Ainda sob o efeito do prazer que dominava o casal, Castle continuava acariciando as costas da linda moça, cuja cabeça estava repousada no seu ombro.

Aquela experiência o fez pensar que a Kate, ao se entregar pela segunda vez, cansara de lutar contra aquela paixão que os consumia. No entanto, pelo pouco que a conhecia, tinha receio de que ela se acovardasse novamente e se recusasse a prosseguir com o romance, já que ele ainda não recuperara sua memória.

“- Não posso perder a Kate.” – ele pensava –  “Ainda não sei o que eu sinto por ela, só sei que meu corpo arde, meu coração acelera e minha mente não trabalha direito quando penso nela e agora, então, com ela aqui, deitada sobre meu peito, sinto que foi a experiência mais maravilhosa que me aconteceu... Se bem que só tenho seis meses de vida... – ele lamentou – Preciso recuperar minha memória o mais rápido possível!”

— Seu coração está acelerado, Rick... – o comentário de Kate o tirou do devaneio.

— Eu estou pensando em você, Kate... Eu não posso te perder. Eu preciso recuperar minha memória...

Como se o Castle tivesse acabado de dizer uma palavra mágica que quebrasse o encanto, Kate ficou tensa – Castle, isso não deveria ter acontecido... – Kate recuperou seu lado prudente e fez menção de se levantar.

Mas Castle foi mais ágil e, invertendo as posições, a pôs deitada de costas sobre as almofadas, ficando parcialmente sobre ela. Como das outras vezes, ele não usava de violência para mantê-la ali. Ele agia com carinho e doçura.

— Hey, minha linda! – ele depositou um selinho bem suave nos lábios de Kate e outro selinho no olho direito onde uma lágrima começava a escorrer, colocando um dedo no queixo dela de um jeito bem carinhoso – O que aconteceu com a gente foi algo lindo, puro e não tem motivos para você ficar triste ou chateada, muito menos se arrepender.

— Mas é como eu falei antes, Rick... Eu fiz amor com você e me entreguei por inteiro ao homem que sou completamente apaixonada. Acho que eu pareço um disco arranhado que fica repetindo as coisas sem parar... Pareço chata! Eu me sinto mesmo uma chata! Eu te amo há mais de quatro anos, Rick, mas só que agora eu caí em mim e vi que você não me conhece ainda... Você nem se lembra de mim... E eu aqui, totalmente entregue a um amor que eu sei que não é correspondido. Eu não sou assim, Castle. Essa não sou eu...

— Essa não é você? Como assim? – ele ficou confuso com aquela afirmativa dela.

— Justamente, Castle. – ela se sentou e tentou cobrir os seios, achando-se muito exposta, apesar de terem trocado infinitas carícias íntimas há menos de dez minutos – É o que eu acabei de te falar, Rick... – emocionada com a situação, lágrimas desciam livremente pela face dela – Você não me conhece, se você me conhecesse não faria essa pergunta. Oh, meu Deus! O que eu fiz?

— Nós fizemos amor, Kate.

— Não, Castle... EU fiz amor. Somente EU. – ela frisou a pronome “eu” – Só que na minha cabeça eu fiz amor com o homem que eu amo, só que esse homem ainda não está aí, Castle... – ao dizer aquilo, Kate tocou no peito e na cabeça dele – ... e isso está me confundindo... Eu me entreguei e me declarei para o Castle, sim, ao Castle que me ama, mas ele não ouviu e nem sentiu. Quem ouviu e quem sentiu foi você.

— Minha querida, eu estou tão assustado quanto você, justamente porque eu não consigo me lembrar de nada do meu passado... Sei que não consigo me lembrar de você, mas eu posso te garantir, que nesses seis meses de minha vida eu nunca senti as emoções que sinto por você. Aliás nem sabia que essa agitação no meu peito pudesse existir até você aparecer na minha vida, Kate.

— Você está me confundindo...  – ela demonstrava dor.

— Você precisa confiar em mim Kate e nos meus sentimentos. Eu não posso parar o que eu sinto. Eu não posso, eu não consigo e nem mesmo quero modificar o que eu sinto por você. Óbvio que eu gostaria muito de conhecer o meu passado e vou agradecer a Deus se isso acontecer... Mas eu acho mais importante é eu lutar pelo futuro, e neste futuro eu quero você ao meu lado, Kate.

Ele se aproximou dos lábios dela e depositou um selinho, depois outro e o beijo se aprofundou e ela se entregou à paixão daquele beijo.

— Eu estou com medo, Rick! Você já me fez sofrer muito no passado... Reconheço que eu mesma sou culpada de sofrer por conta dos meus medos... Não sei... Estou mais confusa do que nunca... Preciso me proteger.

— Não sou expert no assunto, Kate, mas eu tenho certeza que focando em se proteger, você pode até evitar muita dor, mas também pode deixar de viver um grande amor. Pense nisso Kate.

— Mas...

— Vamos aproveitar o que a vida está nos oferecendo, Kate e, juntos, vamos esperar a minha memória voltar.

— E se ela não voltar?

— A gente cria, juntos, novas memórias.

— Estou assustada! Não sei o que eu quero fazer! A única coisa que eu sei é que eu amo o Richard Castle.

Desolada e com o rosto coberto de lágrimas, Kate procurou o que cobrir o corpo, mas não encontrou nada. Então, sem alternativa, ela se levantou.

Ela viu o Castle se levantar para tentar impedi-la de ir.

— Kate, fique aqui. Fique comigo! Preciso que você pense no que eu falei.

Castle a tocou no braço, mas, ela conseguiu se liberar e não parou e saiu correndo nua pelo pátio.

Beckett seguiu em frente e foi até o local onde deixara suas vestes.

Chegando lá, vestiu-se apenas com o roupão de seda negra, pois, ao olhar rapidamente pelo local, não encontrou sua camisola.

Sentindo-se composta, ela se encaminhou para a varanda a fim de entrar na casa.

Ao alcançar a porta francesa que dava acesso a sala de estar, Kate parou de andar. Seu coração estava arrasado e, lentamente, girou o corpo para ficar de frente ao local onde estava o Castle. O homem que amava e com quem fizera amor.

De pé, corpo viril, ombros firmes e desnudo, ele a olhava apaixonado. 

Kate continuava parada à porta e ainda o viu vestir a calça do pijama e depois procurar por alguma coisa pelo chão, mas logo desistiu.

Antes de dar o primeiro passo ele a olhou novamente, mas não disse nada. Ele aparentava tristeza.

Kate não esperou mais nada e quebrou o contato visual e voltou para o quarto sem nem mesmo pegar o livro na biblioteca como planejara anteriormente.

... Continua...