Wicked Game escrita por Senhorita Mizuki


Capítulo 17
Capítulo 17




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Capítulo 17

 

 

Draco seguia encapuzado um grupo vestido da mesma maneira, sentindo-se ao mesmo tempo um fracassado e um bastardo – mais uma vez – e a sensação era tão terrível quanto daquela outra vez. Esgueiraram-se pelas sombras, perto das docas onde repousavam barcos que levavam até a pequena ilha ao norte. Lembrou-se amargamente do tempo em que, junto com Crabble e Goyle, fazia o mesmo, esperando o momento de atacar trouxas em seus bairros tranqüilos.

Quis que um buraco abrisse e o engolisse quando ouviu Richard, – que o chamou no meio do jantar com sua mãe – dizer que os Comensais de Lestrange haviam movido de seu esconderijo nas Ilhas Hébridas e se encontravam perto de Londres. O que significava que Shacklebolt havia mandado seu grupo de aurores montar seu cerco nas montanhas da ilha tarde demais. E que sua mansão encontrava-se a mercê, sem dele presença e a de Snape.

O plano que estava sendo aguardado por meses – e Draco com custo tentava saber aconteceria, devia tomar parte dele, como um puro sangue defensor da causa dos Comensais. O loiro se viu na berlinda, pronto a recusar vestir sua capa e se esgueirar pelas terras britânicas como sombra do falecido lorde. Mas pela primeira vez em eras, Richard o colocou contra a parede, contando o plano.

- Azkaban...? – sua voz falhou e teve de se sentar.

Por meses Richard havia travado contato e subornado guardas da prisão bruxa. Com a última guerra, o Ministério havia decidido diminuir muito o número de dementadores para guardar os prisioneiros – achavam que muitos deveriam ter aprendido da primeira vez em que eles se juntaram ao Lorde das Trevas. Não se arriscariam mais uma vez.

Ao invés das criaturas sugadoras, o posto foi substituído por guardas – estes não muito preparados como os aurores, o que na opinião de Shacklebolt era um tremendo erro. Pessoas corruptíveis existiam em qualquer lugar, Draco bem sabia.

Lestrange pretendia soltar mais Comensais para aumentar sua limitada tropa. O passo seguinte era pura vingança, caçar bruxos que mais uma vez se livraram das suas sentenças negando sua associação a eles e entregando milhares deles.

- Sabe que comando Lestrange deu a todos nós, Malfoy? – esperou até que o loiro o olhasse receoso – "Massacre todos os traidores que encontrarem lá, sem piedade". Sabe o que isso significa?

Colocou a mão sobre a boca, reprimindo um gemido estrangulado, Draco sabia. Seu pai seria um homem morto se qualquer um daqueles Comensais encontrasse a cela dele. Não fazia idéia do tempo que levaria para os aurores chegarem quando o alarme de invasão fosse dado, mas poderia ser tarde demais até que acontecesse.

- Mas... – sua voz voltou a falhar – E quanto ao plano que nós...

- Não se preocupe, nós teremos Potter. Você nos dará ele, se seu plano de seduzi-lo deu certo. – disse sarcástico.

E colocou a sua frente um pergaminho e uma pena simples, ditando a carta que queria que escrevesse. Draco escreveu obedientemente, com o cenho franzido. Quando terminou e teve o pergaminho arrancado da sua mão, apenas rezou para que Harry não fosse estúpido o bastante de acreditar nela, ou ao menos de não ir sem alertar Kingsley, achando que era realmente um maldito de um encontro amoroso.

Nas horas seguintes era conduzido até onde Lestrange e outros Comensais estavam a postos, com Richard em seus calcanhares para que não perdesse um passo seu. O marido de sua falecida tia sorriu malicioso ao ver Draco, parecendo bastante satisfeito em ter o herdeiro dos Malfoy em suas mãos. Com o canto dos olhos jurou ver o apático Nott fazer o mesmo.

Os Comensais se dividiram em grupos, seguindo por diferentes caminhos. Malfoy e seu grupo aguardavam, até que Richard conseguiu fazer contato com o guarda que cuidava das docas. Como Hogwarts, ao redor da ilha havia um escudo que impedia aparatar dentro do seu território – o único acesso eram os barcos. Draco reconheceu as embarcações, sabendo muito bem como era remar dentro delas, balançando em meio à névoa que circundava a ilha.

Deviam ir deitados nos barcos, poucos a cada vez, até que o guarda trouxesse todos para outra margem. A névoa tornava a visibilidade praticamente nula, sabiam que os guardas não os enxergariam. Isso também denotava a presença de dementadores na ilha. Draco engoliu em seco. Sua experiência com essas criaturas fora das piores quando estiveram envolvidos em um dos ataques dos Comensais. Aproximando-se lenta e silenciosamente de barco, Draco começava a sentir a presença deles.

Cerrou os olhos com força e tentou esvaziar sua mente, para que não enlouquecesse – era inútil, ela estava cheia de pensamentos sobre seu pai jazendo em alguma cela da prisão. Cada hora que passava sua aflição crescia.

Descendo à margem, aguardou. O silêncio na prisão era perturbador, como o que vinha antes de uma tempestade. O guarda os conduziu por uma estreita entrada e Draco estranhou aquela calma ficando entre aflição e alívio ao pensar que poderia ser uma armadilha, e que lá em cima o que encontrariam seria uma barricada de aurores atirando feitiços para todos os lados.

Entretanto ao alcançarem uma ala da prisão o que encontraram foram os guardas adormecidos, enquanto um os aguardava com a varinha em punho. Draco segurou a sua dentro do robe, mas relaxou, vendo que o homem sorria e indicava atrás dele as celas abertas. O loiro deu um passo para trás, reconhecendo alguns presos que saíam de suas celas.

Dois homens do seu grupo se adiantaram até eles, distribuindo varinhas para os prisioneiros. Viu dentes amarelados sorrindo maliciosos e estremeceu. Tudo que sobrara naqueles homens fora maldade. Draco agradeceu ao fato de Greyback ter sido morto em uma batalha de lobisomens por aquele Lupin.

Logo mais presos eram soltos a medida em que avançavam pelas alas que pareciam ser de assassinos perigosos. Draco seguia olhando para as celas, procurando. Surpreendeu-se ao encontrar mais guardas adormecidos, enfeitiçados provavelmente por culpa de relaxarem em seus postos. Não demorou muito para que visse um dos Comensais atacar o preso de uma cela específica. Correu até lá, vendo uma luz verde atingir o homem, que caiu como um boneco ao chão.

Draco cobriu a boca com a mão, vendo o rosto sem vida. Não era alguém que conhecia, mas ainda assim gelou – haviam começado o massacre. O homem olhou lascivamente para ele, quando passou para continuar pelo corredor. Depois disso, o alarme pareceu ter sido finalmente dado e guardas empunhando suas varinhas apareceram. O número de assassinos armados, contudo, já superava o deles.

Isso dificultava as coisas para Draco, que se viu obrigado a contra-atacar, aproveitando a confusão de Comensais e guardas nas alas para prosseguir. Ouviu Richard chamá-lo, mas ignorou-o sem olhar para trás. Atacava com azarações simples, como a de tropeço e de corpo preso, defendendo-se com o escudo. A guerra o havia feito mais ágil do que quando saíra de Hogwarts em seu sexto ano, sob as asas de Snape.

Blasfemou mentalmente. Porque diabos ele nunca quis saber onde seu pai estava preso?, pensava, enquanto desviava dos combatentes e prosseguia, checando cada cela fechada. Soltou todo o ar preso nos seus pulmões quando avistou através da janelinha de uma cela olhos cinzentos como os seus.

Lucius, que viera até a porta quando ouviu o som de batalha, arregalou os olhos quando encontrou seu filho. Draco mandou que se afastasse e explodiu a tranca. Entrou e estacou, franzindo o cenho para uma gargantilha de ferro no pescoço de seu pai.

- Mas o que... – disse, erguendo a mão para tocar.

- Uma pequena punição para os que se rebelam aqui. – tocou o objeto – Impede que manifestemos nossos poderes. Brincam que assim viramos trouxas. – informou-o com escárnio – Novidade do Ministério de Scrimegour.

- Não tenho tempo para descobrir como abre. – murmurou nervoso – Temos de sair daqui agora!

- Sair? – riu, balançando a cabeça para o filho – Me solte disso e me dê uma varinha, nos juntemos a eles. Mostrarei a esses guardas quem é Lucius Malfoy! – rosnou com um sorriso insano no rosto.

- Não teria tanta certeza quanto a nos juntarmos a eles. Lestrange é o líder. – viu o pai ficar mais branco do que já era – E não está muito contente com nossa família.

Outra explosão mais alta estourou próxima a eles e, percebendo que não poderiam se demorar mais, Draco acenou para que o pai o seguisse. A maldita prisão era um labirinto de corredores como Hogwarts, e sentiu-se irritado por ter de chegar até ali sem um plano. Lucius estava abatido como o esperado e tentava retirar com as mãos nuas a gargantilha apertada.

Alcançando um corredor vazio, Draco os levou para trás de uma parede, esperando e pensando em como sair dali. Enquanto espiava o corredor, Lucius falava com ele, parecendo-lhe mais um homem em delírio.

- Quando sairmos daqui, – começou sorridente – Levarei você e sua mãe para a Índia, lá não poderão nos encontrar. – murmurava frenético – Era o que deveria ter feito desde o começo. Porque eu não fiz... Por que...

Draco desviou seu olhar do corredor, ouvindo seu pai lamentar. A visão de seu pai abatido, prestes a desabar, se lamentando e deixando de lutar contra as lágrimas era uma imagem que nunca vira em sua vida. Mesmo nos momentos mais difíceis, quando sua mãe desabava em lágrimas e ele sentia-se triste, seu pai se mantinha firme – a máscara fria e aristocrática em seu rosto, recriminando o jovem Draco por demonstrar-se tão fraco.

Ergueu a mão e hesitou, pensando se devia ou não tocá-lo, ainda o medo juvenil de ser repreendido por ser sentimental. Estava prestes a ceder e tocar os mal cuidados fios prateados do pai, quando ouviu mais explosões. No instante em que espiou o corredor, uma mão grande agarrou seus cabelos, puxando-o pra cima. Draco ganiu de dor, enquanto Lucius continuava sentado ao chão, o rosto escondido, parecendo não perceber.

O homem puxou o capuz e mostrou os dentes amarelados em um sorriso sádico. Era Macnair, bastante satisfeito por encontrar dois Malfoys de uma vez só. Lucius ergueu o rosto, recuando-o prontamente ao se ver na mira da varinha do Comensal.

Empurrou os dois por uma passagem, as lutas pareciam estar controladas. Draco franziu o cenho, estranhando que os aurores ainda não houvessem aparecido. Suas mãos estavam atadas por um feitiço, assim como as de seu pai, seguindo para o saguão da construção. Os Comensais se postavam em volta, deixando o centro aberto. Quando Lucius reconheceu Lestrange, tentou se soltar, fazendo o bruxo rir debochado.

- Ótimo. – o homem gargalhou – Na falta de um, temos dois Malfoys!

- Seu bastardo... – grunhiu Lucius.

- Igualmente, Lucius. Não se preocupe, Malfoy. – disse se dirigindo a Draco – Não os matarei porque cumpriu o que disse.

O rapaz entendeu no instante seguinte, quando trouxeram Potter igualmente de mãos atadas, com uma gargantilha igual à de seu pai no pescoço. Debatia-se e soltava palavrões, muito nervoso. Parou quando encontrou os olhos de Draco, que suspirou.

Enganara-se. Potter era o tipo de idiota que acreditaria naquela carta.


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