Visceral escrita por DiegoT


Capítulo 2
Capítulo 2 - deus antigo


Notas iniciais do capítulo

Shinnosuke, especialista em civilizações antigas, chega ao museu para ajudar a decifrar os estranhos monolitos (ele e Honoka tiveram um caso no passado), enquanto isso Yume começa a agir estranhamente e começa a ser controlada pelos artefatos antigos



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Uma semana se passou, o dr. Shinnosuke adentra as dependências do museu carregando um crachá de visitante. Quem o vê não imagina sua importância para a antropologia japonesa dado ao descuido de sua aparência: camisa de colarinho aberto, com blazer amassado e barba por fazer. Nem o cabelo aquele homem penteou.

Akeno se encontra restaurando o monolito negro, um pouco às cegas pois não conhece o alfabeto utilizado e por isso desconhece o destino de seu trabalho. 

A bela jovem é subitamente envolta por dois braços másculos, após seu susto uma voz familiar a acalma, com boas memórias do passado. Seu "agressor" é o nosso visitante.

— Sempre trabalhando.

— Nem todos podem se dar ao luxo de viver de palestras e charme, doutor.

— Isso é maldade Akeno.

— Maldade é o que aquela moça muito brava vai fazer com você.

Shinnosuke ergue os olhos encarando Honoka furiosa com o comportamento de seu convidado. Suas palavras saem em rosnados por entre os dentes semicerrados.

— Você não muda!

— Você por outro lado está ainda mais bonita.

— Vá embora, não deveria ter te chamado - ela dá as costas erguendo sua mão - desculpe pelo transtorno.

— Honoka! Volte aqui, não fique assim, vai criar rugas mais cedo.

— E de quem é a culpa?

— Isso é maneira de falar com seu veterano? Já se esqueceu de tudo que eu ensinei para você?

— Até beijar? - Akeno entra na conversa.

— Posso dizer que a Honoka melhorou muito nesse quesito.

Irritada a doutora deixa a sala caminhando a passos pesados e bufando pelos corredores.

Shinnosuke e Akeno trocam um sorriso de cúmplices, em seguida o doutor atrevido corre até sua amiga se desculpando, ela o ignora e segue andando até outra sala, onde dois painéis de pedra estão repousados sobre a parede. Rapidamente a seriedade recai sobre o cientista.

— Essa é a carga encontrada no navio de guerra?

— Juntamente com aquele monolito que a Akeno estava restaurando. Aposto que deu uma boa olhada enquanto a abraçava.

— Foi um prazer duplo.

— Tarado.

— Alguns símbolos se repetem no monolito e aqui.

Honoka entrega uma folha de papel impressa com hieróglifos:

— Essa é uma preliminar, ainda não temos certeza de todos, pois o monolito não está restaurado e a pedra preta dificulta uma previsão mais acertada.

— Você acredita que esse painel pode ser a nossa pedra de roseta?

— Sim.

— E é por isso que você pediu minha ajuda.

Honoka concorda a contragosto:

— Apesar de tudo você é a maior autoridade japonesa em arqueologia do mediterrâneo, era você ou alguém de fora. O que poderia irritar nosso governo.

— "Dividir os méritos dessa descoberta nos diminuiria perante o mundo". Acredito que os políticos diriam algo assim a uma possível solicitação sua de um especialista estrangeiro.

— Tem mais uma coisa.

Honoka sorri pela primeira vez desde a chegada de seu amigo, ela o guia para uma caixa aberta, onde um estranho ser jaz ressecado. Suas formas impedem um reconhecimento, mas a imagem se associa a um dos desenhos.

Ao mesmo tempo, na escola do bairro de juban as aulas da manhã terminam. 

Yume segue com seu ritual diário de arrumar suas coisas, colocá-las na bolsa e rumar para a sala dos professores.

Uma vez junto aos seus ela liga seu tablet, mas se distrai com uma chamada por telefone, era uma de suas amigas que vivia saindo em encontros e querendo sua companhia.

— Sakura, agora estou na escola.

— Eu sei, por isso serei breve. Hoje a noite vou sair com dois jovens executivos. Carne de primeira.

— Carne?

— Sim, jovens e ricos.

Yume estava prestes a dar uma desculpa quando uma matéria lhe chama atenção na página inicial de um site de pesquisas: "Rota do navio japonês afundado é divulgado". ela clica no link:

“O ministério da defesa japonês revelou hoje o percurso final do Kami Sama, fragata que fora resgatada com conteúdos arqueológicos. Sua rota indica que a embarcação rumava para o mar do Japão, quando algo aconteceu e a fragata rumou em senoide.

Encontrado próximo ao mar japonês tudo indica que o navio foi afundado pela marinha americana, antes de sofrer o ataque a embarcação estava descontrolada.

Especialistas especulam que o capitão perdeu o controle do navio de guerra, que pode ter acontecido graças a problemas mecânicos; outra vertente acredita que o peso das descobertas arqueológicas afetou o navegar da fragata.

O conteúdo do navio encontra-se no museu natural de Tóquio para estudos.”.

Yume está vidrada na notícia, seus olhos denunciam uma mente em outro lugar, que volta a seu corpo graças ao chamado de sua amiga ao telefone.

— Yume? O que aconteceu?

— Nada, passe o endereço do restaurante e horário.

— Que bom, você não vai se arrepender.

 

Museu Natural de Tóquio. 

 

Akeno reclina na cadeira massageando seu pescoço, finalmente o monolito fora restaurado, ao menos a parte com as inscrições, um olhar trocado anuncia o final do serviço para Hanoka.

— Terminou?

— Sim, e o seu galã?

— Trabalhando. Ao menos nessas horas ele fica quieto.

Akeno encosta uma folha de papel de seda sobre a pedra negra, esfrega um pedaço de grafite contra ele, copiando todas as imagens.

— Se importa se eu for levar até Shinnosuke? Preciso esticar as pernas.

—  Por que me importaria?

Akeno dá um tapinha no ombro de sua amiga e atravessa a porta rumo a seu outro amigo que está na sala ao lado.

A garota surpreende-se, em pouco tempo a sala virou uma bagunça organizada. Uma lousa com todos os símbolos desenhados, cada imagem está a frente kanjis ou pontos de interrogação. No chão inúmeros livros jogados e abertos.

— Vejo que está a vontade.

— Akeno! Fico feliz com a oportunidade de vê-la em corpo inteiro, sem aquela mesa escondendo sua beleza.

— Só promessas.

— Não se me deixar pagar o jantar.

— Sorry! Não saio com um ex de uma amiga, além disso não sou eu quem despertou seu interesse.

— Perspicaz como sempre, a que devo a visita?

— Terminei a restauração.

Ela entrega a folha de papel de seda, onde o arqueólogo compara com as anotações preliminares, quase todas estavam corretas.

— Por que aquele símbolo está separado?

A fala veio de Honoka, que encontra-se atrás deles, na porta aberta, apontando para a imagem de um ser híbrido.

— Eu não acredito que se trate de uma palavra.

— Explique.

— Você sabe que regiões similares usavam símbolos similares, podendo significar ideias diferentes, assim como o alfabeto clássico chinês e japonês. Bom identifiquei que esses símbolos possivelmente vem da oceania, porém esse símbolo não aparece em nenhum lugar. 

— Por isso não é uma palavra?

— Também. Tanto nos painéis como no monolito esse símbolo fica em destaque, no monolito acima de todas as imagens e no painel entalhado em destaque, acima de tudo e todos. Acredito ser um deus.

— Um deus antigo?

— Vocês sabem como a região da oceania sofreu influência cristã e muitos jesuítas destruíram a cultura pagã. O que torna nosso painel e monolito possivelmente últimos registros desse deus antigo, ainda sem nome.

— Mais alguma coisa?

— Acredito que o monolito e os painéis se complementam, fazendo parte de um templo antigo. O monolito seria o altar, enquanto os painéis instrução para uma celebração, algum tipo de sacrifício.

— Faz sentido, a Akeno confirmou que a múmia é de uma mulher, os sacrifícios costumavam ser realizados com mulheres ou bravos guerreiros. Nossa múmia não parece um guerreiro.

— Nem seria, decifrei uma parte do painel: "O sacrifício deve ser uma jovem e ativa beldade", mais para frente "xxx vai impor a ela o dom da luxúria para saciar xxx em tributo".

— Ou seja, uma grande orgia com o sacerdote.

— Possivelmente.

Os três estudam o painel por algum tempo, tentando descobrir como seria esse deus. Akeno arrisca:

— Existem muitas referências marinhas.

— Deve ser algum deus da pesca. Fertilidade e sexo se misturavam na antiguidade.

Tendo dito Honoka se vira para deixar seu amigo trabalhando, antes de sair ela olha para trás satisfeita e feliz.

— Obrigada por sua ajuda. Agora vou avisar o curador. Ele vai ficar bastante satisfeito ao saber que já tem elementos para preparar uma exibição.

Não demora para o Dr. Gendo receber um telefonema de Honoka em sua sala, ele confirma a notícia e diz querer redigir o texto para a imprensa pessoalmente.

Sua sala está escura, quase não se vê o curador, a única luz é a do monitor de seu computador, na tela a imagem do monolito.

 

Noite.

 

Yume senta-se com sua amiga Sakura e mais dois rapazes para jantar.

No museu Honoka trabalha até tarde analisando amostras de barro e pedra, elas confirmam a procedência do monolito e dos painéis da oceania.

Akeno  se despede de sua amiga e vai para casa.

Shinnosuke senta-se em um bar, onde bebe mais uma dose de uísque.

Gendo caminha pelo museu deserto, entrando na sala do monolito, ele o toca com as pontas dos dedos, explorando cada marca até alcançar a deidade híbrida e pronunciar um sussurro inaudível.

Próximo ao mar do Japão uma estranha luz emerge das profundezas, no dia seguinte o fenômeno seria propagado, mas ofuscado por outro ainda mais estranho.

No restaurante Yume observa seu par levantar-se para ir ao banheiro, de maneira recatada ela termina seu prato e pede licença.

Ao sair do banheiro o jovem se depara com Yume de pé a frente dela.

— Tinha mais alguém aí dentro?

— Não...

Antes que possa dizer mais alguma coisa ele é atacado. Yume o beija, voraz e insaciável o empurra para dentro, abrindo o cinto do rapaz.

— O que está fazendo?

— Não é o que você queria?

Sem dizer uma só palavra ele segura a garota pela cintura, aperta seu quadril e levanta a mini saia, exibindo sua calcinha.

Yume o joga contra a parede, montando o homem, que rasga sua calcinha, ela o cavalva trançando as pernas, sem trocar olhares, apenas sentindo o prazer.

Os dois escorregam no chão, ela rebola sobre o pênis dele, a expressão obscena e o perigo fazem o rapaz gozar. 

Os dois se separam, Yume se levanta, ajeita a saia, penteia os cabelos.

— Vou na frente, nos vemos na mesa. Nem uma palavra para Sakura.


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