Posso ouvir o barulho da chuva em minha janela, já dei para notar que esse pode ser um dia melancólico. Não tenho coragem de abrir meus olhos, consegui dormir até que bem e não faço ideia de por quanto tempo. Tudo estava bem confuso, lembro que viajei para a Itália, nossa quem diria hein, Isabella Swan saindo de Forks e indo dar uma volta em outro país, até poderia ter sido um sonho mas eu não fui a visita infelizmente, quem sabe um dia. Ainda lembro que tive uma conversa bem tensa com o Edward e eu tenho certeza que essa tensão ainda vai se estender por algum tempo, ainda há muitas coisas a serem ditas e eu não sei se estou preparada para começar esse dia. Seria bem mais fácil fugir dos meus problemas, é isso! eu vou fugir, pronto, tudo resolvido. Mas espera um pouco Bella, você não pode simplesmente largar tudo, sejamos racionais, você tem que enfrentar tudo e todos. Maldita consciência, está certa mais uma vez. Então para começar eu deveria abrir meus olhos, por mais que eu não queira, mas você precisa senhorita. Ai, eu não quero! Coragem Bella, essa situação não pode ficar pior, assim eu espero.

Abro meus olhos e analiso meu quarto. Tudo exatamente no seu devido lugar, nada mudou. Olho para o relógio e vejo que são 8 horas da manhã, digamos que ainda está cedo para um domingo. Percebo que estou sozinha e penso em sua promessa, quem eu queria enganar. É claro que ele não estaria aqui quando eu acordasse, eu nem queria isso, até parece que iria acreditar em alguma de suas promessas novamente. Eu não sou idiota.

—Bom dia – O som vem da direção da janela e levo a mão até meu coração sinalizando que acabei de levar um baita susto- Me desculpa, não tinha a intenção de te assustar, mas você estava perdida em seus pensamentos que nem percebeu minha presença.- E sou contemplada com o seu sorriso torto mais lindo que eu já vi.

—Tudo bem, a culpa foi minha. Tenho andado bem distraída nesses dias, eu realmente não te vi parado aí. - E você pensando que ele tinha ido embora, que feio Isabella, permita-se ter fé no que ele te diz.

— É bem compreensivo, você está passando por muita coisa. Mas se você quiser conversar eu estou aqui.

—Eu sei Edward, tenho certeza que vou precisar- Acabo sorrindo, não deixa de ser mentira, vamos precisar mesmo conversar. – No momento eu preciso levantar, então...

— Mas é claro, peço desculpas. Acha melhor eu retornar mais tarde? Ou quando achar mais conveniente, Charlie está pensando em ir na reserva logo após conversar com você. – Meu Deus, esqueço completamente de Charlie e em tudo que terei que enfrentar – Relaxe, ele ficou bem preocupado e só que escutar de você que tudo está bem – Ele me tranquiliza quase como se pudesse ler minha mente.

—Eu realmente preciso desse tempo, então vou permitir que senhor retorne mais tarde.- Tento fazer graça e ele me acompanha com uma risada. Quem eu quero enganar, não tem como ficar longe dele.

—Então até mais tarde minha senhorita- Ele se aproxima, sem desviar o olhar do meu, pega minha mão e deposita um singelo beijo na mesma e isso tudo olhando bem no fundo de meus olhos e com aquele maldito sorriso torto que deixa qualquer mulher deslumbrada. E logo após só o vejo saindo pela minha janela.

Tudo bem, solto o ar que nem percebi que estava prendendo durante esse contato, agora eu só preciso me recuperar, tenho uma fera lá embaixo me esperando cheio de perguntas e já prevejo qual é a primeira.

Depois de um banho relaxante, procuro uma roupa quente, as coloco sem pressa alguma, deixo meus cabelos molhados mesmo, e nem assim consigo controlar minha ansiedade. Não tenho a mínima ideia do que me espera ao descer as escadas. Por mais que Edward tenha tentando me tranquilizar vejo que agora estou uma pilha de nervos, só espero que ele me faça perguntas que eu consiga responder sem revelar muito do que realmente aconteceu.

Desço as escadas em direção a cozinha, respirando fundo e pensando que o Edward bem que poderia ter me adiantado o que se passava pela cabeça de Charlie, mas agora não adianta lamentar, o que está feito está feito e eu não tenho como voltar atrás, e vou ser sincera nem quero e não me arrependo de nada que aconteceu, não mesmo.

Chego na cozinha e o encontro lendo jornal e tomando uma xícara de café, quase como se não tivesse percebido a minha aproximação, será que vou ter que ser a primeira a me pronunciar? Eu só queria poder evitar essa conversar, talvez ele nem esteja tão curioso para saber aonde estive ou o que eu andei fazendo durante esse tempo.

— Bom Dia Pai – Falo com um tom mais natural possível, tentando esconder meu a tensão em minha voz, sem muito sucesso é claro.

Ele coloca o jornal na mesa e enfim consigo ver o seu semblante. Percebo que não é um dos melhores, como se tivesse envelhecido uns 10 anos em 3 dias, e começo a temer pelo o que me espera. Eu nunca fui uma filha rebelde, que causasse algum tipo de confusão. Nunca fui de ir a festas e chegar só quando o dia estivesse amanhecendo ou de ir a bares usando um identidade falsa para beber com os meus amigos, até porque nem tinha amigo para isso e nem baladas o suficiente para se frequentar em Forks. Enfim, eu nunca fui uma filha problemática, sempre preferi um bom livro a uma grande festa e meus pais sabem disso, então o que eles esperam de minha pessoa é que eu seja a filha que só vá parar em um hospital porque é melhor amiga do chão e automaticamente a filha que não fuja do nada só para ir atrás do ex namorado que a abandonou por um motivo até então desconhecido por todos.

—Bom Dia Isabella, acho que precisamos ter uma conversa né mocinha- Eita, fui chamada de Isabella, estou mais ferrada do que eu pensava. Lá vem bomba.

— Claro Pai, você já tomou café da manhã? Se quiser eu posso preparar algo para o senhor comer? – Tento adiar um pouco o assunto, quem sabe distrai-lo de alguma maneira.

—Estou satisfeito com o meu café Isabella, não precisa se preocupar. Mas se você quiser preparar algo para comer fique a vontade. Deve estar morrendo de fome, não sei se você andou se alimentando direito nesses dias que esteve fora. Alias eu não sei absolutamente nada que você andou fazendo nesse tempo que esteve sumida. – Vejo que ele tenta ao máximo controlar suas emoções nesse momento, sei que o deixei preocupado e a única coisa que eu fiz foi te deixar um bilhete dizendo que precisava ajudar o Edward e estava saindo com a Alice. Ou seja, não são explicações muito boas, na verdade nem explica nada.

— Eu estava bem pai, segura. Eu só precisa resolver um mal entendido que eu causei.- Segura nem tanto Bella, você estava na jaula com leões que a qualquer momento poderiam te matar, mas Charlie não precisa saber disso e nem pode desconfiar.

— O que você quer dizer com “resolver um mal entendido"  Isabella? Sabe como eu fiquei no momento que encontrei o seu bilhete que não dizia absolutamente nada? Você só tinha partido com Alice Cullen sem deixar um rastro de onde poderia ter ido, pensei que você nem voltaria para casa. Pode me explicar exatamente o que aconteceu de tão grave a ponto de ir atrás do Edward Cullen? – Ele disse quase sem ar, liberando tudo o que estava entalado em sua garganta durante esse tempo em que estive fora.

E agora, o que eu falo? A verdade nem pensar, ele iria achar que eu estou louca e me internaria com toda certeza e outra esse segredo nem é meu para contar para alguém. Tudo isso envolve pessoas demais e Charlie não precisa estar envolvido também. Eu realmente tinha que ter pedido ajuda ao Edward, talvez Alice tivesse visto toda essa conversa e poderia me dar uma luz. Ah como eu sou burra, como vou sair dessa agora, não sei como fugir dessa. E agora?