Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 45
Capítulo 44


Notas iniciais do capítulo

Atenção: insinuação de sexo consensual entre dois adolescentes.



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Dallas já tinha lido sobre ataques de pânico, mas a experiência na prática era absurdamente terrível. Ela não conseguia respirar direito, seus pulmões não estavam tragando ar o suficiente, as suas bochechas estavam quentes, a sua visão turva, tinha a certeza de que estava pálida, mas a maquiagem escondia este fato, assim como apertar com força a colher em seu punho impedia a sua mão de tremer. À cabeceira da mesa, Voldemort tomava a sua sopa de entrada com a elegância de um lorde e Dallas quis rir histericamente diante deste cenário. Ver o bruxo comendo era tão normal, tão humano, que beirava ao bizarro. Não! Era bizarro. 

À mesa junto com eles estavam os Malfoy e vários Comensais que pareciam ter visto dias melhores. As suas roupas eram um misto de tecidos caros e puídos, os seus rostos pálidos e doentios tinham um toque de loucura, membros longos e magros, alguns tinham cicatrizes visíveis e tenebrosas, outros tinham literalmente pedaços do corpo faltando, era como se a magia negra estivesse comendo pouco a pouco a alma deles e deixando somente uma carcaça apodrecida para trás. Bellatrix havia sentado de frente para Dallas e cada vez que a mulher sorria, exibia dentes escurecidos, os cachos negros caíam sobre os seus olhos maldosos e ela brincava com a varinha como se este fosse um pet sendo acariciado. À sua esquerda, Draco sentava mais rígido que uma tábua, sem tocar na comida e tão em pânico quanto Dallas, que o pouco conforto que conseguiu oferecer ao irmão foi apertar os dedos dele com os seus sob a mesa. Voldemort conversava assuntos mundanos, ao menos mundanos para ele, perguntava à Dallas coisas como os estudos, Hogwarts, se ela estava feliz na Sonserina, quais carreiras ela pretendia seguir após formada. Era tão surreal que Dallas quis pedir a Draco que jogasse uma azaração nela para ter certeza que não estava sonhando. 

— Que tal um café no mezanino? — Voldemort disse como o perfeito anfitrião após o prato principal ter sido servido e os Comensais o engolido como uma alcatéia de lobos famintos. Dallas hesitou, queria na verdade sair correndo dali, mas Draco, ainda segurando a sua mão, apertou a mesma sob a mesa, retribuindo o conforto. 

No fim e a muito contragosto, Dallas seguiu aquele estranho cortejo até a sala do mezanino. Narcissa ergueu o braço na direção dela, como se também quisesse confortá-la, mas abortou o gesto no meio do caminho. Na sala, um elfo serviu café e vinho e Voldemort acomodou-se em uma poltrona que mais parecia um trono, Nagini enrolou-se aos seus pés e novamente Dallas engoliu a risada histérica que queria dar diante de cena tão absurda. Ele tinha a varinha em punho, então não seria de bom tom rir da cara dele. 

— Impressionante. — apesar do entoar sibilado, Voldemort tinha uma voz melodiosa, quase como o canto de uma veela. Era quase hipnótico. — Severus, os feitos da nossa adorável Dallas são reais ou ela apenas está enfeitando a situação para me agradar? — a resposta atravessada veio à ponta da língua de Dallas, uma reação instintiva quando alguém contestava as suas capacidades. Voldemort estava completamente iludido achando que Dallas iria gastar saliva tentando impressioná-lo. Draco, a conhecendo como conhecia, deu-lhe um beliscão na base da coluna, longe das vistas de Voldemort, cortando a resposta de Dallas antes mesmo que esta fosse dada. 

— Sim, milorde, são todos verdadeiros. — Snape respondeu em seu tom de enfado característico. Dallas tinha que admirar a capacidade do homem de não abalar-se com nada. Quando crescesse, queria ser como ele. 

— Eu realmente ofereci a marca ao irmão errado. — a insinuação de Voldemort a fez erguer uma sobrancelha de forma involuntária para ele. — O que acha, Dallas? — Dallas riu, um som curto e carregado de escárnio. Foi isto mesmo que ela ouviu? Ele estava oferecendo uma posição entre o grupo seleto e ilustre de Comensais da Morte? 

— Qual é a graça, bastardinha? — a voz esganiçada de Bellatrix e o rótulo desagradável que acompanhou-lhe pela vida inteira fez a náusea de Dallas sumir em um passe de mágica. 

— A graça é este ilustríssimo senhor achar que dentre as centenas de opções que eu tenho de carreira, que ser um Comensal da Morte é a maior ambição da minha vida. Por favor, o meu QI acabou de cair cinco pontos só de ouvir a sugestão. — as reações foram instantâneas:

Snape a olhou com reprovação;

Draco e Lucius ofegaram de pavor;

Narcissa inflou-se de orgulho;

Bellatrix lançou um Cruciatus bem no peito de Dallas, que foi arremessada no chão com a força do feitiço, o eco de seus gritos de dor soaram pelas paredes, Narcissa berrava por misericórdia para a filha que contorcia-se e socava o chão com violência, tentando naquele gesto aliviar a dor de milhares de agulhas quentes penetrando a sua carne, perfurando os músculos, abrindo caminho por seu corpo, querendo rasgá-la de dentro para fora. 

— Bellatrix! Bellatrix! — Narcissa puxou a irmã pelos ombros e o gesto brusco tirou a concentração de Bellatrix e interrompeu o feitiço. Dallas ofegava, o seu corpo era uma massa dolorida e ela tremia, mas o ódio? O ódio que crescia dentro dela fez tudo isto sumir de forma quase instantânea. 

Dallas virou sobre o próprio corpo, apoiando joelhos e punhos cerrados no chão, pronta para colocar-se de pé. A raiva era o que fazia o seu corpo tremer naquele momento, raiva e a vontade crescente de quebrar a cara de Bellatrix. 

— Winford. — Snape surgiu em seu campo de visão, a sua mão morna segurava um de seus punhos, os olhos negros dele miravam dentro dos seus e os dedos longos e magros apertavam a mão de Dallas com extrema força. Havia um pedido mudo naquele gesto e Dallas sabia qual, ela sabia que não precisava olhar no espelho para ver que as suas íris sempre azuis agora estavam violetas, que o seu segredo estava a um passo de ser revelado para a última pessoa que ela queria se não se controlasse naquele instante. Dallas respirou fundo, apertou mais o punho a ponto de suas unhas ferirem as palmas de suas mãos, a raiva demorou uma eternidade para retroceder, mas ela finalmente diminuiu o suficiente para Snape soltá-la, o que indicava que os seus olhos estavam novamente na cor usual e que felizmente, por estar de costas para Voldemort, este não viu a mudança de coloração nas íris. 

Lentamente Dallas pôs-se de pé, com a sua varinha em mãos, e Bellatrix riu, provavelmente achando graça da ousadia da sobrinha bastarda em achar que poderia desafiá-la em um duelo. Mas a varinha em punho não era exatamente para acabar com a raça de Bellatrix, por mais que Dallas quisesse. 

— Fantástico. — Voldemort declarou, inabalado com o fato de que acabou de ver uma criança ser torturada. Por que se importaria? Ele não tinha alma. — É desta vivacidade que precisamos. Desta ousadia, desta resiliência. Então, Dallas, minha querida, o que você me diz? — Dallas olhou para Narcissa e para Draco. Voldemort não os mataria, porque ele ainda precisava que Draco completasse a missão, não é mesmo? Não os mataria se Dallas direcionasse todo o ódio e o extremo talento dele para ficar obcecado por adolescentes, para ela. 

— Vai se fuder! — a resposta saiu com a naturalidade com que ela dava bom dia. Bellatrix guinchou diante do abuso, ergueu a varinha, mas Dallas foi mais rápida. A tia achava realmente que ela, uma sonserina, iria duelar de acordo com as regras? Dallas não era como Draco, ela não tinha nenhuma compulsão em poupar os seus adversários quando era uma questão de vida e morte. Era aterrorizante pensar nisto, e ela pensou muito nisto quando Draco lhe confessou qual era a missão que foi-lhe dada pelo Lorde das Trevas, que se estivesse na posição do irmão, Dumbledore já estaria morto e apodrecendo na cova há muito tempo. 

Bellatrix voou com a ferocidade e rapidez que uma águia voava quando estava preste a dar o bote. O feitiço que atingiu-a no rosto abriu um talho profundo a ponto de ser possível ver o osso da face. O ataque causou uma reação em cadeia, começando entre os outros Comensais e terminando com Voldemort. Dallas estourou o chão metros a frente e mármore e poeira espalharam-se para todos os lados e ela aproveitou a distração e correu em direção ao beiral do mezanino e pulou por cima deste. A queda foi curta e a aterrissagem perfeita. Primeira regra no treino de combate de Montgomery sempre foi: "aprenda a cair".

— Avada… — o grito do feitiço soou às suas costas e Dallas apontou a varinha para a armadura à sua esquerda e a arremessou em cima do bruxo que estava prestes a proferir o imperdoável. O bruxo em questão era o próprio Voldemort que entre proferir o feitiço ou levar cinquenta quilos de aço na cara, ele preferiu evitar o encontro desagradável com o metal. — Peguem-na! — ele rugiu, enfurecido o suficiente, como o planejado, e Dallas não parou em seu movimento desde a queda e continuou a correr em direção a saída. Estava nauseada e nervosa, mas não estava cega. Ela catalogou todo o caminho e todas as possíveis rotas de fuga da mansão assim que atravessou os portões desta. — Greyback! — um rosnado soou às costas dela quando ela alcançou a escadaria de entrada. Ao dar um relance por sobre o ombro, registrou que havia um bruxo grande, peludo e de aparência animalesca em seu encalço. Dallas acelerou o passo. Abençoado fosse Montgomery e o seu treino de resistência. Ela só precisava sair dos terrenos da mansão, o suficiente para ativar a chave de portal que trouxe consigo, porque McGonagall não era burra e Snape era paranoico e extremamente precavido. 

Um vulto passou por cima de sua cabeça e Dallas freou quando Greyback aterrissou na sua frente após um salto de dar inveja a um ginasta medalhista olímpico. Ele sorriu com caninos avantajados e amarelados e ergueu a varinha. O som de passos às suas costas indicava que tinha mais gente em seu encalço para fechar o cerco e impedir a sua saída. 

— Se você for boazinha — alguém disse às costas de Dallas. — não iremos desmembrá-la antes de entregá-la ao nosso lorde. 

— Não? Farão isto depois? — o bruxo atrás dela era tão feio quanto Greyback e Dallas percebeu, naquele momento, que teria que apelar. Estava encurralada por dois lobisomens que, mesmo fora da lua cheia e em forma humana, conseguiam ser bem ágeis. — Have you ever heard the wolf cry to the blue corn moon, or asked the grinning bobcat why he grinned? — Greyback e o outro bruxo começaram a piscar os olhos repetidamente, seus rostos ganhando expressões confusas. — Can you sing with all the voices of the mountains… — Dallas permaneceu cantando e quando percebeu que Greyback não estava mais reagindo, que os seus olhos ganharam um tom distante, o tocou levemente no braço e foi o guiando em direção ao outro Comensal da Morte, o tirando de seu caminho. — Can you paint with all the colors of the wind. — ela colocou Greyback ao lado do outro bruxo. — Can you paint with all the colors of the wind. — eles estavam quase catatônicos com a canção e Dallas riu maldosa antes de acertar um poderoso Estupefaça no peito de cada um. — Idiotas. — resmungou e voltou a correr em direção ao portão antes que os outros comensais percebessem que Greyback e o parceiro não haviam sido bem sucedidos em sua captura. O que não demorou muito. 

O som de passos às suas costas, pesados sobre o chão de cascalho, os feitiços que passavam raspando por sobre a sua cabeça, foram a primeira indicação. Os gritos de frustração foram a segunda. Dallas explodiu o portão de entrada da mansão Malfoy com outro poderoso feitiço e assim que sentiu-se passar pelas barreiras mágicas, em um último gesto de ousadia, logo assim que ativou a chave de portal, virou-se para o grupo que a perseguia e mostrou-lhes o dedo médio, e então desapareceu da vista deles. 

Em Ottery St. Catchpole , Harry Potter tinha acabado de sair de uma visão e perdia o ar de tanto rir, para a completa confusão dos amigos. Quando recuperou o fôlego, contou à eles o que tinha acontecido e Ron e Hermione estavam pálidos e de olhos largos ao final do relato. 

— O quê? — Harry perguntou, confuso. 

— Agora entendo porque se apaixonou por ela, parceiro. — Ron comentou. — Ela é tão maluca quanto você. 

 

oOo

 

— Eu não sei dizer se você é extremamente corajosa ou absurdamente burra!

— Ei! — Dallas resmungou. 

— O que você tinha na cabeça?! Comeu merda quando era criança?! Estamos falando de Voldemort! Voldemort ! — Harry perambulava de um lado para o outro na Sala Precisa, onde tinha pedido para encontrar-se com Dallas para conversar. Depois do susto veio a preocupação, e esta levou a frustração, que levou a um berrador que estourou na mesa do café da manhã durante o Natal, bem sobre o mingau de Dallas. Cena testemunhada por seus colegas grifinórios que depois relataram a Harry que a garota sonserina não pareceu nada feliz com a vergonha pública que passou. E se conhecia bem Dallas, a vingança dela seria maligna.

— Você sempre foi dramático assim ou isto é uma faceta nova de sua personalidade? — a interrupção, carregada de sarcasmo, deixou Harry sem palavras. Ela não dava a mínima para o sofrimento dele, era isto? Para a agonia que ele passou enquanto assistia de camarote, através dos olhos de Voldemort, ela ser torturada e perseguida? Enquanto sentia Voldemort deliciar-se com aquela novidade que era Dallas Winford? O Lorde das Trevas gostava de ter lacaios, mas abominava gente estúpida e vez ou outra, quando um raro arroubo de bom humor o acometia, ele nutria um suave ar de admiração por alguém e começava a visionar aquela pessoa fazendo parte de seu ranking de soldados. Para Voldemort, Harry era uma ameaça ao seu reinado que precisava ser eliminada,. Dallas tornou-se uma curiosidade que devia ser conquistada. Era nojento, doentio na verdade. Aos olhos de Voldemort, Dallas era um objeto de valor que ele precisava ter e foi isto que o freou de matar os Malfoy naquele instante. Matá-los lhe tiraria a chance de seduzir Dallas para o seu lado. 

— Eu não acredito que você está fazendo piada com isto, com o completo terror que eu senti quando te vi naquela casa, jantando com ele ! — Dallas suspirou, levantou da poltrona em que estava, foi até Harry e simplesmente o abraçou. 

Harry quis resistir ao gesto de afeto, quis muito mesmo, mas a forma delicada com que ela afagava o seu cabelo e sussurrava palavras de conforto em seu ouvido o desarmou por completo. 

— Desculpe-me. — ela pediu ao afastar-se e encerrar o abraço que já deixava saudades no âmago de Harry. — Você tem razão, eu não quis fazer piada de sua preocupação. Mas você também precisa entender que se eu não fosse, Draco e Narcissa corriam riscos. Eu sei que não temos o melhor dos relacionamentos, mas eles ainda são o meu irmão e a minha mãe. 

E esta havia sido uma revelação para Dallas. Ela realmente se importava com Draco e também com Narcissa, apesar de ter dito várias vezes que não reconhecia a mulher como sua mãe. Aparentemente a teimosia dos Black era uma via de mão dupla, porque Narcissa insistiu tanto em manter contato e aproximar-se de Dallas, que de certa forma acabou conquistando um pouco da simpatia dela. O suficiente para Dallas arriscar-se do modo que se arriscou para garantir a sobrevivência de Narcissa. 

— E você mentiu para mim. — Potter mudou de assunto tão rápido que Dallas até ficou tonta. 

— Oie?

— Você disse que não sabia o que Malfoy estava aprontando, mas você sabe. Você disse à Voldemort. 

— Te passou pela cabeça que na verdade eu menti para ele? — Potter estreitou os olhos em desconfiança. 

— Voldemort é legilimente, ele saberia se você estava mentindo. 

— A melhor mentira é aquela onde até o mentiroso acredita que esta é a verdade. 

— O quê? — Dallas suspirou, exasperada.

— Legilimência não é uma técnica infalível, você não precisa ser um Oclumente para bloqueá-la, basta divergir os pensamentos e transformá-los em labirintos que não levam a lugar algum. Como, por exemplo, eu dizer que eu sabia qual era a missão de Draco e acreditar piamente nisto, que eu sabia a verdade, quando na verdade não sei de nada. — Dallas devia dar a si mesma o prêmio de melhor mentirosa do Universo, isto sim, por estar enganando Potter deste jeito. Que ótima maneira de construir os alicerces de uma relação saudável e confiável, não é mesmo?

Ela podia contar a Potter a missão de Draco? Podia. Era do interesse de Potter saber qual era a missão de Draco? Não. O alvo era Dumbledore, quem Dallas não acreditava nem por um segundo que já não soubesse o que estava acontecendo. Draco não foi exatamente sutil em suas tentativas fracassadas de assassinar o diretor. E ainda tinha Snape. Dallas ainda não sabia direito qual era a jogada do professor. Ele era espião de quem e estava espionando quem? Mas com certeza alguma coisa ele deve ter dito a Dumbledore, que ou estava dando corda para Draco se enforcar ou estava deixando esta história desenrolar porque estava genuinamente curioso para ver o seu final. Vai saber. Portanto não era do interesse de Potter este assunto. Era, sim, do interesse de Dallas. Ela não queria que Draco se tornasse um assassino, ele não tinha culhões e muito menos estabilidade mental para carregar este fardo, mas nas poucas horas em que ficou na Mansão Malfoy, no pior jantar de Natal que teve em toda a sua vida, entre momentos de náusea e pânico, ela testou discretamente as barreiras da casa e atestou que essas eram bem poderosas e que no momento em que tentasse violar a primeira, o alerta soaria para quem quer que estivesse de guarda e os seus planos iriam por água abaixo. 

Harry suspirou e deixou-se cair na poltrona. Por que exatamente ele era apaixonado por Dallas? A garota lhe dava mais voltas do que um pião e boa parte de suas dores de cabeça e a razão de seus cabelos brancos precoces eram por causa dela. A outra parte era crédito de Voldemort. Harry sentiu um peso sobre as suas pernas e quando ergueu os olhos, Dallas havia sentado em seu colo e envolvia os braços longos em torno de seu pescoço. Havia um sorriso coquete nos lábios cheios e rosados pelo batom, o perfume dela era suave e inebriante e quando ela começou a trabalhar um chupão em seu pescoço, os fios sedosos do cabelo dela roçavam a sua pele exposta como uma carícia. 

— Er… Dallas. — Harry pigarreou, mas ainda sim a sua voz saiu mais aguda do que pretendeu. Dallas ergueu o rosto, com uma sobrancelha arqueada como se realmente não compreendesse a interrupção. Ela decidiu que o pescoço não era o suficiente e deslizou os lábios pela bochecha de Harry em uma promessa de beijo que não vinha. — O que você está fazendo? — Dallas riu. 

— O que você acha que eu estou fazendo, Potter? — Harry realmente queria saber, porque aí seria uma distração para o fato de que a proximidade dela era inebriante, o corpo dela roçando contra o seu despertava o seu libido de forma perigosa e ele sentia um calafrio gostoso em seu baixo ventre que era prelúdio de uma situação mais do que familiar. 

— Eu ach-acho melhor você sair do meu colo. — Harry pediu quase em desespero. Dallas remexia-se em seu colo, esfregava-se contra ele, e o roça-roça estava ficando cada vez mais perigoso.

— O que o faz pensar que eu quero sair daqui? — o tom dela era cheio de promessas maliciosas, o olhar dela era intenso e violeta, a pele dela parecia brilhar contra a luz da sala e quando Dallas saiu de seu colo e deslizou sensualmente por entre as suas pernas entreabertas até ficar de joelhos no chão, Harry envergonhou-se profundamente do soluço agudo que soltou quando sentiu dedos mornos começarem a trabalhar o botão de seu jeans. 

— Você j-já fez isto antes? — perguntou enquanto o som do zíper abrindo parecia o estampido de um pistola ecoando na sala.

— Não. Mas eu li muito sobre o assunto. 

— Vo-você qu-quer fazer isto? — porque Harry poderia ter um conhecimento quase mínimo do universo feminino, mas ele ainda tinha algum conhecimento, e as mulheres eram sexualmente diferente dos homens. Enquanto a mente, corpo e todos os hormônios de Harry gritavam "sim! sim! sim!" como uma torcida organizada em final do Campeonato Inglês, isto não queria dizer que Dallas estava de acordo com aquele script 

— Não, Potter, eu estou aqui de joelhos, abrindo as suas calças, só de zueira. — ela soou irritada e Harry rezou para todas as entidades e seus parentes para que as suas perguntas não a tivessem contrariado o suficiente para fazê-la desistir da ideia. — Agora cala a boca que eu estou tentando me concentrar aqui.

— Concentrar por… PUTA QUE PARIU! — Harry soltou quando sentiu algo morno e molhado envolver as suas partes íntimas e decidiu que iria calar a boca naquele momento. Na verdade, a medida em que o tempo passava, palavras tornaram-se absurdamente irrelevantes para a sua vida, e duas horas depois, ao retornar para a Torre da Grifinória, ele ainda não tinha recuperado completamente o seu vocabulário. 

— O que aconteceu com você? — Ron perguntou ao ver o amigo entrar na torre. Harry estava descabelado, a roupa meio amarrotada, com as bochechas vermelhas e suor secava em sua pele, dando a esta um aspecto oleoso.

— Nada! — Harry soltou de forma esganiçada e acelerou o passo em direção a escadaria de acesso ao dormitório. Ele costumava contar tudo para Ron e Hermione, mas isto? O que aconteceu entre Dallas e ele na Sala Precisa? Isto seria o seu segredo que levaria para o túmulo.


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