Fui mais um nas suas mãos,

Não sei se por carência ou falta de opção.

Só sei que eu senti amor!

Que pena, só eu senti amor...

Hinata sempre foi apaixonada por Naruto, desde o início ensino médio, e sentia-se feliz por vê-lo em busca de seus objetivos e seu futuro. Nunca sequer imaginou ter qualquer chance com o Uzumaki, porém as coisas mudaram pouco antes do último baile de primavera do colégio, quando ele a convidou para ir com ele ao evento.

Em primeira instância, o choque a tomou por vários motivos. Primeiro: Naruto era um dos populares do colégio, não só por ser filho do diretor Minato Namizake, mas também por ser amigo de Sasuke Uchiha, um dos garotos mais bonitos do colégio (o que não fazia a menor diferença para Hinata). Segundo: todos sabiam que o Uzumaki era completamente apaixonado por Sakura Haruno desde o maternal, o que colocava em xeque qualquer sentimento que ele sentisse por outras garotas. E, por fim: Hinata era uma garota tímida demais para declarar seus sentimentos.

Contudo, a aceitação do convite transformou a vida de ambos, pois descobriram vários gostos em comum e, aos poucos, tornaram-se mais amigos do que antes.

Logo os encontros se estendiam a caminhadas na volta do colégio, encontros no parque, trabalhos em conjunto, cinemas com filmes estranhos, até o momento em que milagrosamente Naruto decidiu se confessar. Hinata não pensou duas vezes em aceitar e se jogou de cabeça, corpo, alma e coração no relacionamento.

Os dois tinham orgulho de serem extremamente parceiros em tudo o que faziam, sem segredos ou passados estranhos. No entanto, Naruto se tornava distante as vezes, ficando em silêncio enquanto a via pentear os cabelos, ou quando ela o deitava em seu colo e corria seus dedos pelos fios loiros, era como se tivesse algo que o prendesse e não pudesse revelar.

Depois de dois anos de namoro, estavam indo para o último ano no ensino médio e depois partiriam para suas faculdades. Inicialmente, Hinata gostaria de estudar arquitetura em uma faculdade regional, porém, como Naruto queria estudar engenharia em Tokyo, optou por segui-lo, mesmo que não estudasse o que queria. Aquela viagem que estavam fazendo por Okinawa seria um marco no relacionamento deles.

~*~*~*~

Embora a praia fornecesse seu mormaço natural para deixar tudo mais quente, o quarto parecia pegar fogo por si só.

Hinata sentia-se incomodada com o calor, detestava sentir seu corpo suado e melado, e detestava ainda mais os sons que este produzia enquanto no ato sexual. Sim, ela sabia que era natural do corpo feminino, mas ainda assim se sentia constrangida ao imaginar em que o namorado pensava ao ouvir tal sinfonia desarranjada. E assim, de quatro na cama, tudo o que ela esperava era que Naruto alcançasse seu clímax logo.

Apesar dos pesares, ela deveria se sentir feliz. Realmente deveria. Afinal, aquela viagem era para fazer com que as coisas melhorassem entre eles, para agregar ainda mais lembranças ao relacionamento.

Já fazia algum tempo desde que se descobriram daquela forma e Hinata não se arrependeu em momento algum. Naruto soube ser paciente e gentil, porém agora fazer amor com ela daquela forma: de quatro. Por mais que desejasse infinitamente que ele a abraçasse como na primeira vez, a Hyuuga não tinha coragem de negar qualquer pedido do namorado. Tinha medo de desagradá-lo, ainda mais quando aquela era a maneira de fazer com que ele sem entregasse totalmente.

Alguns minutos mais tarde, quando o loiro atingiu seu ápice e tombou para o lado na cama, Hinata virou o rosto para ele e o mirou longamente, como se quisesse decorar cada expressão, cada ruga e cada sarda daquele a quem tanto amava. Naruto percebeu o olhar apaixonado e, ao contrário de retribuir, desviou o olhar e murmurou algo sobre um banho gelado para se refrescar.

Sozinha no quarto, a morena tornou a sentir aquele incomodo, como se a distância que Naruto interpunha entre eles fosse crescendo pouco a pouco. Como se fosse um sinal dos céus, o celular dele que estava em cima da mesa de apoio vibrou com uma notificação. Hinata sabia que bisbilhotar as coisas dos outros era errado, mas, as vezes, o instinto é o maior aliado.

Sentando-se na cama, a Hyuuga tomou o celular nas mãos e digitou a senha de desbloqueio (que não foi muito difícil de descobrir, pois ramen era a comida favorita de Naruto), vendo uma notificação de Sakura.

♥Sakura-chan♥: Hey, vi seu stories no Insta! Que legal que você foi viajar com a Hina! Tirem mais fotos de Okinawa!

Apesar da mensagem não conter nenhuma informação anormal, Hinata sentiu seu coração disparar ao ver como no namorado tinha colocado o nome da amiga em seus contatos. Sakura podia ser ladeada por dois corações, enquanto ela bastava ser a “Hyuuga-chan.”, que foi cadastrada no dia em que Naruto a convidou para o baile.

Fechando o aplicativo de mensagens, Hinata começou a vasculhar o celular sem saber muito bem o que. No fundo, ela queria apenas um motivo para se chamar de intrometida e desconfiada, para depois punir-se por não acreditar no namorado gentil e maravilhoso que tinha. Isso à levou à galeria de fotos, onde apesar de terem fotos suas com ele, dele próprio ou com alguns amigos, tinha uma verdadeira infinidade de fotos da Haruno.

Sakura sorrindo, Sakura fazendo caretas, Sakura admirando Sasuke ao longe, Sakura conversando com alguém, selfies com Sakura e muitas, muitas montagens – todas com Sakura...

Foi quando a Hyuuga compreendeu o porquê de Naruto ser tão distante às vezes, o porquê de ele só fazer amor com ela segurando-a por trás. O Uzumaki inegavelmente amava sua melhor amiga, de um jeito que nunca conseguiria amar Hinata.

— Hime, aconteceu alguma coisa? – Ela o ouviu dizer enquanto se aproximava recém saído do banho. – Por que você tá com o meu celular?

A morena ergueu seus olhos para ele e o viu arregalar seus olhos também quando começou a chorar. Quando ela entregou o aparelho com a tela mostrando uma das várias provas de sua infidelidade emocional, Naruto pensou em dizer alguma coisa, mas foi interrompido por um gesto simples:

— Preciso de um banho. Conversamos durante o jantar.

Hinata entrou no box e perdeu vários minutos preciosos lá dentro, descarregando em lágrimas todas as frustrações que tinha guardadas no peito. De fato, Naruto não precisava ter beijado, transado ou sequer saído com Sakura com segundas intenções, só o fato dele ter mantido todo aquele histórico era o suficiente para que ela entendesse que não havia espaço no coração dele.

~*~*~*~

Mais tarde, quando ambos estavam vestidos e finalmente dispostos a conversar, decidiram substituir o jantar por uma caminhada na orla da praia. Pela primeira vez em dois anos, andaram lado a lado sem dar as mãos e expuseram seus sentimentos.

O fato é que Naruto sentia uma boa amizade por Hinata, mas nunca cogitou a possibilidade de realmente amá-la. Como Sakura só tinha olhos para Sasuke (que nunca demonstrou interesse em ninguém), o loiro decidiu criar um meio de fazê-la notar que podia ser um cara especial, daí surgiu a ideia de enciumar a Haruno ao entrar num relacionamento.

Logicamente, o tiro saiu pela culatra e Sakura ficou muito mais feliz por Naruto do que ele podia imaginar. Embora fosse extremamente respeitoso e atencioso com a namorada, o loiro nunca poderia entregar completamente seu coração a ela. Depois de escutar pacientemente Hinata respirou fundo e então disse:

— Sabe... Eu realmente tentei fazer valer a pena. Passei por cima dos meus problemas por você. – Suas palavras saiam naturalmente, não em tom acusatório, mesmo que fossem muito sérias. – Queria ser a garota perfeita, a mais importante, mas não fui pra você... – E então virou para ele com um sorriso triste. – Até que durou, não é? Que pena... Só eu senti amor.

Naruto não teve como rebater suas palavras e ambos choraram aquela noite; ela por coração partido, ele por vergonha do que tinha feito.

Decidiram voltar para casa no dia seguinte, no primeiro horário. Quando chegaram, Hinata tomou a frente e começou a fazer uma busca sem seu quarto, guardando tudo que era do ex. namorado numa caixa. Mais tarde, pediu que o primo à levasse até a casa dele. Ela decidiu dar o primeiro passo. “Te faço um favor, melhor eu sumir.”, ela disse, com o rosto emoldurado com aquele sorriso plástico e os olhos vermelhos de tanto chorar.

No fundo, a Hyuuga mantinha um único arrependimento: o de ter amado incondicionalmente uma pessoa, antes de amar a si mesma dez vezes mais. E, por mais que doesse, ela jurou que nunca mais quebraria seus planos por outro alguém.

O que faço com os planos dos próximos anos?

Juro que não sei...

Só sei que eu senti amor!

Só eu senti amor...