One of us escrita por Fiuri


Capítulo 1
Capítulo único




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Eat Jinmin 

 

 

Para ser honesto, demorou algumas semanas para eu perceber que algo estava errado com Jimin. No tempo que passamos juntos, geralmente no ensaio, em um show, ou ainda, no momento da comida, geralmente todos estávamos tão cansados. Somente olhávamos para o nosso prato, para finalmente irmos dormir. 

Em um dia em que eu estava realmente de bom humor, enquanto os outros se sentiam cansados, ou simplesmente sem vontade de conversar, comecei a os observar. Tinha certeza, quase absoluta, que Yoongi conseguiu ganhar alguns quilos, pois em suas palavras: com a ansiedade, comia mais. Os outros integrantes ou estavam mais magros pela correria, ou milagrosamente não tinham nem perdido qualquer massa. Até que virei o rosto na direção de Jimin e meus olhos ficaram nele por alguns minutos a mais. Quer dizer, o cara estava parecendo uma folha de papel. 

Não era novidade para ninguém que o mais velho não tinha tendências para engordar, era realmente difícil para ele, mas em dez minutos ao seu lado na janta, não tocou praticamente em nada. Quando alguém o olhava e perguntava o porquê de não estar comendo, ele dava um sorriso antes de colocar um pedaço pequeno na boca para não ficarmos mais preocupados. Mas, era isso, Jimin estava comendo uma refeição tão pequena por dia que com toda certeza não era saudável, ainda mais em uma turnê. 

Por alguns dias, me perguntei se deveria realmente falar com o Namjoon sobre isso, tinha certeza mais que absoluta que Jimin iria o escutar, não somente como líder, mas pela ligação que tinham. Percebi o quanto estava estressado com cada pequena coisa, pois, no final do dia, tudo que acontecia diferente do plano, seria ele a pessoa que ficava por trás tentando concertar. Com certeza não precisava de mais uma dor de cabeça. 

— Jimin? Eu tô indo gravar um Eat Jin, quer comer comigo? — Perguntei, quando nós dois estávamos jogados na cama do hotel, em um dia que finalmente estávamos de férias. 

— Huhmm, não estou com fome agora. — A sua voz saiu com tanto medo, como se o fato de ver comida em sua frente fosse algum tipo de pesadelo. Talvez estivesse com tanta fome que se visse alguma fonte de proteína, iria comer muito e depois se sentir a pessoa mais horrível do mundo. 

— Vamos, sempre falou que quis participar comigo, esse é o momento perfeito. — Deitei ao seu lado para começar a fazer cócegas em sua barriga, e o fato de que não estava esperando o fez rir até o ar faltar.

A melhor parte do Eat Jin daquele dia não tinha sido todo o amor das armys direcionados à mim, mas sim, o fato de que Jimin finalmente se desprendeu da culpa e comeu. Claro que não tinha sido uma porção suficiente, mas, para mim, já era significativo. Com passos pequenos, iríamos conseguir chegar em um lugar melhor. 

Sabe aquele meme? Cinco minutos antes da desgraça acontecer? Bem, era basicamente o que aconteceu no momento em que desligamos a câmera e ficamos deitados no sofá, para tentar fazer a digestão. 

Seu choro começou tão fraco que demorei alguns minutos para entender o que estava ouvindo, até que entendi que ele se sentia culpado por ter comido tanto assim. A verdade era que não sabia a sensação, muito menos o que falar para o confortar, e nem era também a pessoa mais adequada para isso, uma vez que não era um médico. O que poderia fazer no momento era somente o apoiar, e, por isso, fui até a minha mala antes de pegar o RJ de pelúcia, o entregar e deitar ao seu lado, enquanto fazia cafuné naqueles cabelos tão fofos.

Sabia mais que ninguém que a sua luta não iria acabar de um dia para o outro, isso exigia psicólogos, psiquiatras e afins, mas já estava feliz o suficiente por o dar um colo quando precisasse. 



Ele está dormindo faz um tempo. 

Yoongi teve uma semana tão boa, sem nenhum problema, então imagine o nosso choque quando Hobi deixou claro que estava dormindo em um começo de um surto depressivo. Pareceu até que seu corpo pressentiu que teríamos uma pausa de três dias, para o deixar ferrado. 

Horas se passaram e sentia que não estava fazendo o suficiente por ele, quer dizer, era racional que não quisesse que outras pessoas o vissem na merda, mesmo que soubesse que confiava em nós para o ajudar, senão, nem iríamos saber sobre a sua depressão, e muito menos sobre a sua fobia social. Porém, isso não me impediu de toda vez que passava por seu quarto meu estômago se embrulhar, e me perguntar se estava bem, ou se poderia precisar de alguma coisa. 

Até que lembrei de quando Jimin estava passando por seus maus tempos e no dia seguinte, depois de tê-lo dado o RJ, ele veio me agradecer, pois teve a sensação de estar sendo cuidado. Poderia não funcionar para Yoongi, entretanto, não iria matar ninguém se tentasse. 

Com todo o cuidado do mundo para não fazer nenhum barulho e o acordar, entrei em seu quarto. Por alguns segundos estava um breu tão profundo que não sabia onde estavam os móveis, por isso demorei um tempo para perceber a silhueta de alguém, provavelmente Hoseok. Quando a luz do celular clareou o seu rosto, tive essa afirmação. 

— Ele está dormindo? — Geralmente as pessoas falavam que uma pessoa com depressão dormia muito, mas como nunca tinha passado nenhum surto, não tinha certeza se somente estava deitado na cama. Se fosse o caso, iria sair, pois não queria o deixar desconfortável. 

— Faz um tempo. — Hobi deu de ombros antes de voltar para o seu celular. Não poderia imaginar o quão intimidante deveria ser ver uma pessoa que você realmente ama em um dos seus piores momentos. Creio eu que se a dinâmica dos dois funcionasse, quem seria eu para simplesmente o julgar? 

Suavemente, coloquei o RJ nas mãos dele, que se mexeu bem pouco, somente para suas mãos se agarrarem ao bicho como se fosse a melhor coisa do mundo e dar um suspiro satisfeito. 

Essa situação fez nós dois sorrirmos, além de Hobi prometer para mim que se em algum momento fosse muito pesado para ele psicologicamente, poderia me enviar uma mensagem falando sobre isso, ou até me chamar para fazer companhia — Se Yoongi quisesse, claro. 

Como não poderia os ajudar diretamente, iria fazer o possível para fazer isso indiretamente. 

 

3.

 

Estou me sentindo uma merda.

Um dos maiores cuidados que tomávamos quando estávamos em turnê, sem dúvida nenhuma, seria o da saúde. Sempre que pudéssemos, iríamos estar com nossas máscaras ou muito bem agasalhados, pois já era desgastante o suficiente fazer a nossa bateria normal de show, imagina doente. 

Mas claro que sempre tinham algumas situações que não poderíamos controlar, mesmo que tivéssemos todo cuidado, e nossa imunidade era uma dessas. Hoseok estava com uma dor de garganta tão fodida, que a todo momento estava tomando água, ou simplesmente chupando aquelas pastilhas. Depois que passou no médico, deixou claro que não poderia fazer mais nada, somente deixar sarar naturalmente e com ajuda de remédios, claro.

Ninguém se sente bem doente, ainda mais quando é na sua garganta, que irrita para caralho e você não consegue nem dormir. A cada dia que passava, Hoseok estava com olheiras mais profundas e seu humor também decaiu e muito. Não esperava menos.

Antes, se ele era a pessoa que fazia as piadas em qualquer lugar, ou que simplesmente melhorava o nosso humor, agora sua paciência estava zero. Sem contar que ficou um pouco distanciado de nós, pois mesmo usando a sua máscara, a probabilidade de nos passar os germes era extremamente alta. 

Em algum ponto de nossa agenda louca, iríamos mudar de país, ele foi sempre o primeiro a entrar no elevador e tinha que ir sozinho. Como não poderia falar muito, perguntei se estava melhor, pois os remédios deveriam ajudar. Respondeu que estava se sentindo uma merda, por isso que coloquei o RJ em cima de sua mala, e, mesmo que não tenha falado nada, sabia do fundo do coração o quão agradecido estava. 

 

Vou estar ao seu lado. 

 

A pessoa que deixava meu RJ, sem dúvida nenhuma, era o Namjoon. Claro né, olha o homem sendo líder do maior grupo de K-pop da atualidade, ainda mais quando o número de entrevistas e shows feitos em solo americano estava crescendo, junto com entrevistas. Somente ele sabia falar fluentemente inglês, então claro que sua ansiedade iria estar aflorada. 

Não ajudava nada o fato de que em entrevistas, sempre seria aquele que precisava traduzir, seja a pergunta para nós ou traduzir de volta. No final do dia, quando dormia em praticamente qualquer lugar, ninguém mais ficava chocado. Não poderíamos o ajudar com o inglês, então tentávamos sempre fazer o máximo de silêncio para conseguir dormir nos lugares mais aleatórios possíveis. 

Até que a ONU aconteceu. Puta merda, seria uma honra tão grande. Era aquele tipo de situação que você pensava que nunca iria acontecer, um feito de vida que se sonhava antes de ir dormir. Imagina o surto quando houve a afirmação que iríamos levar a nossa voz para o mundo, na porra da ONU. 

Se antes todos se sentiam uma merda por não conseguir ajudar Namjoon com o inglês, agora era mil vezes pior. Desde escrever o discurso inteiro em inglês, pois não tínhamos tempo para sentar, discutir em coreano para depois ser traduzido para inglês, até o fato de que ele seria o único a falar, deixando nós somente atrás dele. 

Não sabia exatamente como conseguia ter essa merda toda junta e não entrar em pânico, pois eu, em cada dia, imaginava alguma situação para dar errado. Namjoon, como um homem perfeito, colocou tanto amor e atenção no que iria falar, que sempre que o víamos estava lendo o discurso ou treinando. 

Mais uma vez, não era como se eu pudesse fazer algo realmente concreto para ajudar, claro que muitas vezes eu e os outros garotos ficávamos ao seu lado o escutando, uma vez pediu até para sermos a plateia, para que pudesse falar o seu discurso. Não entendi muito bem, já que sabia somente algumas palavras, entretanto, se estava ajudando, iria ouvir aquelas frases vinte quatro horas por dia. 

— Pode ficar com ele por tempo indeterminado, se quiser, pode me devolver só depois do discurso. — Deixei o RJ em seu colo, antes de sentar ao seu lado. 

— Obrigado — Percebi que a sua atenção estava totalmente voltado para o texto à sua frente, entretanto, sabia o quão verdadeiro e agradecido se sentiu, somente com o brilho em seu olhar. 

 

Você cuidou de todos nós, agora é nossa vez. 

 

Aquela porra de comentário não deveria ter feito tanto impacto em mim. As verdadeiras armys nunca iriam fazer menos de meu trabalho duro, mas ouvindo o meu nome ser gritado por não uma, mas por um punhado delas, percebi que muitas pessoas ainda achavam que eu era o pior dançarino do grupo. 

Era aquele ditado, não dava para conseguir bloquear as suas emoções, elas estariam sempre lá, então quando saímos do estúdio, todo meu estômago se embrulhou e meu cérebro fez um puta trabalho bom falando que eu não deveria estar no BTS, não quando era o membro com menos habilidades entre os sete. 

Não lembro muito bem quando chegamos no hotel, mas na primeira oportunidade longe dos outros, sentei no chão e comecei a chorar. As palavras nem conseguiam descrever o quão triste estava, quer dizer, pensava que as outras pessoas sabiam o quanto eu e Namjoon lutávamos a cada comeback para conseguir pegar a coreografia, mas não parecia o suficiente para eles. Quando iria ser, então? 

A primeira pessoa que chegou foi Namjoon, que ficou alguns segundos ao meu lado. Como ele era uma das poucas pessoas que não precisava colocar a postura de mais velho e cuidar dos outros, poderia simplesmente mostrar a minha vulnerabilidade, assim como ele poderia mostrar a sua.

Por um tempo indeterminado, ficamos lá, somente fazendo companhia um para o outro, até que minhas mãos sentiram parte dos animais do BTS21. Como não conseguia segurar tudo, o resto ficou ao lado do meu corpo, fazendo quase que um círculo. 

— Você cuidou da gente, nos deixe fazer o resto. — Jungkook sussurrou quando comecei a limpar as minhas lágrimas e tentar colocar um sorriso no rosto. 

Aquelas palavras foram como se meu cérebro captasse que sim, poderia me sentir frustrado, triste ou qualquer coisa ruim, pois era suficiente.  Estando com o BTS21 e o BTS, nunca na vida me senti tão agradecido por fazer uma loucura de entrar na BIGHIT, pois não iria ter conhecido os seis homens mais importantes do mundo para mim. 




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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