Immortality escrita por lisa gautier


Capítulo 11
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Eu sei, faz um longo tempo, mas apesar dos imprevistos, Immortality retorna em um capítulo que espero ser agradável: logo, teremos um reencontro muito aguardado! Aqui trabalho de maneira resumida e rápida, apresentando uma Irina diferente dos livros. Boa leitura!



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CAPÍTULO DEZ

 

Os retalhos 



1922

 

Algo estava acontecendo.

Além do mundo concreto, a mulher de cabelos curtos via as decisões sendo tomadas. Primeiro, ela viu neve. Uma nevasca violenta e casacos de pele, um clã americano conversando. Mulheres loiras entrando em um carro, um moreno na direção. E depois ela viu Bella Swan. Não a física, mas o que deveria ser dela. O futuro. Cabelos compridos, relaxada com as mãos nos bolsos da calça, olhos cor de mel. E ao lado, um vampiro de cabelos acobreados, sorrindo. 




1923



O tempo passava de maneira diferente para os humanos. 

Enquanto os dias se emaranhavam em horas velozes, preenchidas pelas atividades mais mundanas ou sagradas, os dias se estendiam de maneira lenta e preguiçosa diante dos imortais. Sem um segundo de sono, sem um instante de descanso mental; constantemente lutando contra a fome de matar, semanas aparentavam meses e meses eram como anos. Sem uma companhia eterna, sem um beijo gentil ― Edward batalhou contra si mesmo enquanto ouvia os ruídos apaixonados de Carlisle e Esme. Eles viviam valsando sobre a luz do luar e ele falhava em compreender tamanha paz de espírito quando se sentia tão atormentado. 

O conhecimento era uma maldição, ele pensava. 

Se ele nunca tivesse sido apresentado àquele mundo, se estivesse enterrado a sete palmos do chão (como os outros milhares de homens vítimas da Gripe Espanhola), não estaria se contorcendo em desejo. Se ele nunca tivesse aprendido que havia uma segunda opção, se jamais tivesse bebido de animais, poderia viver uma vida imoral sem constrangimentos ou arrependimentos. Se fosse cético, se fosse superficial, não sentiria tamanha saudade dela. Se fosse um homem desprendido, se fosse um homem ganancioso, aproveitaria daquela existência como um monarca e reinaria com seus poderes. Talvez se tivesse sido um humano vil, a existência agora fosse menos dolorosa. Mas o que o formava senão aquelas amarras que o libertavam? 

Ele fora nutrido pelo amor incansável de Elizabeth Masen, amor tão longínquo que não permitira que ele morresse: no leito hospitalar, clamou pela misericórdia de Carlisle Cullen. Depois, de casa para o próprio lar, fora mantido pelo afeto e dedicação divina de Isabella. Ah, Bella! Minha Bella. Ao lado da esposa, aproveitou um pouco do carinho brilhante que refletia nos olhos de Nessie. Até mesmo naquela vida errática, no meio de tantos pecados, era resgatado pela fraternidade de um novo pai e uma nova mãe. 

Inadequado. 

Ingrato. 

Edward se encolheu mais uma vez no carpete, sentindo como se um demônio descansasse em seu peito. 

 

[...]

 

Entre tanta culpa e autopunição, Irina Denali surgiu em um dia ensolarado. 

Ela fizera uma longa jornada, do Alaska até Ohio, pegando caronas em veículos elegantes e até mesmo carroças. Edward a observou pela mente dos pais adotivos, estudando a maneira como ela se vestia e comunicava. Depois estudou o próprio consciente da vampira, vendo uma tempestade de histórias. Diferentes rostos femininos e masculinos se mesclavam, revelando uma vida que Edward, até então, desconhecia. 

 

[...] 

 

A recuperação mostrou-se difícil. 

Os vícios vão além dos opióides e álcool. 

Edward mostrou-se contrário à presença de Irina, preso em seus próprios ciclos repetitivos. 

E ele a odiava no começo.

Odiava-a profundamente por tentar ajudá-lo, por ter uma voz doce e baixa e por insistir em tirá-lo do seu Inferno particular. Um homem com tantos crimes não merecia uma eternidade de infelicidade? Uma existência de amargores? Ele acreditava merecer. A melancolia, a fome constante, a frustração; tudo lhe era devido. E ele cumpriria a pena. Ou tentaria — os pensamentos autodestrutivos chegariam em algum momento, revelando que a mente, humana ou vampira, é frágil e quebrável. 

Mas ela permaneceu.

Diariamente, o visitava no quarto. 

Às vezes falava oralmente, às vezes falava mentalmente. 

Ela tinha um jeito próprio de demonstrar cuidado. 

Aconselhava.

Contava crônicas.

Sentava em um canto do quarto, lendo Gertrude Stein. 

Acompanhava-o em dias de caça. 

Memorava de quando abandonara a vida de brutalidade por amor.

É claro que a sociedade humana ainda há de julgar minhas escolhas de relacionamento, a informalidade deles, mas eu sei o que estou fazendo e não existe crueldade em me permitir viver. Ninguém sai ferido e é entre dois adultos que consentem.

Ela amava de maneira livre, ele aprendera. Sem bênçãos divinas, sem os grilhões da sociedade. Um amor fugaz, dividido com um homem ou outra mulher. As outras irmãs viviam da mesma maneira. Mas ela ainda era diferente.

Ela tinha perdido o amor de sua vida, uma ferida incapaz de cicatrizar.

Demorou cerca de 3 meses até que ele tolerasse a presença de Irina. 

Edward assistia, como quem conhecia tudo de todos, como ela era uma criatura teimosa e paciente. E talentosa, ele admitiria depois. 

Irina, em uma tarde fria, trouxe para a casa um piano vertical.

Ela dizia não ser uma musicista grandiosa, mas tocava Sergei Rachmaninoff com a habilidade de um mestre. Logo Edward despertou uma memória afetiva pelas canções e se infiltrava na sala, como se Irina não soubesse de sua presença, e ouvia-a tocar por incontáveis horas. 

Então, ele começou a tocar também.

Primeiro quando a casa estava vazia, depois na presença de Irina e, por fim, na frente dos pais adotivos. 

— Você sabe que não há maneira adequada de reencontrá-la — comentou Irina em uma madrugada. Sentada à janela do quarto de Edward, ela bordava atenciosamente a bainha de um vestido. — Ela acredita que você está morto. Não existe um resquício de normalidade para clamar. 

— É perigoso demais, Irina. — ele disse baixo, mexendo sem interesse na caixa de linhas coloridas. 

— Perigoso é ser humano, Edward — ela respondeu. — Ela é durável, vulnerável. Se eu tivesse sido esperta o suficiente, ou egoísta como você gosta de pensar, teria transformado meu companheiro invés de brincar com o tempo. Vejo agora que todos os problemas dele poderiam ter sido assistidos depois da transformação. 

— O que você sugere, então? — ele tinha um sorriso cínico. — Retornar dos mortos, contar que eu sou um vampiro e que preciso tê-la pela eternidade?

Irina pausou o bordado.

— Hum, não é uma má ideia. — e deu de ombros. 

Ele ficou em silêncio. 

— E quanto à nossa filha? — perguntou depois de alguns minutos de tensão.

— Ela pode escolher se juntar à vocês quando adulta. Os Volturi não toleram crianças imortais, você sabe a história da minha criadora. — Irina tornou a bordar, finalizando uma rosa com detalhes realistas.

Bella — ele falou o nome com preucação. — Bella seria uma recém-criada, ela não aguentaria ficar perto de Nessie… 

— Ou aguentaria. Não é Carlisle que possui um autocontrole excepcional? — ela arqueou uma sobrancelha. — Entendo que estejamos falando sobre as delicadezas de uma nova vida, mas tudo é possível, até mesmo surpresas positivas. Também acreditando que Carlisle e Esme não teriam problemas em cuidar da pequena enquanto Isabella se adapta ao vampirismo; imaginando que ela não tenha uma fase rebelde como você, em seis meses ela seria capaz de acompanhar a menina com o apoio de vocês. 

— Você pensou em tudo. — ele murmurou.

— Claro que sim, criança — ela riu brevemente. — Alguém tinha que planejar enquanto você se autoflagelava. O que sou eu se não a sua salvadora? 

Ele revirou os olhos. 

— Eu irei acompanhá-lo. Quando você se sentir pronto, eu irei acompanhá-lo no reencontro. Ajudarei com a criança, lavarei fraldas se necessário — ela prometeu. — Qualquer coisa, Edward, qualquer coisa desde que você não fique como eu. É uma existência longa demais para vivê-la sem sua alma gêmea. 




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Notas finais do capítulo

Adoraria algumas opiniões! O que acharam?
Planejo não desaparecer outra vez, aliás ;)
Lisa X

P.S: eu postei um conto em duas partes chamado "Madame Hyde". É sangrento e muito diferente de Immortality, mas Beward e já está finalizado! Caso queiram ler, aqui o link: https://fanfiction.com.br/historia/806044/Madame_Hyde/



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