O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 72
Cíntia


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado part. 2, o qual é muito aguardado por todos, o casamento do Ben e da Mel.
Lembrando que a cerimonia será pelo ponto de vista do Ethan e da Cíntia.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Respirei aliviada assim que estava na segurança do meu lar, livre das sensações estranhas que Ethan Thompson despertava em mim desde que nos vimos.

No começo foi uma verdadeira tortura ficar com ele no carro, mas graças a Deus consegui controlar o sentimento desconhecido que estava sentindo, permitindo que tivéssemos uma conversa amigável durante todo o caminho para a minha casa.

Só que todo esse autocontrole quase foi por terra, quando ele tocou a minha mão sem querer ao aumentar o aquecedor. Assim que seus dedos esbararam nos meus, senti uma corrente elétrica passar por todo o meu corpo, me proporcionando uma sensação totalmente desconhecida e poderosa que me deixou atordoada, enquanto olhava em seus olhos escuros.

—Deus, o que está acontecendo comigo? - questionei aflita encostada na porta enquanto olhava para o teto, tentando controlar o meu corpo ainda tremulo por ter ficado tanto tempo perto dele.

Não conseguia me reconhecer ou entender, porque estava reagindo daquela forma.

Tudo bem que Ethan era um homem extremamente atraente, charmoso, educado e inteligente, mas isso não era motivo para que ficasse mexida daquela forma.

Talvez, Susan tivesse razão, eu tinha o péssimo gosto para homens. Só conseguia me sentir atraída por homens galinhas e cafajestes...Só que dessa vez, ia acabar com esse ciclo vicioso antes do mesmo recomeçar.

—Pelo jeito, a festa foi melhor do que você esperava. - vovó disse aparecendo na sala com um copo de água nas mãos e peguei um susto, por ser surpreendida daquela forma.

—Que susto, vovó. - disse com a mão no coração tentando acalmar a minha pulsação, que estava descontrolada desde que vi Ethan.

—Chamei você várias vezes, Cíntia, mas estava tão pensativa que não ouviu...Agora me diga, quem a tirou do eixo dessa forma? Por acaso, foi o rapaz bonitão que veio lhe deixar em casa? - vovó questionou curiosa e a olhei surpresa, por ela notar que estava realmente fora do eixo.

O que era natural, afinal, ela havia ajudado meu pai a me criar desde que a minha mãe morreu.

—Ninguém me tirou do eixo vovó, só estou cansada. - disse tentando disfarçar a confusão que estava dentro de mim, enquanto me apoiava na parede para tirar meus saltos.

—Sei...E quem é o rapaz bonitão que a deixou em casa?

—É o irmão mais novo do meu amigo Benjamin, o noivo da Mel, lembra? Ele fez a gentileza de me trazer em casa, a pedido do irmão mais velho. - expliquei a vovó que balançou a cabeça, sinalizando que havia entendido, antes de tomar um pouco da água que estava em suas mãos.

—Muita gentileza mesmo...O bonitão te convidou para sair?

—Claro que não vovó. Foi apenas uma carona, sem qualquer interesse envolvido e pare de chamá-lo de bonitão. - pedi pegando meus sapatos com a mão direita, antes de seguir em direção a escada.

—Porque, por acaso ele, não é? Tudo bem que lá da minha janela não dava para ver nitidamente, mas o pouco que vi ele me pareceu bem bonitão. - minha avó disse maliciosa, antes de beber mais um pouco da sua água e parei no primeiro degrau da escada, segurando o corrimão antes de virar para vê-la.

—Vovó, foi apenas uma carona...Então, por favor, não comece a fantasiar.

—Não estou fantasiando querida, já você...- ela disse sugestiva e corei nervosa fazendo-a rir.

—Não estou fantasiando, vovó, acho melhor ir para o meu quarto. - disse e desejei uma boa noite a minha avó antes de correr escada acima, tentando fugir dos olhares investigativos dela e da sua aguçada percepção, principalmente em relação a mim.

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—Não acredito nisso. - Susan disse chocada enquanto terminava de fazer uma trança no meu cabelo, pois minha maquiagem já estava pronta.

Minha irmã havia chegado cedo na pensão para me ajudar a me arrumar, aproveitando também para passar o dia com a nossa vó como sempre fazia no sábado, enquanto eu passava a maior parte da manhã dando aulas de reforço, por sorte havia conseguido uma folga nesse final de semana.

Enquanto me ajudava, Susan me questionou sobre o jantar de ensaio e lhe contou tudo, menos a parte em que me sentia levemente atraída pelo padrinho dos noivos. Um sentimento no qual estava me esforçando bastante, para manter sob controle.

—Quem diria que o padrinho misterioso dos seus amigos, era o pediatra gato que tanto insisti para que conhecesse. - ela disse ainda abismada com a coincidência, antes de sorri maliciosa. - E o que você achou do Ethan?

—Ele é muito educado e gentil. -disse cuidadosa e minha irmã revirou os olhos.

—Não estou perguntando isso Ci, estou querendo saber o que achou dele como homem? Ele é um tremendo gato, não é? - ela questionou sugestiva e tive que concordar o que a fez rir. -Sabia que você ia gostar dele.

— Susan, segure a sua imaginação desenfreada. Admito que Ethan é um homem muito bonito, mas ele jamais olharia pra mim...-comecei a dizer e minha irmã me olhou especulativa e tratei logo de me corrigir. - Não que esteja interessada nele, mas em fim... Ethan é um Thompson, uma das famílias mais antigas, tradicionais e ricas da Inglaterra, ele jamais ficaria com uma secretária. - disse e minha irmã suspirou antes de me olhar nos olhos através do espelho.

—Cíntia, nem todo homem é igual ao idiota do Douglas. Um sobrenome não faz as pessoas melhores que as outras, lembre-se sempre disso: Você é uma mulher incrível, uma das melhores pessoas que tive a sorte de conhecer e não pode deixar que a opinião errada de um idiota arrogante, a assombre para o resto da sua vida. Você é muito mais que uma secretária, nunca se esqueça disso...Na verdade nunca entendi, porque não subiu de posto na empresa depois que se formou em contabilidade.

—Porque nunca prestei nenhum concurso interno, além do mais estou feliz com o cargo que possuo. - disse e minha irmã suspirou antes de concordar.

—Tudo bem, mas devia se dar essa chance de atuar na área em que batalhou tanto para se formar. Você está pronta, só falta o vestido, espere um pouco que vou busca-lo.- Susan disse e agradeci enquanto ela ia pegá-lo em cima da minha cama.

Melissa fez questão de me ajudar a escolher o vestido que usaria no seu casamento, quando ela me mostrou o longo vestido cor fúcsia que possuía o decote discreto, destacado por leves babados do mesmo tecido e que descia justo até a minha cintura se abrindo em uma saia  ampla e lisa, fiquei em duvida diante da sua escolha. Afinal, aquele vestido parecia chamar atenção demais, mas a minha amiga fez questão de me convencer do contrário e aceitei relutante o vestido, que havia ficado perfeito em mim além de destacar meus olhos verdes escuros.

— Cíntia...Você ficou maravilhosa e pensar, que nem queria ficar com o vestido. - Susan disse surpresa depois que me viu vestida.

—Não queria chamar a atenção, é o dia da Mel e não o meu. - expliquei enquanto minha irmã me entregava os brincos e a pulseira que usaria, joias que vovó havia feito questão de me emprestar, segundo ela toda mulher precisa de joias para deixa-la ainda mais elegante.

—Eu sei irmã, mas um dia chegará o seu dia e ninguém apagará o seu brilho. - ela disse suave antes de beijar a minha bochecha com carinho.

Depois que terminei de me arrumar, desci para me despedir da minha avó que ficou extremamente emocionada ao me ver, chegando até a perder o equilíbrio. Rapidamente, corremos para ajudá-la, mas Susan conseguiu socorre-la primeiro, pois o vestido longo que usava não me ajudou a ser mais rápida. Com cuidado, minha irmã ajudou a nossa vovó a se sentar no sofá, enquanto ia até a cozinha buscar um copo de água com açúcar para ela.

—Acho melhor levá-la para o hospital. - disse preocupada olhando para a minha irmã que concordou.

—Nada disso, estou bem garotas e não fiquem falando de mim, como se não estivesse na sala. Isso é uma tremenda grosseria. - vovó nos repreendeu carinhosa enquanto colocava o copo de água, em cima da mesa de centro que havia na sala.

—Vovó, a Ci tem razão, dado o seu histórico médico e a sua idade, todo cuidado é pouco. - Susan disse sentada ao lado de vovó e concordei sentada do lado oposto.

—Por Deus, garotas já disse que estou bem e não estou tão acabada assim dona Susan, pergunte ao Santiago. - vovó disse e sorrimos maliciosas ao ouvi-la falar sobre o vizinho da frente, um senhor da mesma idade que ela que fazia todos as suas refeições a anos na pensão, sempre dando a desculpa de que era fã da comida da minha avó, mas sabíamos que ele vinha era paquerá-la.

—Vovó, por acaso a senhora e o Santiago estão...- Susan sugeriu maliciosa e vovó lhe bateu com o pano de prato que estava em suas mãos, nos fazendo rir.

—Claro que não Susan Barnes, Santiago é apenas meu amigo. Ele só disse que continuo uma mulher muito garbosa. - vovó disse orgulhosa por ter recebido tal elogio do nosso vizinho e sorrimos.

—Não sei se garbosa é um elogio, mas sei que o Santiago precisa rever urgentemente seus conceitos de paquera. - minha irmã disse e concordei enquanto vovó revirava os olhos e levantava as mãos para o céu, como se desistisse de nós.

—Deixando as brincadeiras de lado, tem certeza que não quer ir para o hospital vovó? - questionei preocupada olhando em seus olhos castanhos.

Com carinho, vovó pegou a minha mão direita na sua antes de fazer o mesmo com a minha irmã, alternando olhares entre mim e Susan.

—Eu estou bem meninas, não precisam se preocupar. Só foi a emoção de ver a Cíntia assim... Por um segundo achei que fosse a minha filha, descendo aquelas as escadas. - ela disse emocionada e sorri entre lágrimas, antes de abraçar a minha avó com carinho e beijar o seu rosto em seguida.

Mesmo sem demonstrar, sabia o quanto vovó sofria com a falta da única filha, afinal, para ela o ano em que minha mãe morreu foi muito difícil, pois meu avô havia morrido dois meses antes da filha. De repente ela se viu sem as três pessoas que mais amava, meu avô, o seu grande amor e companheiro de anos, minha mãe, sua filha amada, e meu irmão, o neto que não teve a chance de conhecer.

—Eu entendo vovó, sinto muito se lhe proporcionei lembranças dolorosas. - sussurrei entre lágrimas assim que nos separamos e minha avó sorriu amorosa para mim, antes de enxugar as minhas lágrimas.

—Você não me proporcionou nenhuma lembrança dolorosa, querida, ao contrário. Foi muito bom, rever a minha garotinha geniosa em você. - vovó disse carinhosa acariciando a minha bochecha e respirou fundo, um sinal claro de que ela queria mudar de assunto. - Bom, acho melhor você ir, não é educado a madrinha se atrasar, isso só cabe a noiva.

—Vovó tem certeza? - questionei preocupada e ela revirou os olhos, fazendo menção de se levantar e a ajudamos.

—Tenho Cíntia Aurora, não se preocupe. Agora vá para o casamento dos seus amigos, trate de conhecer alguém interessante por lá...Quem sabe, você não conhece melhor o bonitão que veio lhe deixar em casa ontem à noite? - sugeriu maliciosa e revirei os olhos enquanto Susan sorria concordando.

—Ele é bonitão mesmo, não é vovó? - Susan questionou e vovó a olhou surpresa.

—Você conhece o bonitão da Cíntia de onde?

—Vovó, ele não é o meu bonitão. - expliquei e ela me ignorou, enquanto olhava para minha irmã.

—Acredita que ele foi pediatra das crianças por anos, vovó?!- Susan explicou para a nossa avó.

—Não me diga. - vovó disse surpresa pela coincidência e minha irmã sorriu concordando, enquanto desistia de tentar convencer as duas de que não tinha nada com o bonitão ou melhor Ethan.

—Susan, preciso ir ou vou chegar atrasada. - disse atraindo a atenção das duas que concordaram.

—Já estou indo. Só vou deixar a Ci e volto para continuarmos a conversar vovó. - minha irmã disse suave antes de darmos um beijo de despedida na nossa avó e saímos.

 Mesmo dizendo que podia pedir um carro por aplicativo, minha irmã fez questão de me dar uma carona até a igreja São Lucas, uma das mais antigas e respeitadas de Londres, local onde a nata inglesa disputava a tapas um espaço em sua agenda, para realizar qualquer sacramento religioso.

—Prontinho, assim que terminar a festa é só me ligar que venho buscá-la.- minha irmã disse assim que estacionou na porta da igreja e vi que algumas pessoas já estavam entrando.

—Tudo bem, obrigada pela carona, Su.- disse tirando o cinto de segurança.

—De nada maninha e se divirta. - ela desejou e agradeci antes de sair do seu carro, lhe dando um tau antes dela sair da porta da igreja.

Respirei fundo e andei o pouco espaço que me separava da igreja, assim que entrei no local percebi que algumas pessoas que trabalhavam na empresa me olhavam feio, antes de começarem a sussurrar entre si, com certeza julgando a escolha da noiva em convidar uma destruidora de lares para ser sua madrinha.

Nervosa e cansada de enfrentar todas aquelas pessoas, caminhei apresada em direção a sacristia querendo me esconder de todos aqueles olhares recriminadores, que me faziam sentir a pior pecadora da história prestes a ser apedrejada por seus acusadores, apenas porque confiei meu coração a pessoa errada.

—Cíntia? - ouvi uma voz conhecida questionar enquanto se ajoelhava ao meu lado, levantei meus olhos para ver de quem se tratava e fiquei surpresa ao perceber que era Ethan.

—Cíntia, o que houve? Porque está encolhida no chão, chorando desse jeito? Por acaso alguém te machucou? - Ethan questionou preocupado com o meu estado.

—Não, ninguém me machucou fisicamente... - disse com a voz embragada enquanto enxugava minhas lágrimas, tentando ter algum tipo de compostura na presença dele.

—Entendo, apenas...Não ligue para o que eles falam. Você é muito melhor, que todas aquelas pessoas que estão lá dentro. - ele sussurrou doce enquanto me olhava nos olhos, me transmitindo paz e segurança, uma sensação que jamais senti com alguém.

—Obrigada por pelas palavras de conforto, Ethan. - disse agradecida enquanto enxugava as minhas lágrimas e ele me ofereceu seu lenço, o que me deixou surpresa. -Você é um homem que usa lenço? Achei que vocês estivessem em extinção.

E ele sorriu da minha piada...Um sorriso lindo e contagiante, que me fez rir ao seu lado esquecendo do que havia me feito chorar minutos atrás.

—Nem todos estão em extinção, Cíntia. - Ethan sussurrou meu nome de maneira devotada e senti as borboletas desconhecidas dançarem em meu estômago. -Agora que tal, se levantássemos desse chão gelado?

—Seria muito bom. -disse suave e Ethan me ofereceu suas mãos para que me ajudasse a levantar.

E novamente a mesma corrente elétrica desconhecida de ontem, percorreu meu corpo me fazendo dar um passo para mais perto de Ethan e ele fez o mesmo, enquanto ainda segurava a minha mão sem desviar os olhos dos meus.

—Eu posso...Lhe pedir uma coisa? - questionei sem desviar os olhos dos seus, hipnotizada por aqueles olhos cor de ônix.

—Tudo o que quiser, Cíntia. - ele disse sem desviar os olhos dos meus e balancei a cabeça, quebrando o encanto que seus olhos escuros possuíam sobre mim em seguida soltei as nossas mãos e me afastei a uma distância aceitável, o que lhe deixou confuso.

—Por favor, não conte que me viu chorando. Não quero preocupar meus amigos no dia mais feliz da vida deles. - implorei olhando em seus olhos escuros e ele respirou fundo, passando a mão no cabelo escuro de leve antes de concordar.

—Não se preocupe, dou a minha palavra que não contarei nada. Tem certeza que está bem?

—Tenho. Obrigada pela ajuda, mas preciso encontrar a cerimonialista, quero saber se tudo está seguindo como o planejado. Nos vemos na porta da igreja. - disse e ele concordou compreensivo, antes de sair praticamente correndo para longe de Ethan.

Deus, não podia acreditar que estive a um passo de cometer a loucura de pedir que ele me beijasse. Essa mulher doida e regida por hormônios, não era eu.

Jamais beijaria alguém que mal conheço, ou pelo menos com quem nem tinha tido um encontro...Mas a culpa era dele, em ser tão bonitão e desejável daquela forma.

—Para com isso Cíntia Aurora...Você não pode se sentir atraída por ele...Lembra, ele é o maior galinha do país. É uma diversão para ele conquistar mulheres e você não será a desse mês.- disse decidida para mim mesma enquanto caminhava apressada em busca da cerimonialista, que logo encontrei na porta da igreja dando algumas recomendações para o seu assistente e me ofereci para ajuda-la em algo, pois só assim poderia esquecer o fato de que quase pedi para que Ethan Thompson me beijasse.

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Depois que todos os convidados haviam entrado e ocupado seus lugares, recebi uma mensagem de Mel avisando que estava a caminho da igreja e informei a cerimonialista, que logo começou a organizar em fila todos que iriam entrar na igreja antes dela.

—Vou ver como a Mel está antes de entrar. - disse para a cerimonialista que me olhou preocupada com um possível atraso da minha parte. -Não se preocupe Lavínia, prometo não me atrasar para a entrada.

—Tudo bem, mas não demore. - ela pediu e concordei antes de sair do hall de entrada da igreja e caminhar em direção a pista onde um clássico rolls royce preto, pertencente à família Thompson, estacionava.

Cumprimentei o pai de Melissa assim que ele desceu do carro e indicou que eu entrasse, pois sua filha queria falar comigo.

—Mel, você está linda. - disse emocionada assim que me sentei ao seu lado e a vi vestida de noiva.

—Obrigada, mas estou apavorada...Olha como estou tremendo. - ela disse nervosa antes de me mostrar sua mão direita que tremia, me deixando preocupada.

—Mel, por acaso você está com dúvidas em relação a se casar com Benjamin? - questionei preocupada, mesmo sabendo que os dois se amavam profundamente.

—Não. Eu amo o Benjamin e sei o quanto ele me ama, mas só de pensar em entrar naquela igreja e ser o centro das atenções...Já fico apavorada. - ela disse nervosa e segurei suas mãos nas minhas, antes de olhar em seus olhos cor de mel.

—Então, não olhe para ninguém ao redor...Olhe apenas para o seu noivo, imagine que só vocês dois estão ali e tudo dará certo. - disse carinhosa para a minha amiga que sorriu agradecida para mim.

—Tem razão, Cíntia. Você é a melhor amiga que alguém poderia ter.- Mel disse suave antes de me abraçar com carinho e retribui seu gesto com cuidado, com medo de amassar seu vestido ou rasgá-lo.

—Desejo do fundo do meu coração, que vocês dois sejam muito felizes ou melhor, vocês três. - disse carinhosa nos abraçando uma ultima vez antes de sermos interrompidas pela cerimonialista informando que estava na hora da minha entrada.

Dei um ultimo abraço na minha amiga lhe desejando boa sorte, em seguida acompanhei a cerimonialista até o hall de entrada da igreja, onde as pessoas que iriam entrar antes da noiva já aguardavam em seus devidos lugares, esperando apenas a sua hora de entrar. Sorri assim que percebi de longe como Benjamin parecia ansioso e seus pais tentavam lhe tranquilizar, logo uma música suave começou a tocar e a cerimonialista indicou que ele entrasse ao lado da mãe.

—A senhorita me daria a honra de me acompanhar? -ouvi Ethan questionar ao meu lado e me arrepiei por inteira, antes de virar para vê-lo com o braço à espera do meu.

Deus, me dai forças...Não me deixe cometer uma loucura hoje, desejei aos céus antes de respirar fundo tentando me recompor, antes de colocar um sorriso educado no rosto enquanto aceitava o braço de Ethan, tentando ignorar a corrente elétrica que sempre sentia quando nos tocávamos.

—Queria lhe dizer algo, mas não quero que interprete da forma errada. - Ethan disse nervoso, enquanto caminhávamos em direção ao nosso lugar na fila de entrada e sorri surpresa, pois nunca imaginei que um grande conquistador de mulheres como ele, pudesse ficar nervoso perto de uma.

—Que tal você tentar a sorte? - sugeri olhando em seus olhos escuros e ele sorriu lindamente.

Um sorriso que fez meu coração acelerar desenfreado, como se estivesse em uma maratona.

—Você é linda, Cíntia, e me sinto um felizardo, por estar ao seu lado. -ele sussurrou com a voz rouca sem tirar os olhos dos meus e me perdi novamente, no fundo daqueles olhos cor de ônix.

Como aconteceu na sacristia mais cedo, algo me puxou novamente em sua direção até ficarmos tão próximos que senti o seu perfume, uma mistura perfeita de madeira e hortelã, que combinava perfeitamente com ele, me fazendo esquecer tudo ao redor.

Enquanto olhava nos olhos escuros de Ethan, vi muito mais que o desejo de me ter por apenas uma noite em sua cama, eram promessas silenciosas de felicidade que me fizeram chegar mais perto dele, sem pensar muito no que estava fazendo.

—Cíntia...- Ethan sussurrou com a voz rouca sem desviar os olhos dos meus, enquanto ansiava desesperada para que me beijasse, mas uma buzina de um carro que passava na rua nos assustou fazendo com que nos separássemos rapidamente.

—Precisamos entrar. - disse tentando retomar o controle de mim mesma e ele concordou antes de seguirmos em direção a entrada da igreja, dessa vez sem nenhum contato e a uma distância segura do outro.

—Ethan e Cíntia, chegou a vez de vocês. - a cerimonialista nos chamou e concordamos antes de caminharmos em direção a entrada da igreja para entramos.

—Pronta? - Ethan questionou me oferecendo seu braço e respirei fundo, antes de tocá-lo novamente.

—Sim. - disse tentando passar a imagem de que estava tranquila, o que não era verdade.

Ethan concordou com a cabeça antes de me conduzir para dentro da igreja.

Tentei não pensar nas duas vezes em que quase o beijei, me concentrei apenas em andar em direção ao altar, sem tropeçar ou me incomodar com os olhares julgadores das pessoas.

Assim que chegamos ao altar, cumprimentei Benjamin com um aceno de cabeça e ocupamos o nosso lugar no altar, enquanto olhava para a frente tentando evitar olhar para Ethan ou qualquer outra pessoa dentro daquele local, que pudesse pertubar o estado de calmaria que havia se apossado de mim depois que entrei na igreja.

Depois que todos que estavam do lado de fora entraram, os funcionários da igreja fecharam as portas e uma melodia instrumental doce começou a tocar, anunciando a entrada da noiva. Sorri emocionada ao ver minha amiga, entrando na igreja de braços dados com seu pai enquanto seguia atrás dos pajens de casamento, que incluía seu sobrinho e o sobrinho mais novo de Benjamin.

Melissa estava tão linda e feliz, como se a felicidade dela a fizesse brilhar naquela tarde ensolarada de sábado.

—Cuide muito bem da minha filha e do meu neto, Benjamin. - Will, pai de Melissa pediu ao futuro genro, assim que entregou a mão da filha a ele.

—Não se preocupe Will, prometo cuidar muito bem dos dois. - Ben jurou para o sogro que concordou antes de abraça-lo e sair do altar.

—Você está linda, meu anjo. - Benjamin disse emocionado e Melissa sorriu com carinho para o noivo que lhe deu um beijo na testa, em seguida ela me entregou o seu buque que havia sido feito exclusivamente com miçangas e cristais, já que a noiva era alérgica a flores naturais.

Sem dizer uma palavra, Benjamin e Melissa subiram de mãos dadas os três degraus que davam acesso ao altar, parando em frente ao padre que logo começou os ritos iniciais da cerimônia.

—Eu, Benjamin Elliot Clearwater Thompson, recebo a ti, Melissa Vitória James Hastings, como minha esposa. Prometo estar ao seu lado, em cada momento da nossa vida. Prometo zelar pelo seu povo, que de hoje em diante será o meu povo. Prometo te defender, de qualquer um que queira machucá-la. De hoje em diante, deixarei de ser apenas um homem, para me tornar o seu companheiro para a vida toda. A sua vida, será a minha vida, as suas alegrias serão as minhas alegrias. As suas lágrimas, serão as minhas lágrimas, e a sua dor será a minha dor. Porque hoje, nos tornamos um só, para o resto das nossas vidas. - Benjamin prometeu emocionado olhando nos olhos da noiva, enquanto deslizava delicadamente a aliança de casamento em sua mão esquerda antes de beijar o local onde a aliança estava.

—Eu, Melissa Vitória James Hastings, recebo a ti, Benjamin Elliot Clearwater Thompson, como meu esposo. Prometo estar ao seu lado, em cada momento da nossa vida. Prometo zelar pelo seu povo, que de hoje em diante será o meu povo. Prometo te defender, de qualquer um que queira machucá-lo. De hoje em diante, deixarei de ser apenas uma mulher, para me tornar a sua companheira para a vida toda. A sua vida, será a minha vida, as suas alegrias serão as minhas alegrias. As suas lágrimas, serão as minhas lágrimas, e a sua dor será a minha dor. Porque hoje, nos tornamos um só, para o resto das nossas vidas. - Mel disse entre lágrimas sem desviar os olhos do noivo, enquanto deslizava a aliança de casamento em sua mão antes de beijar o local onde a aliança estava.

—Com os poderes concedidos a mim pela santa igreja, eu vós declaro marido e mulher. Benjamin, pode beijar a noiva. - o padre disse e Benjamin sorriu amoroso para a noiva, antes de beijá-la apaixonadamente sob os aplausos de todos que estavam na igreja.


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Notas finais do capítulo

Imagens do capitulo:

Vestido da Cíntia:
https://www.facebook.com/photo/?fbid=2496674743956031&set=pcb.2240060769472709

Vestido de noiva da Mel:
https://www.facebook.com/photo?fbid=2479189372371235&set=g.1256329121179217



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