Acenei com a cabeça incapaz de falar.

Meu quarto ficava no primeiro andar, juntamente com o dele — que era a quatro portas de distância.

Entrei e me sentei na cama precisando de apoio, respirei fundo algumas vezes para me acalmar.

Não tive muito sucesso.

Enquanto isso ouvi cochichos lá embaixo.

Às vezes ter uma super-audição era tão chato.

Eu queria não poder ouvir as fofocas.

“Por que será que eles estão tão estranhos?” Debye perguntava.

Alguém riu... Jéferson?

“O Jacob está vindo ai... só o que posso te dizer é que se estivessem perdidos...iram querer continuar assim. —Disse ele rindo —Depois te conto”.

E depois mudaram de assunto.

Enquanto pegava qualquer roupa sem realmente olhar para elas, fiquei pensando em Jake e como ele esta agindo estranho desde que o assunto sexo começou a aparecer.

Pensei... Na clareira, quando tentei conversar com ele, sua desculpa foi minha idade, mais ele sabe que isso é absurdo.

Por mais que tecnicamente eu tivesse sete anos —  além de já ser madura intelectualmente, ele sabia muito bem que eu já era madura fisicamente.

A não ser que fosse só uma desculpa.

Uma voz na minha cabeça falou enquanto olhava meu reflexo no espelho. Olhando meu reflexo me ocorreu o que nunca havia pensado antes.

Será que... mesmo Jake me amando ele não sentia atração física por mim?

E o que ele disse na clareira foi apenas uma mentira para não me magoar?

Eu sabia que era bonita: minha pele era branca como a dos outros... mas minhas bochechas eram rosadas,meus cabelos, castanho-avermelhado —da cor dos do meu pai —descia até minha cintura —lisos na raiz e ondulados nas pontas,meus olhos eram castanhos — da antiga cor dos da minha mãe ,um pouco mais forte,mais marcantes.

Também como os outros, eu era fisicamente atraente para a nossa presa...a única diferença, era que para eles, depois da atração inicial, sempre vinha o medo, eu sabia que pra mim não era assim, devido a minha metade humana.

Mas agora o fato que me ocorreu foi; minha aparência eu era mais para o lado vampiro, que humano... e os lobos são inimigos naturais dos vampiros.

Uma vez meu pai me explicou — com muita má vontade — como era o imprinting.

Ele disse que eu pertencia a Jake — nessa hora ele mal mexia os lábios de tanta raiva—E que Jake e eu estávamos ligados de uma maneira que era como se ele fosse feito especialmente pra mim.

Ele me amava, eu sabia disso... mas e se  fisicamente os instintos  fossem mais fortes?

Talvez por isso na floresta ele me apertasse tanto, me beijava com tanta força—eu imaginei paixão— mais e se não fosse?

Ele poderia estar se esforçando para me corresponder, já que eu o beijei com tanto entusiasmo...

Ele não queria me magoar, me rejeitando — Por isso ficou tão aliviado quando fomos interrompidos.

Por isso talvez ele nunca tenha demonstrado esse tipo de interesse— eu pensava que era por causa do meu pai...

Estava tão presa em meus pensamentos, que pulei quando ouvir alguém bater na porta.

E se fosse Jake?O que eu falaria com ele?

  —Nessie, sou eu Daiana.

Terminei de vestir meu suéter —que só agora percebi que era azul — e fui para a porta.

   —Oi. —Respondi, minha voz parecia triste.

   —Só vim chamar você. O chocolate está sendo servido. Você vem?

   —Claro. Já estava descendo. Vamos.

Todos estavam sentados, no fundo da recepção — onde tinham três sofás de frente para uma lareira e varias almofadas no chão.

Jake também estava lá, sorriu levemente pra mim enquanto me sentava ao lado dele.

Não consegui sorrir, ainda tinha aqueles pensamentos girando na minha cabeça.

Fiquei lá sentada, olhando as meninas conversarem e fingindo prestar atenção. Estava tão distraída que nem tentava beber o chocolate, e manter meu disfarce. Jake por outro lado, bebeu cinco canecas de chocolate e perdi a conta de quantos biscoitos.

Estava ficando sonolenta, me recostei nele.

Depois de um tempo ele passou os braços por meus ombros me puxando, eu deitei a cabeça em seu colo.

Acabei adormecendo lá.

 Abri os olhos e me vi sentada com Jake na floresta, estávamos rindo e me inclinei para beijá-lo.

Ele imediatamente se afastou de mim se levantou e virou de costas.

   —Jake?—disse levantando e tocando seu braço.

Ele sacudiu minha mão e quando virou para me olhar,seu rosto era hostil.

   —Tire suas mãos de mim, parasita! —rosnou para mim

   —O que?—disse me afastando dele, suas mãos tremiam.

   —Você me ouviu. Não quero que toque em mim!Eu tenho nojo de você, sanguessuga!

As palavras dele me feriram profundamente.

Não conseguir me segurar, comecei a chorar.

Ele nem se comoveu com minhas lagrimas.

Olhava friamente para mim.

   —Jake. Por quê?—perguntei soluçando — Porque esta fazendo isso comigo?

Ele continuou me olhando, mas sua expressão não era mais fria, estava com os dentes a mostra, como se estivesse louco para me atacar.

Automaticamente me agachei.

Não ia lutar com ele, mais precisava me defender — era automático, instintivo.

Ele se virou abruptamente e correu para dentro da floresta.

Corri atrás dele.

Sabia que era mais rápida, ele ainda estava em sua forma humana.

Mas não conseguia achá-lo.

Onde ele estava?

   —Jake!—gritei na esperança que me respondesse — Jacob!Jake!

Mas não havia nada lá... Somente eu.

Ele tinha sumido.

Tinha me deixado.

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