Um Não Final Feliz - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Um Não Final Feliz




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Carlos estava sentado no sofá do apartamento, respirando forte. Por mais que tentasse controlar a raiva, seu coração se recusava a bater mais devagar e seus dedos se recusavam a apertar menos a revista dobrada em sua mão.

Foi quando James entrou na sala e voltou a trancar a porta com a tranquilidade inocente de quem não sabia que havia algo errado, o que não durou muito já que bastou se virar para ver a expressão furiosa de Carlos e todos os músculos de seu corpo ficaram tensos imediatamente.

— Me explica. — Garcia exigiu, levantando-se do sofá e jogando a revista com força no peitoral definido muito evidente na camiseta branca e apertada.

— Ai! — Diamond reclamou passando a mão no peito enquanto pegava a revista que caíra no chão para olhar ver do que se tratava.

Na capa estava estampada uma foto dele e Lucy no restaurante italiano chique em que foram jantar na sexta-feira da semana anterior, e é claro que havia uma legenda sensacionalista para acompanhar: “O príncipe teen James Diamond finalmente encontrou sua donzela? Lucy Stone, a nova estrela do rock em ascensão, pode não ter conquistado o coração só do público, mas também o do astro pop membro do Big Time Rush”.

— E então? — resmungou Carlos, impaciente.

— Eu não sei porque você tá bravo com isso, amor. Você já sabia que eu fui jantar com ela, te contei como foi. A Lucy é só um amiga, ela te adora e, mesmo gostando de mim, depois que expliquei tudo ela passou a só torcer pra gente ser feliz. Essas revistas são sensacionalistas mesmo, só querem vender.

James era um ator muito bom para conseguir dizer aquilo sem ao menos desviar o olhar, chegava a ser impressionante o quanto conseguia ser dissimulado. Ele sabia muito bem o porquê de seu namorado estar tão magoado e enraivecido, mas em sua concepção só precisava de um pouco mais de tempo.

— Abre a revista, James. Abre. A revista. — exigiu de novo, dessa vez entredentes.

James ainda sabia do que provavelmente se tratava, mas mesmo assim foi folhando as páginas até achar a foto causadora do conflito: o cenário ainda era o restaurante, porém dessa vez o fotógrafo conseguiu em um click captar um beijo. Era apenas um beijinho na bochecha, no entanto o ângulo fazia parecer que era na boca.

— Funcionou. — murmurou James ainda tendo a audácia de sorrir, embora o sorriso tenha se apagado assim que ouviu um bufar irritado. — Não é o que parece, tá bom?

Carlos soltou uma risada amargurada e involuntária, então respondeu. — Eu devia saber que um fingido como você usaria uma frase tão clichê quanto essa.

— Eu não sou fingido! — replicou. — Ao menos não com vocês. Não estou te enganando e nem iludindo a Lucy. Eu vi o paparazzi, percebi que o ângulo daria uma foto legal pra ele e dei um beijinho no rosto dela. Eu juro por todos os meus produtos pra cabelo que foi só um beijo na bochecha favorecido só por causa do ângulo.

— Não deixa de ser um fingido! — gritou Carlos em uma explosão de raiva. — Pra que dar “uma foto legal” de um romance que não existe? O que podem pensar de você que não seja a verdade? Você é gay, James. Não tem nada de mal nisso, então não precisa se esforçar tanto pra parecer ser quem você não é.

— Eu sei! Eu só preciso de tempo pra me preparar, não tem como saber como os nossos fãs vão reagir. Nosso trabalho depende muito de ter uma boa imagem com o público. A gente combinou que você ia ter paciência comigo. — James argumentou, em seguida respirou fundo e jogou a revista no sofá. — Isso é por causa de ciúmes da Lucy? Ela não tá mais interessada em mim. E mesmo quando tava, eu deixei bem claro que só queria a amizade dela. Um dos assuntos do nosso jantar de amigos foi que ela e o Jett estão começando a se paquerar.

— Eu queria te mandar ir se foder, mas é muito pouco pra expressar o quanto eu estou puto com você. — Carlos tinha que se controlar muito para não gritar outra vez, suas mãos já estavam até tremendo de raiva. — Primeiro: sim. Nós combinamos que eu teria paciência, só que eu já tive, James. Eu fui o namorado mais paciente do mundo por três anos. Três anos! Eu sei que todos tem seu tempo certo, mas... Você não se importa com o quanto tá me machucando me fazendo ser o seu segredinho sujo?

— Carlos, eu...

— Caba a boca! Ainda não acabei de falar, foi uma pergunta retórica. — Carlos teve uma certa satisfação em ver James encolher os ombros completamente acuado, dava para ver nos olhos dele que estava preocupado em não conseguir se safar tão fácil dessa vez. — Em segundo lugar, você é um idiota, mas não acredito que seja ingênuo ao ponto de não saber que uma das estratégias mais populares do mundo pra conquistar alguém é fingir que tá em outra pra deixar a pessoa com ciúmes.

— É, eu sei, só q...

— Você é surdo? Eu mandei calar a merda da boca! — exclamou erguendo a voz sem chegar a gritar, seus olhos agora se enchiam de lágrimas que não era mais capaz de segurar. —Terceiro e último: nada disso é o problema. Eu só queira poder fazer coisas assim com você. Sair pra jantar ou ir ao cinema, poder tocar a sua mão sem você surtar que alguém veja a gente. Te beijar onde e quando eu quiser. Beijar de verdade sem que você se importe com o ângulo ou a quantidade de paparazzi.

— Por favor, não chora, bebê... — James tentou fazer carinho na bochecha de Carlos, mas levou um tapa na mão.

— Não me toca! — exclamou entredentes, embora seu choro também fosse de tristeza era evidente que seu sentimento predominante era a raiva.

— Não faz isso, por favor. Eu odeio ficar de mal com você. — pediu tentando apelar para sua voz fofinha, o que não adiantou nem um pouco.

— Odeia? Tem certeza? — Carlos ironizou com um sorriso sinistro. — Engraçado, porque eu não me lembro de uma única briga nossa que tenha sido culpa minha.

— Carlos... Eu sou um idiota. Tá bom? E nem mere...

— Chega, James! Basta. É sempre essa mesma lenga-lenga “ain, eu sou um idiota, me perdoa, eu te amo mimimi blablablah”. Uma hora todo mundo cansa e minha vez chegou. Cansei das desculpas, cansei do segredo, cansei das aparências. Não quero mais me sentir insuficiente em uma relação que os meus sentimentos claramente não importam.

— Vo... Você tá... Tá dizendo o que eu acho que tá dizendo? — James mal conseguia pronunciar as palavras tamanho era seu desespero que a simples ideia lhe causava.

A mesma agonia excruciante também dilacerava o coração de Carlos, então, enquanto tentava enxugar com as costas das mãos suas lágrimas que não paravam de cair, ele apenas se virou e começou a andar em direção ao quarto, mas James foi atrás, o segurou pelo braço e o fez virar para beijar seus lábios. E por alguns segundos Carlos se permitiu ser fraco e retribuir aquele beijo, pois no fundo sabia que poderia ser o último. Deixou que durasse e que fosse bem intenso, fervoroso e salgado por conta do choro.

Mas diferente de todas as outras vezes não foi a paixão ardente entre eles que tornou o beijo tão intenso, e sim a raiva que consumia o coração de Carlos, tanto que assim que sentiu o ar começar a se fazer necessário empurrou James para longe de si.

— Me deixa em paz. — mais ordenou do que pediu.

— Por favor, não se afasta de mim. Eu amo você, Carlos. Amo demais.

— Eu sei disso, James. Você acha que eu não sei? — o choro intensificou, mas ele lutava avidamente para não soluçar, ao menos na frente de James se manteria firme. — Eu posso ver isso nos seus olhos quando olha pra mim. Posso sentir isso quando me beija e quando me toca. Posso entender isso quando estamos sozinhos e você canta pra mim daquele jeito que mostra a sua alma. Do jeito que só eu conheço. O problema é que eu te amo com tudo de mim. Te amo de corpo, alma e coração. Já você... Você pode até me amar muito, muito mesmo, mas com toda a certeza do mundo não me ama mais que ama a si mesmo e essa maldita imagem de astro pop. Parabéns, James Diamond, você não é um ser humano, é só mais ícone de revista.

— Não é bem assim e você sabe que não é. — James já estava prestes a cair em lágrimas também. — Eu só preciso de mais um pouco de tempo, só isso. Só um pouco de...

— Tempo, tempo, tempo. É só isso que você diz, que precisa de tempo. Infelizmente, eu descobri que gastar tempo com você é desperdício. Pra mim não dá mais. Simplesmente não dá pra viver assim.

— É isso? Você tá terminando comigo? Tipo, terminando mesmo?

— Eu não sei, James. Eu te amo demais, só que essa situação acaba comigo. Com o tanto de paciência que tive com você, acho que tenho o direito de ter um tempinho pra mim também. Ou será que não? Já que o mundo gira ao redor de James Diamond.

— É claro que eu posso te dar um tempo, Carlos, é muito mais que justo. Mas, por favor, me diz que isso não é o nosso fim definitivo.

— Não posso te garantir nada, afinal, eu ainda tenho muito no que pensar e todo mundo tem seu limite. Mas se é verdade o que dizem sobre o amor superar tudo, eu espero que supere a minha magoa e o seu ego. A gente se esbarra, Diamond. — com essas palavras, Carlos entrou no quarto e trancou a porta deixando James sozinho e desolado.


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