Entre Promessas, Fantasias e Canções de Ninar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que se divirtam. E sim, é como se fosse uma pequena continuação de "Treinando o Papai."
Boa leitura!



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— Bellinha, você tem certeza dessa vez?

— Não sei papai... eu também gostei dessa.

Olhei para a vigésima fantasia de halloween que Bella experimentava nesse dia. Eu já tinha rodado todas as lojas que vendiam qualquer tipo de roupa que se pudesse usar em uma festa de halloween de crianças e nada de Bella se decidir. Como uma criança de cinco anos pode ser tão indecisa!

— Isso ainda vai demorar. – Annia que também tinha vindo comprar a dela estava sentadinha do meu lado, tentando me convencer que a fantasia dela precisava de uma peruca.

— Não precisa, seu cabelo é da cor do da Agente Carter, além do mais, tem o chapéu.

— Mas papai... o senhor sabe fazer aquele penteado da Peggy?

Encarei minha filha.

— Sabia que não. Vou ter pedir ajuda para a Tia Tani, se ela não conseguir, vou ter que pedir para a Tia Renné, e se a tia Renné não conseguir, o senhor vai ter que me levar do outro lado da ilha para conversar com a tia Kumu e com a Tia Juliet! Uma delas deve conseguir.

Ela fazia esse terror todo só porque a vendedora da primeira loja, que foi onde ela escolheu e comprou a fantasia, disse que tinha uma peruca que ficaria perfeita com a fantasia que ela tinha escolhido e desde então ela não tinha parado de falar sobre a dita cuja.

Bella saiu do provador, dessa vez fantasiada de Moana.

— Fantasia número 21 vindo aí. – Annia falou.

Suspirei e acabei por me lembrar do que Langford disse, aconteça o que acontecer, diga que está perfeita.

— Ficou linda de Moana, filha. Vai levar essa, né?

Bella deu uma volta e disse.

— Não.

— Não?!

Annia começou a rir e eu me vi obrigado a dar um peteleco nela.

— Não. Acho que preciso voltar em uma das primeiras lojas... acho que quero ir de Penelope Charmosa.

— Você acha?!

— Sim, papai. É que é difícil de se escolher.

— Você já viu mais de vinte fantasias filha!

— Vinte e uma. – Annia me corrigiu.

— Mas ainda estou em dúvida.

— E eu estou com fome! – Annia completou. A Morena andava mais do que emburrada. Disse que eu tinha prometido a ela algo só que eu não me lembrava o que era.

— Bella, já está tarde e eu tenho que voltar na sede. Podemos ir daqui a uns dois dias? Até lá você se decide. Olhe seus desenhos, procure na internet, descubra de que você quer ir e aí saímos para comprar, tudo bem?

E a loirinha me encarou.

— Eu acho que tá tudo bem... – Ela disse e foi saindo da loja.

— Filha, você tem que se trocar. Não pode sair vestida com a fantasia que você não vai levar!

— Ih, é mesmo! Tinha me esquecido que estava de fantasia! – Ela correu para o provador e eu olhei para a minha filha mais velha que estava sentada lendo uma revista de treinamento físico?!

— Que revista é essa?

— Sei lá! Só sei que tem um monte de exercício legal para o senhor fazer para o IronMan do ano que vem. Acho que vou chamar o tio Magnum dessa vez!

— Annia, apenas pare.

— Para vocês dois correrem mais rápido eu vou soltar o Zeus e o Apollo atrás de vocês!

— Que ideia é essa?

— Do tio Rick e do tio TC! Mas tenho certeza de que o tio Danno também concordaria comigo.

— É claro que sim.

— Falando do IronMan, o senhor não se lembrou de nada, não?

— Deveria?

— Deixa pra lá! A Bella Indecisa vem aí. – Annia apontou para a irmã que vinha dançando no ritmo da música que tocava na loja.

A morena foi na frente, tinha pegado o meu celular e mandava uma mensagem para alguém, disso, eu tinha certeza, não sairia boa coisa, Bella ficou do meu lado.

— Bellinha, por acaso eu prometi alguma coisa para vocês?

Ela parou e me olhou, depois franziu a testa e respondeu por fim.

— Que eu me lembre não. Por que o senhor não pergunta pra a Annia? A memória dela é melhor do que a minha!

— Vou fazer isso. – Falei assim que chegamos no carro. – Já acabou de usar o meu celular, Annia?

— Só mais uma coisinha. A tia Juliet está gravando um áudio.

— O que ela quer?

— Nada de importante. Estamos vendo como vamos treinar o senhor e o tio Magnum para o IronMan, ela adorou a ideia de usar Zeus e Apollo. Tio Danno disse que até vai lá para ver o treinamento. – Ela me respondeu já se ajeitando no assento elevado.

Quando o áudio finalmente chegou, eu tive a certeza de que essas duas não estavam planejamento o nosso treinamento, estavam planejando a nossa morte.

— Vocês só querem fazer isso? – Perguntei à minha filha.

— Acho justo. Tio Magnum vive perturbando os doguinhos... podíamos acrescentar mais dois...

— Já temos o Eddie. – Bella se intrometeu.

— Sim, precisamos de mais um. – Annia me olhou com cara de poucos amigos.

Eu não fazia ideia do que ela estava falando!

Chegamos na sede e a primeira pessoa que apareceu para conversar foi Tani.

— Quem vai de que? Já quero ver as fantasias! – Ela veio sorridente e deu um abraço nas meninas.

— Eu vou de Agente Carter. A Bella ainda não se decidiu. – Annia respondeu.

— Não achou nada que combinasse com você, Bellinha?

— Na verdade, tia Tani, eu achei. Só não consegui decidir com qual delas eu vou querer ir.

Tani olhou sem entender para a loirinha.

— Nem tenta pedir uma explicação. Essa aí é toda enrolada. – Expliquei. – Onde está a Zoe?

— Com o Harry. Ele falou que tem que ensinar essa bebê a falar o inglês correto. Acontece que a Zoe tá meio de birra hoje e está com muito sono, e não tem nada no mundo que a faça dormir.

Cocei minha cabeça. Até Zoe estava estranha nesses dias.

— Finalmente! – Danno veio. – Sua filha tá emburrada igual a você, dê um jeito nela!

Um pouco mais atrás, Zoe apareceu, andando devagar na minha direção, chupando o dedo, arrastando um pano e com muito sono.

— Mas o que foi filhota?

— Sono, papai.

— E por que não dormiu? A tia Tani me disse que todo mundo tentou te fazer dormir...

— Sim. Todo mundo. – Zoe quando estava com sono era além de monossilábica.

— E por que não dormiu?

— Música elada.

— Música errada? Como assim, filha? – Peguei a mais nova no colo e olhei para ela.

— Eu não gosto da Galinha Pintadinha! Ela é feia! E sem gaça.

— Bem, vamos arranjar outra música para você, então...

— The Beatles. – Ela soltou enquanto eu a levava para o meu escritório, que estava uma bagunça, cheio de brinquedos jogados e um projeto de uma tenda que presumi ser onde Zoe deveria dormir.

— Eu ouvi direito? A Zoe quer ouvir Beatles? – Adam perguntou com um sorriso.

— O Steve tinha que estragar a menina mesmo. – Danno o respondeu.

— McGarrett não estragou a pequena Zoe, Daniel. Zoe só está seguindo as origens dela. Naquelas veias correm sague britânico. – Harry respondeu.

— Concordo com o tio Harry. Viva o rock britânico! – Annia falou.

— Acho que é a sua vez de ter a sua aula semanal de conversação, Lady Annia.

— Então vamos. – Ela seguiu o mais novo membro da 5-0.

Zoe estava comigo, ainda chupando o dedão e emburrada porque ninguém a deixava escutar a música que queria, Annia estava tendo uma atualização de como ser inglesa, só faltava Bella.

— Cadê a Bella?

Tani olhou ao redor, Danno procurou até debaixo da mesa – sim, Bellinha era sem noção a esse ponto -, Adam foi até o andar de baixo e nada de achar a loirinha da família. O desespero já estava batendo quando ouvimos a voz dela e de Lou.

— Mas tio Lou, com tantas camisas aloha que o senhor tem, como o senhor consegue escolher uma para vir trabalhar?

Eu não acredito que ela estava pedindo conselhos para o Grover.

— Ora, minha criança, fácil, eu fecho o olho e a primeira que eu pego é a que eu vou usar.

— Isso não vai dar certo! – Ela respondeu com um muxoxo.

— Por quê?

— Porque cada fantasia está em uma loja e eu não posso juntar todas em um lugar só e pegar a primeira que eu encostar.

— De quantas fantasias você gostou? – Ele perguntou já temendo a resposta.

— De vinte e uma.

Vi Tani e Adam segurarem a risada, Danno não fez isso, simplesmente bateu nas minhas costas e disse:

—  Sabia que ela é a minha sobrinha preferida?

— É mesmo Danno, nem fazia ideia.

— E sabe por que, Steve?

— Não.

— Ela é a única que vai te tirar do sério a cada dia. Essa indecisão dela, combinada com o lado de donzela sempre em perigo, vão te deixar maluco. E a cada hora que você se preocupar com ela, é uma hora a menos que eu devo me preocupar a ficar vivo do seu lado.

Passei Zoe para Adam – ele era o único com quem ela ia sem nunca fazer birra - e fui conversar com Bella.

— Como assim você gostou de todas as fantasias e não levou nenhuma?

 - Papis, escolher só uma é muito difícil! Eu sou só um pouquinho indecisa...

— Um pouquinho, Bella?

— Sim... para outras coisas eu sou rápida para decidir, te garanto.

Toda a equipe olhou para Bella, ninguém estava acreditando no que ela falava.

— Poxa, gente! Eu só fiquei em dúvida com qual fantasia... eu não sei se vou de Barbie, de Penelope Charmosa, de Moana, de Elsa, de Viúva Negra, de Mulher Maravilha ou se eu vou de Tinkerbell!

— São poucas as opções que você ficou em dúvida, hein, loira? – Junior falou.

— Pois é, tio Junior. Tem muita coisa para escolher... Mas eu te garanto que vai ser uma dessas, eu só preciso experimentar tudo de novo e aí eu escolho.

Eu estava perdido!

— Papai, e a Zoe, vai de que? – Bella me perguntou. – Posso escolher a fantasia dela?

— Nem pensar! Deixa que eu mesmo escolho de que ela vai, filha.

— Eu vou de Lainha!! – Disse Zoe do colo do Adam.

— Você quer ser Rainha? – Adam perguntou espantado.

— Não, tio Adam. Eu já sou!

— Mas é claro, Vossa Majestade.

— Então temos que achar uma coroa e uma roupa bem bonita para a Zoe. – Tentei conter o meu desespero.

Quelo uma coloa bem bonita!!!

— Pode deixar que vamos achar uma para você, filha.

— Tá bom, papai! – Ela ficou feliz em poder escolher a fantasia. E eu me perguntava onde iria achar uma coroa há uma semana do halloween.

Nesse meio tempo, Annia veio ver o que estava acontecendo e agora tinha a feição ainda mais fechada.

— Steven, podemos conversar? – Harry me chamou.

— Sim. Vocês três vão ficar bem?

Annia balançou a cabeça confirmando, Zoe estava rindo da brincadeira que Adam fazia com ela, e Bella, bem, ela estava escrevendo o nome de cada uma das fantasias que ela tinha experimentado, e pelo visto, ia jogar para o alto para decidir de que iria.

— Aconteceu alguma coisa com a Annia?

— Ela me falou que você prometeu algo para ela e não cumpriu até hoje. O que é? Annia está muito decepcionada por isso.

— Eu não me lembro de ter prometido nada para ela.

— Ela falou comigo que prometeu.

Agora mais essa.

Eu tinha três filhas e cada uma tinha um problema para que eu resolvesse.

Era a canção de ninar que não fazia Zoe dormir e ainda a deixava de mau-humor.

Bella não conseguia escolher uma fantasia entre vinte e uma que tinha experimentado.

E Annia cismou que eu tinha prometido algo que eu não lembrava.

Ninguém tinha me avisado, quando eu adotei o Trio Parada Dura, que elas seriam tão complicadas!!

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À noite, durante o jantar, eu tentava arrancar de Annia o que raios eu havia prometido.

Tentei uma, duas, três. Na quarta, ela me olhou atravessado – e posso dizer que ela estava ficando boa em dar esse tipo de encarada, tenho que avisar para a Higgins parar de ficar treinando Annia para ser espiã, mesmo que de brincadeira. – e apenas disse:

— Papai, o senhor prometeu! Agora tem que cumprir. Não é assim que o senhor disse que agimos?

— Annia – parei de dar comida para Zoe, que não gostou nada de ter sido preterida, e encarei a minha filha mais velha. – Eu não me lembro dessa conversa.

— Como não?!! Foi depois do IronMan! – Ela me respondeu indignada.

Depois do IronMan... eu não lembro de muita coisa depois de cruzar a linha de chegada, a não ser que gastei uma pequena fortuna no jantar.

— Filha, o papai não está se lembrando dessa conversa. Sobre o que conversamos?

— Sobre o Jethro! – Ela levantou as mãos para cima.

— Quem é Jethro?!! – Quem era esse que eu não conhecia?

— Jethro, pai! O meu pastor alemão!

— Que pastor alemão? E por que esse nome esquisito?

— O pastor alemão que o senhor prometeu me dar! E Jethro... bem, é Jethro e ponto final! Eu vi esse nome na TV e achei legal... tá certo que pela cara da pessoa teria que ser o nome de um husky siberiano, mas não dá para ter um husky aqui no Hawaii, então vai ser o nome do meu pastor alemão mesmo!

— Nessa casa não cabe mais bicho de estimação, Annia!

— Mas a Bella está com o Eddie. Mr. Pickles me trocou pela Zoe. Eu também quero um só para mim! – Ela falou brava. Essas meninas deveriam ter vindo com manual de instrução.

— Eu te prometi um pastor alemão? E você vai nomear o cachorro de Jethro?

— Sim, senhor.

— Annia, onde vamos achar um filhote de pastor alemão? E o mais importante, como vamos acostumar o Mr. Pickles com outro cachorro. Ele até hoje dá uma surra no Eddie!

— Eu vou treinar o Jethro melhor do que eu treinei o senhor para o IronMan. E ele será mais esperto que o Zeus e o Apollo juntos! – Ela me garantiu.

Agora eu tinha um problema gigantesco.

— Vamos combinar uma coisa? – Olhei para ela que estava de pé, ela tinha pegado a péssima mania de ficar de pé cada vez que tinha que defender um ponto de vista. Enquanto estivesse pequena, era até fofo, meu temor era ela fazer isso quando fosse adolescente, Annia tem uma personalidade um tanto quanto forte demais.

— O que, papai?

— Primeiro, sente-se. – Ela me obedeceu e ficou sentada elegantemente na cadeira. – Segundo, vamos resolver os problemas das fantasias das suas irmãs. Você ajuda Bella a escolher uma, enquanto eu vou procurar uma coroa e tudo o que preciso para vestir Zoe de Rainha.

— Tudo bem, eu posso fazer isso.

— Depois... – Continuei, dessa vez dando atenção à Zoe que começava a me chutar porque estava com fome e eu não estava prestando atenção nela. – vamos tentar descobrir uma música que faça Zoe dormir.

Galinha Pintadinha não! – Ela clamou da cadeirinha.

— Isso é fácil. Qualquer uma do Metallica. – Bella me respondeu.

— Não quelo mais. Enjoei! – Zoe respondeu batendo a mão na mesa.

— Olha a educação menina! Nada de bater as mãos na mesa, é falta de educação! – Ralhei com a pequena que fez um bico.

Essas meninas estavam atacadas hoje.

— Qual é a prioridade? – Annia perguntou.

— Com certeza não é o seu cachorro! É a minha fantasia. – Bella respondeu a irmã.

— Nem o cachorro, nem a fantasia. Temos que descobrir o que pode por a Zoe para dormir.

— SIM!! – A bebê respondeu, e as outras duas olharam para ela. – Plimeilo eu!!

Bella ia começar a chiar, Annia só olhou descrente para a irmã mais nova. E eu nem queria imaginar o que essa casa vai virar quando elas virarem adolescentes e uma começar a roubar a roupa da outra.

— Primeiro a mocinha vai acabar de jantar. – Avisei para Zoe. – O mesmo para vocês duas. Depois vamos arrumar a cozinha e descobrir o motivo dessa aqui está fazendo hora para dormir. E eu quero as três caladas até o final do jantar.

E foi só assim que elas ficaram quietas. Acabamos de comer e sem que eu mandasse, Bella e Annia começaram a tirar a mesa. Fui lavar as vasilhas, Bella ficou responsável por enxugá-las e Annia por guardá-las. Zoe estava no cadeirão apertando Mr. Pickles que parecia não estar gostando do carinho e tentava fugir a cada oportunidade, e toda vez que ele ameaçava pular do colo dela, Zoe o trazia de volta pela cauda. Por fim, Mr. Pickles desistiu de quase ter o rabo arrancado e se conformou em ficar ali, sendo amassado pelos abraços de Zoe.

Antes de colocá-las para dormir eu tinha que tentar resolver o problema da caçula. Essa criaturinha teimosa e fofa ao mesmo tempo não conseguia dormir sem que estivesse tocando música. Quando ela chegou aqui, passei uma noite em claro tentando fazê-la dormir, até que descobri que por alguma razão desconhecida, ela gostava de ouvir Metallica. E assim tem sido nos últimos dezoito meses, acontece que a pequena resolveu que não quer mais escutar nenhuma música do Metallica e também não quer as tradicionais músicas de criança, diante disso, eu tinha que descobrir o novo sonífero da espevitada bebê que parecia que tinha sido ligada na tomada de 220 volts e se recusava a ficar quieta.

— Zoe, conversa com o papai. O que você quer escutar?

Galinha Pintadinha não. Também não quelo Metallica.

A essa altura já tinha dado uma da manhã e tanto Bella quanto Annia estavam apagadas do meu lado no sofá, sem terem entrado em um acordo sobre qual fantasia Bella queria.

— Então conta para o papai o que você quer.

— Canta pla mim! – Ela pediu com um sorriso.

Isso tudo tá me parecendo um terrível deja vu da primeira noite das meninas aqui.

— Nenhuma música em especial? – Perguntei assim que consegui colocar Zoe no meu colo. Ela vinha correndo de um lado para outro sem parar.

— Não! – Ela balançou a cabeça de um lado para o outro e seus cabelos castanhos acompanharam o movimento.

— Tudo bem. Vamos ver de qual música me lembro...

Zoe me encarou com seus olhos azuis cheios de expectativa e eu só consegui me lembrar de uma única música.

— Vê se essa está boa... e comecei a cantar Sweet Child O’Mine.

Zoe não me respondeu. Apenas se ajeitou no meu colo, fazendo questão de apoiar os pés nas cabeças das irmãs. Com menos de um minuto olhei para ela e seus olhos estavam pesados de sono.

O problema de hoje fora resolvido. Espero que amanhã ela aceite a mesma música.

Quando tive certeza que de a bebê já estava em sono profundo, a levei para o quarto, voltei para a sala com o intuito de acordar Annia e Bella para irem para cama, acontece que fiquei com pena e acabei carregando cada uma para seu respectivo quarto.

Com as três finalmente dormindo, parei para pensar que quem as olhasse pensaria que são três anjinhos que não dão trabalho nenhum. E eu desafiava qualquer um a passar uma semana ao lado delas e não sair maluco.

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— Que cara é essa, Chefe? – Tani me cumprimentou assim que desci do carro e começou a me acompanhar até a entrada do prédio.

— Zoe.

Ela gargalhou alto.

— Quer dizer que aquela criaturinha daquele tamanho já está dando trabalho assim?

— Foi dormir era mais de uma da manhã.

— Coitado de você! E a Bellinha, já decidiu de que vai no halloween?

— Até o momento em que a deixei na escola, não! Acho que a Annia vai acabar decidindo por ela.

Tani tentava não rir tão alto, porém, as risadinhas dela acabaram por chamar a atenção de todos os outros que já estavam no escritório.

— O que elas aprontaram dessa vez? – Danno saiu de dentro da sua sala para começar a sua tortura diária.

— Não foram elas... só Bella e Zoe. – Tani respondeu.

— São as três. – Respondi.

— Mas você não falou nada da Annia!

— Ela quer um cachorro.

 - Era essa a promessa que você havia feito, Steven?

— Sim, Harry. Eu prometi para Annia que daria a ela um pastor alemão. E eu nem me lembro disso.

— Um pastor alemão dentro daquela casa?! Aquilo vai virar o pandemônio! – Lou começou a rir. – Nem a minha Renné daria jeito.

— Obrigado pelo apoio. Mas essa é a verdade.

Danno deu um tapa nas minhas costas e sem conseguir conter o sorriso sarcástico disse:

— E qual dos problemas você vai tentar resolver primeiro?

Respirei fundo.

— Zoe e Bella, eu posso enrolar a Annia mais um pouco até que ela esqueça do cachorro.

— Por acaso ela já tem um nome para o doguinho? – Tani perguntou.

— Sim, ela já escolheu.

— Então esquece, ela não vai desistir dele! Posso saber que nome é? – Pelo visto ela não iria desistir tão cedo.

— Jethro.

— O QUE A SUA FILHA TEM NA CABEÇA, STEVE? – Danno perguntou, enquanto os demais olhavam incrédulos na minha direção.

— Não sei. Ela falou que viu o nome na TV e gostou.

— Você definitivamente estragou essa menina. Jethro! Que nome é esse? – Danno saiu falando sozinho.

O restante do pessoal me encarava.

— Nem eu sei como ela escolheu isso! – Me defendi.

— É bem mais engraçado quando os problemas da paternidade são os alheios. Eu até que me divirto com você e suas filhas, McGarrett. – Grover soltou.

— Calma, elas ainda estão pequenas. Tende a piorar na adolescência. – Junior acrescentou.

E assim começava mais um dia na 5-0.

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— Eu já sei como eu vou me decidir com a minha fantasia! – Bella entrou no carro comentando.

— É mesmo, filha? E como vai ser?

— Simples, como o senhor não tem tempo para me levar para experimentar todas elas, eu vou separar as que eu mais gostei entre todas e vou pedir para o tio Jerry fazer uma montagem minha usando as fantasias. Assim, eu vou fazer igual ao tio Lou, vou dependurar em algum lugar, dar três giros para a direita, quatro para a esquerda depois eu vou na direção das fantasias, a que eu encostar vai ser a que eu vou usar. – Ela me respondeu feliz da vida, como se tivesse resolvido todos os problemas do mundo.

— Por que você tem que rodar?

— Porque assim eu não vou saber em qual eu encostei. Se eu não rodar eu vou me lembrar da ordem das fantasias.

— A única coisa que ela vai encostar vai ser a testa na parede. – Annia murmurou do banco de trás.

Eu não queria, mas tive que concordar com a Morena.

— Filha, que tal se eu dependurar as fotos e você só encostar nelas? Vamos evitar uma nova ida ao hospital, tudo bem?

— Mas eu vou estar de olhos fechados? Porque eu não posso ver. Se não vai ser trapaça.

— Nós vamos para o hospital, de novo. – Annia tornou a falar baixo.

— Tenho outra ideia. O tio Jerry imprime as imagens sem você ver, eu numero cada uma e você escolhe um número, pode ser?

— Isso é muito mais seguro! – Annia concordou comigo.

— Mas aí não vai ter graça. – Bella respondeu com um muxoxo.

— E nem vai ter você com a testa estourada! – Annia retrucou.

— Eu não ia estourar a testa. Eu ia encostar na foto, Annia.

— Ia encontrar a parede e estourar a testa. Você quer sair no Halloween como uma princesa ou como o Frankenstein? Cheia de pontos na cara?

Bella parou e encarou a irmã mais velha, muito seriamente.

— Tudo bem, papai, o senhor pode numerar as fotos! – Ela falou depois de muito pensar.

Menos um problema para resolver.

Restava Zoe e sua canção de ninar.

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Achei que Zoe dormiria rápido depois de escutado a mesma música de ontem, porém, ela, brigando com o sono, me disse.

Agola outla. Difelente dessa vez.

— Zoe. Já passa da meia-noite, o papai tem que dormir.

— Não quelo domi. Quelo música.

Desci as escadas com a teimosa bebê no meu colo. Não tinha música nenhuma que pusesse essa aqui para dormir nessa noite.

Sentei no sofá e liguei a TV, procurando qualquer canal de música que tocasse algo que uma menininha de dois anos pudesse ouvir. Passei por todas as rádios e quando parei em músicas infantis, Zoe fez um careta.

— Não.

Próxima estação, country.

Cledo!

Mais uma, rap.

Ela tampou os ouvidos.

Canal especial do Justin Bieber e Zoe escondeu o rosto no meu peito.

Finalmente Rock dos anos 2000, e ela prestou atenção, mas não dormiu. Deu uma da manhã e ela estava elétrica, acompanhando a batida da bateria com os pezinhos.

Mudei para rock dos anos 90, ela fez uma careta. 80, ela se ajeitou e se aquietou um pouco, mas ainda acompanhava as músicas com as mãozinhas. Anos 50 a 70. Elvis e The Beatles eram a grande maioria das canções. Era mais de três da manhã quando ao som de Yesterday ela finalmente adormeceu. E eu dormi junto, escorado no sofá.

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— Ele dormiu aqui? – Escutei uma voz longe.

— Não sei, Bella. Ande, estamos atrasadas!

— Mas e o papai?

— Deixa ele dormir, sai daí! – O sussurro ficou mais alto.

— E quem vai nos levar para a escola?

— O tio Danno.

— E como você sabe, Annia?

— Porque eu liguei para ele. Vamos esperar lá fora.

— Mas eu não posso ir para a escola sem me despedir do papai, Annia. Vamos acordar ele só um pouquinho... só para que eu possa dizer aloha!

— Não, Bella. Deixe ele dormir! E a Zoe também.

As vozes ficaram mais distantes, porém não cessaram. E eu estava achando toda aquela falação vagamente familiar. Até que me dei conta.

Pulei do sofá, a TV ainda ligada, Zoe apagada no meu colo e Bella e Annia já devidamente arrumadas para irem para a escola, me fitaram.

— Bom dia, papai! – Bella correu na minha direção e me deu um abraço.

Annia apenas sacudiu negativamente a cabeça.

— Você tinha que acordar o papai, né Bella?

— Eu não ganho bom dia? – Perguntei para ela que ainda encarava a irmã do meio.

— Bom dia, papai! – Ela veio na minha direção e me deu um abraço e um beijo. – Não se preocupe, o tio Danno já deve estar chegando para nos levar para a escola. E eu acho que tenho uma solução para Zoe poder dormir rápido.

Ela mal tinha acabado de falar e escutamos o carro de Danny parar na porta. e menos de trinta segundos depois, ele entrava sem bater.

— Mas por que o seu pai não vai poder te deixar na escola, Annia? – Ele entrou perguntando.

— Ele tava dormindo. A Zoe foi dormir tarde. – Ela explicou e Danno tentou segurar a risada. – E tinha que ligar para mim?

— O senhor foi o único que me atendeu... – Ela se defendeu.

— Tudo bem, peguem suas coisas e vamos longo, Charlie já está no carro. – Ele apressou as meninas. Assim que as ouvimos cumprimentando Charlie, ele virou para mim e disse – Vai fazer o que com essa corujinha?

— Não sei. Só sei que ela está trocando a manhã pela noite... e isso não vai prestar.

— Eu te falei que você tinha estragado essas três. Agora aguenta a morceguinha! – Ele riu ao ver como Zoe nem se mexia no colo, mesmo com toda a falação.

— Te vejo na sede, Danno. E obrigado por hoje.

— Não há de que. – Ele saiu rindo.

Olhei para a dorminhoca no meu colo, o que eu iria fazer com ela?

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Não teve jeito, no meio do caso tive que sair para pegar o trio. Estava atrasado, e se eu conhecia as minhas filhas, Bella já deveria estar surtando, Annia deveria estar sentada vendo o chilique da irmã e Zoe, a julgar pela hora e pelo fato da creche não ter as músicas que ela gosta de escutar, deveria estar com sono e emburrada.

Assim que entrei na rua da escola vi minhas duas filhas, e elas estavam do jeitinho que imaginei. Bella andava de um lado para o outro e, pela feição dela ao ver o carro, andou chorando.

— PAPAI!! GRAÇAS A DEUS! Achei que você tinha sido comido por um tubarão gigante! – Ela correu na direção do carro e pulava na minha janela enquanto falava, não me deixando abrir a porta.

Annia revirou os olhos e deu a volta, abrindo a porta da frente e se sentando do meu lado.

— Ela é muito exagerada. Falou que o senhor tinha caído de um penhasco, levado pelas ondas e já estava boiando até o Japão! Nem o zelador aguentou a falação dela e nos colocou do lado de fora.

Bella continuava pulando do lado de fora, falando qualquer coisa sobre chamar Os Vingadores para me salvar.

— Vamos, filha, me deixa sair para poder te ajudar a entrar no carro.

Ela deu dois passos para trás e eu desci, e assim que saí de trás da porta, ela abraçou minhas pernas e disse:

— Ainda bem que o godzilla não te escolheu para ser o almoço dele.

— Não filha, papai só se atrasou por conta do caso, agora entre no carro porque eu ainda tenho que pegar a sua irmã.

— Por que a Annia está no banco da frente?

Realmente ela deveria estar no banco de trás... olhei para a morena que resolveu olhar o movimento.

— Annia....

— Por favor, pai, eu tô com a cabeça doendo de tanto que a Bella falou hoje!

Achei justo.

Acabei de afivelar o cinto de Bella e assim que dei partida no carro, avisei:

— Primeira e última vez, ouviu mocinha?

Annia balançou a cabeça.

— Papai, o senhor se lembra que eu falei que tinha uma ideia de como fazer a Zoe dormir. – Annia me chamou depois de um minuto calada.

— Lembro, qual ideia é essa?

— Um Ipod! O senhor poderia comprar um, instalar um aplicativo de música e deixar tocando a noite inteira.

Não era má ideia.

— E o melhor, dá para comprar pela internet e eles podem entregar lá no Palácio. Assim não vai ter erro.

Annia tinha pensado em tudo. E isso era um mau sinal. Ela estava definitivamente decidida em ir atrás do filhote de pastor alemão o mais rápido possível.

Ao chegar na creche, a situação não era diferente, apesar de não estar atrasado, logo que desci, uma das monitoras de Zoe veio apressada me entregar a minha filha.

— Graças a Deus, Comandante. Não sabia mais o que fazer para fazê-la dormir! Ela está correndo pelo pátio desde a hora do almoço. – Disse assim que me passou Zoe e as coisinhas dela.

Zoe só me deu um sorriso como se sair correndo por aí fosse a coisa mais normal do mundo.

Definitivamente ninguém havia me preparado para isso.

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Como o caso não havia sido solucionado, acabei por deixar o trio com Jerry. Ele saberia falar até não poder mais na cabeça delas, e assim nada que elas não deveriam ouvir escaparia.

Demorou horas e conseguimos resolver o caso. A noite já caía e as três estavam mais do que elétricas, falando na cabeça do Jerry. Parece que elas tinham virado o jogo e de algum modo foi ele quem respirou aliviado quando fui pegá-las.

— Obrigado, Jerry.

— De nada, Comandante. Elas estavam atacadas hoje. Porém temos uma boa notícia.

Era tudo o que eu precisava.

— Eu escolhi a minha fantasia!! – Bella pulou me abraçando.

Eu quase falei aleluia e estendi as mãos para o alto.

— É mesmo, filha! E qual vai ser?

— Eu vou de Penélope Charmosa! Mesmo não tendo um carro cor de rosa.

Dei uma conferida no relógio, acho que seu corresse ainda pegava a loja aberta. Tinha que ser rápido, pois com Bella nunca se sabe quando ela vai mudar de ideia.

— Ótimo. Então vamos comprar a fantasia de uma vez, ver se podemos olhar algo da fantasia de Zoe e do Ipod. – Falei já puxando as duas mais novas comigo. Annia ficou para trás para trazer as mochilas.

— Não está pesado, filha? – Perguntei por sobre o ombro assim que chegamos no estacionamento.

— Não, papai, tá tranquilo. – Ela tinha um estranho sorriso vitorioso nos lábios.

Obedientemente Annia se juntou às irmãs no banco de trás e, por todo o tempo ficou quietinha enquanto Bella experimentava de novo a fantasia e comprávamos tudo o que Zoe iria precisar, da fantasia ao Ipod. E isso não era normal.

— Sabe mexer nisso? – Perguntei para a minha fiel escudeira.

— Sei.

— Então pode começar a configurar.

— E qual vai ser a senha da conta? – Annia me perguntou.

— Pode escolher, mas anote em algum lugar para que você não esqueça.

— Tudo bem. – Ela virou sua atenção para a tela e andou do meu lado focada em fazer o aparelho funcionar.

Bella ia pulando na minha frente, animada demais com a fantasia que havia escolhido. Já Zoe, essa se recusou a tirar a coroa da cabeça, assim, eu carregava uma pequena rainha no meu colo, o que estava atraindo a atenção de quase todos que passavam por nós.

Resolvi que poderíamos jantar no shopping, e me arrependi no momento em que cada uma das meninas quis comer algo diferente. Eu levei mais tempo nas filas dos restaurantes do que comendo.

— Acabaram? – Perguntei para as três.

— Sim, Comandante! – Responderam juntas.

— Ótimo, vamos para casa, não temos mais nada para comprar, não é?

— Não. Não temos! Tá tudo certinho! – Bella me respondeu enquanto rodava na minha frente.

— Bella, pare de rodar, você acabou de comer.

— E vai enfiar a cabeça em algum lugar se continuar. – Annia comentou.

Bella felizmente me deu ouvidos e começou a perturbar a irmã mais velha, querendo aprender a mexer no Ipod.

— Uhn... – Annia começou depois de algum tempo.

— O que foi Annia? Não me diga que esquecemos de comprar alguma coisa?

— Não. Não esquecemos. Mas o app de música tem duas opções de uso. – Ela dava a notícia aos poucos.

— E?

— Tem o plano de graça. E o plano pago.

— O de graça, Annia.

— Mas esse tem propaganda. A cada três músicas, cinco minutos de propaganda.

Pensei no tanto que Zoe fazia hora para dormir. Se ela estivesse quase pegando no sono e viesse uma propaganda...

— Vai no plano pago, Annia.

— Beleza, mas eu preciso do seu cartão de crédito!

Olhei para ela pelo retrovisor interno do carro.

— Como é?

— Precisa cadastrar o cartão...

Essa brincadeira estava saindo cara.

— Em casa a gente faz isso.

— Sim senhor. – Vi, pelo retrovisor ela desligando o aparelho e começar a mexer na mochila. De lá tirou um papel e ficou segurando.

— O que é isso?

— O endereço onde nós vamos buscar o Jethro.

Tentei ignorar a sensação de desespero que me tomava. Já estava complicado cuidar de três crianças e dois animais de estimação, eu não queria adicionar um filhote no meio.

Assim que chegamos em casa, Annia me ajudou com o as configurações finais do Ipod, colocamos no quarto de Zoe, e eu torci para que funcionasse. Já era tarde, assim mandei as duas mais velhas tomarem banho enquanto eu adiantava o lanche delas do outro dia. E, ao chegar em frente à geladeira, dei de cara com o papel.

Uma folha A4, onde, impresso, tinha a foto de um filhote de pastor alemão, o telefone de contato e o endereço. Bem como o valor do filhote! E, com a letra de Annia o nome escolhido.

— Por que um filhote é tão caro? – Perguntei.

Zoe, que estava no cadeirão me observando, apenas disse:

— Não sei, papai. Mas eles são fofos. Jetho é fofo.

— Você já viu o cachorro?

— Sim. O tio Jely fez uma chamada de vídeo. Jetho já é da Annia.

Isso explicava o sorriso da Annia quando saímos da sede.

— Ela falou quando vai pegar esse cachorro?

Zoe arregalou os olhos.

— Ela não vai lá.

— Como não?

— O tio Jely pediu pa leva no palácio.

— Que dia?

— Não sei.

Não tinha jeito:

— ANNIA!! – Chamei a minha mais velha.

Ela desceu as escadas e parou na frente com um olhar assustado.

— Oi papai?

— Você quer me falar algo sobre comprar um cachorro?

Annia encarou Zoe.

— Você falou para ele?

— Papai peguntou. – A bebê respondeu sincera abraçando Mr. Pickles.

— Então... o tio Jerry conhece uma pessoa no Litoral Norte que tem uma cadela que deu cria. Os filhotinhos ainda são novinhos, mas ele me reservou um... disse que ele tem que desmamar primeiro, e só daqui uns dois meses é que eu vou poder ficar com ele. – Ela se explicou. – Em dois meses é Natal, assim eu pensei que o Jethro poderia ser o meu presente de Natal... aí o Papai Noel não vai ter que se preocupar com um presente para mim.

— Dois meses?

— Sim. Só daqui a dois meses.

— Até lá a gente conversa de novo. – Falei. – Agora cama. Está tudo pronto para amanhã?

— Sim, senhor! Tudo pronto. O senhor quer conferir?

— Preciso?

— O tio Jerry conferiu e disse que tudo estava certo.

— Então eu vou confiar nele. – Avisei.

Coloquei as três na cama, e até Zoe tinha dormido instantaneamente depois que coloquei a playlist que ela queria para tocar. Finalmente os problemas tinham sido resolvidos.

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Uma semana depois, era a noite de Halloween, e se eu achei que tinha sido difícil para elas escolherem as fantasias, ninguém me avisou que arrumar as meninas seria tão... barulhento.

Isso porque Tani, Renne, Higgins e Kumu resolveram aparecer de última hora, dizendo que elas não perderiam isso por nada. Até mesmo Kono veio do continente. Ela conseguiu uma folga do FBI para poder passar uns dias na Ilha.

— Sabia que eu até que estou sentido falta dos casos malucos que resolvíamos todo ano?

— Só você. Porque cada ano que passa a coisa piora. – Danno falou.

— E nesse ano estamos desfalcados, já que o Comandante está de folga em uma missão. – Junior brincou.

— A missão mais importante: Doces e Travessuras com o Trio Parada Dura. – Adam completou.

Eu, sinceramente, não sabia qual era a pior parte.

Alguns minutos depois, Annia gritou a tia Kono e ela não se fez de rogada e saiu ao socorro da sobrinha favorita.

— Se prepare, Steven. Isso é só o começo. Ainda vem os bailes do ensino médio, os Halloweens da adolescência, as noitadas e depois o grande dia, o casamento! – Harry falou arrancando risadas dos demais.

Meia hora se passou e escutamos alguém limpar a garganta perto de nós.

Olhamos e Bella estava parada, uma cópia exata da Penélope Charmosa.

— Acertei ou não na fantasia? – Ela falou dando um giro.

Realmente ela tinha ficado muito bonitinha como a Penélope Charmosa.

Zoe foi a próxima, com direito a vestido longo, coroa, cetro e manto, parecia que ela realmente tinha saído da Realeza Britânica e aportado em terras havaianas.

Annia ficou por último, e por mais que eu tivesse visto algumas fotos da personagem que ela havia escolhido, eu ainda achava que ela tinha ficado muito melhor do que a verdadeira Agente Carter.

Era a hora de sair para pedir doces.

— E vocês se divirtam com o caso que eu sei que vai aparecer. – Falei antes de fechar a porta.

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SEIS MESES DEPOIS

Estávamos presos em um caso. Todas as pistas que tínhamos não nos levavam a suspeito nenhum. A única dica que tínhamos era que um assassinato com as mesmas características tinha acontecido no continente.

— A julgar pelo fuso, não vamos conseguir nada. – Tani olhou para o relógio.

— Vamos todos para casa então. – Falei, dando o dia como encerrado.

Era o primeiro dia de férias de primavera, e pelo visto eu não ia poder cumprir tudo o que havia combinado com as meninas, não tinha a menor condição, não depois desse caso. E assim, informei a elas.

Como elas já estavam acostumadas com dias assim, não reclamaram, mas tinham uma ressalva:

— Papai, amanhã ainda vai dar para levar o Jethro para tomar a vacina dele? – Annia me perguntou acariciando as orelhas do enorme cachorro que tinha até uma coleira com o nome dele.

Sim, o famigerado pastor alemão tinha se juntado à família, para o desespero de Mr. Pickles que não sabia o que fazer com um cachorro tão grande.

— Vamos, eu levo vocês comigo, até porque tanto Eddie quanto Mr. Pickles tem um check up para fazer. Passamos na sede, eu vejo como está o caso e depois trago vocês três para casa, para ficarem com a babá. E nada de fazerem birra para ficarem no Palácio, entenderam?

— Sim senhor!

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Na manhã seguinte, rapidamente as meninas se arrumaram e deixaram os bichinhos de estimação prontos para a ida ao veterinário.

Mr. Pickles e Eddie tiveram que ficar pelo dia, sendo mais velhos, o check up demoraria um pouco, quanto a Jethro, ele só precisava da vacina.

Assim, trouxe as meninas para a sede, lá seria rápido, enquanto isso, dava tempo da babá chegar na nossa casa.

— Posso descer com o Jethro? – Annia me pediu.

— Pode. Não vamos demorar.

Entrei com as três no prédio. Jethro sendo o centro das atenções, mas como Annia havia falado, ela estava treinando o cachorro muito bem.

Abri a porta para entrar na sala principal quando dei de cara com seis pessoas que eu nunca tinha visto lá. Segurei as meninas um pouco atrás de mim e fui ver o que estava acontecendo.

— Sou o Comandante Steve McGarrett. – Me apresentei.

Claramente um ex-fuzileiro veio ao meu encontro.

—Jethro Gibbs, NCIS.

À menção do nome, Annia que estava alguns passos atrás de mim, prendeu um grito o que atraiu a atenção de todos.

Bella por sua vez ia começar a falar algo, quando a própria Annia tampou a boca dela.

Entre o pessoal da minha equipe, todos tentavam segurar a risada. E Annia me olhava assustada.

— São suas filhas, Comandante?

— Sim, são. – Respondi e chamei as três. - Annia, Bella e Zoe. – Apresentei-as.

Bella e Zoe deram um tchauzinho, enquanto Annia só meneou a cabeça, tentando a todo custo colocar o enorme pastor alemão para fora.

— Bonito cachorro, é seu Annia? – Gibbs tentou puxar conversa.

Annia olhou desesperada para mim, depois procurou ajuda na equipe, mas se vendo sem opções, apenas respondeu.

— Sim, senhor. É meu.

— Qual é o nome dele? – E Gibbs chegou mais perto do cachorro que estava sentadinho ao lado da minha filha.

— O nome dele? É.... – Ela começou a enrolar.

Até que não teve jeito, não sei o motivo, mas o pastor alemão não gostou muito dos novos visitantes e quando um dos agentes do NCIS que acompanhava Gibbs fez a menção de dar um passo à frente para pegar algo na mochila, o cachorro avançou com tudo nele.

E tudo o que se ouviu foi:

— DINOZZO!

— JETHRO! Volta aqui!! – Annia gritou e correu atrás do pastor alemão, conseguindo segurá-lo antes que ele pulasse atrás do agente.

— Peraí, o nome do cachorro é Jethro? – O tal do DiNozzo perguntou de cima da mesa.

Todos olharam para Annia, que olhou para o cachorro, depois para Gibbs e por fim para mim.

— Papai, a gente precisa conversar.... – Ela começou.

E eu nem queria mais saber de onde ela tinha tirado aquele nome. A encrenca estava só começando.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, o final está em aberto... E não, não sei se vou continuar essa história, porém... vontade não falta.

Espero que tenham gostado da história e das participações especiais. Pobre Annia...

Obrigada a quem leu! E até a próxima!

Aloha!



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