Ocean Eyes escrita por isabella_maries


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E vamos para mais uma doideira da minha cabeça que ia viria one short, mas a história disse: tsc tsc tsc não vai não meu amor.

Postei ela antes dessa quarentena, mas bateu a insegurança e exclui.Mas a vontade de dividir ela voltou com coragem e certeza.

Apesar de ser uma bailarina, não possuo vivências em grande companhias e sua rotina. Entretanto, tentei me basear ao máximo pelos vídeos que achei sobre a rotina de uma bailarina de companhia.

Enfim, espero que gostem e torçam para que o meu bloqueio suma para poder atualizar todas as histórias.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789067/chapter/1

Eu amava tudo que envolvia a arte.  Talvez fosse esse o motivo pelo qual Edward me chamará tanta atenção.

Pianista do New York City Ballet, recém-formado com honras pela Julliard, pintor e escultor nas horas vagas, filho e provavelmente futuro namorado de Tanya Denali – a bailarina principal da temporada do NYCB. Enquanto eu, era apenas um cisne figurante no lago na performance de Odete. Seus cabelos de cor de estranha – meio ruivos, meio castanhos – viviam bagunçados pelas quantidades de vezes que seus finos passavam por eles durante o dia.  Ele o passava tantas vezes quanto eu fazia plié. 

Prendi à vontade suspirar enquanto o via arrumar as inúmeras folhas de partituras enquanto o relógio enorme na sala indicava que o dia só estava começando. A mestre entrou na sala desejando um bom dia, do qual todos os bailarinos na enorme sala para então dar explicar com rapidez quais seriam os passos das sequências. Respirei fundo posicionando-me para então ouvir Edward tocar uma de tantas músicas que tocaria no dia e que regeria não somente meu corpo, mas também a minha alma.

Plié. Tendu. Fondu. Attitude. Enchappé. Piroutte. Adágio.

Centro. Mais plié.  Diagonal, saltos, valsa. 

No fim, a falta de ar e suor eram tão presentes quanto o cansaço. Na pausa era litros de água e exercícios de relaxamento do quais aproveitava para observar Edward conversar com Tanya que estava escorada no piano de cauda da companhia.

— Quando você vai criar coragem de falar com ele? – questionou Irina que assim como eu, colocava a sua sapatilha de ponta para a segunda parte do dia que envolvia a garota loira de olhos azuis conversando com o pianista.

— Não vai ser hoje. – murmurei amarrando a fita com agilidade do pé para direto, para então repetir o feito com o pé esquerdo.

— Mas é mais um dia que você vai olhar o Facebook dele. – alfinetou, não respondi por com certeza olharia. Nos cinco minutos livres que tinha entre a aula do baby class e do intermediário estaria entrando no perfil de Edward Cullen e iria suspirar até meus pulmões disserem chega. A mestra chamou atenção de todos inclusive de Tanya que lançou um sorriso para o ruivo antes de ir ao meio da sala dando batidinhas no coque. O assunto entre mim e Irina logo fora esquecido, ambas prestávamos atenção nos atos e nas correções para então entrarmos de mãos dadas junto com mais duas garotas. Para então nos separarmos e fazermos a pose final do pas de quatre, onde nos levantarmos juntas, virei-me em direção ao piano que era meu lado de saída e meu olhar cruzou como de Edward que manteve o olhar até desviar seu olhar para partitura. Meu coração batia forte contra o meu peito e minha respiração estava falha. Irina me olhou curiosa enquanto estava na posição para então entrar novamente ao mesmo tempo que junto com outras garotas que também eram cisnes.

                O ensaio acabou e logo todos dirigiam para o refeitório onde muitos já estavam saindo para suas aulas. Fora impossível não lembrar quando estive ali pela primeira vez completamente perdida, mas eufórica por ter conseguido entrar após um processo de seleção depois de anos no The School American Ballet algo que levará minha mãe e meus pais as lágrimas. 

                Fora nessa mesma audição que conheci Irina, recém chegada do Texas e tão nervosa quanto eu. Ambas engatamos numa conversa tranquila e divertida que envolveu Renné, minha mãe, que festejará junto conosco sua admissão.

                Peguei o meu celular vendo mensagem da mesma cobrando-me as datas de outras apresentações e claro uma visita a ela assim que conseguisse. Sorri ao me lembrar de como era grata por todo o apoio que ela sempre me dera, principalmente quando tive a ideia maluca de entrar nas audições por uma das bolsas do SAB ao ponto de convencer Charlie, meu pai e chefe de polícia turrão, que aquilo não era uma loucura.

                Não fora fácil, mas algo havia dado certeza para ele que não era só um desejo de uma garota que entrará na adolescência. Ele estava junto com ela no dia da minha audição, ambos ansiosos e nervosos que me receberam de braços abertos no final dela, e foram os mesmos braços que me acolheram quando chorei de medo de não passar por ter várias meninas melhores do que eu. Foram nos olhos deles o orgulho e a felicidade por ver o meu nome de listadas de aprovados, e fizeram de tudo para me levaram juntos para o meu primeiro dia de muitos.

                As lembranças boas foram substituídas pelos lembretes da fisioterapeuta que me auxiliava em exercícios de pilates que apesar da dor me ajudaram a relaxar e estar pronta para aula que tinha individual para então o último ensaio do dia.  Jacob entrou com um sorriso nos lábios enquanto colocava com rapidez a saia godê pink que contrastava com o meu colan azul marinho. Em passadas rápidas o homem de pele castanho avermelhada, de braços enormes e cabelos pretos me ergueu num abraço para então me rodopiar antes de me colocar no chão.

— Como sempre me rodando de maneira errada Jake. – brinquei ao ver meu melhor amigo e bailarino sorrir para mim enquanto tentava parar de ver tudo duplicado.

— E você sempre esquecendo de fechar os olhos Bells. – devolveu fazendo-me sorrir.

— Vou tentar me lembrar da próxima. – prometi antes de tomar um gole enorme de água.  Ele revirou os olhos.

— Você disse isso ontem. – me lembrou fazendo-me dar um soco leve no seu braço enorme e mais uma vez me senti pequena ao lado dela mesmo que não fosse. Jacob tinha 1,70 enquanto eu tinha apenas cinco centímetros a menos, o que foi ponto levantado além da cumplicidade que dividíamos dentro e fora dos palcos.  Jeffrey entrou com uma pasta e uma garrafa de água.

— Boa tarde. – cumprimentou, e olhou analítico para mim. – Pode tirar a saia Swan, irei passar outra coreografia para vocês.

Assenti já retirando a saia para jogá-la sobre a minha bolsa. Antes que Jeffrey colocasse suas coisas sobre a cadeira a porta se abriu fazendo os meus olhos se arregalarem de surpresa ao ver Edward fechando a porta e nos encarar dando um breve aceno para então andar a passos rápidos para o piano.

— Foco Bells, antes que o ferreiro lhe de um puxão de orelha. – sussurrou Jake no meu ouvido. Respirei fundo e alternei os pés até que o mesmo veio até nosso explicando sobre a proposta da coreografia, do qual era conhecida por nós. Closer* era uma coreografia intensa e com sequência que complexas que demonstravam uma profundidade única que se tornava surreal com a música ao fundo.  Correções, sequências e plié para então repassar tudo uma única vez para o fim.  Respirei fundo abrindo os olhos vendo pelo espelho Jacob de maneira parcial do meu lado para então me segurar, a coreografia fluiu assim como a liberdade nas minhas veias. Era como estivesse voando ao mesmo tempo que fazia movimentos lentos, porém precisos, no fim do que fora passado Jacob e eu estávamos exaustos, mas satisfeitos diante do olhar e o sorriso Jeffrey. Já que os conhecíamos bem o suficiente para saber que ele havia gostado do que havia visto. Mas enquanto respirava e prestava atenção nas últimas correções vi através do espelho Edward olhar de maneira indecifrável para nós para logo desviar quando os nossos olhares se cruzarem.            

                Aquilo me afetou muito mais do que esperava. Minha mente não parava de me fazer questionar o porquê daquilo, qual o problema e principalmente porque diabos não tomava coragem para conversar com ele. Balancei a cabeça e sai do metrô tentando pensar nas sequências de exercícios para minhas aulas do que a minha vida amorosa que estava indo de mal ao pior ao tem uma paixonite pelo bendito ruivo. Andei com rapidez pela rua para então entrar na academia conhecida e amada por mim, cumprimentei de maneira amigável as mães e alunas na recepção para entrar na minha sala após andar com rapidez pelo extenso corredor.  Deitei-me no chão e me deixei relaxar comendo algumas barras de cereal ouvindo Debussy tocar, mas apenas do meu corpo estar no seu ápice de relaxamento minha mente ainda pensa nos exercícios lúdicos. 

                Fiquei de pé e logo retirei a minha roupa pondo apenas uma saia de balé rodada preta que tinha uma parte maior na parte de trás, calcei a minha sapatilha gasta e sai da sala para recepção onde chamei as meninas que deram acenos para suas mães enquanto formavam fila em indiana. Sorri comigo ao ver mais uma vez a animação das garotas de cinco a sete anos ao ver na sala, fechei a porta.

— Meninas, vamos fazer um círculo. – pedi num alto e firme, mas ainda delicado. Animadas fizeram o que pedi e copiaram o meu movimento de juntas os pés com os joelhos apontados para lateral. – Cadê as asas da borboleta batendo?  – questionei divertida fazendo algumas meninas rirem e balançando as pernas. – Estiquem a coluna e tenta pegar a formiguinha no chão da sala. – orientei fazendo e vendo as mesmas repetirem com sorriso divertido. – Volta bem devagar e estica a perna lá pro meio. – disse fazendo o mesmo, mas antes que pudesse continuar com a orientação. A porta fora batida e logo aberta revelando uma das diretoras da academia, Helen que ao seu lado possuía uma linda menina que estava se torcendo de timidez. Como as outras ela estava vestida com uniforme todo cor de rosa e seus cabelos ruivos estavam presos num coque firme.

— Olá Bella, desculpe-me atrapalhar a sua aula, mas essa é Renesmee ela acabou chegando atrasada devido ao trânsito.  – explicou a mesma, sorri para garota.

— Olá Renesmee, seja bem vinda. – a cumprimentei de maneira amorosa. Ela sorriu tímida. -Meu nome é Bella, serei a sua professora de balé, mas pode me chamar de Bells.

— Então pode me chamar de Nessie. -  disse num tom baixo, apenas sorri dando um aceno.

— Certo! Vamos entrar? – questionei estendendo a minha mão que ela aceitou de bom grado.  A levei para o circulo de meninas que a encaravam de maneira curiosidade, apresentei de maneira rápida para meninas darei um “Oi Nessie” coletivo deixando a garota do meu lado toda envergonhada.  Mesmo com a timidez inicial, a mesma pareceu mais à vontade no final da aula e fazia algum movimentos juntos com as garotas, assim que a música de Frozen acabou, todas fizeram fila indiana e me seguiram conversando animadas pelo o que foram feito. Estaquei na recepção ao ver Edward entrando na academia tão lindo quanto horas atrás, mas o meu choque aumentou quando vi a pequena Nessie correr na direção dele.

 Puta que pariu! O destino definitivamente estava de brincadeira com a minha cara.  Ele ajudou a vestir um casaco branco para então pegá-la no colo que falou algo que fez o sorrir e depois rir.  Meu Deus, esse homem fica mais lindo sorrindo. Para então me olhar. Meu coração bateu mais rápido e me virei para entrar no corredor voltando rapidamente para sala sentindo uma falta de ar considerável em meus pulmões.

— O que esse pianista está fazendo comigo? – sussurrei para mim olhando a minha expressão no grande espelho sentindo o meu coração a mil.

***

— Eu não acredito que você perdeu essa oportunidade da porra por causa do seu medo idiota. – esbravejou Irina enquanto retirava a maquiagem. 

— Não é medo, eu só não iria falar com ele numa sala de cheio de mães. – respondi e suspirei sentindo o meu corpo cansado, ao contrário do dia anterior passei o restante do dia na companhia preparando-me junto com os outros bailarinos para apresentação no Lincoln Center. Como todos os dias, pontualmente as cinco horas Edward havia ido embora dando-me a certeza que deveria esquecê-lo, pois ao contrário do que havia fantasiado boa parte da noite ele não viera conversar comigo sobre ser a professora da sua irmã ou filha. Olhei para o meu reflexo, não havia opção. Ou falava com ele ou tentava esquecê-lo.  A segunda opção era a mais tentadora e menos humilhante.  – E nós sabemos como mãe são chatas para caralho Irina, elas iriam provavelmente soltar algo para Helen sem ao menos pensar duas vezes.

A loira bufou soltando seus cabelos.

— Pior que é verdade. As crianças são uns anjos comparado a algumas mães. – disse e o assunto ficou encerrado por ali. Terminei de tirar a minha maquiagem soltei os meus cabelos coque presos, e agradeci a Deus enquanto andava pelos corredores com a minha mala por no dia seguinte ser minha folga.  Sorri vendo meus pais sentando num banco de pedra conversando entre risos e olhares apaixonados que me fizeram desejar mais uma vez viver um amor igual ao deles.

— Você dançou maravilhosamente essa noite Isabella. – uma voz aveludada e calma puxou-me dos meus pensamentos, olhei para o homem que havia falado aquilo e tive que segurar a surpresa ao ver Edward parado ao meu lado. Ele me encarava com os olhos verdes intensos e os cabelos tão bagunçados como nunca. Um sorriso pequeno surgiu em seus lábios fazendo o meu coração se acelerar e me fazendo notar que não havia o respondido. Pisquei frequentemente sentindo as minhas bochechas tão quentes quanto fogo.

— Obrigada. – agradeci devolvendo o sorriso e voltei para os meus pais que sequer tinha notado a minha presença.

— Posso não conhecer tanto sobre balé clássico como conheço sobre música, mas sei que o corpo de baile é tão visível quanto a bailarina principal. E dependendo dos olhos quem é vê, é o único foco. – disse-me e olhou para mim enquanto o encarava sem entender.

— Por que diz isso? – questionei confusa, ele não me respondeu. Apenas olhou para trás antes de me olhar com um meio sorriso nos lábios.

— Até amanhã Isabella. – se despediu deixando-me sem reação e completamente confusa.  O vi andar com rapidez para um casal parado na escadaria, devido a luz notei que a mulher havia cabelos ruivos e o homem cabelos loiros que segurava uma menina adormecida no colo que reconheci ser Nessie.

— Bella. – ouvi Renné me chamar alegremente, virei-me para olhá-la e recebi um abraço apertando. Fechei os olhos devolvendo sentindo o choque ir sumindo aos poucos dando lugar à vontade de gritar ao entender o que ele havia dito nas entrelinhas. Gritar que Edward Cullen me notava.  Isso foi até ler a mensagem de Irina o print do Instagram d Tanya onde a mesma posava para foto junto com ele após apresentação com um belíssimo buque de rosas nas mãos enquanto sua cabeça estava encostada no peito dele. Não havia legenda além de um coração.

                Fechei os olhos e bati a cabeça na porta, respirando fundo.  Quais eram as probabilidades?  Quais eram as chances?  Abri a mensagem de Irina e não soube responder, nem contar que havia caído papo idiota do pianista. Coloquei o celular no chão e mais respirei fundo para então levantar do não. Não apenas decidida a tomar um banho e tirar o gel do meu cabelo, mas como esquecer de vez Edward Cullen.

 

*Closer é uma coreografia real criada por Benjamin Millepied.  

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nova história: https://fanfiction.com.br/historia/788814/Blinding/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ocean Eyes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.