Após a missão bem sucedida nas montanhas nevadas com Tomioka Giyuu, os dois pilares voltavam para a sede dos exterminadores de onis relatar os acontecimentos da missão, por mais simples e rápida que ela tivesse sido. A noite chegou e eles decidiram descansar um pouco das longas horas de caminhada descendo a montanha. Precisavam dormir, comer alguma coisa e beber água.

Shinobu observada Giyuu com curiosidade, como se estivesse analisando e tentando decifrar o que havia por trás da calmaria e distância do Pilar da água. Olhares esses que não passaram despercebidos por ele, que não disse nada, apenas ignorou ao olhar para o horizonte como se fosse algo interessante o suficiente para prender sua atenção.

Tarde da noite, Giyuu se encostou em uma árvore para dormir um pouco. Shinobu ficou atiçando a fogueira para que não apagasse e corresse o risco dos dois morrerem de frio — mesmo não estando mais nas montanhas, onde havia neve por todos os lados, todo cuidado era pouco.

Shinobu se encolheu em um canto, abraçando os próprios joelhos. Sorte que o uniforme dos exterminados e o haori entram quentes o suficiente para aguentar horas de frio intenso. Contudo, observando Giyuu tentando pegar no sono, decidiu que nada melhor do que se aquecer ficando coladinha nele.

Dito e feito, sutilmente a Pilar do inseto se aproximou do rapaz, sentou-se e apoiou a cabeça no ombro alheio. Ao notar o toque, Giyuu abriu os olhos imediatamente e fitou o rosto tranquilo e inocente de Shinobu.

— Kocho-san? — Perguntou confuso com o ato.

— O que foi, Tomioka-san? Está frio. — Disse e se agarrou mais ao braço dele.

Giyuu a encarou em um misto de confusão e incredulidade.

— Eu posso te dar o meu haori, se quiser. — Ofereceu. Shinobu não pode evitar sorrir bobo com a gentileza e inocência.

— Obrigada, mas eu prefiro ficar aqui, é mais quente e confortável.

— Então você pode ficar, eu vou para o outro lado. — Shinobu riu, tinha noção que ele era um pouco lerdo, mas não nesse nível.

Giyuu começou a se levantar, mas foi impedido pela garota que se agarrou mais ao braço e puxou-o de volta com força.

— Não, Tomioka-san! Eu quero ficar aqui com você.

Ele a encarou com desconfiança, não acreditando que ela havia dito algo desse tipo. Talvez estivesse tramando algo, pois se tratando dela, devia se preparar para as brincadeiras bobas de sua mente um tanto sádica.

— Por quê?

— Porque é mais quente, já disse.

— Mas você pode ficar com o lugar, não precisa de mim.

Shinobu suspirou pesadamente, se irritando com a lerdeza.

— Eu não quero o lugar, eu quero você!

Um longo silêncio estranho e constrangedor se formou. Shinobu ficou envergonha; desviou o olhar para o chão, pois não aguentou ele a fitando com os olhos azuis intenso e soltou o braço dele do aperto. Buscou em sua mente qualquer desculpa que pudesse dar para livrar-se dessa situação,  pois não pretendia ser rejeitada. Oh céus! Só queria dormir ao lado dele e não se declarar, não precisava de todo esse questionamento.

— Você é grande e quentinho, é por isso.

— Hm... — Apenas disse isso, o que a irritou.

Uma veia saltou do rosto dela e Kocho ergueu o olhar para brigar, afinal, isso é o tipo de resposta que se dá para alguém? Contudo, foi surpreendida com o braço dele rodeando seu corpo pequeno e a puxando mais para perto dele. Foi tão rápido que não conseguiu assimilar.

— Assim fica mais quentinho.

Envergonhada, olhou para cima para encarar o rosto dele em busca de respostas. Tomioka olhava para algum outro lugar e suas expressões contidas e sérias ainda permaneciam lá, com exceção de um leve rubor nas bochechas.

Sorriu satisfeita, o abraçou e repousou a cabeça no peito.

— Ara ara, assim está bem melhor, Tomioka-san.