O Beijo das Sombras escrita por Mei Terume


Capítulo 2
Um Homem de Coragem


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Verão, 23 de julho de 2003

Eu estava na estrada apenas fugindo de casa, sem rumo, quando ele apareceu, sendo agora posso ter certeza que não foi por acaso, já devia ter sentido o cheiro de presa fácil a quilômetros.

Minha relação com minha família sempre foi muito complicada, pois dinheiro não comprava tudo, e em todo lugar que eu ia, todo mundo sempre queria uma chance de se aproximar de uma jovem herdeira, e ninguém se importava com que eu era, com quem eu realmente era por trás de tudo isso.

Eram só jantares, eventos, festas das quais eu tinha que participar e apenas sorrir para aquela gente falsa. E as pessoas não fazem ideia dos monstros que se escondem dentro das mais belas cascas.

Em Ambrose não existia nada disso, não importava quem eu era, os monstros eram monstros e pronto, e eu não me importava, depois de certo tempo.

...

Parei para abastecer e comer alguma coisa em um posto qualquer de beira de estrada, e logo uns garotos babacas me cercaram, dava pra ver que estavam chapados e sem controle algum, começaram falando grosserias e logo um garoto passou a mão no meu cabelo, algumas poucas pessoas que estavam ali observaram a situação, mas ninguém fez nada a respeito.

Quando um dos garotos me tocou, eu agi por instinto e dei uma tapa nele, mas fraco do que gostaria, e ele começou a rir e vir para cima de mim novamente, quando o homem da camionete ao lado que até então eu não havia notado entrou em meio à confusão já pegando o garoto antes que chegasse a mim pela gola da jaqueta.

— Você vai sair daqui agora, garoto de merda, todos vocês. Disse empurrando o garoto no chão.

Quando eles se voltaram contra ele, eu não pude ver direito, mas acredito que ele tenha mostrado algum tipo de arma para os garotos por debaixo de suas roupas e então eles nos deixam frustrados.

— Você está bem? O Homem disse se voltando para mim. Ele aparentava ter mais de 30 anos e era sedutor em seu terno preto. Sempre gostei de homens imponentes e ele me pareceu ser.

— Estou bem graças a você, não sei o que teria acontecido se você não tivesse ajudado, o povo daqui parece não se importar.

— Isso tudo aqui é muito perigoso, você não devia estar aqui sozinha, principalmente nesse trecho. Indagou com firmeza em suas palavras.

— Pois é eu não tenho escolha.

— Desculpa se eu pareci rude, é que não acho certo uma garota se colocar em risco desse jeito. Para onde você está indo?

— Louisiana.

— Se me permite um conselho para sua Segurança. Indagou.

Quem dera meu pai tivesse a mínima preocupação com a minha segurança.

— Sim senhor, pode falar. Respondi sem jeito.

— Senhor não pelo amor de Deus não sou tão velho. É Bo pra você.

— Carly. Disse estendendo a mão para um cumprimento, que ele apertou forte,  me encarando fixamente.

Ele pareceu se perder por um momento, mas logo recuperou suas palavras.

Eu havia lançado um olhar mais sexy pra ele, acho que Bo havia notado.

— Então Carly, de noite as coisas ficam piores, acredito eu que seria bem melhor pra você não pegar a estrada à noite, tem um Hotel logo à frente, acho que você deveria passar a noite lá e seguir viagem pela manhã.

Desde o início de minha viagem não era primeira vez que eu havia passado algum tipo de medo, e de fato ele estava certo, à noite as coisas tendem a piorar para uma garota sozinha.

— Não quero assustar você, mas nesse trecho eles sempre danificam carros para fazer sei lá o quê. Enfim, estou de viagem também e não vou me arriscar, vou passar a noite nesse Hotel. Ele é muito bom. Se você quiser posso ir te acompanhando pela rodovia com meu carro até o Hotel, visto que já vai anoitecer. Só se você quiser?

Aquele homem era tão educado e prestativo, além de sedutor, e tendo em vista que tudo que ele dizia fazia perfeito sentido para minha segurança não tinha como dizer não. E talvez eu quisesse de fato ficar um pouco mais de tempo com ele.

— É perfeito, eu fico muito agradecida, você tem toda a razão.

— Ótimo. Ele abriu um sorriso largo. _ Eu preciso só fazer uns ajustes na minha camionete e aí vamos pode ser?

— Claro.

Nessa altura minha barriga estava roncando, eu nem havia almoçado, entrei na lanchonete do posto para comer algo e logo ele se juntou a mim.

Percebi que apesar de suas boas intenções, ele me olhava de uma maneira diferente, mas também me dei conta de que foi após o meu olhar insinuante, se ele teve alguma intenção a partir daquele momento era minha responsabilidade.

— Com licença. Disse se sentando à minha frente.

— Fica à vontade. Respondi cordialmente. Mesmo querendo arrancar as roupas daquele homem.

— E então o que você vai fazer na Louisiana? Perguntou me analisando.

— Férias da faculdade, vou visitar uma prima. Disse mexendo minha salada. Para ele não perceber minhas mentiras.

Bo parecia o tipo de homem que não te olhava superficialmente, mais para dentro de você. E eu gostava disso.

Eu não conhecia ninguém na Louisiana, e nem havia terminado a escola ainda, tinha apenas 17 anos e muita coragem ou loucura para deixar tudo pra trás e se lançar no desconhecido.

Naquele momento eu pensei que apesar de ele corresponder aos meus olhares, jamais teria chance de chegar mais perto se ele soubesse a verdade sobre mim. Metido a careta pelo que percebi já iria surtar se eu me aproxima-se.

— E você o que vai fazer?

— Viagem de negócios.

— O que você faz?

— Tem uma cidadezinha bem próximo daqui, aliás, você deveria conhecer, eu tenho um posto de gasolina lá, e aí às vezes preciso viajar pra comprar alguns materiais diferenciados para carros, nem tudo eu gosto que eles entreguem.

— Ah sim! Legal!

— Que faculdade você faz?

— Direito. De fato era o que eu iria ser daqui alguns anos, uma excelente advogada, então era só meia mentira.

— Isso sim é legal. Ele sorriu admirado.

Apesar da minha atual atração, percebi que ele não tinha muito dinheiro a julgar pelo seu carro e seu terno barato. Mas ainda assim era sexy. Quem usa terno preto no dia a dia. Não me contive com essa pergunta.

— Você é gótico?

Ele riu muito com essa pergunta.

— Eu estava em um funeral, e acabei tendo que sair, não sou gótico.

— Ta tudo bem. Mas sabe que esse terno lhe cai bem. Disse tentando parecer sutil.

Ele me encarou por um longo tempo e depois sorriu maliciosamente.

...

E então deixamos o posto como velhos conhecidos, rindo e trocando flertes.

Logo já chegamos ao Hotel indicado por Bo.

Eu não sou do tipo de mulher que gosta de tomar a iniciativa, eu dou um sorriso, um olhar, mas jamais me joguei pra cima de alguém. Então eu já tinha dado demonstrações suficientes, era só esperar que ele tomasse as rédeas da situação e ele o fez de uma maneira ainda melhor que eu esperava.

— Eu só tenho a te agradecer por hoje, por tudo, obrigado mesmo. Disse meio sem graça.

Aproximei-me pra dar um beijo no rosto dele de despedida então ele não resistiu.

— Carly…

— Sim…

— Me desculpe mais eu preciso beijar você.

Eu esperava um beijo calmo e tranquilo de Bo. Mas o cara me virou do avesso.

Beijou-me como nenhum outro homem havia feito antes, era profundo, forte e quente.

Seus lábios invadiram os meus destruindo minha estrutura, ele me ergueu na camionete, e mesmo sem tocar meu corpo de forma evasiva num primeiro toque, me fez sentir a firmeza de suas mãos, o calor de seu corpo e o desejo de sua carne.

Seus lábios abandonaram os meus e seu corpo se afastou me deixando fria.

— Eu não quero me aproveitar da situação. Perdoe-me. Ele se afastou voltando a caretice inicial.

— Hey não! Eu segurei sua mão _ Fica comigo essa noite. Disse quase num sussurro.

 


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