Immortality escrita por lisa gautier


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788919/chapter/1

Prólogo 

1917

 

Edward sentou-se à varanda:

Os olhos esverdeados semicerrados com o nada sutil por-do-sol, o segundo casaco pendendo de seu antebraço e os lábios umidificados de uma recente xícara de chá com mel, gentilmente oferecida pela Sra. Swan. Edward virou o rosto, identificando na mulher os mesmos traços de sua amada; o nariz longo, empinado e fino, os cabelos ondulados, os lábios rechonchudos. Os dedos de René Swan seguravam com pouca habilidade duas agulhas de tricô; por baixo de seu vestido largo, uma barriga proeminente tinha destaque, exibindo seus sete meses de gestação. Edward questionara em silêncio mais de uma vez a necessidade de um segundo filho naquele momento, durante a Guerra. Jamais pronunciara uma palavra sobre; era desnecessário e, principalmente, cruel. Por muitos anos, dentro de seu casamento conturbado, René fora alvo de conversas maldosas, apontando sua instabilidade mental e sua capacidade pobre de formar uma família: vinte anos de casada e uma única filha, uma garota tão deslocada que às vezes nem era contabilizada como um ganho para a família. A família Swan tinha orgulho de Isabella, mas nem todos tinham a mesma visão de mundo.

Edward riu baixo, imaginando sua namorada retornando para casa; fazendo mais de uma de suas longas caminhadas em direção a casa, sozinha e teimosa, reclamando de algo consigo mesma. Ela chegaria em poucos minutos, sabia o rapaz. Isabella rumava do curso de enfermagem até o açougue, onde compraria uma porção extra de carne para as noites que Edward a visitava. Provavelmente, se distrairia na floricultura e, quando fosse comprar uma dose de xarope no boticário, se distrairia mais ainda com o dono, discutindo os novos medicamentos que estavam para chegar e as novas sobre a Guerra.

— Phil está louco! — a voz aguda de Bella fez com que Edward retornasse de seu devaneio, surpreendendo-se com sua distração. O garoto olhou-a, sorrindo de canto; a garota, por sua vez, parecia rígida em um vestido longo e verde com bege. — Os preços no açougue estão exorbitantes! Exorbitantes! — ela apontou para o pacote rosado que segurava. René desviou a atenção de sua fracassada tentativa de criar um casaco de lã e encarou a filha com diversão. — Vocês dois parem de rir! — resmungou Bella. — Deus, já não basta as pessoas estarem digladiando entre si e agora querem matar o povo de fome também?

E, era óbvio, que ela não estava pensando em si.

Edward olhava-a com admiração enquanto a mesma entrava furiosa dentro de casa, dirigindo-se até a cozinha para preparar a refeição da noite. Bella reclamava efusivamente, citando as crianças malnutridas que encaravam a vitrine das mercearias, a mãe que saiu chorosa do açougue carregando as mãos vazias. A afetuosidade nos olhos de Edward diminuiu, anuviando-se conforme seu estômago se revirava com náuseas. Sentia-se doente quando pensava no futuro.

Bella chutou os sapatos ao chegar na cozinha, pisando sobre suas meias-calças. Lavou alguns legumes antes de colocá-los numa panela, cortou e temperou a carne e acendeu manualmente o fogão. Refez o coque, prendendo os cabelos com força. Lavou as mãos. Retornou a circular na cozinha, futricando nos armários. Escorou-se ao armário, mastigando ruidosamente os famosos biscoitos de Elizabeth Masen, feitos com maestria e muito açúcar.

Edward aproximou-se cuidadosamente, apesar de aproveitar-se da distância de René e de seu marido, que nem havia chegado do seu turno ainda. Com uma abocanhada ágil, roubou o último pedaço de biscoito que pendia entre os dedos de Bella. A garota franziu o cenho, quase rosnando. Edward deslizou as mãos pelas suas costas, cintura, e puxou-a gentilmente, unindo seus corpos em um abraço. A irritação diminuiu de instantâneo e Bella suspirou, espalhando as mãos pelas costas de Edward enquanto afundava naquele abraço. Sentiu-se protegida, amada. Os lábios de Edward pousaram em sua testa, descendo até a bochecha, onde depositou um beijo tenro.

Os olhos de Isabella queimaram em sua direção e Edward riu, jocoso.

As mãos da garota escalaram agilmente a lapela do casaco, puxando Edward consigo enquanto adentravam a escura dispensa da cozinha. Sozinhos, isolados, o cenário modificou-se e Edward abandonou parte das gentilezas, tomando o rosto de Bella entre suas mãos antes de fundir seus lábios nos dela. Degustou do sabor, sentindo o quão açucarados ambos estavam. Degustou do seu inferno particular, liberando sua própria fome e frustrações. Gostaria de falar que era um menino exemplar, comprometido com os costumes e jamais questionador, mas o aguardo pelo casamento parecia cada dia mais sôfrego. Eles podiam estar casados, eles sabiam — muitas meninas se casavam com dezesseis ou até menos. Contudo, Charlie Swan barrava qualquer aprovação à Edward Masen, sempre resmungando a Bella sobre outros pretendentes.

Bella arfou alto, correndo os dedos pelos cabelos acobreados do rapaz; ficou na ponta dos pés, aproximando-se ao máximo. A língua dele pediu passagem, adentrando e iniciando uma dança própria. Rubor subiu pelas bochechas dela ao sentir todo seu corpo formigar doidamente. O beijo estendeu-se até que ambos não conseguissem mais roubar ar entre os raros espaços e Edward beijou delicadamente o queixo e pescoço de Bella, escondendo o rosto entre os cabelos dela. Ele era diferente, sabia Bella; era um dos poucos meninos que poderia dividir tamanha intimidade sem ser vítima de comentários difamatórios, histórias maldosas sobre sua pureza.

— Mais calma? — sussurrou ao pé de seu ouvido.

O vermelho tonalizou no rosto dela, sentindo-se tola e apaixonada.

Era fácil distrair-se do mundo, de todo o resto, quando estava nos braços de Edward. Encontrava todo o conforto e paz naquele perfume adocicado de canela; esquecia-se da crise, da Guerra, dos moribundos que observara em suas aulas de enfermagem.

Sim. ronronou ela, afundando o rosto no peito de Edward.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enfim... Aos que chegaram ao final desse gostinho da história, por favor, me contem: o que acharam? Devo continuar?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Immortality" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.