As Tardes são de Espera escrita por Cam


Capítulo 1
As tardes são de espera


Notas iniciais do capítulo

Nat!! Fiquei muito feliz de ter te tirado, apesar da dificuldade, pois, mesmo eu sendo um pouco (ou talvez bastante) calada eu sempre te vejo pelos corredores da liga e te acho muito fofa e querida!

Espero que goste da história, me desculpa se os personagens estiverem muito OOC, eu só tinha visto o primeiro episódio de Gravity Falls e demorei uma década para descobrir de que cartoon o Wirt era (eu tava achando que ele era de GF também hahsahsah)

Boa leitura! :)



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A tarde estava se encerrando e um mar de alunos caminhava em direção à saída do colégio, exceto Dipper, que bravamente traçava seu caminho através da enxurrada de pessoas, dirigindo-se até a biblioteca que estava prestes a fechar. Quando chegou ao seu destino nem mesmo preocupou-se em olhar para os lados, temendo a reprimida da bibliotecária, invés disso marchou direto para a seção de geografia.

Passou os olhos pelos diversos títulos existentes até encontrar o livro que queria Rochas: Manual Fácil de Estudo e Classificação. Feliz com a descoberta, voltou-se para o balcão da bibliotecária, esperando encontrar o olhar fulminante da senhora Edwards, porém logo se deparou com um problema: a senhora Edwards não estava lá. Ao invés dela, estava um rapaz, provavelmente de sua mesma idade, com olhos castanhos e cabelos da mesma cor, cobertos por um gorro vermelho. Assim que seus olhos caíram sobre ele, Dipper se sentiu intrigado, algo na postura reservada do jovem fez a sede que tinha para resolver mistérios reacender.

— Olá! — disse Dipper, parando em frente ao balcão, sorrindo para o estranho do outro lado.

— Olá. — respondeu simplesmente, estendendo a mão em direção ao livro que Dipper segurava. A resposta curta não abalou Dipper, muito pelo contrário, só fez atiçar ainda mais a sua curiosidade a respeito do jovem desconhecido.

Dipper entregou o livro para o jovem, que precisava anotá-lo na lista de empréstimos, também notou como as sobrancelhas dele franziram ao ler o título. Aproveitando a deixa para iniciar uma conversa, Dipper enfiou a mão no bolso da calça e tirou uma pedra que havia encontrado na rua outro dia.

— Veja — disse, erguendo a pedra na altura dos olhos do rapaz. — Legal, não é? Nunca tinha visto uma pedra assim antes.

A quem possa interessar; a pedra era do tamanho da palma da mão de Dipper, redonda e lisa, ele estava quase 100% certo de que ela teria certo valor arqueológico e já planejava mostrá-la aos seus professores. Já sua irmã, Mabel, não havia se impressionado e até mesmo tentou jogá-la pela janela – felizmente (ou talvez infelizmente) sem êxito.

— Eu não sei, me parece perfeitamente normal... — O jovem olhava para a pedra com certo ceticismo.

Dipper estava prestes a listar todos os motivos pelos quais aquela pedra poderia ser extremamente rara quando o jovem entregou-lhe o papel para que assinasse, mal sabendo do que havia conseguido escapar. Ao assinar o papel, por algum motivo, Dipper sentiu a necessidade de escrever com uma caligrafia bonita, coisa com o que normalmente não se importava.

 

 

— Como ele era? — perguntou Mabel, os olhos brilhando de forma suspeita.

— Ele era mais ou menos da minha altura, cabelos castanhos que pareciam estar bagunçados por conta do gorro que usava – que era vermelho, aliás. Mas o principal definitivamente eram os olhos, ele tem olhos grandes e expressivos, diferentes, sabe? Embora provavelmente nem todo mundo consiga ver isso. — Dipper divagava, sem perceber a forma como a irmã o estava olhando.

— Ele é bonito então? — Mabel tornou a perguntar, observando a reação do irmão atentamente. Dipper, por sua vez, deu como resposta um aceno distraído, completamente perdido em seus pensamentos. Mabel ficou se perguntando se ele realmente a tinha ouvido.

— Eu nunca tinha visto aquele garoto antes. E você, já o viu? — disse depois de alguns segundos em silêncio, olhando finalmente nos olhos da irmã.

— Acho que não, mas por que é que você se importa?

Dipper deu de ombros ao responder:

— É um mistério.

 

 

Na semana seguinte, Dipper chegou cedo ao colégio para devolver o livro que havia emprestado. Mas quando parou em frente à porta da biblioteca percebeu que a senhora Edwards estava de volta ao posto, mais carrancuda do que nunca. De repente lembrou-se de uma página do livro que era muito interessante e que queria ler mais uma vez, o que fez com que desse meia volta, decidido a retornar mais tarde.

Quando retornou no fim da tarde mais uma vez parou frente à porta, observando o interior. Ficou surpreso ao ver que o jovem da semana anterior estava novamente lá, atrás do balcão, pois havia passado o dia inteiro convencido que teria imaginado toda a história. Dipper adentrou a biblioteca silenciosamente, traçando seu caminho até a frente do balcão.

O jovem não o notou de cara, estava segurando um livro na frente do rosto, completamente compenetrado. Ao vê-lo tão imerso em sua leitura não pôde deixar de ler o título na capa: Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada. Dipper olhou para o livro com o mesmo estranhamento o qual o jovem atrás do balcão havia demonstrado para seu livro de rochas.

— Hum... oi de novo! — A voz de Dipper soara muito alta no ambiente silencioso, fazendo com que o outro garoto pulasse onde estava, assustado. — Desculpe. — Dipper acrescentou, realmente arrependido ao perceber a reação que havia causado ao outro.

— Tudo bem — respondeu o jovem, guardando o livro sob o balcão e fazendo o máximo para ignorar o calor em suas bochechas. — Como posso ajudar?

— Eu vim devolver o livro — disse, colocando-o em cima do balcão.

Sem dizer mais nada, o jovem misterioso simplesmente pegou sua lista de empréstimos e marcou um “x” ao lado da assinatura de Dipper, este que sabia que após aquilo o certo a se fazer era ir embora, porém seus pés permaneciam colados no chão. Ambos os garotos se encararam por um momento quando Dipper finalmente reuniu coragem para falar.

— O que era aquilo que estava lendo? — perguntou, referindo-se ao livro que o outro havia guardado e torcendo para não soar enxerido, ele realmente tinha vontade de conhecer o jovem bibliotecário. Não era comum que Dipper demonstrasse interesse em pessoas, mas, como ele havia dito a Mabel, tinha algo de diferente nos olhos do jovem, e o que quer que esse algo fosse o estava atraindo.

— Ah, isso... — Por algum motivo o outro parecia extremamente sem graça. — É um livro de poesia. Chato, eu sei, eu só estava...

— Eu acho que é bem legal! — Dipper interrompeu rapidamente. — Bem melhor que um livro sobre diferentes tipos de pedra.

Com isso o jovem deu uma risadinha e Dipper teve uma sensação estranha no estômago; ponderou rapidamente se deveria passar na enfermaria antes de ir embora.

— Se você não se importa, qual o seu nome? — Dipper perguntou, querendo pôr fim ao mistério.

— Wirt — informou com um pequeno sorriso. Dipper repetiu o nome em sua mente, achando-o agradável.

— Eu sou Dipper.

— Eu sei — disse Wirt, porém foi rápido em acrescentar: — Por causa da lista, é claro.

— É claro. — respondeu Dipper, decidindo realmente passar na enfermaria ao sentir um calorão subir pelo seu corpo.

 

 

Após aquela conversa, Dipper passou a ir à biblioteca todas as tardes sem falta e chegar uma hora atrasado em casa. Muitas coisas para estudar, dizia sempre que o perguntavam o porquê de suas visitas compulsivas. O que não era inteiramente mentira, pois realmente estudava com Wirt de vez em quando, os dois haviam se tornado bons amigos, surpreendentemente. Ambos aprenderam muito um sobre o outro, normalmente coisas triviais sobre família, mas às vezes era inevitável compartilhar uma paixão ou um segredo.

Por exemplo, numa tarde de sexta Dipper ficou sabendo que, além de ler poesia, Wirt se arriscava a escrever algumas, ele tinha um caderno de anotações cheio delas. O jovem em questão não permitiu que Dipper lesse as poesias, mas isso não o magoou, ele entendia o quão pessoal aquelas coisas eram. Mesmo assim, quando caía a noite e Dipper relembrava a tarde que haviam passados juntos, ele não conseguia deixar de imaginar como seria a poesia de Wirt.

Na segunda-feira posterior a este evento, Dipper e Wirt foram juntos para a escola pela primeira vez. Por sorte, Mabel não havia se chateado por ter de ir à escola sozinha, pelo contrário, ela parecia estranhamente satisfeita. Os meninos também ficaram satisfeitos quando descobriram que moravam próximos um do outro, Dipper quase dera pulinhos de alegria, inclusive.

Eles seguiram até o colégio em passos lânguidos, apontando um ao outro coisas que viam no caminho, como flores ou pássaros. Quando chegaram Dipper fez questão de acompanhar Wirt até seu armário.

— Bom, te vejo mais tarde, na biblioteca! — Ia se afastando quando sentiu a mão de Wirt sobre seu braço. Quando voltou-se para olhar o rapaz, percebeu que este não conseguia o olhar nos olhos e um leve tom rosado cobria-lhe as bochechas.

— Talvez pudéssemos... Não sei, se você quiser talvez a gente possa almoçar juntos hoje? — Wirt continuava sem olhá-lo, a mão que estava em seu braço o apertava ligeiramente.

— Claro, seria ótimo! — Dipper não hesitou em dizer, realmente animado com a ideia.

Com isso, Wirt finalmente olhou em sua direção, sorrindo, e Dipper se encontrou fazendo o mesmo.

— Até breve então.

Durante suas aulas, Dipper olhava fixamente para o relógio, mal conseguia se concentrar nas palavras dos professores que entravam e saíam de sua sala. Para qualquer outro aluno tal atitude seria normal, afinal que estudante não aguarda ansiosamente o intervalo? Mas Dipper normalmente não se importava com aqueles vinte minutos do dia, somente quando estava com muita fome, por isso os colegas de classe que o conheciam o estavam encarando com certa estranheza. Não que o jovem estivesse notando, porque ele realmente não estava, nada tirava seu foco dos ponteiros à sua frente.

Quando finalmente o sinal do intervalo reverberou pela escola, Dipper levantou-se de seu lugar animadamente, indo até o armário de Wirt, esperando que o outro estivesse lá. E estava, porém não sozinho.

 — Me devolva! — Dipper ouviu Wirt esbravejar contra um garoto atarracado em sua frente. O garoto apenas riu, segurando um livro sobre sua cabeça, Dipper percebeu tardiamente que se tratava do caderno de poesias de Wirt.

— O que está acontecendo? — Dipper perguntou, pondo-se ao lado de Wirt.

— Nada, só que o caladão aqui tem um diário — o garoto que segurava o caderno disse, sorrindo com escárnio. — Eu sempre quis o conhecer melhor, parece que essa é a única forma.

Dipper estendeu o braço, tentando pegar o caderno de volta, quando dois amigos do rapaz apareceram e fizeram uma espécie de barreira, impedindo que ele conseguisse alcançá-lo.

— Lê logo, Brad — disse um deles.

O tal Brad limpou a garganta antes de abrir o caderno na última página escrita e começar a ler em voz alta.

— As tardes são de espera. Para mim e todos os alunos. Eles esperam o sinal tocar. Já eu espero o som de seus passos; o abrir da porta. Sua voz; as conversas sobre nada que para mim significam tudo. As tardes são de espera. Espero que ele me chame para sair. Que eu o chame para sair. Espero qualquer coisa, desde que possa ser em sua companhia... — Brad recitou o poema de forma sem ritmo, típico de quem não era habituado a ler poesia.

O cérebro de Dipper – que estava tentando bolar um plano para livrar o amigo daquela situação –, entrou em curto-circuito ao ouvir os primeiros versos. Wirt, ao seu lado, estava vermelho como um pimentão, os punhos cerrados com força ao lado do corpo. Num acesso de raiva, Wirt jogou o ombro entre os dois garotos que bloqueavam a passagem, abrindo espaço, e agarrou seu caderno com violência, saindo correndo logo em seguida, deixando os três garotos (e a pequena plateia que notou o caos que estava ocorrendo) em choque.

“Tenho que ir atrás dele” pensou Dipper, mas quando seus pés finalmente saíram do chão foi para voltar à sua sala de aula. Ele também não foi à biblioteca àquela tarde.

 

— Dipper, você é um idiota. Como assim você não fez nada?! — Mabel ficou totalmente incrédula ao ouvir a história após o jantar.

— O que eu poderia ter feito? —perguntou passando as mãos por seus cabelos, cansado.

— Ido atrás dele, óbvio!

— Eu não saberia o que dizer.

— Que tal: eu também gosto de você, vamos sair.

Dipper parou ao ouvir as palavras da irmã, ele pensava que os dois eram bons amigos, nada mais, mesmo que sua amizade tivesse florescido mais rápido do que Dipper era acostumado. Certamente que não poderia haver nada a mais entre eles, não é?

Mabel, parecendo ler seus pensamentos, disse:

— Você fala nele o tempo todo, não vai dizer que nunca percebeu? E quando você fala do Wirt o seu rosto se ilumina de uma forma que só acontecia quando brincávamos de caçar tesouros e resolver mistérios, quando crianças.

— Eu acho... — Dipper pausou, sem saber realmente o que queria dizer. — Eu acho que está enganada.

— Eu nunca estou enganada, Dipper.

Horas mais tarde, Dipper estava deitado em sua cama, sem conseguir dormir, pensando no que havia acontecido naquele dia e no que faria no seguinte. Ficou pensando no que a irmã havia dito, será que ele realmente gostava do Wirt como algo mais que um amigo? E se o poema do outro nem fosse sobre ele, afinal? O estômago de Dipper deu um nó ao contemplar a possibilidade de Wirt aguardar ansiosamente outra pessoa adentrar a biblioteca, sentindo-se extremamente incomodado, mas ele não conseguia compreender porque se sentia daquela forma.

— Que droga — murmurou baixinho no silêncio do quarto. Ele só queria saber o que fazer.

 

Na manhã seguinte Dipper precisou ser arrastado da cama pela irmã, tinha até começado a fingir uma doença, porém foi forçado a ir à aula quando Mabel imitou uma galinha e o chamou de covarde.

Bem semelhante ao dia anterior, não foi capaz de se concentrar nas aulas, não por se sentir animado, como antes, pelo contrário, não se concentrava porque se sentia extremamente desanimado. Não havia visto Wirt ainda, Dipper sabia que ele estudava em outra sala e poderia facilmente ir até lá ver o garoto, porém não conseguiu fazer isso, por mais que quisesse. “A Mabel tem razão” pensou, “sou um covarde”.

O dia se arrastou lentamente; terrivelmente. Dipper nunca havia tido um dia tão cansativo como aquele e ele não havia feito absolutamente nada o dia inteiro. Quando finalmente o sinal tocou, Dipper foi até a biblioteca com os pés arrastando no chão, por mais que houvesse pensado em Wirt o tempo todo, não se sentia pronto para vê-lo, mais por vergonha que qualquer coisa. Sempre que ele repassava os acontecimentos do dia anterior ele se sentia um lixo por não ter ido atrás do outro.

Sentiu um aperto no peito ao adentrar a biblioteca e perceber que Wirt não estava lá em seu lugar habitual, invés dele encontrava-se a velha ranzinza da senhora Edwards. Dipper franziu as sobrancelhas, genuinamente confuso. Durante uma de suas visitas à biblioteca havia descoberto que a diretora havia permitido que Wirt trabalhasse lá por uma hora, não recebia muito, mas já servia para ajudar um pouco na renda de casa, por isso achou extremamente estranho que o jovem não estivesse lá. Mesmo a biblioteca (e a escola toda, no geral) estando prestes a fechar, ainda estava dentro do horário que Wirt trabalhava. Das 16h às 17h, este era o horário, Dipper havia decorado. Inclusive, na semana anterior estava cogitando seriamente cancelar suas aulas extracurriculares – que se passavam mais ou menos naquele período – para poder ficar mais tempo na biblioteca com ele.

— Você sabe por que o Wirt não veio hoje? — Dipper perguntou à senhora ao parar frente ao balcão.

A velha simplesmente deu de ombros, parecendo extremamente irritada por ter sido questionada sobre algo que não fosse livros. Dipper suspirou, pensando no que faria dali em diante, muitas teorias assolavam sua mente a respeito do porquê o amigo havia desaparecido.

— Bom, quando você o vir, pode dizer a ele que eu quero falar com ele? A senhora lembra meu nome, não é? Dipper.

Mais uma vez, a mulher não o respondeu. Dipper saiu da biblioteca sentindo-se ainda pior do que antes, algo que ele pensou que não seria possível.

A semana passou em uma triste rotina: Dipper se arrastava da cama, não prestava atenção em nenhuma aula, e procurava Wirt em vão na biblioteca. Era sexta-feira e ele não havia tido sucesso em nenhum outro dia, e a senhora Edwards definitivamente não servia de ajuda alguma, recusando-se a dizer qualquer coisa.

Estava voltando mais uma vez da biblioteca, derrotado, quando sentiu-se ser agarrado pelo braço.

— O Wirt está saindo, vai atrás dele, rápido! — Era Mabel, que o empurrava para frente com entusiasmo.

— O quê?! Onde?

— Na frente da escola, vai logo — com isso ela realmente deu-lhe um empurrão. Dipper correu até a entrada, esbarrando em diversas pessoas pelo caminho.

— Wirt! — chamou quando finalmente saiu da escola. E de fato Wirt estava parado do lado de fora, guardando algo dentro de sua mochila. Ao ouvir Dipper, ele congelou onde estava, seus olhos fecharam e ele parecia querer estar em qualquer lugar menos ali.

Dipper aproximou-se dele com a intenção de colocar a mão em seu ombro, porém hesitou, sua mão parada no ar a alguns centímetros de distância.

— Posso falar com você, por favor?

Wirt assentiu, porém não se virou para olhá-lo e simplesmente começou a andar, Dipper o seguiu, pensando no que iria dizer. Percebeu que Wirt os havia levado até a parte de trás da escola, que estava vazia.

— O que quer falar? — Wirt finalmente disse. O jovem continuava sem encará-lo, sua mandíbula estava comprimida e um forte rubor cobria-lhe as bochechas.

— Eu queria me desculpar pelo que aconteceu semana passada — Dipper começou, pensando que seria melhor ir direto ao ponto.

Com aquilo, Wirt finalmente o olhou nos olhos, incrédulo.

— Mas sou eu quem deveria me desculpar! Eu jamais deveria ter escrito aquelas coisas sobre você, não posso nem imaginar a vergonha que lhe causei.

— Não! Nem pense nisso, não foi culpa sua. — Dipper sentiu uma onda de alívio passar pelo seu corpo com a confirmação de que o poema realmente era sobre ele, mas, ainda assim, estava frustrado; aquela conversa não estava indo como gostaria. E, se fosse bem honesto, ele nem ao menos sabia o que queria dizer. Desejou que pudesse ser bom em poemas como Wirt, aí talvez não seria tão difícil entender o que sentia.

— Eu gosto de você, Wirt — continuou —, mais até do que eu consigo compreender. Eu jamais senti nada parecido antes, então eu não sabia...

— Se você realmente gosta de mim, por que não foi falar comigo naquele dia? — Havia uma pontada de mágoa nos olhos de Wirt e ele não parecia acreditar nas palavras de Dipper.

— Bem, segundo a minha irmã é porque eu sou um idiota — ele suspirou. — Eu achava que gostava de você como um amigo. — Dipper não pôde evitar rir de sua própria estupidez.

— E por que não acha mais? — Wirt o olhava cautelosamente.

— Esta semana em que não nos vimos serviu para abrir meus olhos de várias maneiras. Para começar, eu nunca senti falta de um amigo o tanto quanto eu sentia a sua e, bem, — as bochechas de Dipper começaram a arder. — eu nunca pensei em um amigo da mesma forma que pensava em você.

— E eu estava pensando que talvez nós pudéssemos sair. — Dipper falou de uma vez. Um silêncio avassalador tomou conta do local. — Mas eu entendo se você não quiser! Eu devia ter dito algo antes, sinto muito e...

Antes que Dipper conseguisse terminar de disparar suas desculpas, as mãos de Wirt agarraram sua camisa, calando-o instantaneamente. Os dois jovens se encararam por alguns segundos, aproximando os rostos lentamente, Dipper sentiu os olhos se fecharem quase que por vontade própria e no segundo seguinte, os lábios de Wirt estavam pressionados aos seus.

Foi um beijo casto, nenhum dos dois era muito experiente, mas ainda assim sentiam pequenas ondas de eletricidade percorrerem o corpo todo. Dipper passou seus braços em volta da cintura de Wirt e colou seus lábios novamente logo que se separaram, seu plano era demonstrar todo seu sentimento através de beijos, já que não era nada bom com palavras, e ele não pôde deixar de pensar que aquele era o melhor plano que já teve na vida.

Wirt, por sua vez, pensou que finalmente havia encontrado uma forma de mostrar seus sentimentos mais poderosa que poesia e aproveitou cada segundo.

Porém, ambos estavam tão concentrados um no outro que não perceberam que, atrás de uma árvore, Mabel limpava uma lágrima solitária do rosto e sorria alegremente. 


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso, nunca tinha escrito yaoi antes, estou nervosa :')

Mas espero que essa fic inspire alguém a escrever sobre esse shipp, eles parecem muito fofos na minha cabeça!

* Betado pela Ana P ♥



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