When it all began escrita por Rafs


Capítulo 1
Morgue


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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As vezes penso o que seria de mim se tudo que aconteceu, não tivesse acontecido. Uma grande sequência de acasos que nos trouxeram exatamente para em momento do tempo.

            Por exemplo, se eu não fosse uma tremenda boca grande que não segura a língua dentro da boca quando algo que me desagrada acontece, eu não teria sido suspensa por 3 dias do colégio. E se eu não tivesse sido suspensa do colégio eu não estaria no orfanato exatamente na hora em que Stuart e Mary foram visitar. E se não fosse por isso talvez eles não tivessem adotado ninguém, ou talvez um garoto aleatório chamado Patrick. Mas nesse específico caso, eles me escolheram. Uma garota de 10 anos com sérios problemas com normas sociais específicas, mas que os amaria incondicionalmente.

            Ainda estou de olhos fechados quando escuto a porta ser aberta devagar, os passos são silenciosos até eles pararem e eu sentir um lado da cama afundando. Ela se enfia embaixo do cobertor e dos meus braços para que eu fique abraçada a ela.

— Mamãe está fazendo aquelas panquecas horríveis de novo. – Diz a pequena invasora, bom, não mais tão pequena assim.

— Essa não, estamos perdidas. – Digo forçando a dramaticidade.

— Estamos mesmo, por que dessa vez o cheiro chegou no meu quarto. – Percebo que fez careta mesmo estando tudo escuro embaixo das cobertas.

— O que você acha de pularmos a janela e fugirmos? Acho que iriamos viver bem mais que se comermos aquilo. – Ela ri.

— Meninas! – Ouvimos o grito da nossa mãe e sentamos na cama – O café está pronto, desçam antes que se atrasem!

            Olhamos uma para outra com uma careta e começamos a rir. Angelina se levanta da minha cama e volta para o seu quarto para se arrumar enquanto eu vou fazer o mesmo.

            Brinco que Angelina é minha alma gêmea. Angel é filha de sangue de Stuart e Mary e quando eu cheguei para a família ela tinha 6 anos. Nunca entendi por que eles decidiram me adotar já tendo uma criança, mas sei que nunca reclamei. Nos tornamos irmãs desde o meu primeiro dia na casa me adaptando, quase certeza que a conquistei quando subi na bancada e peguei um cookie de chocolate antes do jantar. Aonde acho que ela se prometeu naquele dia em diante me amar incondicionalmente, por que hoje ela está com 13 e não poderíamos ser mais unidas.

                                        *                                      *                               *

            Desço já pronta para a escola, com uma calça jeans, tênis, uma blusa preta e um casaco quadriculado qualquer. Dou um beijo na bochecha de Mary e me sento para comer ao lado de uma irmã com a panqueca ainda inteira e olhar desesperado.

— E então meninas dormiram bem? - Mary é simplesmente um amor, minha incrível mãe. Mas não posso deixar minha irmãzinha e nem a mim sofrermos por ele.

— Dormimos muito bem não foi Angel? – Olho para minha irmã tentando lhe passar minha ideia, percebo quando ela nota por que arregala os olhos. Cada uma come um pedaço da panqueca terrível feita de alguma coisa vinda da terra e começa a mastigar.

— Sim! Estou tão descansada! – Começamos a mexer para lá e para cá, ela enche um copo de leite e achocolatado enquanto eu preparo rápido uma xícara de café com leite.

—Eu também nossa! Mesmo estando esse friozinho, embaixo da coberta estava perfeito. – Tomo um grande gole do meu café assim que Angel engole um grande gole do dela para descer mais facilmente o pedaço que tronco de árvore que Mary chama de panqueca, fazendo assim a bola passar para ela.

— Ah verdade! E papai? Dormiu até tarde ou saiu mais cedo? – Ela levanta e vai até a fruteira pegar uma maçã para guardar na mochila.

— Vai acordar mais tarde ele tem uma grande reunião hoje com alguns fornecedores para a Confeitaria.

— Ah! Espero que dê tudo certo! - Ela toma mais um longo gole do achocolatado, e é a minha vez.

— Nossa mãe, olha hora, quase atrasadas! Angel me passa uma maçã também. – Digo levantando e ela me joga a que está na mão ela e pega outra para ela. Mary procura o relógio da cozinha para ver as horas.

— Ah, não está tão tarde assim. – Termino meu café com leite e boto meu copo e o da Angel na pia enquanto ela pega nossas mochilas e traz para a porta dos fundos que tem na cozinha.

— Bom, não quero correr o risco, o professor McAlister as vezes decide chegar bem cedo sabe?

— Entendo... – ela parece confusa revezando toda hora olhar para uma e para outra.

— Vou no cinema com o Christian depois da aula e a gente deve comer alguma coisa depois! Tchau mãe. – Digo dando um beijo na bochecha e Angel faz a mesma coisa e saímos apressadas porta a fora. – Amamos você!

            Na calçada batemos discretamente as mãos. Plano distrair Mary com conversa fiada e muita movimentação um sucesso. Nem dois segundos se passam da nossa comemoração.

— Amo vocês também! Mas lembrem que não podem tentar me enrolar sempre que eu cozinho! Vão acabar passando mal tomando o leite tão rápido.

            Durante todo o caminho conversamos e implicamos uma com a outra. Faz muitos anos, mas eu me lembro que no orfanato não era assim, as meninas eram duronas, então eu tinha que ser também. Implicávamos umas com as outras, mas muitas vezes resultava em brigas e sangue, prefiro muito mais agora não posso negar, mas essa parte durona em mim sempre vou sentir presente naqueles momentos em que chego por pouco a explodir de raiva.

            Chegando no colégio vejo meu melhor amigo Chris num grupo conversando com os garotos da comunidade em que ele mora.

            Nós todos moramos em Washington, mas não a grande Washington, mais precisamente no condado de Spokane. Além disso moramos num canto bem afastado do centro do condado, numa pequena cidade chamada Little Falls ao lado da reserva florestal de Spokane.

            Se nós já moramos afastados da grande cidade, Chris e o grupo com quem ele está moram em marte. Suas famílias moram num pequeno bairro no meio da enorme reserva, imagino que de algum modo todos lá sejam meio parentes. Quase nunca vejo uma família de lá se mudar para cá.

— Boa aula pirralha. – Digo para Angelina.

— Você bem que podia chegar lá e me apresentar os amigos bonitões do seu namorado bonitão. – Diz Angel e morro de rir

— Está doida? Eles são vários anos mais velha que você, e eu e o Chris somos só amigos.

— Mentira! Aquele ali com o cabelo na testa é o Dylan, ele tem 14 anos e está na minha sala. Dizem que ele sumiu um ano aí e acabou repetindo.

— Não importa Angelina, eu não sou amiga deles, só do Chris. Vai, vai para a aula.

— Está bem, chata.

            Olho mais uma vez para o grupo conversando, parecia ser um assunto sério, mas ignoro. Volto a andar para dentro do colégio e passo direto pelo grupo fingindo que não vi ninguém. No meu armário separo o caderno para a matéria do primeiro tempo quando levo um susto.

— Bom dia Morgue! – Diz alto no meu ouvido

— Droga Chris, quase me faz derrubar as coisas.

— Essa era a intenção – diz ele com um sorriso maroto que é sua marca registrada.

— Há há, hilário. Já falei para não me chamar assim, se não é lá que você vai parar.

— Ouch, sempre com a resposta na ponta da língua. – Ele põe a mão no peito fingindo ter sido atingido. Chris é muito bonito, cabelos castanhos claros e uns 10 centímetros mais alto do que eu, mas a beleza não o libera de ser um tremendo sacana as vezes. – Acho que sua mãe deve ter pensado, hm, se minha filha quiser ser uma gótica, talvez eu deva a ela um nome gótico de Morgue de necrotério ela vá se sentir satisfeita mesmo tendo sido deixada no orfanato por minha pessoa.

— Primeiro, meu nome não é Morgue é Morgan, segundo, você tem algum filtro nesse seu cérebro sem noção? – Pergunto quase rindo de cada barbaridade que ele não poupa em dizer.

— Acho que não, por isso só você me aguenta. Alguém com tanto filtro quanto eu. – É ele não deixa de ter razão.

Quando nos mudamos para essa cidade no meio do nada. Chris se tornou meu melhor amigo e me mostrou toda a região. Nos conhecemos desde os 11 anos e somos inseparáveis desde então. Em algum momento ele começou a conversar mais com os garotos da comunidade da reserva, mas nas últimas semanas, eles têm passado muito mais tempo juntos.

— Mas isso eu já acho mentira. Você me pareceu bem amigo do grupo do mato. – Começo a andar para a minha sala sem esperar.

— Wow, isso é ciúmes pequena Morgue? – Ele me segue tentando arrancar uma resposta de mim

— Longe disso garoto do mato.


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Notas finais do capítulo

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