Cisne Negro (One-Shot) escrita por LittleBells


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Essa one-shot é fruto do projeto "One-Shot Oculta 4 em 1". É a minha primeira one, então espero que gostem :)



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Isabella movia as pernas finas e longas com leveza. Com a ajuda de um dançarino que a pegou pela cintura, voou com o seu corpo pelo ar, pousando delicadamente no chão após o movimento. Na ponta dos pés, rodopiou incansavelmente, sendo seguida pelas outras dançarinas. Ao final do passo, correu através da sala espelhada, dando um pulo no ar e finalizando com um espacate no chão. Todos os dançarinos da sala aplaudiram quando ela se levantou.

— O ensaio foi ótimo. Acho que estaremos muito bem preparados até o concurso em Nova Iorque — ela concluiu, abraçando os membros da sua equipe de ballet.

No corredor, Edward Cullen observava o ensaio através da porta, de forma discreta. Em suas mãos, uma vassoura. No rosto, um sorriso. No coração, a vontade de participar daqueles ensaios e sentir a sensação daqueles passos. Desde que começou a trabalhar como faxineiro na famosa escola de ballet “Swan’s”, Edward passava parte do seu tempo observando os ensaios, principalmente aqueles em que a senhorita Swan estava presente. Todos aqueles passos leves lhe passavam um único sentimento: liberdade.

— Você gosta dela — afirmou Jasper, que era um dos dançarinos e um bom amigo para Edward.

— Não começa, Jasper — Edward disse, voltando a varrer o corredor.

— Edward, você sempre olha com essa cara de apaixonado pra ela. Até para de fazer seus afazeres para acompanha-la nos ensaios. Você gosta dela sim — disse o amigo, que retirava as amarrações da sapatilha.

Realmente, Jasper não mentia. Edward começou a nutrir um sentimento por Isabella logo quando começou a trabalhar no ballet. A doçura e simplicidade de Bella eram as duas qualidades mais admiradas por Edward, tanto é que fisgaram seu coração rapidamente.

— Gostou do ensaio, Edward? — Bella perguntou, desamarrando o coque apertado e deixando os cabelos castanhos ondulados caírem pelos ombros. Edward ficou admirando sua beleza por alguns segundos, até se lembrar que tinha que responder sua pergunta.

— Foi ótimo, senhorita — Limitou-se a dizer. Tinha medo que Bella pudesse chamar sua atenção por ficar vidrado nos ensaios, esquecendo de fazer suas tarefas no trabalho.

— Jas, a Alice pediu pra avisar que está te esperando lá fora.

— Obrigado, Bella. Até amanhã. — Jasper se despediu da amiga e companheira de trabalho, dando um beijo em sua bochecha — Edward, pensa no que eu te falei — ele disse pro amigo antes de se retirar.

— Estou curiosa. O que ele te disse? — Bella perguntou com um sorriso doce no rosto. Ela olhava com curiosidade para Edward.

— Ah, não é nada demais... é sobre a minha faculdade. A senhorita quer que eu fique até fechar a escola? — Perguntou, mudando de assunto.

— Senhorita não. Bella, ok? Já te falei isso mil vezes! — ela sorriu — e hoje eu vou fechar a escola, então você pode ir pra casa se quiser.

— A senhorita.. Digo, não acha melhor eu ficar aqui com você até fechar a escola? Paris já não é tão segura como antigamente. — Edward deu um sorriso.

— Se não for te atrapalhar, eu adoraria. De verdade. — Bella disse, estendendo a mão para acariciar o ombro de Edward.

Há alguns meses ela tentava dar em cima dele discretamente. Não sabia muita coisa da vida do funcionário, já que ele era muito reservado, mas tinha certeza que ele era uma pessoa incrível. Edward sempre estava ali quando Bella precisava, não importava qual fosse a situação. E a cada vez mais ela se apaixonava por ele. Tentava seguir os conselhos de Alice, sua melhor amiga, e Rosalie, sua cunhada. No entanto, Edward não parecia se atentar nas investidas que Bella dava. Ela já estava quase desistindo.

— Eu vou me trocar. Você pode ir fechando as salas, por favor.

Enquanto Bella estava no vestiário, Edward terminava de arrumar as salas e tranca-las. Todos os alunos já haviam saído, então só os dois estavam ali. Quando guardou a vassoura e a pá, ouviu os passos de Bella na recepção da escola. Pegou sua mochila na sala dos funcionários e se dirigiu para a entrada.

— Já está tudo limpo e trancado. — Ele disse, enquanto Bella o esperava na porta.

— Então vamos. Você vai de ônibus? — Ela perguntou.

— Eu venho e vou de bicicleta, mas como a corrente quebrou, hoje eu vou andando.

Bella ficou um tempo olhando para o homem com a boca semiaberta. Aquela era a oportunidade? Não sabia, mas teria que arriscar.

 

— Não vou te deixar ir andando nesse frio, Edward. Vou te dar uma carona — ela disse, finalmente, com um sorriso — onde você mora?

— Três ruas antes da torre.

— Eu moro em frente a torre, posso te dar carona todos os dias.

— Não precisa, não quero atrapalhar — Edward entrou no carro, um Volvo prata, e lá dentro pode sentir o cheiro doce de Bella impregnado — mas obrigado de qualquer forma.

— Não vai me atrapalhar, Edward. Eu gosto de você — Bella sorriu novamente olhando para Edward, como se quisesse passar um recado. Jogou a mochila no banco traseiro, depois colocou o cinto e então deu partida no carro. — Me conte mais sobre você.

E assim durou todo o percurso até a casa de Edward — os dois conversando sobre a vida dele. Bella estava mais do que interessada em conhecer um pouco mais sobre aquele homem que trabalhava para ela e que ela nutria um sentimento especial. Tinha medo de se aproximar dele, já que pareciam tão distantes, mas estava disposta a usar a oportunidade que o destino lhe dera.

Edward era um rapaz de 26 anos. Trabalhava limpando a escola de ballet porque foi o único trabalho que encontrou em que o horário não atrapalhava a sua faculdade. Cursava o último ano de engenharia em uma faculdade conhecida de Paris. Não havia nascido no país, e o seu sotaque, uma das coisas que Bella mais amava nele, denunciava isso. Nasceu no Canadá, mas Paris sempre foi uma paixão, por isso vivia lá.

— Meus pais me enviam uma ajuda de custo todo mês, mas não é muito, então eu trabalho para complementar a renda. Quando eu terminar a faculdade esse ano, irei procurar um estágio na minha área.

— Meu irmão, Emmett, tem uma empresa de engenharia. Minha cunhada me disse que eles estavam precisando de estagiário na área. Se você quiser, posso entregar seu currículo para eles.

Edward ficou boquiaberto com a proposta.

— Então você quer me demitir, senhorita Swan? — Edward disse, em tom de brincadeira, fazendo Bella rir.

— Claro que não, Edward. Se fosse pela minha vontade, você ficaria para sempre ao meu lado. Só quero te ajudar porque a empresa é conhecida e seria uma oportunidade incrível para você.

Bella se repreendeu mentalmente logo quando terminou de falar. Havia falado demais.

Edward a encarou por minutos enquanto ela dirigia pensativa. Ela disse aquilo mesmo? Queria que ele ficasse para sempre ao lado dela? Era claro que ela estava falando aquilo porque Edward era um bom funcionário e de confiança. Mas ela poderia falar de outra forma, se quisesse. Sendo aquilo ou não, Edward sabia que aquela era a oportunidade para mostrar a Bella que gostava dela de forma diferente. Iria arriscar — sentia que não tinha nada a perder.

— Chegamos, Edward. Essa é a sua rua, não é? — Bella perguntou parecendo envergonhada, já que não conseguia olhar nos olhos de Edward.

— É, eu moro ali nos fundos — ele pegou a mochila — Bella, você quer entrar? Posso fazer um café para você — disse, em um ímpeto de coragem.

Bella abriu um sorriso gigantesco, esquecendo da vergonha e pousando seus olhos nos de Edward, que também sorria.

— Só se você prometer que vai fazer um café bem forte, porque eu estou caindo de sono.

— Eu prometo. Farei o café mais forte que você já provou.

Bella sorriu, assentindo com a cabeça. Após estacionar e desligar o carro, pegou a mochila no banco de trás e saiu do veículo, acompanhando Edward. Andaram até o final da rua, que era bem estreita.

— É aqui. É pequeno e simples, espero que você não se incomode.

Bella analisou o ambiente. Uma bicicleta, provavelmente a de Edward, estava encostada em uma das paredes. A última casa da pequena rua era a dele. Pequenas luzes estavam penduradas, iluminando a entrada.

— Pode ser simples, mas é muito aconchegante — Bella avaliou, enquanto Edward abria a porta da casa.

— Espero que você ache isso quando entrar.

Edward abriu a porta azul, ligando as luzes. Deu passagem para que Bella entrasse primeiro. A casa, que mais parecia um apartamento, era extremamente aconchegante. A sala tinha uma pequena lareira de pedra marrom, e em cima dela havia várias fotos em porta-retratos. Plantas diversas decoravam o ambiente. Um grande tapete felpudo se estendia em baixo de um sofá de couro. Separada da sala apenas por um balcão, a cozinha, que era pequena, estava organizada e limpa. Havia um corredor entre a cozinha e a sala que provavelmente dava para o quarto e o banheiro. Diversas pinturas decoravam o ambiente, chamando atenção.

— Fica à vontade, Bella.

— Pensei que não estaria viva quando você me chamasse de Bella — ela disse, sorrindo — obrigada, a sua casa é uma graça.

Bella deixou suas coisas em um cabideiro próximo da porta e foi logo olhar as pinturas na parede. Sem chamar muita atenção, Edward se posicionou atrás dela em uma distância muito segura.

— Gostou dos quadros?

— São lindos. Abstratos, mas trazem uma sensação de paz. Também são diferentes, mas juntos... eles se completam — Bella virou o tronco, sorrindo para Edward. Naquele momento ele teve certeza que ela usava do duplo sentido na sua fala — desculpa perguntar, mas onde você comprou?

— Não comprei. Minha mãe é artista plástica. Ela está aposentada, então descobriu a arte como um hobby para o tempo livre — Edward se posicionou ao lado de Bella, também admirando os quadros — quando eu saí do Canadá para cá, fiz questão de trazê-los. É uma forma de tê-la ao meu lado.

— Tenho certeza que passam a essência da sua mãe.

— Eles passam. Lembro quando ela pintou esses quadros para mim.

Os dois ficaram se olhando por um bom tempo, virados um para o outro.

— Sou um péssimo anfitrião. Te prometi um café forte e cá estou eu parado — ele se dirigiu rapidamente para a cozinha.

Bella rodou a sala toda, observando cada coisa ali. Parou em frente à lareira, analisando as fotos dispostas. Edward, ao ver que Bella segurava um porta-retrato, explicou quem era cada uma das pessoas nas fotos, todos amigos e membros de sua família. O cheiro de café sendo feito pairava pelo ar.

— Você tem uma família linda, Edward. Não sei como aguentar ficar aqui em Paris longe deles — Bella disse, sentando no sofá.

— Também não sei como consigo. Você gosta de café com açúcar ou adoçante? — Perguntou da cozinha.

— Gosto do café puro.

Edward saiu da cozinha trazendo duas xícaras de café cheias consigo. Entregou uma para Bella, e então sentou-se ao seu lado.

— Caramba, café puro? Não imaginava isso.

— O que você imaginava? — Ela perguntou, após dar um gole.

— Que seu café fosse doce, com bastante açúcar.

Bella sorriu, captando a mensagem subliminar dele. Os dois ficaram, mais uma vez, se contemplando em silêncio.

— Bom, agora está na sua vez de me contar mais sobre você.

— Não tenho uma história legal como a sua, Edward.

— Por que?

Bella suspirou, dando o último gole na bebida, deixando a xícara em uma mesinha próxima — meus pais se separaram quando Emmett, meu irmão, nasceu. Eles brigavam muito. Na verdade, ainda brigam. Faço ballet desde os 4 anos, e com 19, fui convidada para fazer parte de um grupo de ballet famoso. Com o dinheiro que eu ganhei, construí a escola de ballet, e então vivo disso.

— E o seu irmão?

Bella abriu um sorriso.

— Emmett é a minha metade. Ele nasceu quando eu tinha 5 anos. Nós somos muito parceiros. Ele está morando em Versalhes junto com a minha cunhada, Rosalie, que está grávida.

— Puxa, que ótimo.

— Sim — Bella disse com um sorriso — ele é a única pessoa da minha família com o qual eu mantenho contato diário. O resto é inexistente.

Edward assentiu. Talvez não tivesse sido uma boa ideia perguntar sobre a família dela.

— Aquilo é uma fita cassete? — Bella perguntou, tirando Edward dos seus pensamentos.

— É sim, eu tenho uma coleção delas.

Bella se levantou do sofá e foi até a estante. Algumas fitas cassete estavam dispostas ali, próximas a um rádio antigo. Pegou a primeira da pilha. Na fita, uma etiqueta branca indicava o nome “cisne negro”.

— Por que você tem uma fita com a música dos ensaios? — Bella perguntou, curiosa.

— Promete que não vai rir?

— Prometo.

Edward se levantou do sofá, ficando na frente de Bella.

— Me apaixonei pelo ballet vendo vocês dançarem na escola. Nos finais de semana, gosto de repetir os passos que o ballet masculino faz.

— Edward, por que você não me contou isso antes? Você pode dançar conosco! Tenho certeza que irá aprender os passos em pouquíssimo tempo — Bella disse, animada.

— Bella, eu não posso pagar pelas aulas da escola. É muito mais que o meu salário. E eu também não tenho muito tempo disponível.

— Eu jamais cobraria de você. Não precisa ser algo profissional, posso te ensinar nos finais de semana — ela botou a fita cassete no rádio velho, apertando o botão de play. Os acordes da clássica música começaram a tocar — eu percebi que você fica olhando quando estamos ensaiando, mas não sabia que você gostava assim. Vem, vamos dançar juntos.

— Não mesmo, você vai rir de mim.

Bella rolou os olhos fazendo Edward rir, então pegou em sua mão, o puxando para o pequeno espaço livre da sala.

— Não me importo se você sabe ou não dançar, só quero que você dance comigo. Me acompanhe nos passos.

Bella e Edward dançaram por vários minutos. Ela com sua capacidade profissional e ele totalmente desastrado. Apesar de não ter feito nenhuma aula, Edward sabia executar alguns poucos passos, o que deixou Bella surpresa. Quando os dois se desencontravam, gargalhadas preenchiam a pequena casa. Assim que a música acabou, sentaram no sofá, ainda rindo de toda a situação. Bella encostou a cabeça no colo de Edward, totalmente sem ar pelas risadas. Sentiu que ele se enrijeceu um pouco, então se afastou. Havia ultrapassado um limite.

— Me desculpe — pediu.

— Está tudo bem, Bella. Eu que peço desculpas.

Bella fitou Edward por alguns minutos. Deveria ser sincera sobre o sentimento que carregava no peito? E se ele ficasse chateado com ela? Talvez ter a sua amizade fosse o máximo que ela conseguiria dele.

— Eu preciso ir, Edward. Está ficando tarde.

— Não. Quer dizer... Eu preciso te dizer uma coisa antes — disse, ficando em pé na frente dela.

— Pode falar — ela disse, com um sorriso.

— Bella... sei que vou estar arriscando muito ao te dizer isso. Vou arriscar meu trabalho e, o mais importante, uma possível amizade que a gente possa ter, mas não posso ignorar o que venho guardando desde o dia em que pisei na Swan’s — ele segurou as mãos dela, e então olhou em seus olhos — eu me apaixonei por você, Isabella. Sinto muito por isso. Mas vejo 4 horas por dia, todos os dias da semana, a pessoa incrível que você é. O seu coração gigantesco, o seu talento inegável, a sua bondade, o seu amor... nesses 8 meses em que trabalho na Swan’s, não teve um único dia em que eu tenha me decepcionado com alguma atitude sua. E em todos os finais de semana que passo nessa casa, não consigo conter a minha ansiedade para ir ao trabalho e te ver dançando lindamente. Não quero que você se sinta obrigada a considerar meus sentimentos... só quero que você saiba que eles existem.

Bella sorriu e deixou as lágrimas que ardiam teimosamente em seus olhos caírem. Ela abraçou Edward. Era recíproco. Quando se separaram depois de alguns minutos abraçados, Bella o segurou pelo rosto. O coração de Edward palpitava dentro de si.

— Não sei como te responder à altura. Não tenho palavras, mas... espero que eu possa te responder com isso.

Ela puxou o rosto de Edward para perto de si, e então o beijou. O beijo começou casto e os dois começaram a se conhecer mais em toques: Edward passava a mão pela cintura dela, enquanto Bella acariciava seu cabelo ondulado. Depois, como urgência pelo tempo em que passaram guardando seus sentimentos, o beijo ganhou mais força. Edward a puxou levemente, colando seus corpos. Quando ambos já estavam sem ar, Edward se afastou lentamente. Apesar de romperem o beijo, suas testas continuavam coladas.

— Posso considerar isso como um “iremos tentar e o destino nos guiará”? Porque se não, você acabou de me iludir.

Bella riu e repousou sua mão no peito de Edward, em cima do seu coração.

— Pode considerar isso como um “vamos absolutamente tentar e o destino irá nos guiar, querendo ele ou não”.

Edward deu um sorriso, a puxando para outro beijo.

 




 


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Notas finais do capítulo