Choice escrita por Bia
Único
— Ou ela ou eu. — disse com olhos sérios, voz firme.
Não é possível dizer quando foi que começaram com aquilo, mas, independentemente disso, não pareciam dispostos a colocar um ponto final.
Mesmo que um deles fosse completamente comprometido, estivesse casado e, supostamente, feliz.
O lugar dos encontros variava, mas sempre aconteceria em um ambiente fora de suspeita, onde pareceriam apenas bons amigos e companheiros de equipe. Se ocorresse no antigo templo Uchiha, era só Sakura levando flores para os ancestrais; se ocorresse na clínica Haruno, Sasuke estava apenas tratando algum ferimento leve.
Embora o lugar, o horário e os dias dos encontros nunca caísse na rotina, a forma como eles acabavam era idêntica. Sasuke vestiria a roupa rapidamente e, ainda mais rápido, partiria, deixando para trás uma Sakura dividida entre a satisfação e a culpa. Cada e toda vez que eles se separavam a mulher arrumava os cabelos rosa e jurava não mais cometer o mesmo erro, porém bastava o ninja voltar pra vila e solicitar sua presença que esquecia a promessa feita anteriormente.
Quando se encontravam em público, então, o constrangimento era palpável. Sasuke ficava mais ereto, tenso e frio e Sakura parecia muito interessada nas pedras do chão de Konoha. A Haruno sabia que, se erguesse os olhos verdes, todos conseguiriam ler seu desejo de abrir a roupa do Uchiha e marcá-lo com as unhas ali mesmo.
Ninguém nunca desconfiou. Nem mesmo Naruto, a pessoa mais próxima do casal de amantes.
E para que as coisas permanecessem assim e a situação não se tornasse mais complicada do que já estava, Sasuke e Sakura tinham regras. A principal delas era saber exatamente o que faziam juntos: sexo. Não deveriam imaginar um futuro romântico um com o outro porque isso não existiria. Não deveriam se apegar mais do que já estavam de forma alguma.
A Haruno, no entanto, achava que, agora, já estava bastante tarde para regras, uma vez que o Uchiha estava com aquela bobagem de novo.
— Ou ela ou eu. — ele tinha dito sério, olhando fixo em seus olhos, afastando-se dela e impedindo-a de alcançar o céu.
Uma sobrancelha rosa arqueou-se sem surpresa.
— Sasuke-kun...
— Falo sério, Sakura! Ou eu ou Ino.
Sakura tremeu ao ouvir o nome da esposa.
Essa era outra regra que Sasuke simplesmente ignorou ou não se importou em quebrar. Eles nunca deveriam mencionar o nome da esposa da Haruno. Quando ela se encontrava com Sasuke não existia mais ninguém, apenas ele e ela.
Internamente, foi impossível para a médica não debochar do ninja. “Ah! Que bonitinho, você fala sério” pensou, mas se conteve. Aquele Uchiha tinha um talento imenso para o drama e ela não se sentia muito paciente.
Segurando o ombro masculino, optou pelo caminho mais curto:
— Sasuke-kun, eu não vou deixar a Ino. Jamais.
Todos os seus encontros com Sasuke faziam Sakura sentir-se culpada, pois era casada com uma mulher que a amava e que, apesar das disputas, a colocava para cima. Ino tinha segurado sua mão assim que o Uchiha partiu e nos momentos de dificuldades; Ino tinha feito com que Sakura se sentisse bem consigo mesma de novo, com sua aparência e a protegia de comentários maldosos. Ino tinha a boca tão macia e a língua tão aveludada que quando a beijou Sakura soube que não iria querer beijar mais ninguém.
Entretanto, existia Sasuke...
E Sakura não conseguia controlar aquele vulcão de sentimentos por ele. Sua paixão de infância, seu desejo desde a mais tenra idade. Ela o queria mais do que qualquer coisa, porém menos do que queria Ino.
Hipócrita e egoísta seriam termos muito gentis para ela e o que estava fazendo com as pessoas ao redor, pessoas que gostavam dela, mas, a verdade, é que já estava no fundo do poço e não conseguia enxergar a luz.
Amava realmente essas duas pessoas e isso piorava a situação.
— Então, acabamos por aqui. — Sasuke disse fechando as calças. — Você é comprometida... É casada. E Ino é uma boa pessoa, não merece isso. Não vou mais te procurar. Eu garanto.
Com um suspiro cansado e se arrumando para partir, Sakura concordou. Ino não merecia mesmo.
Saiu do quarto lançando uma olhar de piedade e despedida ao Uchiha que não retribuiu.
Apesar da dor era o certo a fazer, sabia que sim. Iria para casa, abraçaria a esposa e aproveitaria que Sasuke não iria mais procurá-la para não pensar mais nele.
Ele partiu da Vila naquela mesma noite. Ficou fora por dois anos.
Quando voltou, solicitou, uma vez mais, a presença da ninja médica, esquecendo ou ignorando o que tinha garantido antes de partir.
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