We see things in a different light escrita por fanstalk


Capítulo 1
Braiding Hair


Notas iniciais do capítulo

Olá!

E aqui voltamos a escrever para a tag #2020daDiversidade, confesso que como eu viajei durante o mês de fevereiro e o início de março, eu não tive tempo de escrever o conto de fevereiro sobre cultura negra, mas cá estou eu! tô atrasado, mas tô entregando!

(e em breve, coloco o calendário em dia!)

Bom, eu me considero parda, apesar da passabilidade branca às vezes, então tentei colocar um dos meus traços favoritos da cultura negra, que nesse texto possui um adendo. Como a palavra "negro" é associado a coisas ruins, eu substituí tudo que falariam como "negro" por "preto", que é o correto.

Espero que gostem e aproveitem a leitura :)

LEIAM AS NOTAS FINAIS!



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Frank não sabia como explicar como tinham ido tão longe. Ok, eles estavam se ajudando e eles eram amigos antes de tudo, mas mesmo assim… Ainda era estranho ter que apresentar Hazel Levesque como sua namorada. Em partes porque todos sabiam que se Hazel escolhesse alguém para ser seu namorado, com toda certeza Frank não seria sequer uma opção.

Mas lá estavam eles. No carro de Frank. Indo para um jantar na casa de Hazel com os pais e o irmão dela depois de ter fingido que passaram a tarde namorando, quando na verdade estavam tentando adiantar o trabalho da semana seguinte. E tudo isso porque agora Frank era meio que intocável na escola e ele sem querer soltou um “parem de fazer bullying com a minha namorada” na frente de toda a escola depois de já se sentir cheio de ter que ver sua melhor amiga e crush secreta sendo discriminada por não entrar num padrão. Como ele. 

Durante as férias, ele tinha entrado num acampamento militar para se sentir mais próximo da mãe que morreu em batalha. O pai tinha aceitado e a avó fingiu que não ia ficar preocupada com ele por quatro semanas. De qualquer forma, quando Frank voltou para Nova Orleans, ele parecia um veterano de guerra e, graças ao tremendo estirão e todo o preconceito e estereótipo, Frank meio que foi alvo de vários boatos fantasiosos de que ele batia em quem não gostava e sabia uns quinhentos tipos de lutas diferentes. 

Ele até sabia lutar, mas ele não se sentia à vontade para isso, no fim, Frank preferia paz e se tivesse que dar conta de algum problema, preferiria a estratégia à violência. Só que os outros não sabiam disso, e foi assim que Frank livrou Hazel do bullying com uma história de que os dois melhores amigos agora eram namorados. 

No fundo, Frank se sentia meio culpado. Às vezes, Hazel e ele tinham que se beijar, e não passava de um selar de lábios, mas era gostoso e era um sonho e Frank era apaixonado por Hazel e sentia que estava tirando uma lasquinha da situação sem a permissão de Hazel. Hazel poderia estar namorando um cara legal como Sammy Valdez, primo de Leo. Sammy e Hazel tiveram um algo bem grande e poderiam ter reatado e rotulado a situação, mas Frank inventou tudo aquilo e parecia só que...

— Você acaba de passar por um sinal vermelho. – Hazel alertou num meio sorriso — Deve estar realmente muito alto aí dentro da sua cabeça pra você nem sequer ter parado o carro. Quer que eu dirija?

Frank olhou para ela. Tão linda. A pele cor de café, os cabelos cor de açúcar e canela, os olhos dourados, o sorrisinho bem-humorado. Era de se perder o fôlego.

— Acho que isso é um sim. Você está com uma cara de que eu sou a pessoa mais brilhante na sua vida nesse momento, isso pode ser fatal.

Frank corou. Ele era tão óbvio às vezes que não sabia como Hazel ainda não tinha percebido a queda que ele tinha por ela.

— Estaciona ali perto do carro. – ela o guiou. E Frank fez o que ela pediu.

Levou quase dez minutos para que Frank pudesse chegar até o parque que era quatro quarteirões de distância da casa de Hazel, ele desceu do carro e deixou a porta aberta, seguiu até a porta dela e abriu, ele só entrou depois que viu que Hazel já tinha se ajeitado como motorista. O cabelo que antes estava em coque caiu numa cachoeira de cachos.

Frank imaginou que aquela era uma das cenas mais lindas que já havia presenciado, os cachos bem hidratados de Hazel fazendo cachos cor de caramelo até a metade do comprimento lateral do ombro, uma parte caindo como uma franja frontal e ela tentando ajeitar como se estivesse tudo bagunçado e feio, quando não estava. Ele realmente parecia hipnotizado com a cena. Ele sempre ficava. Hazel já devia estar acostumada.

— Eu amo seus cachos. – Frank soltou quando ela deu a partida no carro.

— Eles estão marcados por conta do coque. Talvez quando a gente chegar em casa eu possa arrumar melhor.

— Minha avó teria sugerido uma trança. Quando meu cabelo estava grande, antes de eu ir pro acampamento, toda vez que meu cabelo parecia marcado, ela me chamava num canto e dizia “senta” e então dizia que ia fazer um coque, mas acabava fazendo uma trança. Ela diz que a trança significa conexão, cada entrançado cria um laço conectivo feito por quem está trançando. Eu pedia para ela trançar uma conexão com a minha mãe.

— Eu queria poder fazer isso sobre a minha mãe. Eu sinto falta dela às vezes, mesmo que ela tenha morrido quando eu era muito pequena até pra saber meu nome. Se eu contasse para Perséfone, ela provavelmente faria uma trança e decoraria com flores, ela acaba sendo bem sensível e empática sobre isso. – Hazel riu levemente no final, mas o brilho nos olhos dela era outro, nem sempre Frank conseguia decodificar, no entanto.

— O clima mudou muito rápido aqui. – Frank soltou. Ele odiava quando o clima pesava, sempre pesava quando alguém que não tinha a experiência de perda estava por perto, felizmente o clima só tinha nostalgia por enquanto.

— O clima pode mudar. Eu realmente gosto de falar da minha mãe e dessas coisas de tradições, Perséfone é afro-latina, ela tenta manter as duas tarefas sempre no topo para eu não sentir como se algo estivesse faltando.

— Bom, se Marte tentasse reproduzir a cultura chinesa sendo branco, minha avó teria lhe dado chá envenenado com muito gosto. Acho que ela que tenta suprir essa figura materna e tradicional e não admite que ninguém tente no lugar.

— Bom, não precisamos de gente branca tentando explicar nossa cultura, mesmo que sejam parentes próximos. É só...

— Ridículo! – Frank riu — Acho que essa é a palavra.

Hazel riu. Ela olhou para o retrovisor e Frank olhou pela janela. Eles estavam bem perto. Tão perto que em segundos estariam lá.

— Chegamos! – Hazel anunciou empolgada — Você está nervoso?

— Eu não estava nervoso até você me perguntar isso. Eu devo estar nervoso?

Hazel não respondeu nada, apenas sorriu como se dissesse que tudo ia ficar bem.

Hazel estacionou o carro pouco tempo depois, Hazel e ele entraram na casa da garota e Frank analisou o ambiente, eles estavam na sala, ela era espaçosa e acolhedora, quase lembrou Frank de sua própria casa. A estante com livros novos e antigos, um sofá espaçoso, algumas poltronas com revestimento de madeira, uma mesinha de centro com um vaso de flores em cima e espalhado por todos os locais estavam fotos de família. Fotos de Hazel e Nico crianças, fotos de viagens em família, fotos de formatura e festas de fim de ano. Fotos com memórias que Frank se lembra de ter tido algum dia sob outra visão de mundo.

No fim, Frank concluiu, não importa a origem da família, provavelmente terão fotos de como elas são unidas e tiveram momentos juntos inestimáveis.

— Mãe? Pai? Nico? – Hazel gritou entrando em casa e tirando casaco fazendo um gesto para que Frank fizesse o mesmo — Cheguei! Frank está aqui e está fazendo frio lá fora!

No meio da frase, Perséfone apareceu na entrada que ligava a sala à cozinha, seus cabelos estavam num coque de meio rabo de cavalo e estava decorado com flores vermelhas, seu vestido era leve e ela mantinha um sorriso no rosto. Em suas mãos, uma bandeja com quatro copos de vidro com suco e gelo dentro e pequenos guarda-chuvas coloridos para decorar.

— Vocês chegaram cedo demais! – ela falou num falso esporro, mas o sorriso ainda estava lá — O jantar vai ser servido em trinta minutos, mas eu fiz um suco de maracujá e decorei com guarda-chuvas para a espera. Seu pai tá no escritório e Will chegou aqui pedindo para falar com Nico, os dois estão no quarto do seu irmão conversando e acho que finalmente Nico vai pedi-lo em namoro. – Perséfone deu uma risadinha e suspirou — Você pode subir pro seu quarto e se arrumar para o jantar enquanto eu termino tudo aqui, que tal?

Hazel assentiu. Frank corou, mas deu um breve aceno para Perséfone e seguiu Hazel.

Frank nunca chegou a subir para o segundo andar da casa de Hazel, ele só estivera naquela casa duas vezes e parecia que algo sempre mudava na decoração do local toda vez que ia lá, no entanto, Frank nunca subiu as escadas. E lá estava ele, subindo as escadas. Ele não sabia se se sentia sortudo porque estava prestes a ver se sua imaginação acertou do que tinha idealizado no andar misterioso ou se se sentia cagando de medo e nervosismo. Subir as escadas até o quarto de uma garota é praticamente um ato sexual segundo sua avó e Frank não sabia se era realmente isso porque nunca parou realmente para pensar sobre isso.

E ele estava pensando demais agora, foi por isso que tropeçou no meio do corredor e caiu dentro do quarto de Hazel, o que fez Hazel rir, então ele fingiu que fez aquilo só para fazer graça e tentou disfarçar.

A primeira coisa que Hazel fez quando chegou no quarto foi ligar o som e deixar alguma música da rádio tocar num volume um pouco mais alto. Frank lembra de ter tido um som/rádio daqueles no início dos anos 2000, e lembra de como amava alternar entre as rádios e esperar que sua música favorita tocasse, e que sua vó xingasse o aparelho quando a rádio não estava sintonizada e ficava o barulho da estática.

Enquanto Hazel jogava a bolsa em um canto do quarto e entrava no banheiro dizendo que já voltava, Frank olhou ao redor do cômodo ficando impressionado como tudo ali soava como Hazel. Tinha uma parede branca que estava repleta de desenhos direto no concreto, desenhos feitos com uma caneta preta mais ou menos grossa, e pelo traço, ele ousava dizer que Hazel havia desenhado tudo. Em sua escrivaninha estava o notebook repleto de adesivos e cadernos e canetas espalhados. Ele viu um pente-garfo em cima da cama e pensou em sua vó. Ela usava um daqueles pentes, mas não para pentear o cabelo, era para prender o coque estilo gueixa. Era engraçado como sua avó sempre conseguia ser o próprio estereótipo de uma mulher chinesa tradicional, mas sempre ter ideias revolucionárias que não a fariam abaixar a cabeça em frente à uma injustiça ou ser submissa como esperavam que ela fosse. Por um momento, Frank pensou que havia vários aspectos de Hazel que o lembravam de atitudes de sua avó, por um instante, ele pensou que Freud estava rindo de seu pensamento, porque sua avó era o mais próximo de uma figura materna que ele tinha agora e Hazel era o mais próximo de interesse amoroso que ele tinha no momento.

A vida era muito confusa, então ele preferiu apenas sentar na cama e ficar tocando a ponta do pente-garfo contra sua perna, fazer uma massagem e fingir que estava deixando sua imaginação focar em qualquer coisa simples para não pensar em Hazel dentro do banheiro se aprontando para o jantar. Ele se sentia um pouco incomodado por estar tirando a privacidade de Hazel, quer dizer, ela provavelmente estaria melhor sozinha no quarto para se trocar, se arrumar e respirar um pouco antes de ter que aguentar se passar por “namorada de Frank Zhang” em frente à própria família. Sim, talvez não fosse tão tarde para esperar no sofá da sala falando miolo do pote com Perséfone, a única que parecia realmente animada com o jantar.

— Hazzy? – Frank chamou — Acho melhor eu te esperar lá embaixo, porque agora que eu me toquei que...

Que eu estou invadindo seu espaço pessoal. Ele quis dizer, mas a porta se abriu com Hazel em um macacão jeans que sinceramente não deveria deixa-la mais bonita, mas ela havia ficado ainda mais bonita pelo ponto de vista de Frank, porque ela parecia confortável e parecia transcender arte pelo olhar, como se fosse uma artista prestes a pintar sua próxima tela. Sim. Linda.

— Não precisa descer, eu não me sinto incomodada com sua presença. Eu já te contei da vez que tentei convencer meu pai de te deixar passar uma noite de festa do pijama comigo quando a gente tinha onze anos. Nada mudou, sua presença ainda é a minha presença favorita. – e ela riu. Frank estava com o rosto entrando em chamas, e Hazel estava rindo abertamente como se Frank fosse a pessoa mais engraçada do mundo.

— Não tem graça, você sabe que eu coro fácil. Você faz de propósito. – Frank sussurra tentando pensar em coisas que possam fazer seu rosto parar de ferver.

— Você parece um pandinha assim, é tão fofo. E agora que você parece estar sempre num visual de grande atleta destemido, eu acho que fica ainda mais fofo te ver corar. – ela explicou. Frank virou a cabeça para o outro lado tentando não corar novamente e apenas ouvia o barulho do desembaraçar de cabelo de Hazel. Ela havia saído do banheiro com o cabelo semiúmido, talvez para tentar tirar o aspecto marcado do cabelo.

— Desculpa te colocar nessa situação. – ele finalmente murmurou.

Os sons de desembaraçar cabelo continuou, como se ele ter falado desculpas do nada não fosse surpresa.

— De que situação você está falando?

— Bom, aqui estamos, prestes a nos apresentar como namorados para sua família, sendo que não somos, e você tem que ficar fingindo gostar de mim, mesmo que provavelmente ainda pretenda voltar com o Sammy em algum ponto do ensino médio.

— Primeiro, eu não vou voltar com o Sammy, você sabe disso, eu te falei que somos melhor como amigos e que ambos gostavam de outras pessoas. Segundo, não me incomoda nenhum um pouco a situação de estar te apresentando como namorado para minha família, pensei que o motivo fosse claro. – Frank sentiu o lado do colchão pesar quando Hazel sentou, ela o fez olhar para ela enquanto o estendia um pente — Você pode fazer uma trança em forma de coque em mim?

Frank assentiu. Hazel se virou, ficando de costas para Frank, seu cabelo estupidamente cacheado caindo pelos ombros de costas como se fossem uma obra renascentista. Frank posicionou melhor a posição de cabeça de Hazel para começar, seus dedos tilintando pelo pescoço dela quando repartiu o cabelo dela e o dividiu em partes para trançar. Por um segundo, ele pensou que o arrepio que ela teve foi porque ela tinha atração por ele, mas depois lembrou que o pescoço é o ponto fraco de todos e começou a focar todo o seu pensamento em trançar certo.

— Sabe, eu fiquei pensando sobre o que me falou sobre tranças para a cultura asiática, sobre como usam isso para representar o fortalecimento entre laços de pessoas ou lembranças. – Hazel respirou fundo e continuou: — Eu sei um pouco como isso se aplica para a cultura preta. Antes de toda a colonização e durante ela, as tranças eram como segredos, sabe? Enquanto entrelaçavam os cabelos, os pretos e pretas colocavam entre o cabelo: comida, pequenos objetos, informações... E todo o trançado podia mapear uma rota, como uma rota de volta para casa. Eu meio que chorei quando descobri isso, não quis contar para você no carro porque eu não queria deixar o clima pesado, mas...

Frank terminou a trança de base e começou a fazer as tranças nas laterais da cabeça que ajudariam a sustentar o coque.

— Mas o quê?

— Eu odeio ver que pessoas brancas se apropriam de significados de culturas não-branca só por estética. Eu odeio como me tratam na rua quando meu cacho está sem definição, só volumoso, se alguma pessoa branca faz o mesmo, ela é aclamada, mas eu apenas continuo sendo reduzida a coisas que diminuem minha aparência e essência.

— Aconteceu alguma coisa recentemente, não foi? Alguém mexeu com você?

— Eu não sofri racismo, se é isso que você está perguntando. Não recentemente, e não na escola, porque desde que começamos de relacionamento público, nunca mais mexeram comigo. Mas eu sempre paro para refletir quantas vezes eu vejo pessoas como eu que são julgadas de várias maneiras diferentes por conta de etnia. Às vezes, eu tenho medo de colocar dreads e acontecer a mesma coisa daquele menino que cortaram o cabelo, que só cortaram o cabelo dele porque julgavam que dreads eram atos sujos e de índole duvidosa. Só porque ele era preto, a gente sabe que se fosse algum branco, nada disso teria acontecido. Só a cor da pele... Parece que nunca vão parar de agir como se pessoas não-brancas devessem algo aos brancos. Eu só... Desculpa, eu acho que eu exagerei, não é mesmo?

— Não... – Frank começou, porque era verdade — Você não exagerou, acho que pessoas como eu e você sempre acabam explodindo sobre isso inesperadamente, ou não. – ele começou a montar a trança final para o coque — A gente vê as coisas diferentes, sabe? Numa outra luz... Se for focar só no que você passa todo dia, talvez você não tenha explodido sem razão ou sem data, quer dizer, todo dia você tem que engolir sapo. O cabelo, a roupa, a cor da pele, parece que por não ser branca, por querer mostrar seu lado preto com orgulho, você tem sempre que estar impecável para os brancos, como se fosse uma bonequinha. Eu não sei se estou ultrapassando os limites do seu local de fala, mas se você se sente assim, você não deveria se colocar como se estivesse sem razão às vezes, olha só o que você falou sobre as tranças para pessoas pretas, é algo importante para você.

— Eu queria colocar dreads no cabelo... Ou tranças. Eu sei que as pessoas vão olhar atravessado, mas...

— Você ficaria linda. Sério. – Frank pontuou amarrando o coque, ainda de costas para Hazel. Era mais fácil de falar aquelas coisas sem encarar Hazel de frente.

 — Você acha? – ela perguntou animada, mesmo que parecesse receosa — Que eu ficaria bonita sem o cabelo cacheado normal?

— Você fica bonita de qualquer jeito, você é a Hazel. – ele falou já corando — E nós vemos coisas em uma luz diferente. Quer dizer, eu amei o ponto sobre o mapa nas tranças, soa como poder e força e garra... Soa como você. Desculpa, é a sua cultura, eu não deveria ser a pessoa que te diz o que você deve colocar ou ser, mas você tem meu apoio pra qualquer uma dessas questões. Hm... Se você fizesse um mapa entre as tranças, para qual lugar elas guiariam?

— Acho que para esse exato momento. – ela falou com um leve sorriso no rosto, e dessa vez, ele viu o sorriso de Hazel para ele. Eles estavam frente a frente novamente, o coque de tranças feitos com perfeição deixando o rosto de Hazel tão nítido que Frank quase se afastou para não ser tão óbvio que ele estava hipnotizado pela visão.

Frank tentou não corar, mesmo que suas bochechas começassem a querer arder.

— Acho que o mais próximo que você conseguiria era um mapa até seu quarto, ou algo assim. – ele disse querendo disfarçar. Pelos deuses, ele ia começar a suar.

— Frank? – ela o chamou.

— O que foi?

— Para mim é muito importante ter seu apoio sempre, eu acho que precisava só de apoio para entender uma coisa que eu já queria e já iria fazer.

— Eu imaginei que já iria fazer, quando você fala comigo daquele jeito regado de fatos e informações sentimentais, eu sei que você só precisa desabafar com alguém e receber apoio para algo que você provavelmente vai fazer semana que vem.

— Na verdade, vou fazer as tranças amanhã. Eu não sabia como trazer esse assunto à tona, e eu sei que eu nem precisava te informar sobre nada do que eu faria, mas sei lá, eu queria demais porque acima de tudo você é meu melhor amigo.

— E você é minha melhor amiga. – ele sorriu, porque a amizade com Hazel é algo que vem acima de tudo.

— E por isso, eu vou te ajudar a entender uma coisa que parece que você ainda não entendeu. – ela riu, os olhos brilhando como se fosse fazer algo inesperado — Frank, por que a gente só se beija quando estamos em público?

Frank quase fez uma careta, mas manteve a expressão confusa. A resposta era clara: eles eram melhores amigos, mas não eram namorados.

— Porque estamos só fingindo que namoramos, ué. Os beijos só são em público porque são para disfarçar a coisa toda.

Hazel se aproximou dele como se dissesse que se ele não quisesse, ele só precisava afastá-la. Mas ele não a afastou, então ela se aproximou ainda mais e o beijou, as mãos ao redor de seu pescoço bagunçando seu cabelo enquanto Frank enrolava os braços em sua cintura. Os lábios se encostando frequentemente e as línguas se tocando, os olhos fechados deixando que o tato sentisse tudo com clareza, alguém tinha falado algo sobre respiração durante o beijo com Frank, mas ele nem se lembrou disso, porque estava morrendo e renascendo enquanto beijava a garota mais linda que já viu na vida.

E Hazel que quebrou o beijo. Ela se afastou só um pouco, mas as mãos permaneceram em Frank e as de Frank permaneceram nela, diferentes sorrisos pintados no rosto de ambos. O sorriso de Hazel era brincalhão, o de Frank era um sorriso surpreso e brincalhão.

— Eu pensei que você era só um pouco lerdo, mas deixa eu te esclarecer uma coisa: quando você disse que eu era sua namorada na frente de toda a escola e eu te beijei como se o mundo fosse acabar resumindo tudo em um selinho, aquilo quis dizer que éramos namorados de verdade. Eu gosto de você, você gosta de mim. É o suficiente. Depois você falou que éramos namorados de mentira e eu concordei porque pensei que era brincadeira, mas você agia estranho e só depois de algumas semanas eu me toquei que você não tinha entendido.

— Então...

— Yep... Somos namorados!

— Isso significa que eu posso te dar mais um beijo? Eu queria compensar o tempo que eu me senti mal por ter te beijado achando que estava tirando casquinha da situação....

Hazel riu escandalosamente, e se possível, com um tom aliviado, como se tudo finalmente fizesse perfeito sentido em seu lugar.

— Não vai rolar beijo nenhum, compensar beijos? Está pensando que eu sou mulher de bagunça? Veremos como vai ser esse jantar e se tudo correr bem, talvez eu te dê um beijinho antes de você voltar pra casa. – ela rebateu brincando. Ela parecia estar reluzindo uma luz diferente, talvez Frank estivesse com essa mesma luz.

Frank a puxou para perto, rindo, ele não conseguia parar de sorrir. Meus deuses, seria possível estar se sentindo tão bem assim?

— Não ganho beijinho, mas será que eu poderia ficar olhando para você um tempinho? – ele disse com um sorriso bobo nos lábios e os dedos acariciando a bochecha de Hazel — Eu juro que nunca pensei que teria uma namorada tão linda e maravilhosa assim...

Hazel o encarou como se ele fosse o mundo. Frank a olhava da mesma maneira, como se ela fosse o mundo, como se estivesse diante de uma obra de arte. E com os olhares tão focados um no outro e com pequenas carícias aqui e ali, foi fácil terminar de esperar o início do jantar só conversando sobre como Frank foi tão lerdo que não percebeu que Hazel era apaixonada por ele desde o final do ano passado.

Coisas da vida.


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Notas finais do capítulo

E O CONTO DE FEVEREIRO ESTÁ ENTREGUE!

Espero que tenham gostado da leitura, porque eu passei dias em bloqueio biscando maneiras de deixar explícito a importância desse conto! E quem sabe não vemos esse casal mais uma vez no conto de março? Estejam avisadinhos...

Como sempre, comentem bastante o que acharam! Isso me anima mais para escrever e postar mais das minhas histórias! E para quem quiser conversar comigo, sempre estou disponível no Twitter!

Twitter: @pipeynaallstark

ATÉ A PR?“XIMA!



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