Entrelinhas escrita por Priy Taisho


Capítulo 2
Capítulo 1 - Almoço


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Não resisti e vim publicar o novo capítulo hahahaha
Bom, eu estou tentando algo novo nessa história, intercalando alguns momentos do passado da Sakura e do Sasuke. As alterações de "tempo", serão exibidas através de um parágrafo onde a primeira palavra/frase esteja em capslock e negrito.
Obrigada por todos os comentários/favoritos ♥
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Capítulo 1 - Almoço

Acordando com pessoas falando e me atrasando todas as manhãs. Agora eu percebi que é quase meio-dia e eu perdi metade da vida dizendo que todos os dias deveriam ser um novo dia. - Falling In Love (MCFLY)

 

Acordar pela manhã era um dos sacrifícios dos quais Sakura nunca esteve disposta a realizar.

Três alarmes, com intervalos de 5, 3 e 2 minutos tocavam sequencialmente todos os dias para que ela percebesse que estava no limite do horário antes que se atrasasse definitivamente para o trabalho.

Todos os dias, ela levantava da cama com o cabelo cor de rosa emaranhado e arrastava-se pelo quarto, vez ou outra topava com o dedo na quina de algum móvel, praguejava até a última geração possível e enfim, chegava até o banheiro para uma ducha que durava dez minutos cronometrados.

Oficialmente, o dia só começava após uma xícara de café e um pedaço de qualquer coisa que ela conseguisse encontrar na cozinha do apartamento.

Hoje, a combinação havia sido de café com uma maçã que ela tinha encontrado na geladeira.

Com uma risada anasalada, ela arrancou o post it cor de rosa da geladeira que deveria lembra-la de que ela tinha que fazer compras para casa – Há dois dias atrás.

Não havia dado certo, mas a tentativa tinha sido válida.

Ao ver o relógio, a Haruno ingeriu todo o conteúdo do café em um único gole, agarrou a bolsa que ficava estrategicamente sobre o sofá da sala e saiu em disparada do apartamento em direção ao metrô, que ficava há dez minutos de sua casa.

Os saltos eram desconfortáveis na pequena corrida que ela teve de realizar, o casaco ficou preso na catraca e a maçã – que ela ainda estava tentando ingerir – quase rolou de suas mãos e foi parar no lixo enquanto a mulher seguia para a escada rolante. Por sorte, quando chegou a plataforma o metrô já estava lá, garantindo que ela não chegaria atrasada no trabalho – ao menos aquele dia.

Era uma manhã fria e a maioria das pessoas dentro do vagão usavam casacos grossos, de todas as cores e tamanhos, acompanhados de adereços que iam de luvas aos cachecóis de lã.

Os gorros de lã, ao menos naquele dia, eram adereços exagerados para Sakura Haruno, que havia optado apenas por um lenço amarelo que não a salvaria do frio caso a temperatura resolvesse baixar inesperadamente.

Os cabelos rosados contrastavam com o amarelo do lenço e ao preto do sobretudo, tornando impossível que alguém passasse pelo emaranhado de pessoas sem reparar na mulher que tentava a todo o custo ficar distante da aglomeração das portas.

Três estações depois, um rapaz do qual Sakura já conhecia de vista levantou-se do banco e ela, como todos os outros dias, ocupara o lugar com um sorriso satisfeito nos lábios.

Puxou os fones de ouvido de dentro da bolsa, acompanhado do livro que ela estava carregando há dias e conseguira ler apenas dois capítulos. Ao compra-lo na livraria, duas semanas atrás, tinha recebido a promessa de que “Era um romance que iria aquecer seu coração”, atualmente só tinha conseguido sentir sono.

Dez estações depois, Sakura – que havia cochilado -, enfiou o livro na bolsa e desceu do metro, passando a mão pelo cabelo todas as vezes em que passava por uma superfície que poderia ser usada de espelho.

Duas ruas depois e ela avistou o prédio espelhado, com quase dez minutos de sobra.

— Bom dia, bom dia. – A Haruno cumprimentou as colegas com um aceno de mãos e dirigiu-se até a própria mesa. – O livro que você me fez comprar é uma droga. – Acrescentou olhando para a vizinha de mesa, que desviou os olhos do computador para encará-la com confusão.

— Você só pode estar maluca.

— Estou falando sério, Ino. Não consigo passar do segundo capítulo.

Ino Yamanaka, vizinha de mesa e atual melhor amiga de Sakura, era uma das poucas pessoas que tinham sido criadas em moldes únicos. Ela era dona de olhos azuis expressivos e um longo cabelo loiro, que sempre estava perfeitamente arrumado.

— Você só pode estar maluca. – Ino repetiu com descrença, virando o corpo para encarar Sakura. – O amor deles é nítido, só não enxerga quem não quer. – Afirmou ela cruzando as pernas longas, deixando em evidência os sapatos de salto vermelho que ela havia comprado na noite anterior.

— Onde comprou esses sapatos? – Sakura perguntou fixando os olhos nos pés da amiga. – Está tentando seduzir quem hoje, Ino? – Os olhos da garota esquadrinharam o look de Ino, que sorria satisfeita ao erguer-se da cadeira. Ela usava uma blusa vinho, acompanhada de uma saia tubinho preta e os sapatos chamativos, deixando-a como uma barbie executiva.

— Bom dia, senhor Sabaku. – Ela disse prontamente no instante em que o homem passou por nossas mesas, atraindo a atenção dele que mexia no celular.

Gaara Sabaku tinha cabelos ruivos, olhos claros e uma expressão séria, que não combinava com sua personalidade educada. Ele costumava trazer chocolates suíços de suas viagens e distribui-los para as assistentes, que sempre aguardavam com ansiedade. Era crush e chefe direto de Ino.

— Bom dia, meninas. – Ele cumprimentou dando um pequeno aceno para todas. – Ino, pode me passar a agenda de hoje, por favor? Preciso daqueles documentos assinados pela Kurenai, se possível hoje.

— Deixei na mesa dela ontem durante a tarde. – Sakura avisou atraindo a atenção de Gaara. – Ela foi para casa após a reunião, então não consegui a assinatura. Prometo que entrego pra Ino até as 15.

— Obrigado. – Gaara agradeceu antes de voltar a atenção para Ino. – Fez algo no cabelo? Está diferente. – Comentou ele e a Yamanaka sorriu sem graça, assentindo com a cabeça descaradamente. – Não esqueça da agenda, sim? – Avisou ele voltando a caminhar em direção ao escritório.

— Você não fez nada no cabelo. – Sakura sussurrou em tom de acusação. – O que vai fazer? – Perguntou ao ver a amiga agarrar o telefone e discar algum número efusivamente.

— Vou agendar um horário no salão. – Ino respondeu. – Quer que eu marque um horário pra você também? Esse tom de rosa pastel tá meio passado.

— Cala a boca. – A resposta da Haruno tinha soado como um rosnado, causando risos na amiga.

O restante da manhã tinha sido tranquilo.

Sakura respondeu alguns e-mails, agendou algumas reuniões e atendeu todas as ligações antes de repassá-las para sua chefe. As conversas paralelas com Ino acompanhavam o mesmo ritmo em que ela digitava os documentos, por vezes ela sequer olhava para o monitor, apenas observando a loira gesticular exageradamente enquanto contava alguma fofoca sobre as pessoas com quem elas trabalhavam.

— Sakura Haruno. – Atendeu o telefone prontamente. – O que deseja? – Perguntou ao olhar o visor do ramal.

— Vamos almoçar hoje.

— Eu estou bem, obrigada por perguntar. – Ela enrolou uma mecha do cabelo rosado no dedo indicador e revirou os olhos ao ouvir a risada baixa do outro lado da linha. – Isso não é um convite.

— Tem razão, não é. – Ele concordou achando graça. - Passo na sua mesa às 13.

Ela recolou o telefone no gancho e teve que rir da expressão maliciosa que Ino havia feito.

— Era apenas o Sasuke.

— Apenas?  - A loira falou em um tom surpreso. – Sakura, todas as mulheres dessa empresa dariam um dedo para ser você. – Ino ignorou o revirar de olhos que Sakura havia dado e prosseguiu com sua narrativa exagerada. – Quem me dera receber uma ligação dessas do Gaara para almoçar.  – Acrescentou sonhadora, no mesmo instante em que seu telefone tocou. – Senhor Sabaku? – As amigas trocaram um olhar em expectativa. – Ah, sim, estou indo! Não, eu não me esqueci dos relatórios. – Disse ela apressadamente, enquanto agarrava um punhado de pastas. – Eu esqueci dos relatórios, droga!

Sakura não teve tempo de rir, pois a amiga havia desaparecido para o corredor que dava acesso as salas gerenciais.

 

A AMIZADE com Sasuke sempre rendera para Sakura algumas complicações.

Eles eram amigos desde os úteros de suas mães, que haviam ficado gravidas em períodos muito próximos, além de que eram vizinhos desde sempre.

Quando pequenos, tanto ele quanto Sakura metiam-se em confusões intermináveis pelos quintais de suas casas e posteriormente, o caos foi espalhando-se pelo bairro todo à medida em que eles cresciam.

Tinha sido apenas os dois até o terceiro ano do ensino fundamental, onde eles haviam conhecido Naruto. Desde então, a palavra “inseparável” não era suficiente para descrever a cumplicidade dos três amigos.

Eles haviam pego catapora juntos – E que os pais de Sakura e Sasuke nunca descobrissem que os dois tinham encontrado Naruto (o primeiro contagiado) às escondidas para ficarem em casa também.

Ela não percebera que com o passar dos anos, Sasuke e Naruto haviam deixado de ser dois adolescentes franzinos, para transformar-se no tipo ideal de cada garota que existia no colégio.

Para Sakura não fazia sentido, já que eles continuavam sendo os mesmos que passavam a tarde inteira na casa dela para jogar vídeo game e assistir incontáveis filmes, mas para a população feminina do Konoha High School, ela era um pequeno empecilho.

— O que você e o Sasuke são? – A abordagem tinha sido feita no banheiro feminino, de frente para a pia, enquanto a Haruno lavava as mãos. – Responde logo!

Os olhos de Sakura expressavam confusão, mas ainda assim, ela terminou o que estava fazendo tranquilamente e olhou para as garotas enquanto puxava alguns papéis para secar as mãos.  

— Nós somos amigos. – Respondeu com uma expressão séria. - Mas o que isso te interessa?

— Se você mentir...

— Olha, calma ai. – Sakura interrompeu a menina e ergueu as mãos. – Eu já te disse tudo o que tinha para dizer, então me deixa em paz. - E com isso, passou por entre as garotas e saiu do banheiro.

 

IGNORAR Sasuke era uma das habilidades que havia desenvolvido durante os anos e era fácil fazer isso quando precisava digitar um relatório incrivelmente trabalhoso.

Sob o olhar irritado do melhor amigo, Sakura manteve os olhos fixos no monitor, enquanto seus dedos iam de encontro com o teclado, produzindo um barulho repetitivo. Havia deixado bem claro para ele que só sairia quando terminasse e o Uchiha, por sua vez, decidiu que pressioná-la pessoalmente agilizaria o processo.

— Pode ir, se quiser. – Sakura falou ainda com os olhos no computador. – Não quero te prender aqui.

— Devia ter dito isso há quinze minutos. – Sasuke retrucou mal humorado. – Não vou a lugar algum sem você. – Declarou ele em um tom de voz que não dava brechas para questionamentos.

 Ela parou por um momento para observá-lo.

Sasuke vestia uma camisa social azul marinho, combinando com a calça e sapatos escuros. O cabelo estava um pouco mais cumprido do que o habitual e haviam pequenos indícios de barba em seu queixo, quase que imperceptíveis. Embora possuísse o semblante tranquilo, a intensidade em seu olhar denunciava que ele estava próximo de perder a paciência.

— Você fica bonito nessa camisa. – Sakura elogiou voltando a olhar para o computador. – Devia usá-la mais vezes.

— E perder a chance de ouvir você me elogiando sempre que decido usá-la? – O sarcasmo na voz dele fez com que ela revirasse os olhos. – Não, obrigado.

— Você é péssimo.

— Hm.

O olhar do Uchiha começou a incomodar Sakura após cinco minutos, principalmente quando ele desistiu de encará-la e passou a prestar atenção no que ela digitava. Pelo canto do olho, ela pode ver que o moreno mantinha o cenho franzido e puxara a cadeira para mais perto.

— Sabia que você reduziria metade do tempo que leva digitando, se não precisasse reformular todas essas frases tantas vezes? – Ele alfinetou. – Temos cursos extras para digitação, posso te mandar o link da intranet se você quiser...

— Eu termino depois do almoço. – Declarou a Haruno incomodada, salvando o arquivo e bloqueando a tela do computador rapidamente. – Você venceu!

— Não fiz nada. – Sasuke declarou impassível. – Pode terminar o relatório, Haruno. – Ali estava a provocação. O moreno nunca a chamava pelo sobrenome, a menos que decidisse irritá-la. – Posso esperar mais vinte ou trinta minutos, minha próxima reunião é só às 16.

Sakura lançou o melhor olhar de desprezo que pôde na direção de Sasuke e ergueu-se da cadeira em silencio. Aquela batalha ele havia vencido.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
Até a próxima!



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