Muitos no planeta Terra ao terem um amigo por partida, seja em qual sentido fosse, ou choraria, se daria à tristeza, ou tentaria logo se conformar. 

E foi o que Sarah Jane fez, o melhor amigo havia lhe abandonado, deixado-a em seu mundo, porém, há quilômetros de sua casa. Mas, ela se conformou, sabia que havia sido necessário, como muitas coisas que já  havia passado pela vida. 

Ela havia perdido os pais quando pequena, mas, não foi isso que a fez valorizar a tia que a criara. 

Ela havia perdido mais tarde a tia, mas, não havia sido isso que a fizera valorizar todo o seu esforço. 

E ela havia perdido o amigo, mas, não seria isso que a ensinaria a aproveitar cada amizade. 

Ela simplesmente era ela, ela simplesmente sabia quem tinha de ser. A cada dia, em sua vida terrestre banal, ela acordava, se preparava, se fortificava, e ia ao trabalho. 

"Mas uma mulher fazendo matérias"? - Pensavam muitos. 

E sim, era uma jornalista, uma mulher, e não somente, alguém que independente de seu gênero jamais se sentiria limitada, ou falha, por ser que fora.

Ela se via obrigada a ouvir os mais podres comentários a seu respeito, a sua imagem e a sua pessoa, e ela desde sempre era bela, era inteligente, e isso... Para o seu mundo não parecia fazer o sentido que devia. 

Ela já havia ido em tantos planetas, visto tantos tipos de sociedade, era triste voltar para a sua depois de anos luz ao longe, e achar a mesma Terra, a mesma humanidade vazia, cujos muitos apenas a veriam como uma moça bonita para se casar, ou uma moça bonita que falava demais, e pensava alto. 

Ela falava sim, e tinha de falar, e pensar! Quem disse que o mundo devia ser o que era? Quem disse que ela não poderia ser além de bonita inteligente e sabia? Quem disse que ela não poderia tentar mais, querer mais? Ela e qualquer uma mereceria a chance de ser estupenda! 

E assim, seguiu-se a vida da jornalista, onde mais tarde vestiu o fardo do Senhor do Tempo, e tornou-se exatamente o que ele era, uma defensora, uma heroína. Ou melhor, apenas alguém que queria ver o "correto" ser cumprido, não precisávamos de heróis, era o que ela pensava, apenas de... Bom senso. 

Mas, com o fardo trajado, negou a banal vida comum, não queria filhos, e não se importava em se relacionar com ninguém, apenas viver sendo quem era. Sem cobranças, sem amarras sociais. Então não se casou, não teve ninguém. 

Porém, nas aventuras e desventuras de seu fardo, fora presenteada pelas ironias do destino, que lhe dera um filho. Adotivo, mas, cercado por seu amor. 

No começo, tratava-o como um desconhecido, afinal, era mesmo, mas... Logo o seu coração se abriu, e assim uma família se gerou. Não se precisava de um marido, ou do jovem Lucky ter sido gerado por ela, e sim, apenas de amor, nada mais. Assim, como inicialmente a sua tia fizera. 

Sarah Jane, era estupenda, e fora estupenda. Era, como todas as mulheres são capazes de ser. 

E pensando nisso, sobre quem havia sido deixada para trás, o Doutor chegava agora a casa da velha amiga, e assim tocava a acampainha. 

A porta se abre. 

— Olá, Sarah Jane.