When it all began escrita por Rafs


Capítulo 3
Weird


Notas iniciais do capítulo

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São 4 horas da manhã e estou no chão catando os cacos de porcelana do meu abajur.

            Faz semanas que tenho quase o mesmo sonho, o mesmo terror, a mesma esperança e a mesma morte eminente. Nunca são exatamente os mesmos, no começo eu lembro que estava frio e só me lembro de correr na floresta de alguma coisa. Foi quando eu parei de passear pela floresta.

            Depois ainda estava frio, eu corria de alguém, e era atingida, sentia a pessoa se aproximando e acordava. Depois o frio havia diminuído um pouco, não saia mais fumaça da minha boca, eu corria, era atingida, ameaçada e ouvia os lobos. Essa foi a primeira noite que eu morri, a primeiro sonho que me vi morrer.

            Levo um susto ao me cortar, minhas mãos tremem descontroladamente, e agarro elas a mim, enquanto pressiono o corte. 

            Eu já tinha tido um sentimento quando acordava, como se eu tivesse mais leve no colchão apenas pouquíssimos centímetros flutuando, e quando eu acordava com o susto e caia novamente. Mas nada tinha sido como hoje até agora. Me sinto perdida.

                                     *                                *                                 *

            Quando desci para o café eu devia estar um lixo, não havia dormido mais nada noite passada desde que acordei com os objetos flutuando. Vejo Stuart cozinhando o café da manhã e vou até lá dar um beijo nele.

— Bom dia pai. – Digo roubando uma garfada dos ovos mexidos em um prato ao lado dele

— Bom dia querida, tudo bem? – Pergunta ele preocupado

— Tudo ótimo com você fazendo o café da manhã. – Ele não resiste e ri

— Cuidado para sua mãe não ouvir isso.

— Não esse preocupe – digo séria – ela já sabe.

            Pego meu prato pronto com ovos mexidos, bacon e waffles. Assim que me sento Angelina aparece com uma cara sonolenta, mas não tão terrível quanto a minha. Ela pega o prato dela e se senta ao meu lado.

— Tem certeza que está bem, querida? – Pergunta Stuart novamente para mim.

— Estou sim, pai.

— O que aconteceu? – Angelina parece ficar curiosa.

— Eu tive um ataque psicótico e quebrei tudo no meu quarto – ela nem leva um susto apenas faz uma cara de tédio.

— Bom para você. – Responde pondo a torrada na boca.

— Eu fui levantar para beber água e esbarrei na minha mesa, o abajur caiu, até cortei meu dedo olha. – Mostro o dedo com um curativo

— Droga, eu estava querendo roubar aquele abajur. – Dou língua para ela antes de tomar mais um gole do meu café com leite.

            Enquanto arrumamos a mesa, Stuart lava a louça. Logo estamos no carro com ele nos dando uma carona para o colégio.

— Então meninas, vão passar na confeitaria depois? – Pergunta Stuart

            Mesmo amando estar na confeitaria, penso que adoraria ir direto para casa e dormir até o dia seguinte, mas não deixo de ficar na dúvida por amar aquele lugar. Além de diversos doces maravilhosos que ele e sua equipe fazem, tem um canto na loja com bancos confortáveis onde vendem café. O lugar é simplesmente perfeito. Penso em um futuro, trabalhando ao lado do pai que ganhei aos 10 anos, e a imagem me traz felicidade.

— Não sei não pai...

— Vou fazer a torta especial hoje – completa ele antes de completarmos uma frase.

— Ah, com certeza iremos. – Responde Angelina por nós duas com um entusiamos que não era visto antes.

            A torta especial é simplesmente a melhor de todo o mundo. É uma receita especial que ele desenvolveu quando conheceu Mary. Ele a faz uma vez por mês na confeitaria, pedidos especiais de clientes e no aniversário de casamento, se dermos sorte e formos boazinhas durante o ano, no nosso aniversário também.

            Damos tchau para Stuart e entramos no colégio, as duas com sono demais para qualquer implicância.

            Percebo o grupo do mato junto, mas em número reduzido, apenas 3 deles conversam, sem a presença de Chris, parecem tensos, acho que percebem eu olhando e viram a cabeça na minha direção. Finjo ver qualquer coisa na minha mochila e entro no colégio. Passo a vista pelo corredor a procura do meu amigo e nada dele. Resolvo indo para a aula sem esperar por ele. Deve estar atrasado, o que não faz muito sentido, por que ele tem vindo com os escoteiros para a aula. Nesse momento, uma preocupação toma conta do meu peito. Resolvo ignora-la por enquanto.

            Na minha segunda aula, a aula que eu deveria ter com Chris hoje, confirmo que ele realmente não veio. Sinto a preocupação crescer, quase como uma intuição, envio uma mensagem o mais rápido possível “Onde você está? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? ”. Pareço desesperada, mas meu coração acelerado diz que eu deveria estar.

            Apenas no último tempo de aula sinto meu telefone vibrar no bolso e o pego correndo. Sua mensagem é vaga, mas me deixa mais aliviada. “Tudo certo. Amanhã eu estou aí, não se preocupe :)  

“Me deve um cinema” mando para ele

“Como sempre” rio da resposta

            Termino o dia letivo, na saída vejo algo não muito comum.

            Samwell saindo de sua caminhonete. Hoje Chris não veio, mas o irmão sim, não é algo recorrente. As garotas não deixam de perceber, sempre falam o quanto ele é bonito. Ele tem cabelos castanhos como Chris, mas mais escuros. É ainda mais alto e forte que o meu amigo, tem um rosto mais adulto, com desenhos mais fortes. De certa forma não deixo de apreciar sua bela visão, mas também achar estranho sua presença.

            Estou não muito longe de onde ele está parado ao lado do carro e me pego com a desculpa de ir até ele perguntar do Chris. Mas antes disso ele me nota e anda na minha direção. Para na minha frente com as mãos dentro da jaqueta cor de areia. Sua voz sai grossa, quase me causa um arrepio.

— Chris me pediu para avisar que não estava se sentindo muito bem, acabou ficando em casa. – Ele diz, me olhando nos olhos. Me noto me distraindo por um segundo por seus olhos verdes antes de responder.

 - Ah, Okay, obrigada por avisar. – O vento bate jogando meu cabelo para a frente e volto a joga-los para trás, ele observa todo o movimento.

— Ele disse também que vocês vão ver um filme amanhã, que isso seria o castigo dele aparentemente. – Penso no quanto o meu amigo me conhece.

— Ele é muito dramático. – Ele dá um meio sorriso e concorda comigo.

            Samwell tem 20 anos, quando cheguei na cidade e brincava com Chris, ele era muito gentil, mas logo depois começou a ficar mais sozinho. Nunca entendi porque. Sempre o chamava para brincar quando estava na casa deles. Agora para mim faz sentindo, na época que eu tinha 11, ele já tinha 14, não queria mais brincar com a gente, mas cismo que parecia algo mais. Não é tão estranho eu visitar os Waya, tendo Chris como melhor amigo desde criança isso é normal, e era normal também eu cruzar bastante com o Sam.

— Okay, até mais. – Ele estava prestes a se virar e voltar para o carro quando eu solto uma idiotice

— Sam – chamo, ele se volta na hora para mim. – Ahm, se quiser ir também, você e mais alguém do grupo, podem ir.- ele é difícil de se ler, mas dessa vez consigo notar o interesse na minha fala. Ele demora um tempo, mas responde.

— Claro, os garotos iam gostar. Cuidado para voltar para casa. – Concordo e ele volta para o carro dele na mesma hora que os garotos do mato chegam animados, vejo um ou outro cumprimentar ele e bater no seu ombro, talvez pela carona incomum.

            Fico mais uns poucos minutos esperando minha irmã sair e pensando no que fiz, eu não sei o que me deu, foi um sentimento estranho, eu precisei chama-lo. Eu nunca ajo assim, tímida, dou umas tapinhas fracos no meu rosto.

— Se organiza Morgan. – Digo a mim mesma – você não tem medo de dizer as coisas, as pessoas que tem medo do que você vai dizer.

— Acho que esse lema combina com você, maluca. – Comenta minha irmã se aproximando.

— Pirralha, vamos logo, quase consigo sentir o cheiro da torta especial daqui. – Dou um empurrãozinho na minha irmã e ela ri, assim seguimos para a confeitaria.


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Notas finais do capítulo

O que vcs estão achando da fic?



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