O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 95
Ethan


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado part. 2, que está repleto de fortes emoções, sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Nunca pensei que uma palavra com apenas três letras fosse me fazer tão feliz, como estava agora, era como se pudesse flutuar tamanha era a minha alegria.

Eu amava Cíntia de todo o meu coração, desde a primeira vez que nos vimos e tinha plena certeza dos seus sentimentos por mim, mas ainda havia uma parte minha que temia em ouvi-la dizendo que não aceitava me ter como seu marido, afinal estávamos juntos a tão pouco tempo e com certeza quando as pessoas soubessem do nosso noivado relâmpago, iriam supor que isso só havia acontecido para preservar o bom nome da minha família, encobrindo assim uma possível gravidez indesejada, o que não era o caso.

Ao contrário do meu irmão, que passou semanas para escolher o modelo do anel que pediria sua namorada em casamento, comigo foi mais fácil pois já tinha ideia do modelo que queria assim como a pedra central, a pedra da lua, a mesma que estava no cordão que dei de presente de namoro a Cíntia.

Depois da sua resposta positiva, passamos a tarde toda na praia namorado enquanto trocávamos juras de amor, voltamos para casa onde jantamos e assistimos um pouco de televisão antes de cada um ir para o seu quarto.

Admito que durante toda a noite fiquei tentado em ir até o quarto de Aurora, mas me controlei, estávamos noivos só que ainda não havíamos chegado na parte do nosso relacionamento no qual dormíamos juntos, e sabia que não podia fazer isso antes de contar o segredo que guardava a sete chaves da mulher que amava.

—Se você soubesse de tudo, Cíntia, seria tão mais fácil pra nós...-sussurrei com pesar olhando para o teto, enquanto guardava meus receios para mim mesmo, pois tinha medo de que se soubesse a verdade, ela jamais fosse me querer novamente.

Mesmo sabendo que o imprinting daria um jeito de nos manter unidos, não importasse o modo, queria que Cíntia me quisesse de livre e espontânea vontade e não porque a magia ancestral do meu povo a induziu a me aceitar, pois não conseguiria viver com a dúvida de que ela me amava por livre e espontânea vontade ou porque foi compelida a isso.

Cansado de tantas conjecturas, virei para o lado e fechei os olhos tentando esquecer as preocupações que rondavam a minha cabeça antes de adormecer.

Estava dormindo profundamente, quando senti uma presença no quarto que deixou meu corpo em alerta, para um possível ataque de algum inimigo que havia se aproveitado do meu estado adormecido. Ainda com a mente inebriada pelo sono, não me dei o trabalho de sentir o cheiro de quem estava ali, apenas segurei seu braço com força e o derrubei na cama ficando por cima do meu inimigo, mas assim que fui atingindo por um forte cheiro de pitanga afrouxei meu aperto em seus pulsos e ligando a luz do abajur, que estava no criado mudo ao lado da cama comprovando assim as minhas suspeitas.

—Aurora? O que faz no meu quarto, acordada a uma hora dessas? Eu podia ter te machucado. -questionei preocupado com tal possibilidade, pois era mais forte que ela, enquanto saia de cima dela que corou sem graça por ter sido surpreendida em meu quarto.

—Me desculpe, não quis te assustar, querido, só que não consegui dormi...Acho que estranhei o quarto, posso ficar aqui com você?! Prometo que não irei atrapalhar seu sono. - Aurora implorou olhando em meus olhos e concordei, soltando seus pulsos e me deitando ao seu lado.

—Tudo bem, pode dormir comigo sempre que quiser. - disse sincero e ela sorriu antes de se deitar ao meu lado, sem dizer uma palavra a puxei para os meus braços fazendo com que deitasse sua cabeça em meu peito.

—Verdade? Olha que posso me aproveitar do seu convite. - Aurora brincou e sorri surpreso por suas palavras, pois não esperava por elas.

—Acho que quero, que você se aproveite, Aurora. - disse malicioso e ela sorriu me puxando para um beijo de tirar o fôlego.

Namoramos e conversamos até que o cansaço nos dominou, afinal não tínhamos descansado desde que chegamos de viagem e acabei pegando no sono profundamente.

Só acordei com o sol tocando meu rosto em intervalos, confuso abri os olhos e virei para o lado onde Cíntia estava dormindo e não havia ninguém, sem entender me sentei na cama e toquei os lenções onde minha namorada estava deitada e os mesmos estavam frios, denunciando que ela já havia se levantado há horas, me deixando intrigado.

Levantei da cama e caminhei descalço para fora do quarto, me concentrando nos sons que haviam na casa reconhecendo as batidas do coração da minha noiva, vindas do escritório que havia na casa o que me fez suspirar, constatando que Aurora devia ter se levantado cedo para trabalhar isso se ela ao menos chegou a dormir à noite toda.

—Não me venha com desculpas, Guilherme. Acorde o setor inteiro se for preciso, quero todos os balancetes dos últimos três anos da rede de hospitais. - ouvi Aurora dizer severa assim que me aproximei da porta do escritório. - Eu sei o que vi, Guilherme, mas me recuso acreditar que ele foi capaz de dar um desfalque na rede de hospitais...Claro que não. Como ousa dizer, que estou cega por causa dos meus sentimentos? Tenho certeza absoluta, que ele jamais faria algo assim... Como tenho tanta certeza disso?! Ethan, precisa de um contador para gerir a sua vida financeira, pois não entendi nada de finanças.

E ouvir aquela simples frase, fez tudo se ligar em minha mente.

Pelo que havia entendido, alguém havia desviado dinheiro da rede de hospitais e possivelmente colocado a culpa em mim, pois era o administrador da rede, sendo assim responsável por todas as documentações da área médica do conglomerado, mesmo tendo suporte do concelho administrativo da rede para tomar as decisões, a palavra final sempre seria minha.

Eu era responsável direto, por tudo de certo e errado que acontecia na rede de hospitais e não iria admitir que alguém sujasse a reputação e confiabilidade que os hospitais Adrian Thompson haviam conquistado por anos, ao redor do mundo e perante a comunidade médica.

—O que está acontecendo no meu hospital, Cíntia? - questionei sério entrado no escritório, surpreendendo minha noiva que acabou derrubando o telefone em cima da mesa devido o susto.

—Deus, você me assustou, Ethan. - ela disse nervosa e percebi que haviam algumas olheiras embaixo dos seus olhos verdes escuros, denunciando que Cíntia não havia dormindo muito na noite passada. - Achei que ainda estivesse dormindo.

—Eu não estou, Cíntia, mas gostaria de saber o que está acontecendo com o meu hospital, ou melhor, com as contas do mesmo. Porque pelo que ouvi, elas não estão batendo, é isso? - questionei sério e ela suspirou antes de me pedir para esperar um minuto, voltando sua atenção ao telefone.

—Guilherme, preciso desligar, por favor, convoque toda a equipe e encontre os balancetes dos últimos três anos da rede de hospitais. Ligue para o contador da rede de hospitais, pois quero conversar com ele o mais rápido possível. Tudo bem, obrigada. - Cíntia disse séria desligando o telefone antes de indicar que me sentasse e neguei.

—Estou bem de pé, e então...- disse incentivando-a a falar e minha noiva suspirou cansada, saindo de trás da mesa para se aproximar de mim.

—É complicado, Ethan. Nem sei por onde começar a explicar para você.

—Garanto que sou capaz de entender. - assegurei e ela respirou fundo antes de começar a me contar tudo o que sua equipe havia descoberto, assim que analisou o balancete mensal do meu setor e percebeu que havia sutis inconsistências nas contas.

Segundo Cíntia, depois que Guilherme lhe contou sobre as sutis inconsistências nas contas, ela fez questão de analisá-las pessoalmente inúmeras vezes antes de concordar que havia algo errado. Pelo que entendi, as notas fiscais dos insumos médicos estavam superfaturadas, apenas um olhar minucioso e especialista seria capaz de identificar tais falhas, os desvios se tratavam de valores insignificantes que somados aos outros chega a um desfalque de milhões de libras, nos quais a minha assinatura assim como meu carimbo profissional estavam em todas as documentações irregulares.

Não podia acreditar que haviam desviado milhões da rede de hospitais, que poderiam estar sendo usados no atendimento dos pacientes espalhados por todo o mundo, isso era cruel e desumano.

—Isso...Não está acontecendo. -disse me sentando no sofá atordoado com os papeis nas mãos, depois de tudo o que Cíntia havia acabado de me dizer.

—Ethan, meu bem, sei que tudo isso é confuso e desesperador, quero que saiba que não importa o que aconteça, acredito em você e farei de tudo para provar que não tem nada a ver com esse desvio, mas preciso que seja sincero comigo... Essa é a sua assinatura e o seu carimbo profissional, com o número do seu registro no conselho de medicina? - Cíntia questionou sincera se sentando ao meu lado e olhei atentamente para o final da página, observando meu nome e o número do meu registro profissional, antes de desviar os olhos dos papeis para vê-la.

—Sim é a minha assinatura e o número do meu registro profissional, mas juro pela memória dos meus antepassados, que jamais desviei um centavo da rede de hospitais...Eu jamais...Tiraria um dinheiro que poderia salvar inúmeras vidas...Eu jurei proteger a vida em todos os estágios...Isso vai contra tudo...Que defendo e acredito...Juro por Deus...Que não fiz isso...- comecei a dizer entre lágrimas, mas foi interrompido por soluços altos e logo fui abraçado por Cíntia, me fazendo perceber que o choro doloroso vinha de mim.

Aurora ficou abraçada comigo até que todo o choro doloroso cessasse, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela fez questão de ir até a cozinha buscar um copo de água com açúcar para mim para que me acalmasse, pois estava tremendo de raiva e ódio por tudo que estava acontecendo.

Enquanto minha noiva estava fora, comecei a praticar meus exercícios respiratórios tentando de alguma forma acalmar a minha fúria, pois não queria perder a cabeça e acabar machucando o meu imprinting durante meu descontrole.

—Obrigado. - disse com a voz rouca de tanto chorar, aceitando o copo de água com açúcar que ela havia me entregado.

—De nada, tem certeza que está mais calmo, Ethan? - ela questionou preocupada se sentando ao meu lado, enquanto tomava um gole da água.

—Sim, mas...Você acredita em mim, Cíntia? Acredita que não tive nada a ver com esse desfalque? - questionei olhando em seus olhos enquanto segurava o copo em minhas mãos.

Em silêncio, Cíntia colocou sua mão direita em cima da minha e vi o anel que havia lhe dado ontem na praia brilhando na luz do sol que entrava em intervalos no escritório, graças as cortinas que se agitavam ao sabor do vento.

—Jamais duvidei de você, Ethan, nem por um segundo. Não importa se as provas dizem o contrário, acredito que você é inocente e vou fazer de tudo para provar. - ela disse sincera sem desviar os olhos dos meus e senti as lágrimas molharem a minha face, antes de abraça-la com carinho.

—Obrigado por acreditar em mim. - disse sincero assim que nos separamos e Aurora sorriu amorosa para mim, antes de enxugar algumas lágrimas que ainda restavam em meu rosto.

—Jamais vou duvidar de você. Podemos estar juntos por apenas um mês, mas sei que jamais mentiria para mim e muito menos tiraria recursos do hospital, que poderiam salvar vidas.

Ouvi-la dizendo que jamais mentiria para ela fez meu coração se apertar, pois desde que a conhecia estava mentindo sobre a minha natureza transfiguradora e a verdade por trás do nosso relacionamento, me fazendo sentir o pior dos traidores, mas algo me dizia que ainda não era o momento certo para contar sobre mim para Cíntia.

Não no meio dessa confusão toda.

—Ainda temos duas semanas antes da reunião mensal do concelho, onde serei obrigada a apresentar o balancete de todos os setores, isso nos dá tempo até descobrirmos como aconteceu, quem desviou e onde foi parar o dinheiro, mas antes precisamos falar com o contador da rede de hospitais. Você tem o contato pessoal dele? Pois Guilherme já ligou para o telefone residencial dele e o mesmo não atende. - ela explicou e foi quando algo se clareou na minha mente, me fazendo lembrar da única pessoa que adoraria me ver longe da administração da rede de hospitais.

—Claro que tenho...O cretino do contador da rede de hospitais é o meu primo de terceiro grau, Oliver Abbot, neto do meu primo de segundo grau que me odeia...Mas é claro. Aqueles dois só podem ter armado para cima de mim. - deduzi olhando nos olhos de Cíntia que ficou feliz em saber que possuía um suspeito em mente. - Precisamos voltar para Londres, agora mesmo.

—Concordo com você. - Cíntia disse e nos levantarmos do sofá em que estávamos sentados, ela foi em direção ao quarto em que estava para arrumar sua mala enquanto eu permanecia no escritório ligando para o piloto, avisando que retornaríamos para Londres antes de seguir em direção ao meu quarto para também arrumar a minha mala.

Se os Abbot pensavam que juntos poderiam roubar o hospital da minha família e ainda colocar a culpa em cima de mim, eles estavam muito enganados.

Eles não tinham a menor ideia do que um Clearwater Thompson era capaz, quando estava com raiva e sede de justiça.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo de hoje.
Bom final de semana a todos, beijos e até segunda.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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