Piper terminou sua malhação na academia do condomínio, a pele grudenta de suor e os cabelos colados nas têmporas úmidas e pendurou a toalha que secava o rosto no ombro. Quando ia sair pelas portas de vidro, parou com a visão de uma mulher chamando sua atenção.

Reyna, uma mulher que morava ali, estava treinando e dando tudo de si durante o exercício. Mas, o que mais chamou a atenção de Piper, foi o corpo dela. As formas perfeitas e bem desenhadas que se moviam com uma precisão cirúrgica acertando o saco de pancadas azul marinho com força e com raiva.

Observando a garota, notou seu top preto colado no corpo e seu short combinando que balançava dando vislumbres da silhueta sensual e seu cabelo escuro preso em uma trança que caia pelas costas e que dançava com o corpo dela quando ela atacava seu inimigo.

Reyna fechou o punho e socou com força o saco de pancadas mais uma vez. O suor escorreu da testa pela lateral do rosto quando ela repetiu a ação. Cansada e com seu corpo implorando por uma pausa, a garota deixou os braços caírem exaustos nas laterais do tronco.

Buscou sua garrafa de água no chão e foi quando viu Piper a encarando. A garota tinha os cabelos castanhos bagunçados e presos em um rabo de cavalo confuso e a blusa vermelha molhada.

— Oi – Cumprimentou bebendo e refrescando sua pele.

— Oi – Piper gaguejou um pouco, surpresa de ter sido vista, pois já estava parada lá há tanto tempo que acreditava estar invisível.

— Vai ficar me encarando muito? – Começou a caminhar na direção da garota, cujos olhos brilhavam de expectativa.

— Não, me desculpe – Reyna estava agora muito perto dela, fazendo com que sua respiração se entrecortasse.

— Bom – Sussurrou, seus rostos separados por poucos centímetros – Não faça mais isso.

E se afastou, saindo do local, deixando Piper parada na entrada da academia. No rosto uma expressão de confusão, no peito um coração acelerado e na pele morena um rubor.

***

Reyna, já de banho tomado, buscou na geladeira algumas batatas, descascando elas para depois cozinhar. Enquanto abria um vinho retirado de seu armário, ela ouviu duas batidas na porta do apartamento.

Revirou os olhos levemente irritada. Não gostava de ser incomodada, ainda mais quando estava cozinhando. Com a taça já com bebida em uma mão, foi até a porta e abriu, dando de cara com Piper, a vizinha que a encarava na academia mais cedo.

— Ah, você. Oi.

— Eu? – Piper tinha um sorriso no rosto que foi desmanchado pela expressão de desgosto de Reyna – Oi...

— Posso te ajudar em alguma coisa?

— Na verdade – Piper mostrou o que trazia em mãos: um pote pequeno com uma tampa cor de rosa e com um bolo aparentemente fofo dentro – Vim te trazer isso. E pedir desculpa por ter ficado te encarando hoje. Eu só... Me distrai.

— Você é muito distraída – A olhou com uma sobrancelha arqueada.

— Pois é, me dizem isso – Sorriu sem graça.

— O que vai fazer agora? – Reyna perguntou analisando a garota, que vestia um short jeans e uma blusa larguinha que deixava seu ombro de fora.

— Voltar para casa – Deu de ombros – E preparar a janta.

— Fica por ai – Convidou meio sem jeito – Já to cozinhando mesmo. Depois podemos comer esse bolo bonitinho.

Com um sorriso alegre e certa confusão, Piper aceitou, entrando no apartamento da mulher. O lugar era bem arrumado e cheirava a casa limpa. Os móveis combinavam entre si tanto em material quanto em cores, deixando a garota maravilhada.

— E ai, o que está cozinhando?

— Gosta de batata? – Rumou para a cozinha, indicando que Piper sentasse no banco da bancada e largou sua taça, espetando os tubérculos com um garfo, a fim de ver se já estavam cozidas.

— Sim.

— E de peixe?

— Também – Riu suavemente vendo Reyna abrir o forno, onde a carne cozinhava lentamente.

— Pois é o que eu estou fazendo – Buscou outra taça na cristaleira – Aceita?

— Obrigada – Estendeu o braço, recebendo a bebida e dando um gole, saboreando o vinho e analisando Reyna, que vestia uma bermuda parecida com a que usava na academia e uma regata justa, delineando o corpo dela.

— O que achou?

— Delicioso – Respondeu meio em transe, sem tirar os olhos das pernas grossas da boxeadora.

— O vinho é muito bom mesmo – Reyna deu de ombros contente.

— O vinho? – Despertou confusa.

— Do que você estava falando? – Perguntou virando-se para olhá-la e percebendo que Piper a encarava com olhos famintos – Ah.

Piper então notou que tinha sido pega no flagra – mais uma vez, mas antes que pudesse se desculpar e morrer de vergonha, Reyna se aproximou dela calmamente, o corpo esguio tocando as pernas nuas da garota.

— Você.... Estava me olhando – Concluiu sorrindo.

— Eu... Estava – Um rubor começou a tomar conta das bochechas bronzeadas de Piper.

Reyna tocou com as pontas dos dedos o pescoço da garota, passando a mão para sua nuca e aproximando o rosto dela do seu delicadamente. Quando seus lábios quentes se tocaram, as costas de Piper se arrepiaram, fazendo com que a garota agarrasse Reyna e a colasse em seu corpo sentado no banco alto, entrelaçando suas pernas no tronco da outra.

A boxeadora, com uma mão na nuca de Piper, deslizou a outra mão pelo corpo esguio, parando na coxa que agarrou, arrancando um suspiro da garota, que revidou apertando sua bunda com as duas mãos livres.

— Vem comigo – Reyna pediu apoiando o peso de Piper em seu corpo e levando a garota agarrada nela até seu quarto, onde deitou sobre a visitante, sem cessar os beijos.

O local estava com a luz apagada e cheirava a incenso de canela, Piper notou. Além disso, a cama estava perfeitamente arrumada – pelo menos até as duas deitarem.

Reyna desceu os lábios, parando no pescoço da garota e tirando sua blusa, indo pelo peito, barriga e parando mais uma vez, desta vez na barra do short justo que ela usava. Deslizou a peça para fora do corpo que desejava com tanta ânsia e deixou apenas a calcinha vermelha rendada que ela usava.

— Veio preparada para a ocasião? – Provocou mexendo na cintura da peça colorida.

— Preparada para o que der e vier – Deu de ombros, fazendo com que seus belos e pequenos seios balançassem suavemente, seduzindo Reyna, que subiu o rosto e tocou no belo par. Tudo em Piper parecia provoca-la e faze-la querer mais.

— Você é muito gostosa – Confidenciou voltando a beijar a garota praticamente nua. Piper sorriu enquanto puxava a regata de Reyna para fora do seu corpo, interrompendo o beijo por apenas o tempo de jogar a roupa para o outro lado do quarto.

— Você já se olhou no espelho? – Indagou rindo e invertendo as posições, ficando por cima da garota que ainda vestia seu short solto e tornando a beijar sua boca com fervor.

— Garota, você é muito cheirosa – Reyna comentou sentido o cheiro do perfume de Piper, que mordia o lóbulo de sua orelha, deixando-a ainda mais excitada.

Piper cheirou o ar bruscamente, interrompendo as caricias sensuais e olhou preocupada para a garota abaixo de si, seus olhos eram apenas pequenos pontos de luz no quarto escuro.

— Que cheiro é esse?

— Seu perfume? – Riu agarrando a garota e trazendo-a para perto mais uma vez.

— Não, é sério – Cheirou o ar mais uma vez e Reyna arregalou os olhos castanhos e gritou.

— PUTA MERDA, O PEIXE!

E saiu correndo na direção da cozinha, deixando Piper gargalhando seminua em sua cama.