Segunda chance para o nosso amor escrita por Denise Reis


Capítulo 5
Capítulo 5




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Os dias se passavam.

O domingo amanheceu ensolarado e, apesar de estarem passando por um momento difícil, decidiram ir ao Central Park com o objetivo de renovar as energias.

Fizeram uma caminhada gostosa pelas largas alamedas. Depois ficaram a admirar as águas que jorravam do Anjo das Águas, a estátua da linda e histórica Bethesda Fountain.

Apesar de estar numa fase da adolescência que nem todos os programas são atraentes, Alexis amou cada segundo que passou com Kate e com a avó. Como se fossem turistas, andaram de charrete e outras atividades lúdicas.

Almoçaram em um restaurante chinês e, ao invés de aproveitarem a sobremesa chinesa, Kate propôs se deliciarem com sorvete italiano, ideia que agradou a todos.

Depois da refeição, Kate sugeriu irem ao Belvedere Castle com a intenção de ir a um local cujo nome fazia referência a Richard Castle, o amor de sua vida. 

Quando Kate indicou a visita ao belo castelo, ficou admirada ao saber que a Alexis e Martha nunca tinham ido lá.

— Não acredito que o seu pai nunca te trouxe aqui, Alexis... Logo ele, tão brincalhão. Imagino que ele falaria um monte de coisas engraçadas, por conta do nome do local.

Elas foram.

Ao chegarem lá, Alexis, Kate e Martha foram em uma das duas sacadas do castelo, cuja fachada em pedras lembrava lendas de cavaleiros. De lá, todas ficaram maravilhadas com a linda vista que tinham dos pontos famosos do Central Park.

— Vamos entrar no castelo, Detetive Beckett?

— Alexis, eu já disse que você pode me chamar de Kate... – a moça sorriu para a adolescente.

— Ok, Kate.

— Bem, então vamos conhecer o interior do castelo. – Kate comentou – Vocês vão ficar impressionadas com a vasta coleção de artefatos históricos que estão expostos lá dentro. Tem telescópios, microscópios, esqueletos e muitas outras coisas.

Alexis e Martha gostaram muito de conhecer o interior do castelo.

— O moço falou que durante o ano há vários eventos relacionados a astronomia, inclusive observação de pássaros. Quando o meu pai voltar do lançamento do livro, que tal pedirmos a ele para participar de alguns destes eventos, eihm, Kate? Seria como uma viagem no tempo. Adoro! – a garota sorriu toda contente.

Aquele pedido da garota deixou Kate e Martha sem fala e a garota percebeu a reação das duas, mas não falou nada.

À noite comeram pizza e depois foram para casa.

Depois que todas se prepararam para dormir, Alexis chamou a avó e, junto com ela, foram ao quarto do pai falar com Kate.

Após dar duas leves batidas à porta, Alexis entrou no quarto seguida pela avó.

— Oh, que surpresa maravilhosa! – Kate comentou sorridente ao ver Martha com a neta entrando no quarto.

Acostumada com as reações das pessoas durante os depoimentos que fazia na Delegacia, Kate percebeu que Alexis estava tensa. A expressão facial e os olhos da garota tinham algo mais do que tristeza. Havia ali um traço muito grande de curiosidade.

Consultou os olhos de Martha, mas não viu nada de diferente.

— E aí, gostou do nosso passeio, Alexis? Venha, sente-se.

Já de pijama, Kate se recostou na almofada cor de mostarda sobre a confortável poltrona estampada com pequenos losangos vermelhos ao lado da imensa cama.

Com um roupão negro sobre pijamas da mesma cor, Martha sentou-se na ponta da cama e sua neta, usando um baby-doll de listras brancas e azuis, também subiu na cama, recostando-se nos travesseiros da cabeceira e, de um jeito bem jovial, ela cruzou as pernas.

— Adorei o nosso domingo, Kate.

— Que bom! – Kate olhava para a garota e para Martha quando Alexis falou novamente.

— Sabe, Kate, eu tenho notado que você e minha avó param de conversar quando eu me aproximo. Percebi também que meu pai nunca fez uma viagem tão longa como esta, apenas para fazer o lançamento deste novo livro dele. Sinto que tem algo estranho no ar. E hoje essa minha intuição se agravou com aquela visita ao Belvedere Castle, piorando ainda mais, inclusive, quando eu vi sua emoção ao falar sobre o meu pai enquanto fazíamos a visita, principalmente quando eu comentei sobre a minha intenção de participar, com ele e vocês, em alguns eventos culturais oferecidos pelo parque.

Kate e Martha entreolharam-se silenciosas enquanto ouviam o desabafo de Alexis.

Mas a menina continuou – Somado a tudo isso tem uma coisa maravilhosa, mas que não deixa de ser inusitado... É o fato de você ter vindo morar com a gente aqui no loft, mas especificamente, no quarto do meu pai, quando temos lá em cima dois quartos de hóspedes vazios. Ainda não sou adulta... Tenho apenas doze anos, no entanto, não sou mais criança e sempre soube que meu pai é completamente apaixonado por você, mas, até onde eu sei, vocês não são namorados. Portanto...

— Alexis...

Kate tentou argumentar, mas, de forma serena, porém rápida, foi interrompida pela garota que colocou a mão direita para frente, num explícito sinal de “pare!” – Só um momento, Kate. Por favor, preciso que você me deixe concluir meu raciocínio. – A garota não estava aborrecida, mas também não estava sorridente. Ela tinha o tom de voz baixo e compatível com sua aparência, ou seja, estável.

— Tudo bem, Alexis! – Kate assentiu.

— Não me leve a mal, Kate! Estou adorando sua presença aqui e...

— Minha querida, eu preciso fazer um pequeno comentário. – Martha tentou interceder.

— Oh, vovó. – Alexis deu um longo suspiro, mas demonstrou estar convicta de que não queria ser interrompida – Eu sei que não sou adulta e te devo obediência, vovó, mas é como eu já falei... Eu preciso falar.

Martha tinha uma expressão preocupada no rosto, mas aceitou a proposta da neta e calou-se.

— Então... Recapitulando o que eu já disse... Sendo bastante suscinta... Primeiro ponto: vocês duas sempre param de falar ou mudam de assunto quando eu me aproximo. Segundo ponto: Esta viagem do meu pai está muito longa e ele não telefonou nem uma vez para mim. Terceiro ponto: Muito esquisito o comportamento de vocês na nossa visita ao Belvedere Castle. Quarto ponto: A Kate se hospedar justamente aqui no quarto do papai, quando temos dois quartos de hóspedes vazios lá em cima. Só para esclarecer, Kate, eu gosto muito de você, mas sei que vocês não namoram, apesar de saber que ele é apaixonado por você, então, não faz sentido você ficar aqui na cama dele. Então, o que eu quero e preciso saber é só uma coisa, gente...  Aonde está o meu pai. Só quero saber isso e peço, por favor, que vocês não me escondam nada.

O raciocínio lógico da garota deixou as duas adultas aflitas, e tal sentimento as fez trocar olhares de cumplicidade, já que não queriam sobrecarregar Alexis com preocupações.

— Minha querida, sabemos que você não é mais uma criança, mas... – Martha tentou acalmar a neta.

Kate interrompeu Martha, enviando-lhe um sorriso amoroso.

— Martha, deixe-me esclarecer algumas coisas para a Alexis, por favor.

— Tudo bem, querida. – a idosa concordou com a detetive.

— Antes de mais nada, Alexis, eu gosto muito de você. – Kate iniciou – Você é um amor, uma ótima garota, uma ótima filha e uma ótima neta.

— Você está embromando, Kate. – Alexis foi direta.

Sem saber onde encontrar forças para seguir em frente, Kate continuou – Você está certa, Alexis. Eu e seu pai não namoramos. Mas tem um fato muito importante relacionado a isso que eu acho que você não sabe... O fato é que eu também sou apaixonada pelo seu pai. – a voz de Kate embargou. A moça engoliu em seco e continuou – Mas só que nunca tive coragem de assumir isso nem mesmo para mim, muito menos para ele. Eu amo o seu pai e o meu maior sonho é poder dizer isso para ele.

Alexis ouviu o desabafo de Kate e ficava atenta a cada palavra que a moça dizia, sem esconder sua aflição, tampouco o espanto ao ouvir a confissão sobre a paixão dela pelo Castle.

Kate prosseguiu – Não estou embromando, Alexis... Quero te responder, mas antes eu vou te fazer uma perguntinha... Você se lembra que seu pai foi para os Hamptons para terminar de escrever o último livro?

— Sim, Kate, eu me lembro disso. O papai comentou comigo que a Gina deu a ele dez dias para concluir o livro. O papai é assim... – a garota deu um sorriso fraco diante da travessura recorrente do pai – ele brinca, brinca, brinca e se esquece que tem um contrato para cumprir e acaba ficando louco quando o prazo está para terminar, ainda mais que a Gina faz milhões de ameaças.

— Esse é o Castle! – Kate reconheceu de um modo leve.

As três deram um pequeno sorriso.

— Pois é, querida. – Kate voltou a falar – Agora, como eu te prometi, vou responder aos seus questionamentos, mas sem obedecer a sequência que você os enumerou, até porque não me lembro mais da ordem. Aliás, vou fazer melhor. Eu vou responder tudo com uma explicação só.

Alexis continuava com os olhos grudados na Kate.

— Alexis, a Gina me disse que seu pai concluiu o livro dentro do prazo e o enviou à editora.

— Ainda bem! – Alexis comemorou.

— Gina também afirmou que seu pai comentou com ela que alugaria um barco e faria um passeio nas praias da região dos Hamptons.

— Mas tudo isso já tem quase cinco meses, Kate. – Alexis comentou aflita depois de fazer um rápido cálculo mental.

Mais uma vez Martha e Kate miraram-se tensas e silenciosas.

Muito observadora, Alexis percebeu a troca de olhares das duas – Estou sentindo um clima muito estranho no ar, como se vocês estivessem me escondendo alguma coisa.

 Dando um longo suspiro, Kate sabia que não podia mais reter aquela informação tão importante. Apesar da Alexis ser madura e saber se expressar muito bem, inclusive com palavras e expressões usadas mais por adultos, era óbvio que ela era uma criança e estava morrendo de saudades do pai, portanto, Kate tinha que pensar rápido num jeito direto, porém doce, de fazer a revelação da maneira menos dolorida possível – Justamente, Alexis... Eu e a sua avó estivemos tentando te proteger, mas sabemos que não dá mais para fazer isso.

— Vocês estiveram tentando me proteger? Proteger do que?... Ou de quem? – mais uma vez, a menina demonstrou estar concentrada em tudo – Kate, você está me deixando nervosa. Fala logo de uma vez! – Alexis explodiu – Eu quero saber onde está o meu pai.

— Alexis, seu pai alugou um barco na Hamptons Náutica para fazer um passeio pelas praias da região, e foi informado que, por segurança, teria que retornar no final da tarde. Como ele não retornou, a empresa deu por falta da embarcação e comunicou isso à Guarda Costeira. – Kate confessou.

— A Garda Costeira foi chamada para procurar o barco, meu anjo. – Martha tentava explicar.

— E depois que a Guarda Costeira seguiu a rota elaborada para o passeio do seu pai, o barco foi encontrado, Alexis. Só que o barco estava virado... Bateu em umas pedras, perdeu o controle e naufragou. – Kate concluiu.

Alexis estava tensa e saltou da cama.

Em pé, na frente de Kate, a menina respirava forte e suas narinas estavam dilatadas. – Ok! Ok! Ok!  Entendi! O barco foi localizado e sofreu um naufrágio. Até aí eu entendi. Mas e o meu pai? Onde está o meu pai? Fale logo, Kate! – a garota balançava os braços ao se expressar, demonstrando sua aflição.

— Infelizmente seu pai não foi localizado, Alexis.

Neste momento, como se tivesse faltado chão para a menina, ela se encostou na cama e sua pele que já era clarinha, ficou quase transparente.

Martha foi logo ao encontro da neta e a abraçou, mas o abraço foi rapidamente rejeitado.

Transtornada com a notícia, Alexis empurrou a avó e gritou – EU SÓ QUERO O MEU PAI! SÓ O MEU PAI! – Aos tropeços, se levantou novamente da cama e dirigiu um olhar furioso para as duas adultas.

— EU SÓ QUERO SABER PORQUE VOCÊS DUAS ME ESCONDERAM UM FATO TÃO IMPORTANTE. – Alexis gritou e começou a chorar.

Alexis ficou arrasada, perdeu o controle e continuava gritando – EU SOU CRIANÇA, MAS NÃO SOU IDIOTA.

Martha sabia que precisava respeitar os limites da neta, mas a necessidade de acalentá-la foi mais forte e a abraçou apertado. Desta vez a menina não a rejeitou.

Mesmo sem fazer grosseria com a avó e com Kate, a menina se afastou e as olhou com raiva – Eu odeio vocês! Odeio que vocês me esconderam por cinco meses o que aconteceu com meu pai. Eu só tinha meu pai! Eu sei que você me ama, vovó, mas o meu pai é o amor da minha vida.

A menina falava aos prantos e saiu correndo, gritando – EU SÓ QUERO O MEU PAI! SÓ O MEU PAI!

Kate ainda tentou seguir a menina, mas Martha a segurou.

— Ela precisa de um tempo, Katherine. Ela precisa refletir sobre tudo que ouviu e sobre tudo que falou e, como qualquer pessoa, ela vai ficar pensando em soluções. Mesmo sendo criança, ela vai fazer isso.

Ouviu-se os passos da garota subindo correndo as escadas.

— Eu a conheço... – Martha ponderou – Ela vai se jogar na cama e vai chorar até cansar. Vai ficar pensando num monte de coisas. Depois ela vai descer... Talvez diga outras tantas coisas desagradáveis, mas devemos entende-la... Ela está com saudades do pai.

— Entendo, Martha. Eu também estou com vontade de fazer a mesma coisa. Me jogar na cama, chorar e gritar e xingar o mundo.

— Mas xingar o mundo não vai adiantar, né, querida?

— Não, mas iria me aliviar bastante.

— Então, o que está esperando? Grite, garota! – Martha a encorajou.

Kate fez um sinal negativo com a cabeça, mas não conseguiu reter as lágrimas – Preciso me concentrar em encontrar o Castle, Martha. Não consigo pensar na minha vida sem ele. Eu tenho certeza que ele está salvo, pois ele é resiliente e muito determinado... – Kate deu um sorriso fraco – Tenho certeza que ele lutou bravamente com as ondas e conseguiu chegar até a areia.

Emocionada, Martha abraçou a moça.

Ambas estavam com o mesmo tipo de tristeza, mas despediram-se. Precisavam dormir.

Kate não conseguiu dormir.

Depois de quase duas horas Kate foi falar com Martha e a encontrou na sala – Pelo visto você também não conseguiu dormir, Martha.

— Não consegui. Meu coração está despedaçado. São cinco meses de sofrimento. Não consigo parar de pensar no meu filho... Onde será que ele está. Será que ainda está vivo? Eu não suporto mais. – Martha chorava – E também tem você, tão determinada, mas também arrasada e, igual a mim, fica se fazendo de forte e tendo alucinações de que ele possa estar vivo. E agora a Alexis que está revoltada. Ela tem as razões dela, até porque ela é uma criança, apesar de muitas vezes esquecermos disto.

— Eu quero conversar com a Alexis. – Kate comentou – Será que ela conseguiu dormir? E se não conseguiu, será que ela falaria comigo? Será que eu deveria levar um copo de suco para ela?

— No lugar dela, você gostaria desta intromissão?

Kate franziu o nariz e a boca – Não!

— Então, vamos esperar, darling.

Depois de algum tempo, quando Alexis se acalmou, a garota saiu do seu quarto e desceu as escadas.

A menina se serviu de um copo de suco e viu que sua avó e Kate estavam sentadas na sala de estar.

O silêncio era grande.

Marta sentiu que precisava tomar a iniciativa de começar a falar – E aí, meu anjo.

A menina se aproximou e se sentou na mesinha de centro da sala, bem em frente a Kate.

— A Guarda Costeira encontrou o que, exatamente, eihm, Kate? – a garota demonstrava estar calma. Seus olhos e seu nariz estavam inchados de tanto chorar e as maçãs do seu rosto estavam vermelhas.

— Minha querida, o barco foi localizado. Quer dizer... Parte do barco foi localizada, assim como os pedaços que se soltaram e algumas outras coisas, como roupas. – Kate explicou.

— Fizeram investigação?

— Eu, Esposito, Ryan e todos os policiais dos Hamptons ficamos dois meses inteiros procurando seu pai, Alexis. Fomos em todas as praias nas proximidades onde o barco foi encontrado. Você sabe como eu me envolvo nos casos e este, particularmente, por se tratar do seu pai, eu me joguei de cabeça. Entrei, pessoalmente, em todas as casas e lojinhas e em todos os bares e restaurantes das praias e, infelizmente, nem sinal de seu pai. Mostrei fotografias dele para todas as pessoas que moram lá e para todos os turistas que encontrei e ninguém o viu.

— Ninguém viu o papai?

— Ninguém!

— Mas porque pararam de procurar? – a menina indagou, recomeçando a chorar. – Não deviam ter parado. O meu pai pode estar perdido em uma parte da ilha que não mora ninguém... Ele está sozinho... – a menina chorava.

— Ah, querida, as coisas não aconteceram como eu queria. Com 60 dias de buscas, o Comissário de Polícia determinou o encerramento da investigação e ordenou que eu e os meninos retornássemos para cá e me ameaçou caso eu fizesse as buscas por conta própria.

— E você obedeceu? – Alexis estava indignada.

— Lógico, Alexis!

— Logo você? Meu pai vive dizendo que é tão teimosa! – a menina afrontou a detetive.

— Pois é, né... Logo eu que sou tão teimosa! Seu pai está coberto de razão.

— Por que resolver ser obediente justamente agora, Kate?

— Repare bem... Você tem que seguir o meu raciocínio.

— Pode falar, Kate, eu sou esperta igual ao meu pai.

— E nada modesta, também... – ela sorriu e fez a menina sorrir também.

— Então. Veja bem... Se eu desacatasse a ordem do Comissário, eu sofreria penalidades, desde prisão até a minha exclusão do quadro da polícia e não é isso que eu quero, até porque eu sobrevivo do meu salário.

— Entendi... Se você continuasse, você seria expulsa ou presa e de um jeito ou de outro, você não recebe salário e sem salário ninguém vive.

— Correto! Sabe, Alexis, se eu continuar trabalhando, eu terei direito a férias e se eu estiver presa eu não teria dinheiro nem mesmo para desfrutar das férias...

A menina interrompeu a Kate – Tudo bem que você não desobedeceu para não correr o risco de ser presa ou expulsa da polícia. Você tem que viver e para viver tem que ter salário. Eu entendi, mas agora você está me dizendo que quer o salário para pagar férias?

— Minha querida, tente me ouvir. Eu preciso do meu salário porque nas minhas férias eu vou para as praias mais isoladas na região dos Hamptons para procurar seu pai... Vou priorizar as praias que não fizeram parte do roteiro das investigações da polícia.

— Ah, sim, agora entendi e estou gostando desta ideia.

Neste momento Kate reparou uma sombra de esperança nos olhos de Alexis e um pequeno sorriso se formando no rosto da garota, mas logo se formou um vinco na testa infantil.

— Preciso entender, Kate... Mas se você continuar a investigação você estaria desobedecendo as ordens do Comissário.

— Só que eu não vou procurar seu pai dizendo que sou policial. Ninguém vai saber que sou policial. Serei uma turista normal. E, como uma turista normal, obviamente, poderei bisbilhotar tudo naquelas praias. Todo turista tem seu dia de bisbilhoteiro, não é? – Kate piscou o olho para a garota.

— Mas... Entenda... Eu quero que você procure o meu pai, mas estou preocupada com o Comissário...

— Veja bem, Alexis... Como policial, eu investigo e como turista, eu vou bisbilhotar. Nada oficial! Ninguém do meu trabalho pode interferir como eu vou usar meu tempo no meu período de férias, nem mesmo o Comissário de Polícia. Mas para fazer isso eu tenho que esperar meu período de férias e para ter férias eu não posso estar presa, entende?

Alexis abriu um largo sorriso e foi para o sofá e se sentou empertigada, alerta – Entendi. E quando, exatamente, você vai tirar estas férias, eihm, Kate?

— No próximo mês. – Kate piscou o olho para a garota, tentando ganhar novamente a confiança dela.

— Então, até aonde eu sei, é muito mais bacana viajar de férias quando se está acompanhada... – de um modo bem divertido e direto, Alexis se ofereceu para ir com Kate – O que é que você me diz sobre isso, Kate? Que tal você me levar? Eu estarei de férias escolares. Eu não sou adulta, mas sou ágil e bastante esperta!

— Concordo completamente, garota, e era isso mesmo que eu e sua avó tínhamos em mente. Planejávamos te contar isso o mais breve possível e te levar junto.

— Entendi... Olha, essas férias serão um sucesso, viu... E sem querer me gabar, eu tenho ideias geniais! – a garota sorriu.

— Modesta igual ao pai... – Kate ironizou e abriu um sorriso largo.

— Como é que diz aquele ditado, vovó?... Acho que é “Filha de peixe, peixinho é.”

Apesar de estarem tristes pelo sumiço do Castle, todas sorriram, oportunidade em que Kate aproveitou para explicar sua presença no loft, mas explicaria de um modo suave e bem simples.

— E quanto a eu estar aqui no loft, Alexis, isso foi ideia do seu pai. Há uns seis meses ele me fez um pedido estranho e eu até briguei com ele por causa disso. Foi um pedido mórbido e eu fiquei chateada. Ele me pediu para que se algo de ruim acontecesse com ele, eu deveria ajudar sua avó a cuidar de você. Por isso estou aqui e como sua avó sempre soube que eu e seu pai nos amávamos, apesar de não termos nos declarado, então sua avó sugeriu que ao invés de eu dormir em um dos quartos de hóspedes, eu deveria ficar no quarto do seu pai.

— Entendi. Agora tudo faz sentido, Kate. – a menina estava sendo sincera.

Apesar de estar com o rosto e os olhos vermelhos de tanto chorar, Alexis agora já sorria e tinha nas feições um ar de esperança.

— Nós vamos encontrar o papai, Kate. Vamos ser as turistas mais intrometidas que a região dos Hamptons já viu. Eu também tenho certeza que meu pai está lá e bem vivo... Talvez machucado – ela fez cara de pânico – Mas vamos encontra-lo e trazê-lo de volta, não é, vovó?

— Sim, meu anjo! Com fé em Deus!

— Quer saber de uma coisa, Kate? – a menina perguntou à detetive.

— Diga, querida.

— Os policiais podem ter toda experiência do mundo em investigações, mas nada melhor do que o faro da mãe do desaparecido, o faro da filha e o faro da mulher apaixonada. – Alexis afirmou.

— Ah, como é maravilhoso ouvir você dizer isso, Alexis. Então, quer dizer, que você não vai implicar com o amor que eu sinto por seu pai. – Kate indagou.

— Claro que não, Kate! Mas primeiro vamos achar o meu pai para que, finalmente, vocês possam se resolver... Se declarar... E quer saber do que mais... Vou deixar esse assunto de adultos para vocês. – ela piscou o olho, divertida.

— Que maravilha!

— Hey, Kate, estou com uma curiosidade... Se o papai não esteve presente no lançamento do livro dele, como é que a Gina fez o lançamento, eihm?

— Bem, foi uma das coisas mais difíceis que eu fiz na vida, Alexis. Como não queríamos causar alvoroço ao falar ao grande público que seu pai estava desaparecido, então somente a Gina ficou sabendo, e ela avisou que não existe lançamento sem o autor, então ela teve a ideia de alterar o modo do lançamento. Ao invés do Autor comparecer ao lançamento, quem estaria presente seria eu, já que todos os fãs sabem que eu, a Detetive Kate Beckett, inspirei se pai para escrever os livros da coleção Nikky Heat. Óbvio que eu e sua avó achamos essa ideia meio bizarra, mas, como o nosso coração tem a certeza que seu pai está vivo e que ele aprovaria essa ideia, então nós duas topamos. Pois é, mesmo detestando ter que olhar a Gina, eu fui a alguns lançamentos aqui na cidade. Tirei muitas fotos e até dei autógrafo, acredita? Mas sua avó não saiu do meu lado, graças a Deus, me dando forças para suportar, já que ela sabe que eu odeio ser o centro das atenções.

— E porque é que eu não soube nada disso?

Martha apressou-se em responder - Minha criança, primeiro porque você é muito nova para receber uma notícia desse tipo, antes mesmo de confirmarmos. Mas agimos assim para te poupar, na certeza de que você não gosta de assistir telejornais, tampouco ler revistas semanais de cultura ou revistas de fofoca para saber destas notícias. Nós não queríamos que você soubesse. A gente já falou sobre isso, meu bem.

 

 

... Continua...

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Receber seu comentário me fará ficar animada.

Em 26/04/2020, às 02:58



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