Wicked Game escrita por Senhorita Mizuki


Capítulo 20
Capítulo 20




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Capítulo 20

 

 

- Ao menos uma notícia e foto decentes dessa vez. – disse Hermione, jogando um exemplar do Profeta Diário na mesa de Harry.

Ele leu rapidamente a notícia sobre a invasão de Azkaban, que resultou em apenas algumas horas de sucesso aos Comensais. Havia uma foto sua com Kingsley, mas nem sombra de Malfoy na matéria. Viu que o artigo o exaltava, como quando derrotara Voldemort, e percebeu que Kingsley deixou de passar suas mancadas, não mencionando nenhuma para os jornalistas Entretanto, também duvidava que tivesse falado a favor.

Soube do mandato de prisão de Honeyman, que agora enfrentava julgamento. Seu pai havia contratado os melhores advogados, mas daquela vez o herdeiro estava encrencado pra valer. Harry passou pelo tribunal em uma das seções do julgamento, fazendo questão de sorrir sadicamente para o rapaz ao passar por ele, estando aquele acompanhado de um advogado. O rapaz respondeu estreitando os olhos, como se pudesse fulminá-lo com o olhar. Acabara com nenhuma das conquistas, mas saber que nunca mais chegaria perto de Malfoy fazia Harry ficar inexplicavelmente feliz.

Harry estava ansioso. A missão acabara e não sabia como ficaria sua relação com Malfoy, mesmo porque ele acreditava na possibilidade de haver uma depois daqueles dias. Mas o loiro parecia ter dado sumiço depois do incidente e não tinha coragem de mandar correspondência para a mansão Malfoy.

E havia a noiva misteriosa. Não importava o que passara entre ambos, Malfoy ainda iria se casar para continuar a descendência ilustre da família de seu pai. E pensar naquilo fazia o seu monstro dentro do peito rosnar.

Nas semanas que seguiram, Harry tentou não pensar muito no loiro, achando que o sumiço era porque não queria mais ser importunado por ele. Afinal, Malfoy dera a entender que não se ligava a alguém até que lhe fosse conveniente. Harry trincou os dentes, se perguntando o que havia de conveniente na relação dos dois.

Voltou a sair mais com Ron, tentando compensar o fato de tê-lo negligenciado todo aquele tempo. Mas ainda encorajava-o a convidar Hermione para sair mais vezes sozinhos. Dava a desculpa de que a pobrezinha estava se afundando demais no trabalho e apenas Ron poderia fazê-la se distrair. Estava rendendo progressos, ainda que ele continuasse pior que Harry em termos amorosos.

Gina continuava solteira, dando em cima de Harry quando visitava A Toca nos finais de semana. Dino vinha deprimido para o treinamento, dando alguns olhares magoados a Harry. Este não conseguia entender porque a garota não dava o braço a torcer e ficava logo com o outro. Talvez se lhe dissesse que fosse gay... Não, ele não era! Ele só tinha essa pequena queda inexplicável por Malfoy. Que poderia ter sido solucionada semanas antes se Gina não tivesse aparecido para nada naquele domingo.

Não adiantava chorar pelo leite derramado...

Um dia, contudo, quando ia entregar um relatório no escritório de Kingsley, ouviu a voz de uma mulher com um sotaque carregado. Avistou uma garota pálida, alta e loira, vestindo uma capa castanha com a insígnia dos aurores no lado direito. O auror e a estrangeira viraram-se para ele e Harry arregalou os olhos, reconhecendo-a. O que a noiva perfeita e francesa de Malfoy fazia vestida com o uniforme auror e no escritório de Kingsley?

A garota pediu licença com uma voz calma a ambos, saindo altiva. Harry ainda permanecia olhando para as costas dela com o cenho franzido, quando Kingsley lhe chamou. Pediu desculpas e entrou no escritório, entregando o relatório. Enquanto o auror lia, Harry tomava coragem para perguntar, abrindo e fechando a boca ao menos umas cinco vezes.

- Fale Harry. – Kingsley pediu, sem tirar os olhos dos papéis.

- A garota que acabou de sair... – começou hesitante – Não era a noiva de Malfoy?

- Sylvie? – ele ergueu a cabeça – Oh, sim, sim. Mas era só um disfarce. Para aceitar a missão que dei a vocês, ele deu como condição que sua mãe ficasse protegida. Escalei Sylvie para esse cargo. Ela é uma auror francesa fazendo um intercâmbio. Bastante eficiente e discreta. – sorriu.

- Então Malfoy nunca teve uma noiva? – piscou, confuso.

- Malfoy? – falou em um tom incrédulo, dando uma risada – Eu não consigo imaginá-lo casado.

Pensando bem, nem eu. Harry permaneceu de pé, ruminando. Então Malfoy estava livre, ao menos até onde sabia. A não ser que mantivesse casos aqui e ali...

- Mais alguma coisa, Harry?

- Ahn, creio que sim. – coçou a nuca, embaraçado – Eu precisava contatar Malfoy para falar sobre algumas pendências da missão, e como não consigo encontrá-lo mais e o senhor é o contato dele com a Ordem, eu pensei...

- Considerando a época, é muito provável que o encontre visitando o cemitério esse final de semana. – disse Kingsley olhando-o com curiosidade.

- Cemitério? – ergueu uma sobrancelha.

- Sim, ele visita todo ano nessa época. – continuou encarando-o, esperando que perguntasse mais.

- Oh, obrigado! – e saiu ligeiro.

- Harry! – chamou-o quando estava já no corredor.

- Sim? – voltou.

- Não quer que eu lhe ensine o caminho? – perguntou com uma expressão divertida.

- Oh sim, seria ótimo. – murmurou atrapalhado, amaldiçoando-se por corar na frente do chefe.

oOo

Apareceu no dia que Kingsley garantiu que o outro visitaria o local, observando com interesse as tumbas. Nunca estivera em um cemitério de bruxos antes. Dumbledore havia sido enterrado em Hogwarts e seus pais jaziam em um cemitério trouxa em Godric's Hollow. Reconheceu os nomes de algumas famílias, principalmente as relacionadas com a família Black, registradas eternamente no famoso tapete com a árvore genealógica. De certa forma, aquele cemitério lhe dava arrepios. Mesmo sendo no meio do dia, estava cercado de tantas árvores que as tumbas ficavam debaixo das sombras.

Avistou a cabeleira loiro-prateada em meio às lápides grandes e sentiu seu coração bater mais acelerado. Aproximou-se silencioso pelas costas dele, esticando o pescoço para ver o nome da lápide a sua frente: Vincent Crabbe.

Malfoy franziu o cenho e virou-se, assustando-se com a cara de Harry tão próxima.

- Você! – silvou – O que quer?

- Acertar algumas coisas. – disse sério.

- Mesmo? E temos pendências? – perguntou com a voz arrastada.

E voltou a fitar a lápide, passando a mão pela pedra polida. Harry o viu agachar-se e retirar um buquê de flores murchas, substituindo elas por frescos lírios no vaso.

- Você se juntou a Ordem da Fênix depois que Goyle e Crabbe faleceram. – comentou, não se importando se o estava importunando.

- Às vezes só percebemos o que temos quando perdemos. – disse vagamente, depois de alguns segundos em silêncio – Só percebi que eles eram meus únicos amigos quando os vi morrerem na minha frente. Haviam se juntado aos Comensais por minha causa, porque eles me seguiriam a qualquer lugar...

Harry sentiu-se desconfortável – ele tivera Ron e Hermione desde os onze anos. Havia recusado a amizade de Malfoy antes mesmo de conhecê-lo melhor. Não que ele tivesse se mostrado uma pessoa digna de sua amizade nos anos de escola, muito pelo contrário. Mas ainda assim...

Draco levantou-se, afastando-se, e ele o seguiu. Seguiram até uma área sem árvores onde o loiro cerrou os olhos e inclinou a cabeça para trás, recebendo o sol no rosto. Então se virou para encará-lo com um sorriso malicioso nos lábios finos. Harry tentou não os encarar muito, o que era difícil.

- Posso considerar que ficou fascinado com minha beleza estonteante e por isso esqueceu o que tinha para me dizer? – disse em uma voz sedutora.

- Estive pensando sobre nós. – não evitou corar e desviou os olhos.

- Então existe um nós? – cruzou os braços, parecendo muito interessado.

- Eu espero que sim. – falou hesitante, remexendo nos bolsos – Porque essa questão está me deixando maluco e não tenho mais uma missão para culpar!

- Descobriu finalmente o porquê, Potter? – aproximou-se até que seus narizes quase tocassem, e seu hálito quente o acariciou.

- Okay, talvez eu seja gay, provavelmente bi. – admitiu embaraçado – Mas eu só me sinto atraído por uma pessoa. – terminou, sentindo suas faces queimarem.

- Hum... Estamos começando a evoluir. – colocou um dedo nos lábios, em posição pensativa. Harry sentiu vontade de colocá-lo na boca – Eu sei que sou irresistível.

- Certo. – disse rapidamente – Agora responda a minha pergunta. Aquela que te fiz naquele dia.

Malfoy assumiu uma postura mais séria, preferindo desviar os olhos cinza para outro lugar que não seu rosto. Harry sentiu uma onda de prazer ao perceber um embaraço cobrir as faces aristocráticas.

- Estava começando a confundir meus próprios avanços. – mordeu o lábio inferior, fazendo-o voltar a prestar atenção na sua boca – Fiquei bastante furioso quando disse aquilo de mim, Potter. Não é qualquer um, sabe? – resmungou virando os olhos, nervoso – Talvez com aqueles de quem eu possa tirar algum proveito, mas eu nunca dou muito. Pequenas migalhas na maioria das vezes é o suficiente. – deu de ombros, jogando a franja para trás – Poderia ser o caso, mas não foi. Quis tirar a dúvida se não era apenas minha obsessão juvenil, que mantive por seis anos, me guiando ou se estava mesmo ficando atraído.

Harry ficou surpreso e fez um oh silencioso com a boca, remexendo ainda nos bolsos e olhando para o chão. Tentou não sorrir, sentindo um calor no peito e seu monstro ronronar como um gatinho afagado. Ouvi-lo dizer sobre obsessão o fez lembrar de si mesmo no sexto ano e imaginar o quanto Malfoy perdera de seu tempo bolando formas de irritá-lo e se dar mal.

- Mas a sardentinha teve de interromper nosso pequeno interlúdio... Então o meu experimento foi por água abaixo. – continuou e estalou a língua.

- Bem, hum... – o outro começou atrapalhado, pigarreando em seguida – Se ainda estiver interessado, podemos, ahn, continuar. – olhou rápido para ele antes de voltar a encarar o chão, chutando uma pedrinha.

- Eu não sei. – o loiro suspirou pesaroso – Pode não dar certo... – disse em tom vago.

- Oh, eu entendo... – murmurou Harry, sem disfarçar sua decepção, deixando os ombros caírem.

Tinha esperanças de que pudesse, mas Harry tinha de concordar. Não se aturavam e provavelmente se alfinetariam a toda oportunidade. A personalidade de Malfoy só era suportável quando não era arrogante e a atração poderia não passar de fogo de palha... Pelo visto nunca saberia.

- Teria mais daquela geléia sobrando na sua casa? Porque não acredito que seria o mesmo sem ela. – continuou, dizendo no mesmo tom.

O ex-grifinório ergueu a cabeça de súbito, achando que se enganara com o que ouvira. Mas então viu o rosto do loiro ficar suave, como naquela vez, mas de novo poderia ser a luz. Ainda assim Harry deu um sorriso maroto.

- Não precisa se preocupar com isso, eu tenho dezenas de potes com geléia de amora. Daria para uma festa. – disse contendo um riso.

- Isso é interessante. – arqueou uma sobrancelha – Mas ainda, pode não dar certo.

- Temos de tentar antes, não? – murmurou.

E chegou mais perto, levando uma mão até a face de Malfoy, acariciando a pele pálida antes de fazê-lo virar o rosto para si. O loiro piscou, fitando-o intensamente, cerrando os olhos quando a boca de Harry roçou na sua, entreabrindo a própria em resposta. Ele primeiro sugou levemente seu lábio inferior e, então, cobriu a boca com a sua.

A língua de Malfoy se insinuou pelos lábios, lambendo os dele, pedindo por mais. Passou a mão pela nuca, sentindo os fios macios do ex-sonserino entre os dedos, mantendo sua cabeça firme enquanto aprofundava o beijo. Com certo divertimento e nostalgia sentiu o gosto de café.

O som de clique seguidos os interrompeu, fazendo-os se sobressaltarem e olharem na direção do barulho. Colin Creevey segurava sua câmera na altura dos olhos e continuava a fotografá-los. Harry trincou os dentes e cerrou os punhos, muito irritado. Aquilo já havia chegado a um limite! Tinha pegado muito leve com Colin desde Hogwarts. O rapaz parou de fotografar e baixou a câmera, sorrindo e erguendo a mão, cumprimentando-o alegremente.

- Ora, seu... – Harry rosnou.

Vendo-o puxar a varinha e dar dois passos em sua direção, furioso, Colin baixou sua mão e engoliu em seco, percebendo o perigo. Deu uma desculpa qualquer e virou-se, afastando-se em passos rápidos. Harry foi atrás dele, mas então vendo que Malfoy continuava parado, com um semblante calmo, virou-se para ele com o cenho franzido.

- Não vai atrás de Colin?

- Eu iria. Se não tivesse feito um acordo com ele. – disse na sua voz arrastada, mostrando um envelope grande que tirou de dentro da capa – Em troca dos originais de certas fotos constrangedoras no vestiário da Grifinória. – sorriu malicioso.

Harry gelou, eram aquelas fotos.

- Porque as quer, Malfoy? – perguntou receoso.

Na sua cabeça vinha de tudo que um sonserino era capaz de fazer, principalmente envolvendo chantagens. Malfoy riu, cobrindo a boca com o envelope, estreitando os olhos cinza para ele.

- Quer mesmo saber? – ronronou, aproximando-se de Harry e deslizando um dedo pelo abdômen dele, parando no cós da calça jeans – Se trata de um jogo. – travou seus olhos nos verdes – Quer jogar comigo, Potter?

 


- Não, não conto o que tanto havia naquelas fotos além de nudez. XD

 


 

Finite Incantatum

 

Escrito em Fevereiro/2007

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram ou apenas leram!

A fic foi escrita há bastante tempo, mas fico feliz de vê-la ser lida aqui no Nyah.
Estou postando o que tenho aos poucos aqui.
Vai ter coisa nova, assim espero.


Beijos!