Saint Seiya - Saga de Hades: Reboot escrita por Ítalo Santana


Capítulo 2
Capítulo 02: Uma nova Guerra Santa!


Notas iniciais do capítulo

Pouco tempo depois das 108 estrelas malignas despertarem, Hades envia um dos seus subordinados como mensagem de guerra. O Santuário fica em estado de emergência e Aldebaran se ergue como uma grande muralha disposto a impedir o avanço de qualquer invasor. Planos de combate são traçados entre Atena e o Mestre Ancião para o confronto que se aproxima, e antigos companheiros voltam do mundo dos mortos em troca de uma nova vida.



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Capítulo 02 – Uma nova Guerra Santa!


Cinco picos antigos de Rozan, China

Parado diante da Torre que selava os espectros, o Mestre Ancião observava as 108 estrelas malignas se libertando. Uma por uma. Naquela noite, o céu de Rozan foi cortado por uma chuva de estrelas fantasmagóricas, cruzando o firmamento em todas as direções.

Vigiar e impedir o despertar prematuro daquele mal foi a missão que ele carregou por 243 anos, mas agora aquilo estava fora da sua capacidade de contenção. Com o selo rompido, não restava outra opção se não a de se preparar para a guerra.

As estrelas malignas estavam indo em direção aos seus escolhidos. Humanos que nasceram naquela Era destinados a se tornarem espectros. Uma vez escolhidos, eles serão possuídos pelas estrelas malignas e vestirão as Surplices, o traje de proteção usado pelo exército do Mundo dos Mortos. A surplice fornecerá ao seu usuário poder e força para lutar na Guerra Santa que se aproxima, mas também o manipulará como marionete para através dele exercer a sua função.

— Atena... — disse o Mestre Ancião, telepaticamente. — Sinto muito dizer isso, mas... A minha vigília terminou. O exército do Submundo está mais uma vez caminhando sobre a Terra. Devemos nos preparar.

—...—


Santuário, Grécia

As arquibancadas do coliseu agora estavam quase vazias. Os aldeões haviam se retirado, deixando para trás alguns poucos soldados. No centro da arena, Kanon de Gêmeos e Atena conversavam, enquanto Shaka, Mu e Aiolia desciam as escadas para se juntarem a deusa.

De repente, todos ficaram em alerta.

— Mas que cosmo é esse?! — disse Mu, receoso.

Um gatilho de cosmo maligno vindo do oriente chegou até eles como uma onda cósmica, e em seguida eles avistaram uma chuva de estrelas de coloração roxeada cruzando o céu noturno da Grécia. Os Cavaleiro de Ouro ficaram temerosos e Atena foi tomada por uma sensação de perigo.

O coração da deusa acelerou e suas mãos ficaram trêmulas.

— Esse medo que parece querer me sufocar... — pensou a deusa. — Só pode significar que... 

Antes mesmo que a deusa pudesse concluir seus pensamentos, a mensagem do Mestre Ancião chegou até ela.

— Mestre Ancião?! — disse Atena, olhando para o céu.

— Atena?! — disse Aiolia, intrigado, mas logo compreendeu que Atena e o Mestre Ancião estavam conversando telepaticamente.

Mu e Shaka, que são mais aguçados em telepatia, captaram a mensagem do Mestre Ancião e entenderam a gravidade da situação.

— Compreendo. — disse Atena, segurando firme em seu báculo. — Irei aguardar o senhor, Mestre Ancião. Muito obrigada.

— Atena... — disse Aiolia, se aproximando. — Essas estrelas... Por acaso são...

— Sim. As 108 estrelas malignas do Exército de Hades. O selo perdeu as forças e se rompeu. — disse a deusa. — Mu, Aiolia, Kanon... Protejam as doze casas com Aldebaran e Milo. Shaka... — Atena olhou para ele por cima do ombro. —  Me acompanhe até o meu templo. — disse caminhando em direção a saída.

— Sim senhora!

— Selem o Santuário e soem os alertas! — ordenou a deusa aos poucos soldados que ainda restavam na arena. — Façam postos de vigilância nos arredores do Santuário! Protejam o vilarejo! Estamos em situação de emergência!!

Os soldados deram gritos de obediência e correram. Em poucos segundos os sinais de alerta começaram a soar por todo o Santuário. A noite tranquila se transformou rapidamente em uma noite de insegurança e medo.

Atena então parou na entrada do corredor lateral do Coliseu.

— Cavaleiros... — disse em tom de alerta. — Um dos espectros invadiu o Santuário e está se escondendo nas sombras. Achem-no e expulsem ele dessas terras. Vão!

— Sim senhora! — gritaram.

Os cavaleiros de ouro rapidamente correram e se espalharam, com exceção de Shaka, que ficou fazendo a segurança de Atena.

— Atena, tem certeza?! Eu não sinto qualquer cosmo hostil no Santuário.

— Umas das habilidades dos espectros é ocultar a presença deles nas sombras de modo que se tornem imperceptíveis. — explicou a deusa. — É um exército ardiloso. Temos que redobrar a vigilância, caso contrário teremos nossas defesas penetradas. Vamos. O Mestre Ancião está a caminho do Santuário.

—...—


Doze casas, Santuário de Atena – Grécia

— Primeiro foi uma explosão cósmica poderosa vindo do oriente.... E agora uma chuva de estrelas... — pensou Aldebaran, em pé nas escadarias da casa de Áries, olhando para o céu. — Sinto presenças hostis se espalhando em direção aos quatro cantos do planeta. Sem dúvidas uma nova ameaça se ergueu contra a humanidade.

— Admirando as estrelas, Cavaleiro de Ouro?

Aldebaran enrugou o cenho e procurou ao seu redor o dono daquela voz, mas não encontrou. Não havia ninguém próximo a ele.

—  Quem está a? —  perguntou o Touro. — Ele está invisível? —  pensou Aldebaran. —  Não... Está escondido nas sombras. Eu posso sentir, ainda que seja uma percepção bastante fraca da sua presença. — concluiu. — Saia das sombras e se revele!

— E se eu não quiser? — disse em tom provocativo.

O cosmo de Aldebaran se elevou, agitando sua capa e seus longos cabelos que escorriam por baixo do seu elmo. O chão da região começou a tremer com a pressão exercida pelo cosmo do Touro.

— Reviro toda essa área com um só golpe se for preciso.

O intruso sorriu.

— Não será necessário.

As sombras se agitaram e rodopiaram, dando forma a um homem alto e forte, de pele morena, e trajando uma armadura obscura e emanando um cosmo roxo sinistro.

Aldebaran arregalou os olhos.

— Mas essa armadura é uma... Não pode ser! Os guerreiros que usam armaduras fantasmagóricas e escuras são conhecidos como...

— Pela expressão do seu rosto presumo que saiba quem eu sou.

— Um espectro. —  disse o Touro.

— Exatamente, Touro. Sou um dos 108 espectros a serviço do Imperador Hades, o senhor do Mundo dos Mortos. Meu nome é Iwan de Troll, a Estrela Celeste da Derrota. Um dos guardiões da terceira prisão do Mundo dos Mortos.

— Hades, o Imperador do Inferno?! Então essa explosão de cosmo que eu senti agora apouco foi...

— Isso mesmo. O despertar das 108 Estrelas Malignas. — afirmou Iwan. — Neste momento todos os espectros devem estar se reunindo diante do Imperador Hades no Inferno, no Palácio de Giudecca. E como eu fui um dos primeiros a ser escolhido pelas Estrelas Malignas e a me apresentar diante do meu senhor, recebi a missão de vir até o Santuário matar um dos doze Cavaleiros de Ouro como uma mensagem de guerra.

— E você se considera capaz disso? — questionou Aldebaran.

— Eu não fui escolhido à toa, Touro. O Imperador Hades acredita que se um dos Cavaleiros de Ouro for morto antes mesmo da Guerra Santa começar... O resto do Santuário, que já está bastante defasado, irá se desesperar. Eu devia matar o Cavaleiro de Áries, que é também o restaurador de armaduras, mas acredito que o Imperador Hades não vai se importar se eu matar você.

— Que estranho... Para alguém que acabou de se juntar as tropas de Hades, ele tem informações bastante específicas sobre o Santuário. — pensou Aldebaran— Tudo bem... — disse o Touro, afastando os pensamentos e cruzando os braços. — Eu, Aldebaran de Touro, irei enfrentar você. Vamos, o que está esperando?

Iwan sorriu.

— Vai se arrepender. — o cosmo do espectro se elevou, emanando uma energia poderosa e hostil. — Irei despedaçar você!!

O espectro avançou para o ataque, concentrando cosmo em seus punhos. De braços ainda cruzados, o Touro dourado recebeu os poderosos socos de Iwan, que os desferia em uma intensa velocidade. O que Aldebaran não esperava, era que a força dos socos do espectro fosse tão forte.

— Que força é essa?! E essa sensação... Apesar dos socos deles estarem sendo deferidos na altura dos meus braços... Eu sinto como se todo o meu corpo estivesse sendo golpeado. — pensou Aldebaran. — É como se um troll gigante estivesse me golpeando.

A energia acumulada nos braços do espectro ampliava a força de impacto e percorria todo o corpo do Touro na medida em que era acertado, fazendo com que a onda de choque o afetasse de modo que todo os seus músculos sentissem o dano.

Notando que Aldebaran havia ficado surpreso e estava quase dando um passo para trás para se apoiar, Iwan se empenhou em seu ataque, e continuou desferindo consecutivos golpes a fim de tirar o Touro de sua posição.

Com o corpo rígido e seus pés firmes no chão, Aldebaran elevou o cosmo.

— Até quando pretende continuar com isso? — perguntou.

O cosmo dourado do Touro cresceu e se concentrou entre os braços cruzados, se expandindo em seguida e repelindo Iwan, fazendo o espectro saltar para trás e pousar rasgando o solo.

— Você sentiu não foi, Aldebaran? Todo o seu corpo sentiu.  — Iwan avançou novamente. — O espectro de Troll é conhecido por ter a maior força física e a maior energia em ataque entre todos os 108 espectros!! Talvez você seja o oponente ideal para provar isso!!

— Com certeza sou. — disse o Touro.

Aldebaran desfez a sua posição ofensiva-defensiva e partiu para o confronto direto, com seu cosmo dourado se concentrando e rodopiando ao redor do seu punho.

Em um rápido avanço, que mais parecia o encontro de duas estrelas no campo de batalha, os punhos de ambos colidiram com ímpeto, provocando um poderoso choque seguido por um deslocamento de ar e uma pressão esmagadora, que afundou o chão abaixo deles e varreu tudo ao redor.

O impacto acabou provocando rachaduras no braço da surplice de Iwan, que não suportou tamanha pressão e foi arremessado para trás, rasgando o solo. O Touro dourado prosseguiu, aproveitando que seu oponente estava com a guarda aberta. O avanço de Aldebaran foi um rápido feixe de luz dourado, deixando para trás apenas o rastro do seu cosmo.

Aldebaran alcançou Iwan e desferiu uma poderosa sequência de socos. O espectro contra-atacou, mas a velocidade e a quantidade de golpes desferidos pelo Touro superava a capacidade do espectro em acompanhar. Cada ataque desferido gerava um potente deslocamento de ar que revirava o solo ao redor e fazia a terra tremer.

Iwan cruzou os braços frente ao corpo para se proteger dos punhos furiosos do Cavaleiro de Ouro ao mesmo tempo em que recuava para tomar distância. Sua surplice seguia sendo danificada, não sendo suficiente para lhe dar proteção para suportar aqueles ataques, e caso Aldebaran o acertasse em cheio, ele sofreria sérios danos.

Visando isso, Iwan saltou, saindo da linha ofensiva do Touro e pousou em cima de um pilar. De braços estendidos mirando Aldebaran, o espectro de Troll concentrou cosmo entre as mãos e disparou uma poderosa rajada de cosmo, mas para a surpresa de Iwan, Aldebaran não desviou. 

O cavaleiro de ouro estendeu a mão e conteve a rajada de cosmo, que em seguida se expandiu e explodiu. Uma coluna de poeira e fumaça subiu. Iwan estreitou os olhos procurando Aldebaran, e para sua surpresa o Touro surgiu atravessando a coluna de fumaça e o agarrou pelo pescoço.

— Estava me procurando? — perguntou Aldebaran, cara a cara com o espectro. 

Aldebaran fechou o punho e desferiu um soco no rosto de Iwan, partindo a coluna grega ao meio e enterrando o espectro em uma cratera que se abriu com a pressão esmagadora do cosmo de Aldebaran.

Encurralado e com seu corpo pesado e dolorido, Iwan se viu na necessidade de reagir, caso contrário seria esmagado ali. O espectro tentou aplicar um chute, mas Aldebaran desviou na velocidade da luz. Apesar de não ter acertado o Cavaleiro de Ouro, aquilo foi suficiente para o espectro ter uma oportunidade de se levantar.

Concentrando cosmo em seus braços e ampliando sua força, Iwan se ergueu e partiu para cima do Touro. Aldebaran assumiu a postura de defesa, mas no meio do caminho Iwan mudou seu ataque e saltou, girando e descendo com um chute em direção ao rosto de Aldebaran.

O cavaleiro de Ouro se defendeu usando o antebraço, sendo arrastado para trás, e em seguida segurou na perna do espectro, girando e arremessando Iwan contra uma sequência de pilares.

Antes que Iwan pudesse se levantar, Aldebaran pisou forte no chão, propagando um deslocamento de terra e cosmo que arremessou o espectro para o alto. Em meio ao percurso, Aldebaran avançou de punho cerrado e desferiu o primeiro soco no peito do espectro, causando danos severos na surplice. E antes que o espectro fosse arremessado pela potência do golpe, Aldebaran desferiu um segundo soco no queixo do espectro, arrancando o elmo de Iwan e o jogando para o alto cuspindo sangue.

Iwan caiu rasgando o solo até colidir com um pilar que desabou em seguida.

— Subestimei você, Touro. — disse Iwan se levantando e limpando a boca suja de sangue.

— Talvez seja tarde demais para notar isso. — Os olhos de Aldebaran foram tomados por um brilho dourado e ele se moveu na velocidade da luz novamente, surgindo diante de Iwan e aplicando um soco na barriga do espectro. — Você teve o azar de me encontrar como o primeiro guardião das doze casas.

Iwan sorriu em meio a uma cuspida de sangue.

— Não se superestime tanto assim. — disse o espectro.

Iwan segurou no braço de Aldeberan, prendendo o cavaleiro de ouro, e aplicou um soco no rosto do Touro, arrancando o elmo e lançando Aldebaran para o lado.

Iwan atacou novamente com um chute, mas Aldebaran bloqueou, desferindo um soco. O espectro desviou, vendo o punho do Touro passar rente ao seu rosto.

Socos e chutes foram trocados em uma velocidade absurda de se observar. A potência dos golpes também era surpreendente, mas Iwan continuava em desvantagem em relação a sua surplice. Enquanto a armadura de ouro seguia resistente e sem qualquer dano.

— Você tinha razão. Você realmente possui uma grande força, mas... — o Touro segurou Iwan pela cabeça e o empurrou contra o joelho, aplicando um golpe na testa do espectro. — Não se compara com a minha força. Sou o cavaleiro com a maior força física entre os Cavaleiros de Ouro.

Cambaleando para trás e cuspindo mais sangue, Iwan olhou para Aldebaran e sorriu.

— Eu nunca duvidei disso, Touro. — disse elevando o cosmo. — Mas a luta ainda não terminou. Vamos lá Aldebaran!

Mesmo ferido, o espectro não recuou e partiu para o ataque ofensivo mais uma vez. Iwan desferiu centenas de socos contra o Touro, que os bloqueou e contra-atacou, acompanhando os movimentos do espectro.

Saltando para trás, Iwan elevou o cosmo com intensidade e voltou a atacar.

— Arrancarei a sua cabeça com esse golpe e darei de presente ao meu senhor Hades! Morra Touro! Máxima fúria!!

O cosmo de Iwan deu forma a imagem de um gigantesco Troll furioso de punho cerrado indo em direção a Aldebaran.

— Já estendemos essa luta por tempo demais. — disse Aldebaran. — Conheça o que é uma verdadeira concentração de energia!! Grande Chifre!!

Na velocidade da luz, Aldebaran descruzou os braços e os estendeu liberando uma poderosa rajada de energia, e em seguida os cruzou novamente, assumindo a forma defensiva.

A energia cósmica disparada por Aldebaran tomou a forma de um grande Touro dourado e avançou contra o punho do Troll de Iwan. Os golpes colidiram, provocando uma poderosa explosão que ergueu uma coluna de cosmo e abriu uma extensa cratera.

A imagem do Troll foi desfeita e o golpe de Iwan foi superado. O espectro foi acertado em cheio pelo Touro dourado, e teve sua surplice severamente destruída, sendo lançado com força rasgando o solo mais uma vez.

— O desgraçado me acertou sem descruzar os braços. — pensou Iwan.  Como?! — disse tentando se levantar, mas não conseguia. Dezenas de ossos haviam sido quebrados e Iwan não conseguia parar de cuspir sangue. — Como você me atacou sem descruzar os braços?!

— Ora, não conseguiu acompanhar meus movimentos na velocidade da luz?! Talvez os guardiões das prisões do inferno não sejam tão poderosos assim. O golpe que eu lancei contra você foi apenas uma demonstração do que é o poder de um cavaleiro de ouro. Não lhe ataquei com a intenção de matá-lo, mas sim de deixá-lo na beira da morte. Tempo suficiente para você voltar ao inferno com vida e levar uma mensagem para Hades.

— Mensagem?! Do que está falando? Isso foi um erro, Touro. Isso pode custar a vida de um companheiro seu no decorrer da guerra.

— Pelo visto você não aprendeu nada. — a voz veio das escadarias que dão acesso ao pátio da casa de Áries. A voz era rouca e cansada, e o indivíduo caminhava lentamente, se apoiando em um cajado de madeira.

— O senhor é... Mestre Ancião! — disse Aldebaran.

— Você... Eu reconheço seu cosmo. — disse Iwan. — Ou melhor, a surplice reconhece. Você é um sobrevivente da Guerra Santa anterior. O cavaleiro de ouro de Libra, Dohko!!

— Vejo que a Estrela Maligna da Derrota já lhe domina por completo e compartilha com você o conhecimento de combate e das guerras anteriores. — disse o Mestre Ancião.

— Aldebaran! — gritou Milo, que vinha correndo acompanhado por Mu, Aiolia e Kanon. — Está tudo bem?!

— Sim, já  terminou. — respondeu o Touro. — Agora espectro, volte para o inferno e leve a mensagem para o seu Imperador: O exército de Atena está pronto para derrotá-lo.

As sombras ao redor de Iwan se agitaram e envolveram o corpo do espectro.

— Você não sabe o que diz, Touro. O Imperador Hades conhece o coração do Santuário e o de Atena. Todos vocês irão morrer!!

O espectro foi engolido pelas sombras e desapareceu.

— É muita insolência aparecer aqui no Santuário logo após despertar. — disse Shaka, se aproximando acompanhado por Atena.

— Mestre Ancião. — disse a deusa, cumprimentando o antigo guerreiro.

— Atena... É um prazer vê-la mais uma vez, depois de 243 anos. — Dohko inclinou a cabeça, em sinal de respeito. — Agora é tempo de agir. Temos que nos preparar para a guerra santa que se aproxima. Cavaleiros... — disse se voltando para Aldebaran e os outros. Todos os cavaleiros de ouro se ajoelharam e abaixaram a cabeça. — Perdemos muitos dos nossos companheiros na rebelião de Saga e na Guerra Santa contra Poseidon. Mas como vocês sabem, é Hades o nosso verdadeiro inimigo. Protejam as doze casas. Vigiem as sombras do Santuário. Os espectros são ardilosos. Não deixem qualquer inimigo dar um passo se quer nesta montanha.

— Sim senhor! — disseram unanime.

— Atena...

— Vamos ao templo do Grande Mestre. — disse a deusa. — Precisamos traçar uma estratégia. Shaka... Nos acompanhe, por favor. Os demais, sigam as orientações do Mestre Ancião.

— Sim senhora! — responderam, se levantando.

Atena se abaixou, pegando o elmo de Touro que havia caído no chão durante a luta, e entregou nas mãos de Aldebaran.

— Obrigada por tudo. Gostaria que você também me acompanhasse.

— Atena... Sim senhora.

Atena, Aldebaran, Shaka e o Mestre Ancião subiram as doze casas, seguidos por Mu e os outros que foram ficando em suas respectivas casas.

—...—


Templo do Grande Mestre – Santuário de Atena, Grécia

Sentada em seu trono, Atena observava pacientemente os soldados fornecerem uma cadeira para o Mestre Ancião poder se sentar diante dela. Ao lado do velho mestre estava Shaka e Aldebaran ajoelhados.

— Eu não esperava que fosse haver um ataque ao Santuário de imediato. — disse Shaka.

— Eu também não. Foi realmente um ataque surpresa. — disse o Mestre Ancião. — Também não é comum que o exército de Hades envie apenas um espectro para invadir o Santuário.

— O espectro me falou que Hades o enviou com a intenção de matar Mu. — disse Aldebaran.

— Mas por qual motivo? — questionou Atena.

— Essa é a parte intrigante. De acordo com o espectro... Hades acreditou que se um dos Cavaleiros de Ouro fosse morto antes mesmo da Guerra Santa começar, o Santuário iria se desesperar, pois temos poucos combatentes, e um cavaleiro da elite de Atena ser morto iria provocar temor nos demais. Sendo assim, ele escolheu que Mu morresse, por ser o primeiro guardião das doze casas e também por ser o restaurador de armaduras. Isso tudo me pareceu...

— Informações demais. — concluiu Atena, pensativa.

— É como se Hades tivesse conhecimento específico sobre nossas baixas e nossas posições. Para um exército que estava até pouco tempo selado, é estranho saberem tanto a nosso respeito.

— Antes mesmo que seja cogitado... Eu não acho que exista um traidor entre nós passando informações para Hades. — disse Shaka.

— Isso já aconteceu antes. — alertou o Mestre Ancião. — Infelizmente é algo que não podemos descartar agora. Contudo, poucos cavaleiros restaram, então, se for um de nós, saberemos mais cedo ou mais tarde.

— Mas também não podemos levantar uma cortina de dúvidas sobre os nossos companheiros. — disse Atena. — Temos que traçar uma estratégia de combate. E graças a Guerra Santa anterior, sabemos exatamente para onde devemos ir. O local onde se encontra o corpo de Hades.

— O... O corpo de Hades?! — perguntou Aldebaran.

— Mestre Ancião... — disse Atena, dando ao antigo Cavaleiro de Libra a oportunidade de explicar.

— Descobrimos na última Guerra Santa que Hades guarda seu verdadeiro corpo nos Elíseos. Desde os tempos mitológicos. Por amar demais o seu belo corpo e temer que ele fosse ferido, o Imperador do Inferno o mantém protegido para usá-lo apenas quando dominar a Terra. Por isso, acreditamos que se destruirmos o corpo de Hades, ele desistirá de invadir a Terra.

— Mas Mestre Ancião, se Hades não usa o próprio corpo... — disse Aldebaran. — Quem ele...

— O humano mais puro desta era. — respondeu Atena.

— Mas quem seria? — perguntou Shaka.

— É difícil saber. Hades tem seus critérios para definir quem é o mais puro. Pode ser qualquer pessoa.

— Então, como chegaremos nos Elíseos? — perguntou Aldebaran.

— Esse é outro impasse. — disse o Mestre Ancião. — Os Elíseos ficam no lugar mais profundo do inferno. Mas é quase impossível chegar vivo no inferno.

Atena se levantou do trono. Parecia apreensiva.

— Na verdade... Existe sim um meio, mas... É arriscado e não temos certeza se daria certo. Por séculos venho evitando recorrer a isso.

— Mas agora que sabemos onde está o corpo dele... Não temos escolha, Atena. — disse o Mestre Ancião.

— Tem razão. — disse ela, preocupada. Atena fez uma pausa antes de dar continuidade. — É através do Oitavo sentido.

Aldebaran foi claramente pego de surpresa com aquela informação. A maioria dos cavaleiros só tem conhecimento sobre os sete primeiros sentidos.

— Também conhecido como Arayashiki no budismo. — disse Shaka, que parecia já saber a respeito.

— Exatamente. — disse Atena. — Os espectros são protegidos pela vontade de Hades, e por isso podem ir e vir entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos. Mas os cavaleiros não têm esse acesso, e não é fácil entrar no reino de Hades desde os tempos mitológicos. Poucos deuses e mortais tiveram acesso, mas sempre com a permissão de Hades.

— Claro que ao morrer se consegue entrar, mas perdemos a vontade própria e somos obrigados a obedecer às regras impostas por Hades. — disse o Mestre Ancião. — Assim, é inútil tentar enfrentá-lo. Para vencer Hades definitivamente sem obedecer às suas regras do mundo dos mortos é preciso chegar até lá vivo.

— Então com esse Oitavo sentido conseguiríamos ter acesso estando vivos? — perguntou Aldebaran.

— Sim. — respondeu Atena. — Como Shaka falou, o Oitavo sentido também é chamado de Arayashiki.  Em termos budistas, significa “coisa oculta” ou “fonte”. O Oitavo sentido é a energia cósmica que todo homem tem em sua fonte de vida... E que está acima do sétimo sentido!

— Ou seja, para alcançar o Oitavo sentido é necessário elevar o cosmo até superar o sétimo sentido. — afirmou Shaka. — Até mesmo para nós, cavaleiros de ouro, pode ser algo complicado de alcançar. Além disso, nem todos do exército de Atena conseguem alcançar o sétimo sentido. Alguns apenas alcançam temporariamente, como foi o caso do grupo de Seiya. Então para os cavaleiros de prata e de bronze, alcançar o Oitavo sentido é um obstáculo ainda maior. O que já reduz os números de invasores no inferno, sendo que Hades possui 108 espectros a seu dispor.

— E é isso o que me preocupa. — disse Atena. — O Oitavo sentido está mais escondido no cosmo do que o sétimo sentido. E as pessoas costumam morrer antes de descobrir sua existência. Isso é normal. O Oitavo sentido costuma despertar pela primeira vez após a morte. Quando alguém morre, perde do primeiro ao sétimo sentido. Logo após a morte, o Arayashiki aparece. Mas, se os cavaleiros conseguirem alcançar o Oitavo sentido em vida, nem que seja só por um rápido instante, preservarão os outros sete sentidos, a vontade própria e não estarão sujeitas as leis de Hades no inferno. Consegue compreender a situação, Aldebaran?

— S-Sim, senhorita. — disse o Touro, surpreso e preocupado.

Houve um momento de pausa. Atena e seus cavaleiros se sentiam com as mãos atadas. Eles tinham a solução diante deles, mas era um grande risco. Caso os cavaleiros não conseguissem alcançar o oitavo sentido, morreriam no processo de entrar no mundo dos mortos e assim Atena perderia de vez os poucos cavaleiros que ainda lhe restavam.

— Eu cuidarei disso. — disse Shaka.

— Do que está falando, Shaka? — perguntou Atena.

— Atena... Em meus dias de treinamento, eu passei bastante tempo conversando com Buda a respeito da morte. Buda me disse algo que talvez... Que talvez seja a resposta que a senhorita precisa para sanar suas dúvidas a respeito do uso do Oitavo sentido. Então, deixe que eu irei me certificar da segurança de usar esse recurso para invadir o inferno.

— Shaka...

— Deixaremos isso nas suas mãos, então. — disse o Mestre Ancião. — Agora temos que voltar nossa atenção para o próximo passo, Atena. Os Elísios.

— Sim. Como eu disse anteriormente, poucos deuses e humanos tiveram acesso ao inferno com a autorização de Hades desde épocas mitológicas, como o deus Hermes, por exemplo. Mas esses  poucos que foram trouxeram informações a respeito do submundo. — disse Atena. — O Mundo dos Mortos é formado por oito prisões, e na última está o palácio de Giudecca, que é onde o inferno termina. Também é o local onde Hades fica quando está no inferno. Mas é para os Elíseos que devemos ir por causa do corpo verdadeiro dele. Há duas formas de ir aos Elíseos. A primeira é cruzando um caminho dimensional que fica nos limites do inferno, em Giudecca. Mas esse caminho só pode ser percorrido por deuses. A outra forma de ir aos Elíseos é subir o Rio Aqueronte e seguir o leito do Rio Lete que desemborca nos Campos Elíseos. Mas é um caminho difícil e duvido que Hades não tenha colocado proteções.

— Não há meios de os cavaleiros cruzarem essa dimensão que fica nos limites do inferno? — perguntou Aldebaran.

— Talvez. — disse Shaka. — Atena... A essência de nossas vidas corre em nossas veias. Ou seja, está no nosso sangue. Talvez, o seu sangue possa conceder aos cavaleiros proteção para transitar nessa dimensão que só os deuses podem andar.

— É uma possibilidade. — disse Atena.

— Mas para isso Atena teria que se ferir. — disse Aldebaran, parecendo reprovar a ideia de Shaka.

— De fato é uma ideia que em outra situação poderíamos considerar como um sacrilégio... — disse o Mestre Ancião. — Mas estamos em situação de emergência para encerrar de uma vez por todas a guerra santa contra Hades.

— Mas Mestre Ancião!! — disse Aldebaran, se levantando.

— Está tudo bem, Aldebaran. — disse Atena. — Eu entendo a sua preocupação, mas está tudo bem. O Mestre Ancião e Shaka tem razão. O sangue de um deus possui propriedades, e uma delas pode ser conceder a vocês proteção para ir aos Elíseos. Eu não posso perder mais cavaleiros. — Atena sentou-se no trono e segurou firme em seu báculo. — Guardas! Chamem Jabu, Shina e Marin!!

Um dos soldados fez sinal de reverência e saiu correndo do grande salão.

— Aldebaran... Shaka... Vocês já podem retornar para suas casas. Obrigada por tudo. Agora preciso que me deixem a sós como o Mestre Ancião antes que Jabu e os outros cheguem.

— Sim senhora! — disseram os dois, e se retiraram.

Quando a pesada porta foi fechada, Atena relaxou. A deusa, que se esforçava para ser forte diante de seus cavaleiros, agora deixava transparecer a preocupação estampada em seu rosto.

— Atena... Eu entendo os seus temores. Principalmente sobre os cavaleiros de bronze.  Imagino que a senhorita não queira envolver Seiya e os outros nisso, mas acredito que é inevitável.

— Se eu pudesse evitar...

— Mas não pode, Atena. Infelizmente, não pode. Shiryu e os outros não ficarão de braços cruzados. Além disso, com exceção dos Cavaleiros de Ouro, aqueles quatro possuem um grande potencial para alcançar o Oitavo sentido.

—...—


1 mês depois – Arredores do Santuário de Atena, Grécia

Encostados em um pilar, um grupo de soldados rasos, que deveriam estar fazendo a vigília do Santuário, caíram no sono despreocupadamente.

Sem que eles percebessem, um homem se aproximou e desferiu uma rajada de socos que nocauteou os soldados e os derrubou. Assustados, eles despertaram acreditando que fosse algum invasor, mas ao reconhecerem o indivíduo, recuaram temerosos.

— Se-Senhor Ichi!! — disse um dos soldados.

— Quantas vezes terei que repetir até vocês entenderem? — disse Ichi, com sua voz ranhosa. — Soaram alertas em todo o Santuário! É preciso montar guarda a noite inteira sem dormir.

— Sim, nós sabemos, senhor. — disse outro soldado.

— Já que é assim, então não durmam!! — gritou Ichi. — Nunca se sabe quando o inimigo vai atacar.

— Calma Ichi. — disse Nachi de Lobo, se aproximando do amigo. — Vamos deixá-los voltarem a seus postos. Venha. Vamos verificar os outros pontos. Quanto a vocês... Contamos com a dedicação de cada um, está bem?!

— Se voltarem a dormir, vão prestar conta aos Cavaleiros de Ouro! — disse Ichi, em tom ameaçador.

— Sim senhor! — responderam os soldados.

Agora distante dos soldados, Ichi aliviou o tom ao conversar com Nachi.

— Nachi, os soldados não têm noção da vigilância necessária durante uma crise dessas. Isso é um absurdo.

Nachi deu um leve sorriso.

— É compreensível. A noite está maravilhosa e Atena está no Santuário. É natural que eles se sintam seguros a ponto de tirarem um cochilo.

— Por falar nisso... — Ichi olhou para o topo da montanha, onde se encontra o templo de Atena. — A senhorita Atena está segura?

— Está sim. Ela está descansando em seu templo e está sendo protegida pelos cavaleiros de ouro que estão nas doze casas. Mas... Já faz um mês que foi anunciado estado de urgência. Soube que houve um princípio de invasão, mas não falaram mais nada a respeito. — disse Nachi. — Até o Mestre Ancião abandonou os Cinco Picos de Rozan e veio para o Santuário. Horas depois Jabu, Shina e Marin se reuniram com Atena, e em seguida recebemos as orientações para proteger o Santuário, mas não sei o que devemos esperar ou temer. Jabu disse que Atena preferiu manter sigilo para não alarmar os soldados. Mas do que será que até os cavaleiros de ouro estão com medo?

— Podemos concluir que o inimigo é bem mais poderoso e perigoso que Poseidon. — disse Ichi.

— Provavelmente. Quando foi declarado o estado de urgência, todos os cavaleiros e amazonas receberam ordem para voltar ao Santuário e proteger a Terra. Até mesmo aquela amazona que havia treinado com Shun teve que vir ao Santuário.

Enquanto os dois cavaleiros de bronze caminhavam fazendo a ronda, um grito estridente cortou o silêncio daquela noite estrelada.

— Você ouviu isso, Nachi?! — perguntou Ichi.

— Si-Sim. Mas.. Quem deu esse grito?

— Veio daquela direção. — disse Ichi apontando — Os soldados!!

Nachi e Ichi correram. Ao chegaram no local, se depararam com os soldados caídos no chão, feridos e derrotados.

— O que aconteceu aqui? — perguntou Nachi, correndo até um dos soldados.

— Ei rapaz, acorde! — disse Ichi, tocando no rosto do soldado e verificando se ele estava consciente.

Nachi notou um vulto de movendo nas sombras e se levantou, assumindo uma posição de luta.

— Ichi! — disse em tom de alerta.

Ichi virou-se a tempo de ver o vulto se materializar. Ele estava coberto por um manto escuro e escondia o seu rosto debaixo do capuz.

— Quem... Quem é você? — perguntou Nachi.

— Cu-Cuidado... Senhor Nachi. — disse um soldado, tentando se levantar se apoiando na lança. — Esse homem que está na frente do senhor... Ele se parece... Ele se parece com o antigo cavaleiro de prata de Lagarto.

— Misty?! — perguntou Ichi, surpreso e sem entender o que estava acontecendo. — Não diga bobagens. Misty foi morto por Seiya lá no oriente. Ele está morto.

O soldado tentou falar, mas sem forças ele desabou inconsciente.

— Vamos, tire esse manto! — gritou Ichi, mas o invasor não reagiu. — Está bem! Se você não responde, eu terei a resposta cravando as minhas garras em você!!

Ichi avançou contra o invasor. Durante o trajeto, as garras da armadura de Hidra brotaram em seus punhos, e com um golpe na velocidade do som ele desferiu centenas de golpes cortantes contra o inimigo.

O ataque de Ichi rasgou o manto e revelou um traje semelhante a armadura de prata de Lagarto, mas era uma armadura escura e de brilho roxeado. Além disso, ela parecia estar no processo de materialização. Assim como o corpo do indivíduo debaixo do traje, que estava em situação de regeneração depois de passar por uma decomposição.

Horrorizados, Ichi e Nachi deram passos para trás. O ser diante deles era um morto vivo. Eles nunca conheceram Misty, então não podiam ter certeza se aquele ser diante deles era o antigo cavaleiro de prata que havia voltado da morte.

Metade do rosto de Misty ainda mostrava carne podre, ossos expostos e um globo ocular vazio. A outra metade do rosto já estava com um aspecto normal. A pele era pálida, o olho azul estava sem o brilho da vida, mechas de cabelos loiros caiam de sua cabeça enquanto outros fios cresciam e havia uma marca negra estranha na pela. Era como se fosse uma borboleta.

Com um grunhido assustador, o morto-vivo estendeu a mão e liberou um poderoso turbilhão de ar que quase arrastou Nachi e Ichi, mas o lobo reagiu a tempo e desferiu um golpe que anulou o ataque do oponente.

— Seja lá quem for... — disse Nachi elevando o cosmo e avançando contra o inimigo. — Está se passando por um dos nossos companheiros. Está querendo manchar a imagem de um nobre cavaleiro de Atena. Eu, Nachi de Lobo, não permitirei que continue com este insulto. Uivo Mortal do Lobo!

Nachi disparou o golpe que atingiu o invasor em cheio e o partiu ao meio, devido ao vácuo originado pelos punhos na velocidade do som.

Quando o corpo do invasor caiu no chão, não restou mais nada de sua existência além uma pequena porção de cinzas. Foi como se um corpo tivesse sido cremado até se tornar pó naquele local.

— Mas o que diabos é isso?! — perguntou Ichi, se aproximando.

— Veja Ichi! Tem mais!

— Ele não veio sozinho!

Um grupo coberto por mantos escuros estava correndo em direção a eles. Nachi e Ichi prepararam para avançar, mas pararam no caminho quando viram Jabu correndo em direção ao grupo.

O cavaleiro de bronze de Unicórnio saltou elevando seu cosmo e atacou os invasores.

— Galope do Unicórnio!!

Jabu desferiu uma sequência de centenas de chutes por segundo em cada oponente, nocauteando seis de uma única vez.

— Acho que esses são os últimos. — disse Jabu, pousando ofegante.

— Jabu, o que está acontecendo? — perguntou Nachi.

— Eu não sei. Vários pontos de vigília foram atacados por esses caras encapuzados. Parecem cadáveres, mas quando morrem... Viram cinzas.

— Soem os alarmes!! — gritou Ichi. — O Santuário está sendo atacado!!

—...—


Casa de Áries, Santuário de Atena – Grécia

Mu correu às pressas para a entrada da casa de Áries ao ouvir o som dos alarmes.

— Eles estão aqui. — pensou o ariano. — Posso sentir um movimento estranho de cosmo se espreitando nas sombras do Santuário. Parece que eles passaram pela segurança reforçada e chegaram na entrada das doze casas.

Mu avistou uma sombra se movendo nas escadarias que dá acesso a sua casa. E como se a sombra tomasse forma, surgiu um ser encapuzado, semelhante aos que atacaram os soldados, caminhando calmamente em direção ao primeiro guardião das doze casas.

— Pare onde está! — disse Mu, com um tome firme. — Não posso garantir que você continuará com vida se passar desse ponto.

Imediatamente o invasor parou. Parecia encarar Mu por debaixo daquele manto escuro.

— Mu... Você não se atreveria a me atacar. Não conseguiria nem mesmo me atingir.

Mu enrugou o cenho com estranheza.

— O que?!

— Por acaso já se esqueceu do meu rosto? — questionou o invasor, subindo as escadas e parando diante de Mu.

Por um breve momento a luz da lua cruzou uma fresta entre as nuvens e iluminou o rosto do invasor debaixo do manto. Imediatamente Mu arregalou os olhos espantando e seu corpo ficou paralisado.

— N... Não! Não é possível! Você... Você é...

O invasor deu um sorriso abafado e passou lentamente pela lateral de Mu, parando em seguida.

— Como se atreve a me ameaçar? Ajoelhe-se agora mesmo!! — ordenou, mas Mu permaneceu em pé. Vendo a resistência do Cavaleiro de Áries, o invasor falou em um tom mais altivo. — Será que eu não fui claro?! Não ouviu o que eu lhe ordenei?

Diante de tamanha autoridade, Mu se ajoelhou, ainda que claramente não se sentisse confortável por estar fazendo aquilo.

— Isso. Muito bem. Assim está bem melhor. Você sabe que não pode me desobedecer. Sabe muito bem disso. Agora preste atenção... Mu, eu vou lhe dar uma ordem. Eu quero que me traga a cabeça de Atena. Você tem 12 horas.

Ainda de joelhos, Mu arregalou os olhos e abriu a boca espantado.

— Por que está surpreso, Mu? Eu sei que você pode fazer.

— Mas...

— Por que hesita?! Apresse-se e me traga a cabeça de Atena!  

Mu abaixou a cabeça.

— Mesmo sendo uma ordem de Vossa Excelência, isso vai além de qualquer coisa.

O invasor ficou calado. Houve alguns segundos de silêncio. Um silêncio gélido e paralisante. Até que uma pétala de rosa vermelha flutuou diante de Mu e pousou próxima ao cavaleiro.

Mu ergueu a cabeça e se deparou com centenas de pétalas vermelhas pairando no ar.

— Sabe que é um crime gravíssimo não obedecer às ordens de sua Excelência? — a pergunta veio das sombras.

Mu rapidamente se levantou. Aquela voz era familiar.

— Não pode ser... — pensou Mu. — Essa voz...

O primeiro invasor se afastou para que Mu pudesse ver as duas figuras que estavam surgindo das sombras de um pilar.

— Vocês dois...

— Ainda se lembra de mim? — perguntou um deles, carregando uma rosa vermelha na mão.

— Sou o Máscara da Morte de Câncer.

— E eu sou Afrodite de Peixes.

Disseram eles, abaixando o capuz e se apresentando entre risos.

— Como foi que voltaram?! — perguntou Mu, ainda surpreso. — Por acaso suas almas ainda estão perdidas entre os vivos e ficaram vagando entre os dois mundos?

Máscara da Morte gargalhou.

— Idiota. Não somos almas penadas. Juramos lealdade ao Imperador Hades, e recebemos uma nova vida.

Mu arregalou os olhos.

— Hades?! O Imperador do inferno!!

—...—


      Iwan de Troll, a Estrela Celeste da Derrota


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, tudo bom?

Bem... Tentei fazer quatro coisas que os fãs de Saint Seiya sempre pedem: Aproveitar Aldebaran, lutas dinâmicas, Atena e o Mestre Ancião fazendo estratégia de guerra, e deixar Atena mais incisiva na tomada de decisões.

Teve algumas adaptações iniciais, mas preservei as cenas de Shion com Mu e dos cavaleiros de bronze fazendo rondas no Santuário. Da mesma forma que acontece no mangá/anime. Outra coisa que tentei aproveitar e mesclar foi a questão de outros cavaleiros (além dos dourados) voltarem a vida, assim como acontece no mangá, mas que a Toei adaptou como sendo os Cavaleiros de Prata que foram enfrentar os cavaleiros de bronze.

Espero que tenham gostado do capítulo e desculpa por qualquer erro de digitação que eu tenha deixado passar.

O próximo capítulo deve sair dentro de um prazo de uma semana novamente. Vou tentar manter esse padrão de postagem.

Espero que tenha sido uma leitura agradável. Aceito críticas e dicas. Fiquem a vontade. Se quiserem falar comigo ou participar do meu grupo de fanfics, vou deixar os contatos e links abaixo:

Contato: (81) 99755-3813
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Até a próxima!!



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