua pervertida. Sasuke estava meio encabulado de pensar em qualquer uma das duas, apesar de seu encontro com Hinata ter sido… Nossa… Só de pensar nisso ele sentia vontade de sorrir.

Tinha sido muito divertido. Bem mais do que só falar de trabalho, embora falar do trabalho fosse divertido com ela, também. 

Depois do cinema, eles tinham ido até o fliperama-parque do shopping e jogado em várias máquinas diferentes, como as de tiro – em que Hinata era ridiculamente ruim –, na de dança – em que Sasuke era ridiculamente ruim –, em martelar o sapo – em que os dois eram ridiculamente ruins – e até num simulador de basquete – em que, pasmem! até que os dois eram bons. Eles foram até num mini barco viking e montanha russa e, ao contrário do que Sasuke tinha pensado, Hinata não era nem um pouco medrosa. Para ser sincero, considerando que ele estava tentando manter a pose de maioral e tal, provavelmente a menina era bem mais corajosa que ele... 

Depois disso eles saíram do shopping – de mãos dadas! Ele ainda conseguia sentir a sensação quentinha na palma… – e caminharam até o parque central, que não ficava muito longe. O sol estava quase se pondo e Hinata logo teria que voltar para casa; mas nenhum dos dois conseguia pensar nisso enquanto caminhavam ao redor do lago, pelas muitas árvores cheias de flores e, depois de tomarem sorvete e finalmente se sentarem num banco afastado, o silêncio caiu entre eles.

Parecia que tinham dito tanta, tanta coisa, que não havia mais nada para ser dito ou compartilhado. Ou, na verdade, o silêncio tinha se tornado algo para se compartilhar, pois eles quase podiam dizer o que o outro estava pensando só assim – bom, essa era a impressão. 

Aí Sasuke soube. 

Hinata não fechou os olhos, nem fez o tal biquinho, nenhuma música soou do nada ou algum acontecimento quase sobrenatural fez com que eles se unissem. O Uchiha a beijou porque sentiu muita vontade de fazer isso. Porque pensou que, provavelmente, se Hinata não tinha empurrado sua mão até agora, e tinha dado tanta risada com ele, talvez ela quisesse também…

Ah, e houve um pouquinho de língua! 

Um poucão, na verdade…

— Olha para ele, tá xonadão! – Naruto disse, tirando-o dos devaneios. O Uzumaki tinha um claro ar de brincadeira. De repente, no entanto, ele ficou quieto e coçou a bochecha, parecendo ter pensado em alguma coisa. – Mas assim, não é por nada não, mas a Hinata é meio estranha, né…

— Naruto! – Ino brigou, olhando-o feio. – Que coisa horrível de se dizer.

Sasuke fez uma careta também, mas, antes que pudesse dizer algo, o loiro continuou, levantando as mãos em sinal de defesa:

— Ai, foi mal, mas qual é! Ela lê pior que eu, e eu nem leio direito… Vocês acham que ela precisa de óculos ou coisa assim? Ô Sasuke, agora que cês tão ficando, você podia dizer para ela ir no otomalogista, né…

— Oftalmologista, idiota – ela corrigiu, ainda o olhando feio. – A Hinata é um doce. Você não é professor pra sair falando assim, sabe…

Sasuke tinha ficado muito sério. Quando Naruto olhou para ele, perdeu a feição de humor no mesmo instante; o amigo não estava brincando. Parecia super irritado, na verdade. 

— A Hinata tem uma dificuldade, Naruto, não é algo para você brincar. Ela tem o tempo dela, na verdade todos nós temos, para aprender alguma cois…

Ino e Naruto arregalaram os olhos de repente, olhando além do ombro de Sasuke e, no segundo seguinte, a bandeja de alguém tinha caído no chão. Surpreso com o barulho, o Uchiha se virou e deu de cara com Hinata, pálida e chocada.

Ela mal o olhou e saiu correndo dali, o mais depressa que conseguiu.



 

— Hinata! Hinata, espera aí! – Sasuke gritou quando ela virou um corredor, e outro, depois de sair muito depressa do refeitório. A Hyuuga corria, mas ele, tentando conter a respiração, estava apenas andando em passos espaçosos e rápidos. 

Não parecia que Hinata queria ouvi-lo. 

Não parecia que ela sequer queria olhá-lo, na verdade…

Quando ela virou no próximo, no entanto, sem parecer perceber para onde estava indo, deu de cara com um sem saída. Sasuke observou as costas dela com cuidado, o rosto dele branco como papel. Não tinha entendido porque Hinata saira correndo, mas não podia ser bom, não podia mesmo…

Ela ficou só parada ali, de costas para ele, encarando a parede, e Sasuke não aguentou mais. 

— Hinata, ei, o que foi que… – tentou num tom de voz carinho e baixo, dando um passo na direção dela. A garota se virou de uma só vez e o Uchiha quase sentiu o coração indo parar na garganta; ela estava chorando! Havia longas e finas linhas de lágrimas em suas bochechas coradas, mas o pior era o olhar que ela estava lhe dando.

Era pura decepção.

— V-Você não podia… – Ela tentou articular, com dificuldade, muito baixo. – Você não tinha o direito d-de contar para ninguém! 

Aí Sasuke entendeu. Ela achava que ele tinha falado sobre a dislexia…

— Eu não contei! – se apressou em dizer, o estômago se revirando ao vê-la chorar. Era a pior cena de todas. 

— E-Eu ouvi…

— Não, olha, você entendeu errado – continuou Sasuke, se aproximando dela com mais um passo. Hinata deu outro para trás. Não estava brava; estava triste, muito, muito triste, e isso era pior que qualquer raiva. Ele se sentiu um idiota. – Não foi isso… Eu falei… Eu disse que você tinha uma dificuldade... – E, no mesmo segundo, Sasuke se arrependeu de dizer isso também, pois agora a Hyuuga tinha o cenho franzido.

— Ah, I-Isso soa muito melhor! – disse, irônica, e dessa vez tinha raiva. Bastante. Com as costas da mão, Hinata secou as bochechas. – Esse é um assunto particular, Sasuke, não tem nada a ver com você! – E ela apontou com o dedo indicador para ele, os lábios trêmulos. Hinata balançou a cabeça, então, e parecia que ela não estava falando só com ele… – E-Eu não preciso de você me defendendo, e eu não preciso… Não preciso de ninguém me olhando com pena!

O garoto, que não tinha entendido como as coisas tinham ficado tão ruins tão rápido, entreabriu os lábios, procurando um pedido de desculpas para dá-la, algo que fizesse com que ela entendesse que não tinha tido nenhuma intenção ruim; muito pelo contrário, estava tentando defendê-la, na verdade. 

Antes que ele pudesse, no entanto, ouviu uma voz feminina vindo de trás.

— Hina? Nossa, o que aconteceu, você sumi… Ah. – Sasuke se virou e seus olhos encontraram os de Tenten que, ao reconhecê-lo, ficou corada. – Hã… Desculpa, eu não queria atrapalhar nada, tchau…?

— Eu vou com você – Hinata se apressou em dizer, passando ao lado dele sem tocá-lo. Aí Tenten pareceu notar o tom chateado na voz da Hyuuga e franziu o cenho de um para o outro.

Sasuke, remoendo suas idiotices dentro de si mesmo, ficou parado ali, observando, levemente pálido, Hinata sumir com Tenten no outro corredor. 

Droga. 




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