Você se arrepende? escrita por Liran Rabbit


Capítulo 1
Capítulo Único




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A convergência de realidades era perigosa e uma das regras que não deveriam ser quebradas por nenhum Senhor ou Senhora do Tempo. Atravessar realidade e outros universos era uma regra estabelecida para manter a ordem além do tempo e espaço, aquilo conseguia ir além do imaginável e quebrava até mesmo as leis da física da qual muitas raças de vários planetas conheciam.

O Doutor teve contato com outra realidade, outra "Terra" quando viajava com Rose Tyler, quando a mesma foi atrás dele de forma arriscada. Foi na mesma época que ele perdeu Donna Noble e ela o perdeu em memórias, em desespero e lágrimas, na suplica mesmo quando estava morrendo diante dele e ela mesma sabia. Rose o salvou para partir, Donna se arriscou. 

Mas agora ele "sem querer" entrou em outra Terra. Talvez a TARDIS estivesse o fazendo pensar em consequências da qual aconteceriam em sua próxima regeneração, mas ele estava em um universo e realidade que estava em conflito, em guerra.

A guerra nunca mudava, nem mesmo os homens, fossem eles humanos ou de outra raça daquele universo, mas ali o destrutivo era em tamanho dos daleks, era pior do que um ataque dalek e mais intenso para todos. E ali, sua TARDIS seria um prato principal para aquilo que buscava dizimar qualquer um que se colocasse em seu caminho.

Pelas informações que aparecia em seu monitor, o que causava o caos onde passava eram chamados de Reapers, uma raça com um único objetivo e por trás dele e de sua explicação, fazia a raiva aquecer cada poro do senhor do tempo, afinal, ele mesmo viu a morte milhares de vezes, foi a causa delas, foi o motivo que ocasionou e ali estava ele novamente, com outra guerra.

As informações vinham em ondas e no ano que ele mesmo foi deixado, aquele era o ápice de tudo. Mas um nome pulou em sua tela, o nome de um salvador que toda realidade deveria ter. Jane Shepard. Uma soldado da Terra e que tentou salva-la, essa que estava quase em pedaços pela invasão, que alertou a um Conselho Intergaláctico sobre isso, mostrou provas mais do que suficientes e ali estava aquela galáxia. 

A TARDIS passava por naves destruídas, corpos jogados e o Doutor tinha o queixo travado, navegando enquanto absorvia cada informação enquanto pensava em uma mesma forma de voltar enquanto não quebrava aquele mundo com o de origem dele. Temia danificar vidas inocentes, mas ainda mais modificar o tempo de um universo da qual não sabia se estava definido e estabelecido sem a sua presença. 

De uma cidade gigantesca e quase destruída, ele viu a informação de que ainda tinha uma vida restante e ali o Doutor teve a escolha de interferir, ser egoísta como sempre foi e falhar na vida de várias pessoas, contando com a daquela soldado.

O barulho do pouso foi ouvido, o gostoso som da TARDIS pousando e ele aterrissando, impedindo uma escolha, talvez. 

E ele abriu a porta, olhou aquela mulher coberta de sangue, o olhar verde o encarando com surpresa, medo e alivio. Um alivio que se misturava com ansiedade na medida que segurava uma arma e a mira era o que o Doutor impedia a mesma de acertar seu objetivo.

— Eu não sei o que você é ou como apareceu aqui, mas... — Seu tom de voz era de alguém cansado, exausto e que apenas estava ali por estar, não mais vivo — Saia da minha frente com essa coisa azul...

Ela se continha, como um soldado já era treinada para atirar primeiro e perguntar depois, mas nunca viu alguém recuar e falar de forma tão desesperadora, tão urgente como ela falava. Era palpável que ela queria terminar aquilo pelo bem de alguém, mas por que e para quem? Era um favor? Um dever? Uma honra?

— Sou o que pode ajudar a lhe dar clareza, Shepard — E ele estendeu a mão, a ação tola de confiar a vida em alguém que segurava uma maldita arma — Sou o que separa você dessa destruição, quero que venha comigo.

— Por que eu iria com você? 

A mesma pergunta que todas faziam, que fizeram e ele falhou com elas, mas ele não queria falhar. Não daquela vez e novamente.

— Porquê você é a última esperança e eu quero mostrar que você não tem apenas três desejos — Contou e isso foi o suficiente para que no final de suas palavras, ela abaixasse sua arma e em passos lentos adentrasse a nave.

Seus olhos não se arregalaram em surpresa ao ver que a caixa azul era maior por dentro, ela apenas respirou fundo quando a porta foi fechada e ele sentia o arrependimento dela por ter fraquejado, por ter deixado uma escolha para trás, talvez uma que salvasse vidas e que todas dependiam dela.

— Eu sou o Doutor, essa é minha nave TARDIS — Contou, se aproximando até o lado dela, viu o olhar dela buscando respostas — Ela me mostrou sobre você, comandante. Esse mundo inteiro me mostrou seus mais fundos e ardilosos segredos e eu vim mostrar a você todo seu passado, sou o seu anjo do natal passado — Explicou e ela negou com a cabeça — Quero lhe mostrar as respostas que só a minha nave pode mostrar.

— Se a sua "nave" azul chamativa pode me ajudar, talvez mudar cada merda seria uma boa — Deu uma risada com desdém.

— E o que você mudaria, comandante Shepard? — Perguntou e ela suspirou.

— Eu tentaria fazer com que fossemos mais eficientes com a arma contra os Reapers e que muitas vidas inocentes não tivessem sido perdidas, que o Conselho tivesse me ouvido realmente e prestado atenção nos fatos — Respondeu, a voz pesada — Mas eu sei que você não mudaria isso, não é? — Rebateu e ele sorriu fracamente para si.

— Posso mostrar — Falou, pedindo para que ela se sentasse enquanto ele ligava a TARDIS, regredindo no tempo até o ano da qual tudo poderia ter dado certo.

Quatro anos atrás quando ela foi até o Conselho depois de uma missão falha para se tornar uma classe poderosa de soldado intergaláctico, um espectro. Quando pousaram, Shepard cambaleava para fora da nave e como a TARDIS se misturava bem, o Doutor deu uma chave da nave para que Shepard segurasse e passasse despercebida pelas pessoas que ali passavam.

Era um prédio que pertencia sim ao Conselho e de longe Sherpard viu a si mesma, mas recuou para dentro da nave ao ver a si mesma conversando com um alienígena de armadura azul. Ela parecia emocionada, estendeu até mesmo a mão e seu olhar parecia viajar em memórias, mas o Doutor reconheceu aquele olhar. Ela sentia que havia falhado com aquele ser assim como o Doutor havia falhado com todas suas amigas, seus amores.

— Foi nesse dia que acusei Saren de traição... — Murmurou, mas o Doutor sabia daquele fato, foi noticiado a quatro anos atrás e ali eles estavam presenciando a história — E foi no dia que conheci Garrus... 

— Também foi quando uma frase a mais teria mudado aquilo tudo — O Doutro acrescentou — Uma prova a mais. Poderíamos criar um paradoxo agora quando sua "eu" do passado olhasse para você, poderíamos voltar mais para trás e impedir os Reapers de serem criados, poderíamos adiantar o vencimento da guerra e evitar conflitos futuros — Falou as possibilidades e Jane Shepard se virou para ele.

— Eu não vou brincar de Deus com vidas e toda uma aula de física da qual faltei a maior parte da escola — Respondeu, fria e grossa — Sei como um paradoxo funciona, e o que aconteceu não pode ser mudado.

— Como você sabe disso? 

— Porque de qualquer forma, eles sempre iriam vir, teriam as mortes e as perdas, a guerra começaria inevitavelmente fossem com os Reapers ou com os Krogans, evitar algo não quer dizer que isso vai resolver para sempre os problemas... — Sussurrou.

— Você pensou em mudar e ter feito mais escolhas naquela sala, não é?  —  Perguntou e ela negou.

— Você tinha aparecido bem no momento que esse pensamento apareceu na minha cabeça... — Sussurrou, mas o olhar de Shepard ia novamente para o ser de armadura azul — Se eu tivesse mudado as coisas, chamas teria conhecido Garrus Vakarian, salvado Javik ou Liara, conhecido a Tali, conhecido todos que me acompanharam e me ajudaram, poderia tê-los perdido no instante que evitava falar com os mesmos — Falou — Por que diabos estou falando isso para você? É um maluco de uma caixa azul que me trouxe aqui, no passado, para me arrepender e agradecer por tudo que aconteceu, mas por quê?

— Porque você está tendo uma escolha, Shepard, quero que veja o que lhe trouxe a essa escolha — Explicou — Quer mudar o seu passado? — Perguntou.

— Não — Confirmou com determinação, se erguendo e virando-se para a porta — Tenho que terminar o trabalho.

Ele sabia que se deixasse ela naquela sala novamente, ela iria morrer, mas mesmo assim a levou de volta e a deixou, fechando sua porta.

A TARDIS o levou para longe da explosão, antes de sofrer o impacto. Mas pelos dados do Doutor, algo com vida tinha saído dali da explosão com os destroços. 

Shepard era corajosa demais para morrer e mesmo o Doutor salvando vidas, ele salvou uma escolha.


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