Drania escrita por Capitain


Capítulo 34
Procura


Notas iniciais do capítulo

desculpa o atraso imenso. prometo que eu posto mais rápido da próxima vez.



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A estranha mudança de comportamento de Goroth me deixou bastante confusa a princípio. Ele parecia outra pessoa, como se tivesse decidido do nada que eu agora era uma de suas mais próximas amigas. Para ser sincera, também foi um pouco assustador. Pensei em perguntar qual a razão dessa mudança brusca, mas não consegui colocar minha dúvida em palavras.

Porque você parou de me tratar mal, assim do nada? É, melhor não. Talvez ele tenha descoberto algo na minha cabeça. alguma coisa que eu não tinha percebido. Será que ele teve acesso a outros pensamentos, coisas que eu não sabia que ele estava vendo? Pensando bem, embora eu pudesse sentir a presença dele dentro da minha cabeça, eu não tinha como saber exatamente o que ele via sem estar dentro da cabeça dele. Eu simplesmente assumi que ele estava presenciando as mesmas memórias que eu. Talvez...

Eu precisava perguntar para Aurora como esse negócio de comunicação mental funcionava. Se ele teve acesso a outros cantos da minha mente, o que ele poderia ter visto que causaria uma mudança tão repentina?  Um calafrio percorreu minha espinha etérea. Era estranha a sensação de ter suas memórias diretamente transmitidas para alguém. Será que era assim que as pessoas que eu absorvi se sentiam?

Conforme o sol da manhã ficava mais forte, e a montanha de fogo se aproximava, o orc acelerava o passo mais e mais, cobrindo centenas de metros em minutos.

— como você planeja vencer Rasth, se esforçando desse jeito? - eu deixei a pergunta escapar.

Surpreendentemente, Goroth ouviu.

— Se eu não correr, é Aurora quem vai lutar, então a chance de vencer é zero. - Ele falou - é possível que a reunião dos orcs para a celebração demore algum tempo, então se eu chegar durante a festa e desafiar Rasth, o duelo não vai ser realizado imediatamente. As tradições exigem um grupo de juízes e testemunhas, preferencialmente sóbrios.

— Preferencialmente? - eu perguntei de volta.

— Geralmente - ele se corrigiu - em grande parte das vezes. Às vezes. Talvez. Algumas partes das tradições estão abertas à interpretação.

— Mas você tem certeza de que se lutar no lugar de Aurora, os orcs reconhecerão a inocência dela e reconsiderarão seu banimento imediatamente.

— como eu disse - Goroth não soava muito confiante - algumas partes das tradições estão abertas à interpretação. Mas como regra geral, entre bons argumentos e cair na porrada, o jeito oficial é cair na porrada.

Saímos da floresta em uma grande clareira, e Goroth parou para descansar um pouco.

— Eu achei que Rasth fosse deixar uma trilha bem visível para seguirmos - Goroth comentou - mas os rastros estão ficando mais e mais escondidos e bagunçados, como se ele estivesse tentando m=nos confundir.

— Mas ele não quer que você o encontre? - eu perguntei - não é esse o ponto de sequestrar Aurora em primeiro lugar?

— é isso que estou achando estranho - Goroth suspirou - Rasth não é do tipo que monta emboscadas ou manipulações, ele é bem direto.

— Então você perdeu a trilha dos orcs?

Ele assentiu, sentando no chão. Então virou-se para mim, depois de pensar por um momento.

— Você pode voar bem alto, né? - ele perguntou - veja se consegue enxergar algum sinal deles lá de cima - ele apontou para o céu - eu não acredito que só pensei nisso agora.

Ah é, eu voava. Pra ser sincera, eu não tinha pensado nisso também. Um pouco envergonhada, eu flutuei mais alto, parando para reparar que eu nunca tinha feito isso antes. A sensação de se mover nos céus tão facilmente era estranha, como um sonho. Demorei um pouco para me orientar, apenas a uns cinquenta metros acima do solo. Eu posso ir mais alto, se eu quiser, pensei., e por alguma razão bizarra, eu tive uma vertigem.

 Quando olhei para baixo, eu tive certeza que iria cair, mesmo sabendo que isso nunca aconteceria. Aurora havia dito que algumas partes da minha cabeça ainda se comportavam como se eu estivesse viva, e era isso que me permitia enxergar e ouvir. talvez aquela fosse a razão da vertigem. Goroth, no chão lá embaixo, parecia tão pequeno quanto um marco de ferro.

De repente, o mundo ao meu redor começou a girar descontroladamente, e minha visão ficou borrada. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, eu apaguei por alguns instantes. Havia um som irritante e agudo vindo de algum lugar. A coisa toda deve ter durado quase um minuto, antes de eu recuperar meus sentidos.

Estranho, pensei. de onde isso veio? Era raro eu não conseguir descobrir o motivo de um sintoma qualquer quando eu não me sentia bem. Eu não estava cansada, e não tinha que me preocupar com fome e desidratação. Talvez fosse alguma coisa relacionada com ser um fantasma? O que tinha sido aquilo? Goroth ainda estava parado no mesmo lugar, olhando para cima. Ah é, lembrei. Os orcs. Deixando de lado o estranho desmaio, eu voltei minha atenção à vista. E, cara, que vista.

Ao meu redor haviam quilômetros e quilômetros de floresta densa, estendidos até o horizonte para quase todas os lados. À minha direita, na direção oeste, uma pontinha do lago Silmor podia ser vista, tão longe que podia ser confundido com um grande rio. A leste e norte, não havia nada além de verde, e ao sul... a montanha de fogo tomava grande parte da vista, tão próxima agora que eu podia discernir claramente seus detalhes.

A montanha de fogo era absurdamente alta, talvez a montanha mais alta de Astaroth, e marcava o centro de quase todos os mapas. Era difícil saber exatamente onde a montanha começava, porque a inclinação era bem suave perto do pé da montanha, coberto com árvores. A primeira grande divisão podia ser vista apenas um pouco mais acima, quando a terra dava lugar às rochas, e as árvores ficavam cada vez mais escassas, até sumirem completamente.

A face da montanha ficava cada vez mais íngreme, e as rochas cada vez mais pontudas com a altitude. A segunda grande divisão podia ser vista logo mais, quando as rochas davam lugar à gelo e neve, até que tudo acima da metade da montanha estivesse completamente coberto em branco. Eu não conseguia ver o cume da montanha de onde eu estava, porque ela atravessava as nuvens bem longe de seu ponto mais alto. O topo da montanha de fogo estava quase sempre coberto de nuvens, então ninguém sabia muito bem como ele se parecia.

Eu sacudi minha cabeça e voltei a procurar sinais de vida na mata lá embaixo. Não havia fumaça, nem grandes clareiras à vista além da clareira onde Goroth me esperava. Tudo era do mesmo verde floresta, e não haviam indícios... um detalhe chamou minha atenção no pé da montanha. Havia um pontinho vermelho em uma árvore perto do limite da minha visão. Era muito grande para um pássaro. Ou um macaco. Ou uma pessoa. Forcei meus olhos um pouco, tentando conseguir uma imagem melhor, mas o vulto sumiu da minha vista, tão rápido quanto uma flecha.   

 

Alguns segundos depois, a silhueta reapareceu um pouco mais longe. Era um orc.


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Notas finais do capítulo

oops, tive que editar um detalhe nesse cap, que só percebi mais tarde. goroth perdeu o rastro dos orcs, por isso ele mandou drania na frente :)



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