A cadete Beverly Howard olhou irritada novamente para o aparelho de telelink colocado sobre a mesa à sua frente. Ela estava na coqueteria Forced Landing, que ficava próximo à Academia da Frota Estelar (1) em São Francisco e acabar de saber de seu namorado Jack Crusher que ele não poderia se encontrar com ela naquela noite. Um dos simuladores do Centro de Treinamento de Vôos Estelares em Palo Alto se danificara, atrasando os testes programados e por isso  a turma dele só retornaria dentro de duas horas.

Ela guardou o aparelho no bolso da jaqueta e começou a se levantar da cadeira. Como seu encontro havia ido literalmente para o espaço a bordo de um simulador de vôo, ela pensou que poderia aproveitar e estudar um pouco para a prova de exoanatomia que seria aplicada pela Dra. Merryn no dia seguinte

Porém ela se levantou muito rápido e ao virar-se esbarrou com uma jovem cadete andoriana que estava passando levando dois copos de coquetéis nas mãos,  fazendo com todo o conteúdo deles se derramasse sobre ela.

— Me... Desculpe – gaguejou Beverly, embaraçada – eu não estava prestando a atenção. Deixe-me pagar outras bebidas...

— Eu não quero suas desculpas, pequenina – respondeu ela, encarando-a depois de olhar para as próprias roupas molhadas – mas a lição que eu vou lhe dar vai sempre lembrá-la de prestar atenção por onde anda.

Beverly sabia que os andorianos costumavam ser muito belicosos e que agora a situação dificilmente seria resolvida com conversa e gentilezas e, por isso,  preparou-se para tentar se defender.

A andoriana, que era quase dez centímetros mais alta que ela, deu dois passos em sua direção tentando intimidá-la. Mas a moça afastou-se e, para surpresa de sua adversária, contra-atacou

Lembrando-se de que as antenas são uma das partes mais sensíveis da anatomia dos andorianos, Bervely inesperadamente deu um tapa seco e firme com as costas da mão na antena direita dela. A andoriana imediatamente recuou, levando as mãos à testa, desorientada pela dor repentina. Aproveitando-se disso, a cadete humana colocou um dos pés atrás do calcanhar dela, calçando-a e emburrando, fazendo-a cair de costas.

  Antes que a andoriana pudesse reagir já estava imobilizada no chão do bar, com uma cadeira prendendo-lhe o peito e o pescoço

— Será que agora nós podemos conversar? – perguntou Beverly calmamente, sentada e apoiando o braço e o queixo no encosto.

A andoriana debateu-se furiosa, tentando livrar-se, mas a cadeira que a prendia nem sequer se mexeu.

Ela encarou raivosamente a humana por alguns momentos, enquanto esta ainda a olhava sorrindo. De repente, para surpresa de todos que haviam acompanhado a briga no bar e esperavam tensos o desfecho, a andoriana soltou uma sonora gargalhado e bateu suavemente com as mãos nas pernas de Beverly.

— Pode me soltar agora, pequenina – disse, sorrindo também – reconheço quando estou derrotada.

Mesmo ainda um pouco desconfiada, Beverly se levantou e tirou a cadeira, liberando a sua adversária. E ajudou-a a se levantar.

— A minha oferta de pagar as bebidas ainda vale – disse ela estendendo-lhe a mão – Eu me chamo Beverly Howard.

— Thylia Zh'thathar. – respondeu a andoriana, aceitando o cumprimento – É um prazer conhecer você.

Referência do Capítulo:

(1) A Academia é o centro de treinamento e formação dos oficiais da Frota Estelar e está distribuída por três unidades. Em São Francisco estão os alojamentos, salas de aula, laboratórios e bibliotecas; em Palo Alto, também na Califórnia, encontram-se os simuladores de naves, centro de treinamento de vôos Estelares e o departamento de educação física; e em Phoenix, no Arizona, está o centro de treinamento de sobrevivência, onde são recriados ambientes de vários tipos de planetas, usados para testes físicos e psicológicos para qualificação dos cadetes.