A Cesta Perfeita escrita por PJOdasfic


Capítulo 2
Capítulo 2




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Apesar do avanço rápido no primeiro dia, o resto da semana não foi nada produtivo. Tinha se aproximando bastante de Jason e até um pouco de Reyna, mas nenhum dos dois deixou escapar algo comprometedor, e Piper não teria a audácia de perguntar algo que a pudesse comprometer, ainda mais com Reyna a olhando  a cada instante, como se pudesse saber exatamente quais eram suas intenções.
 

Outro retrocesso no plano foram alguns alunos da Jupiter School. Antes de ir para lá, Piper imaginava que todos os alunos ali eram os clássicos filhinhos de papai, mimados, metidos e esnobes, mas nem todos eram assim. Tinha sido muito bem acolhida e feito amizade com Hazel e Frank, um casal extremamente fofo que, se terminassem um dia, fariam toda a escola chorar. Também simpatizou com Dakota, Gwen e outros alunos, mas o seu preconceito sobre filhinhos de papai de confirmou ao conhecer Octavian. 

 

— Você namora? – perguntou ele sem se importar com o fato de estarem em uma roda de colegas.

 

— Não. – respondeu ela secamente. Aquela era a décima pergunta daquele tipo que o garoto fazia.

 

— Que estranho. Você é tão legal, é bonita, é...

 

— Olha só, Octavian, você tirou A na prova de física, não foi? 

 

— Foi sim. – respondeu ele confuso, mas obviamente orgulhoso — Por quê?

 

— Se você tirou essa nota, significa que você é inteligente. Mas para alguém inteligente, você está agindo como um completo acéfalo. Você colou na prova, foi? 

 

O garoto enrubesceu como um tomate. Os outros seguraram o riso. Após alguns segundos em silêncio, ele disse:

 

— É por isso que você está solteira. Essa sua grosseria afasta os garotos.

 

— A minha grosseria afasta garotos como você, e é exatamente por isso que eu sou grossa. – Piper finalizou a frase com um sorriso doce, o irritando ainda mais. 

 

Octavian baixou o rosto e se levantou sem dizer nada. Caminhou de volta para dentro da escola, mas não estava com a carranca arrogante de sempre. Parecia... magoado. Não pelo o que Piper disse, mas como se as suas palavras o tivessem trazido uma lembrança triste. 

A conversa logo mudou de rumo e foi se agitando. Todos estavam ansiosos para a final de basquete que seria dali quinze dias. A mãe de Annabeth tinha conseguido falar com os responsáveis pelo campeonato, mas eles apenas adiaram o campeonato em uma semana, já que até o tornozelo de Will e o pulso de Nico já estariam cicatrizados, mas era óbvio que fizeram isso apenas para não dizer um “não”. 

Mesmo com o agito da conversa, Piper não conseguia parar de pensar em Octavian. Algo na mágoa dele a estava incomodando. Sua intuição a dizia para ir atrás dele, e foi isso que ela fez. Demorou um tempo até encontrá-lo, mas enfim o achou na sala de teatro, que estava vazia. 

 

— Octavian? – chamou ela fechando a porta atrás de si. 

 

O garoto se virou abruptamente, assustado, e esfregou os olhos rapidamente.

 

— O que você quer? – perguntou ele grosseiramente.

 

— Quero conversar com você.

 

O garoto estava sentado no palco. Piper foi até lá e se sentou de frente para ele.

 

— Conversar sobre o quê? Namoro? – desdenhou ele.

 

Ela manteve-se calma.

 

— Sobre você.

 

Octavian deu um riso seco.

 

— Quer dizer que você é do tipo que quanto mais a gente pisa, mais você se apaixona?

 

— Não, eu não sou assim, Octavian. Eu notei que você saiu magoado, não daquele seu jeito de orgulho ferido, mas sim, magoado de verdade, e isso me preocupou. Sei que fui grossa, mas, por favor! Você é o Octavian, o garoto que tira qualquer um do sério. 

 

Um sorriso se formou no rosto dele, mas sumiu tão rápido quanto apareceu.

 

— Está acontecendo alguma coisa. – afirmou ela o olhando fixamente nos olhos.

 

— Não, não está. – ele não manteve contato visual com ela.

 

— Octavian, isso não foi uma pergunta. Eu sei que está acontecendo alguma coisa, e você vai me contar o que é, não vai?

 

O garoto assentiu automaticamente, mas logo negou vorazmente.

 

— Não vou te contar nada!

 

Piper abriu um sorriso vitorioso e cutucou no peito.

 

— Viu só, você está escondendo alguma coisa, sim. Esse segredo está te consumindo, Octavian, e vai te fazer bem se você contar isso a alguém.

 

Piper podia ler com facilidade a expressão de Octavian. Era verdade o que ela disse. Ele tinha um segredo e aquilo o estava sufocando. Toda a sua arrogância era para encobrir aquele problema.

 

— Se você contar isso para alguém, eu farei questão de te atormentar para o resto da vida. – avisou ele. Respirou fundo algumas vezes e disse: — Eu odeio o Jason e a Reyna. Odeio!

 

— Por quê? – perguntou Piper indiferente.

 

— Porque... Espere aí, você não está surpresa?

 

A garota negou.

 

— Todo mundo tem capacidade para odiar alguém e todo mundo tem algo que o faça ser odiado.

 

O semblante dele se tornou pensativo.

 

— Eu os odeio porque eles tiraram tudo de mim. Eu queria ser presidente do grêmio estudantil, eles ganharam; queria ser representante, eles ganharam também; queria fazer parte do time de basquete, Jason não me aprovou no teste. 

 

— Você está vendo tudo pelo lado errado. Eles ganharam as eleições, mas não foi por maldade. Você não passou no seletivo de basquete, mas não foi porque Jason não o aprovou. Você treinou para o teste? Você é bom no esporte?

 

O garoto negou, envergonhado. Piper aproximou sua mão lentamente da dele, como se ele fosse um animal de rua que tivesse sido maltratado pelo antigo dono e agora temesse qualquer carinho.

 

— Tem mais algum motivo que o faz não gostar deles. Qual é? Eles fizeram algo ruim para você, algo diretamente para você?

 

Ele demorou para responder.

 

— Fizeram, mas com tudo isso que você falou, você me fez pensar. A culpa não é deles. 

 

Piper ficou em silêncio para deixá-lo à vontade. 

 

— A Reyna gosta do Jason e ele também gosta dela.

— Então é por isso que você está magoado? Você gosta da Reyna? 

 

— Sim, mas ela não gosta de mim. – aquilo o irritava.

 

— Você já parou para pensar no porquê ela não gosta de você?

 

— Porque eu não sou o Jason.

 

Piper negou.

 

— Porque você age como um...

 

— Merda? – sugeriu ele.

 

— É, um merda. – Piper riu e Octavian riu de volta — Se você quer ter alguma chance com ela, tem que parar de odiar os outros por algo que foi culpa sua ou culpa de alguma força maior. Além de te ajudar com ela, vai te ajudar a ter um relacionamento melhor com as outras pessoas. Vai ser um pouco difícil no começo, vão desconfiar de você, mas eu vou estar aqui para te ajudar, está bem?

 

Octavian sorriu e apertou sua mão, mas logo ficou um pouco desconfiado.

 

— Por que você está sendo tão legal comigo? 

 

— Porque sei como você se sente. Quando eu me senti assim, não tive ninguém para me ajudar. Agora que já me curei, quero ajudar quem eu puder, começando por você. O que me diz? 

 

O garoto estava confuso. Não estava acostumado àquele tipo de tratamento. Quando começou a agir daquele jeito, tentando esconder o que sentia, Octavian tinha esperança de que alguém notasse e viesse ajudá-lo, mas essa esperança tinha morrido muito tempo atrás. Estava feliz pela ajuda finalmente ter chegado, mas ainda estava se sentindo meio estranho ao abraçar Piper. Durante todos aqueles anos, ele tinha interpretado tão bem o papel de idiota arrogante que quase tinha se esquecido como era ser ele mesmo. 

Os dois saíram da sala de teatro e passaram o resto do intervalo conversando. Quando não estava ocupado demais sendo arrogante e mesquinho, Octavian era uma pessoa muito legal, mas era óbvio que às vezes lhe escapava algum comentário ruim; ninguém muda da noite para o dia. 

 

— Sabe que eu tive uma ideia? – falou Piper.

 

— Que ideia?

 

— Você ainda quer entrar para o time de basquete? 

 

— Querer eu quero, mas acho difícil. Além disso, o único time possível agora é para as aulas normais de educação física. Eles não vão mexer no time oficial até o fim do campeonato. 

 

— Mas e quando mexerem? Você vai querer estar nele? – o garoto assentiu – Se quiser, eu posso falar com um dos garotos do time para ele ir te treinando, dando umas dicas, para quando chegar o próximo seletivo, você ir lá e arrasar!

 

O garoto sorriu, considerando a hipótese. 

 

— Acho que antes de pedir qualquer coisa a ele, primeiro eu tenho que conseguir limpar a minha imagem. Quando eu não fui aceito no seletivo, entrei na sala de treinamento e furei todas as bolas de basquete...

 

Ela suspirou fundo. Não seria um trabalho fácil, mas nada é impossível quando se quer de verdade. 

 

— Você consegue. Já estamos conversando há meia hora e você não falou nada em tom de desprezo. Tem que reconhecer que é um avanço.


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