Wicked Game escrita por Senhorita Mizuki


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/78850/chapter/7

Capítulo 7

 

 

Hermione pressionou uma bolsa de gelo na testa de Harry. Este agradeceu, pegou a bolsa e continuou pressionando sobre sua cabeça. Em seguida a garota depositou uma aspirina e um copo de água na mesa, olhando-o de forma reprovadora. Agradeceu baixinho, pois até mesmo falar fazia sua cabeça latejar de dor – era um verdadeiro castigo ter de se recuperar de uma ressaca ao modo trouxa. Tomou a aspirina e recostou-se no espaldar da sua cadeira no escritório onde os aurores em treinamento, como ele, ficavam.

Naquela manhã, Harry havia entrado no Ministério e lançando olhares desafiadores para quem ousasse mencionar a noite anterior no pub. Obviamente as notícias já haviam voado feito um furacão. Não havia rastro de Dino Thomas em lugar nenhum, e Harry achou que era melhor assim.

Voando pela porta aberta, uma coruja vinha com sua edição do Profeta Diário. Seguindo ela vinha Ron, ofegando como se houvesse corrido. Colocou a moeda na bolsinha da patinha e pegou seu jornal, como Hermione também fez.

- Não acho uma boa idéia abrir esse jornal, Harry! – o amigo alertou erguendo o dedo.

Tarde demais, porque no mesmo aposento, Hermione já havia aberto e soltava uma exclamação abafada. Justino olhou por cima do ombro da colega e leu a notícia, soltando um palavrão. Harry olhou para eles e depois para Ron, que tinha uma expressão de súplica. Então abriu o jornal sem cerimônia, folheando até chegar à coluna social e viu o que temia.

Uma foto constrangedora de Harry tropeçando nos próprios pés para chegar ao banheiro e dando um flagra em Gina e Dino, uma foto encantada com a trajetória inteira, até ele desmaiar. Perfeito, resmungou entre dentes. Viu a autoria da foto e grunhiu alto, sentindo mil agulhas perfurarem sua cabeça.

- Quem foi o bastardo que convidou Colin Creevey?

- Ninguém, ele se infiltrou como sempre. – disse Justino, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Ron suspirou pesadamente e deixou os ombros caírem, tendo falhado na sua missão de evitar o inevitável. Arrastando os pés, puxou a cadeira na frente de Harry e sentou-se pesadamente. Fez umas caretas antes de falar ao amigo.

- Mamãe pediu pra que você reconsiderasse, e perdoasse Gina. – fez um gesto vago com as mãos – Disse que ela estava chateada e provavelmente muito bêbada.

- Certo. – Harry rolou os olhos para o lado – Então quer dizer que está tudo bem trair sua irmã se eu estiver bêbado e chateado?

- Hum... Eu acho que não. – o ruivo torceu a boca e olhou incerto para o outro.

- Ron, eu realmente amo sua mãe como se fosse minha... – começou num tom cansado – mas acho que ela deveria deixar meus relacionamentos em paz e se preocupar mais em quando você vai pedir Mione em casamento.

- Harry! – Hermione guinchou de seu lado, acertando seu braço com o jornal que segurava.

Como algo automático ligado ao nome de Mione e qualquer menção de relacionamento, Ron ficou vermelho e embaraçado. Pela primeira vez naquele dia Harry sorriu, mas só conseguiu mover um pouco a boca, porque até isso lhe doía.

- Ele não parece estar mais mal humorado. – a amiga resmungou, voltando a abrir o Diário.

- Talvez seja melhor assim, Ron... Nosso relacionamento não andava muito bem. Gina tem brigado muito comigo, é como se ela vivesse de TPM!

Nisso ele recebeu outro golpe com jornal de Hermione, Justino soltou uma sonora risada e também apanhou. O ruivo apenas cruzou os braços e pareceu considerar.

- Eu acho que ela ainda gosta de Dino, ou descobriu que gosta mais dele do que de mim, se é que me entende. – Harry continuou.

- Hey, Harry! Obrigado por compreender, amigão!

A cabeça de Dino apareceu na porta aberta, como se estivesse ali fazia um bom tempo, com medo de entrar e enfrentar certo companheiro. Dois na verdade, porque não apenas Harry, mas Ron também levantou e fechou a cara, estralando os dedos como um aviso. Dino achou que ainda não era uma boa hora para aparecer e engoliu em seco, desaparecendo de vista.

- Volte aqui que não resolvemos esse assunto ainda!

Harry precipitou-se pela porta, mas foi impedido por um obstáculo de asas, que ficou voando ali em cima de si bicando sua cabeça. Achando sua varinha, lançou um feitiço e com um piozinho o pássaro caiu duro no chão. Esfregando a testa olhou para os dois lados do corredor, vendo bruxos atarefados e milhares de bilhetes voarem de um lado para o outro, mas sem rastro de Dino novamente.

Suspirou e olhou para a coruja petrificada, amarrada a sua patinha havia um pergaminho enrolado que parecia ser de boa qualidade, estava lacrado por com o selo de um brasão que Harry já havia visto. Soltou-o antes de desfazer o feitiço. O animal o bicou violentamente no pé e levantou vôo, percorrendo habilmente os corredores daquele andar do Ministério.

Quando voltou para a sala, Ron tinha uma expressão mortificada.

- O que raios foi aquilo?

- Uma coruja de raça, não deve pertencer a qualquer bruxo. – Hermione disse olhando para o pergaminho em sua mão. – Do que se trata?

Harry quebrou o selo e abriu, descobrindo uma letra bastante rebuscada e o brasão se repetindo em uma estampa no topo da folha. Uma rápida olhada no fim da carta o fez franzir a testa, era de Richard Honeyman. Não podia ser coisa boa, porque tudo havia começado por causa dele.

Era um convite, não para assistir uma partida, mas para jogar uma partida de quadribol. Harry imaginou que o rapaz deveria gostar bastante de jogos, e estava curioso para saber até onde ele iria com eles. Havia reservado um estádio em uma ilha da Escócia para tal, Harry arregalou os olhos, não era qualquer estádio, mas o do time Pride of Portee!

Oh, mesmo não sendo dos Chudley Cannons, Ron ia ficar com tanta inveja...

Mas como um balde de água fria lhe veio a lembrança fatídica daquela festa, daquele quarto. Richard comentara sobre convidar Harry para uma partida de quadribol... com Malfoy. Logo, aquele loiro, maldito, com seu orgulho puro sangue enfiado no traseiro, estaria lá em um dos times. Com cem por cento de certeza.

Não, já havia tido o suficiente daquele sonserino. A partir do momento que se reencontraram uma onda de azar o atingiu. Uma que não o havia atingido desde que derrotara Voldemort. Dobrou a carta e largou na mesa, pegando um pergaminho da sua gaveta e começou a redigir sua resposta.

- Um convite para jogar quadribol no fim de semana – resmungou para os colegas. Sabia que estavam curiosos. – que não irei aceitar.

- Quadribol? É sempre bom... – Ron começou, pegando a carta e lendo antes que Harry pudesse impedir – Não vai? – pulou de onde estava – Mas... Mas é o estádio dos Pride of Portee!

- E daí? Não torcemos para eles. – disse indiferente.

- Não me importo, é um dos estádios britânicos mais tradicionais! – Ron fez uma cara de cachorro abandonado – Você poderia me levar...

- Ron, eu não vou.

- Eu acho melhor reconsiderar e aceitar, Sr. Potter.

A voz forte e grave veio da porta, fazendo todos virarem para a figura de Kingsley Shacklebolt. O alto auror segurava uma fumegante xícara de chá, olhando para Harry com uma das sobrancelhas erguida.

- Achei que tinham trabalho a fazer. – disse Kingsley indicando a papelada que formava pilhas nas suas respectivas mesas.

Harry, Justino e, principalmente, Hermione empertigaram-se em suas mesas e enfiaram os narizes nas pilhas de papéis, como se o expediente tivesse começado naquele momento.

- Potter, venha para meu escritório, sim? – disse Kingsley e, enquanto saía da sala, continuou – Weasley creio que essa não é sua seção.

- Desculpe senhor! – o ruivo corou e saiu ligeiro, mas não antes sem lançar um olhar nervoso para o amigo.

Ignorando os gestos do ruivo, Harry seguiu Kingsley até sua sala que, para um auror da posição dele, até que era apertada. Assim que se sentou do lado oposto da mesa, a porta se fechou atrás dele.

- Senhor, porque eu tenho de aceitar o convite de Richard Honeyman? – estreitou os olhos por detrás dos óculos – Hei, como sabia o conteúdo da carta?

- Tenho uma missão pra você, Harry. – apenas disse se reclinando na cadeira e tomando um gole de seu chá.

- Sério? Uau. – Harry piscou os olhos, um sorriso começou a se formar no canto da sua boca – Isso é ótimo, eu estava imaginando até quando ia nos deixar apenas cuidando de burocrac... – um sino soou na sua cabeça – Espere. Por favor, diga que essa carta não tem a ver com a missão.

- Bingo. – apontou os dois dedos para Harry, como se fossem duas armas.

Droga. Estava em uma semana de Murphy!

- Então, do que se trata? – recostou-se na cadeira, dando-se por vencido.

- Uma fonte vem nos informando sobre uma possível ligação de Honeyman com alguns Comensais da Morte.

- Sir Honeyman? – Harry franziu o cenho. Não parecia ser coisa que o homem faria, sem falar que tinha boas e generosas relações com o Ministério.

- Não, seu filho caçula, Richard.

Deslizou pela mesa o que parecia ser a ficha do corvinal. Havia alguns delitos sem muita importância, ocorridos fora de Hogwarts, que pareceram a Harry coisas de um adolescente rebelde. Os gêmeos tinham fama de desordeiros por muito menos do que constava naquela ficha. Não que houvesse alguma coisa que ligasse o corvinal a Voldemort, mas era fato que a maior parte dos feitos fora encoberta pelo pai do rapaz. O que o dinheiro e a influência não faziam, pensou Harry.

No entanto, realmente, não conseguia ver mais que um playboy entediado querendo chamar a atenção. Não se lembrava como era em Hogwarts, Harry não era familiarizado com os estudantes de anos anteriores ou acima deles. Apenas os de sua casa, já que freqüentavam a mesma sala comunal.

- Sabe bem que uma boa parte dos Comensais ainda está solta. – Kingsley falou e esperou o garoto assentir – Acreditamos que Honeyman esteja se comunicando e encobrindo um grupo.

- E eu entro onde nisso?

- Uma investigação, mas não é um trabalho de auror. O Ministério não nos deu permissão para esse caso, Honeyman é uma figura importante para a política de Scrimgeour. Estamos agindo com a Ordem aqui, Harry – disse em tom de confidência – Richard possui muitas amizades com jovens de famílias bruxas conhecidas, e pareceu interessado em você – deu uma pausa e uma piscadela sugestiva, o que fez Harry engolir em seco e imaginar que tipo de "interesse" poderia ser – Você ainda é um auror em treinamento, Honeyman sabe que não podemos lhe dar missões que não sejam supervisionadas por ao menos dois aurores profissionais. E ele deve achar, como alguns, que você é apenas o enfeite do Ministério. – sorriu de um jeito debochado.

- O que? – grunhiu e depois soltou um muxoxo – Eu sou não sou? É pra isso que me mandam para aqueles eventos entediantes e constrangedores, não é? – concluiu deprimido.

- Você pode provar que é mais do que isso, Harry. – o auror se inclinou apoiando os cotovelos na mesa – Então?

O rapaz olhou pensativo para a janela encantada. Parecia um serviço importante, precisava de alguma ação depois daqueles dias terríveis. Mal via a hora de começar com o trabalho de auror, mas este caso era o melhor que conseguiria até lá, certo?

O empecilho era o fato do insuportável do Malfoy ser amante do suspeito.

Harry pulou na cadeira, ficou ereto, finalmente dando conta da situação. Malfoy! Por Merlin, estavam falando sobre um caso envolvendo Comensais, e o maldito estava mais uma vez metido ali. Sentiu uma excitação correr por suas veias, um sentimento familiar de quando ele tinha aquele pressentimento sobre o sonserino estar envolvido em algo muito podre no sexto ano. Naquela vez estava certo sobre suas suspeitas, agora teria que investigar...

- Pode contar comigo, senhor. – disse com convicção.

Kingsley pareceu querer falar mais alguma coisa, mas Harry não soube o que era porque o homem calou-se, parecendo ter desistido. Este apenas sorrira, entregando-lhe a pasta com a ficha de Richard, dispensando Harry em seguida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!