Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 24
Capítulo 23




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O estádio de Quadribol, montado para a final da Copa Mundial, era gigantesco e em nada comparado ao campo que havia em Hogwarts, e Dallas estava extremamente impressionada com a quantidade de bruxos e bruxas que existiam ao redor do mundo e nem ao menos ⅓ desta população deveria estar ali.

— Quanto mais teremos que subir? — Dallas perguntou porque ela tinha a sensação de que, se subissem mais, chegariam ao teto máximo de altitude de vôo de um boeing e nem todo o exercício do mundo estava evitando que as suas pernas ficassem cansadas o que, sinceramente, era vergonhoso, pois Judith ia à frente do grupo, toda serelepe e só faltava rodopiar a cada degrau subido e cantarolar uma canção qualquer. — Que drogas vocês dão para ela? — Dallas perguntou, sem fôlego, quando viu Judith disparar em uma corrida degraus acima. — Eu quero. 

Patrick riu, mas não respondeu. Dois minutos a mais de subida e Liam finalmente disse a palavra abençoada:

— Chegamos. 

— Graças a Deus! — Dallas exclamou e usou o seu último resquício de forças para subir mais três degraus e então passar por alguns espectadores já sentados e trajados com as cores de sua seleção, antes de finalmente alcançarem os seus assentos, onde ela largou o corpo de forma desleixada, nada condizente com a educação de lady que recebeu da avó. Antes da partida começar, deu-se a apresentação dos mascotes das seleções e a Irlanda, claro, trouxe os tradicionais Leprechauns, que dançaram e distribuíram moedas de ouro para a multidão que debatia-se querendo catar a maior quantidade de dinheiro possível. 

— Esse pessoal esqueceu que este dinheiro vai desaparecer? — Patrick comentou ao seu lado e Dallas deu de ombros. O ser humano era um bicho estúpido quando a questão era dinheiro, sempre foi. E então as mascotes da Bulgária entraram em campo. Ao menos duas dúzias de Veelas que começaram a cantar e a dançar sob o olhar apreciativo e hipnotizado da multidão. Dallas viu Patrick debruçar de forma perigosa no guarda-corpo e ela reagiu rápido, o segurando pela mão e o puxando de volta para o assento. 

— Patrick, não! — disse enfática, em tom de ordem, e o olhar vidrado que havia no rosto dele desapareceu em instantes. Aurora riu, porque ela também teve que segurar um Pietro que começou a declamar vários poemas de amor para as Veelas que nem o ouviam. 

— Pietro, qual é, desista. — Aurora ainda ria, mas sob a sua expressão divertida havia uma sombra de preocupação. Pietro era o dobro do tamanho dela, com muito mais massa muscular e força e por mais que a auror o segurasse pelo braço, ele conseguia soltar-se toda vez. Aurora já estava considerando largar Pietro e sacar a varinha para estuporá-lo, correndo o risco de neste meio segundo em ele estivesse solto, o homem se arremessasse da arquibancada, querendo alcançar as Veelas, quando Dallas o chamou em tom de ordem:

— Pietro! — a voz da garota ecoou ao redor deles como se amplificada e com um suave tom que lembrou um tilintar. — Sente-se! Agora! — Pietro plantou a bunda tão rápido na cadeira que Aurora suspeitou que ele aparatou. 

— O quê… o que aconteceu? — ele perguntou ao piscar repetidamente, acordando de seu transe, e Aurora suspirou aliviada porque as Veelas finalmente pararam de cantar, ocupadas demais em discutir com os Leprechauns e em transformarem-se em aves enormes, para continuar a hipnotizar a multidão de espectadores. 

— Encanto Veela. — Liam disse com uma risada e ao dar tapinhas consoladores nas costas de Pietro. — Mas a pergunta é: como você conseguiu fazer com que Patrick e Pietro te obedecessem? — continuou e lançou um olhar curioso para Dallas, que deu de ombros.

— Encanto Veela. — ela respondeu. 

— Oh! Você deve ser uma descendente direta para ter um Encanto tão poderoso em tão tenra idade. — Liam disse com a animação que todo estudioso adquiria quando ficava de frente com algo fascinante. 

— Minha avó é uma Veela. 

— Mas não teve diluição de segunda geração, não é mesmo? — Liam continuou e deliberadamente retirou Patrick do assento onde o garota estava, para acomodar-se ao lado de Dallas. Os seus olhos claros brilhavam com uma curiosidade infantil enquanto esperava pela resposta dela. 

— Diluição de segunda geração? 

— Não há uma mulher entre sua avó e você, não é mesmo? Os genes Veela são passados somente para as fêmeas. 

— Ah, não. 

— Fascinante. Patrick me disse que a sua família por parte de pai é trouxa. Então a sua avó casou-se com um trouxa.

— Sim? — Dallas respondeu com hesitação, porque havia um ar quase maníaco rodeando Liam. e ele havia aproximado o seu rosto perigosamente do rosto dela, enquanto fazia todas essas perguntas. 

— Os genes Veela são sempre predominantes na segunda geração, tanto que as filhas de uma Veela com um bruxo retém a maioria dos poderes mãe, e na mesma intensidade, com a exceção da transformação em harpia e do controle do fogo. Se você não tivesse uma mãe bruxa, mas sim trouxa, teria nascido uma Veela completa porque o gene é 100% predominante sobre o gene dos trouxas. 

— Por que o senhor está me dizendo isto? 

— Porque ele não tem nenhum bom senso. — Annabeth resmungou e puxou o marido pelo colarinho, o tirando da cadeira e deixando que Patrick assumisse de novo o seu lugar. — Deixa a menina em paz, Liam, ela não é um de seus objetos de estudo.

— Mas Anna, é uma Veela! Por simples dois fatores fatores genéticos ela não nasceu uma Veela pura. Me diga! — Liam voltou-se para Dallas, plantando os pés no chão e impedindo o progresso de Annabeth de arrastá-lo para longe. — Você já encontrou o seu ponto de equilíbrio? Geralmente as Veelas o encontram nesta idade, ou mais cedo. Você já encontrou? 

Dallas hesitou. O que era “ponto de equilíbrio”? Se o sr. Gordon referia-se ao ponto em que uma Veela finalmente conseguia controlar os seus poderes, a resposta era óbvia. 

— Não. — disse, para a completa confusão e decepção de Liam que pareceu murchar como uma flor diante desta informação, o que foi o suficiente para Annabeth arrastá-lo para longe. — O seu pai é estranho. — Dallas fez-se ouvir por sobre o anúncio do Ministro da Magia. Patrick deu de ombros, com a cara de quem não ouviu nenhuma novidade. 

A partida começou e, com isto, o alvoroço dos torcedores. Os gritos eram ensurdecedores, as vaias também, e a energia emanada pela multidão era contagiante. Por vários momentos Dallas pegou-se pulando cadeira afora, vociferando xingamentos e apontando com indignação jogadas irregulares que não foram captadas pelo juiz, independente de qual seleção cometesse a infração. A Irlanda estava massacrando a Bulgária com dribles rápidos e passes perfeitos e um gol atrás do outro. Mas Viktor Krum? Este voava com agilidade e maestria e após duas horas de jogo intenso, ele capturou o pomo de ouro, mas a Irlanda tinha duzentos pontos à frente, o suficiente para lhe garantir a taça da Copa Mundial. 

— Pensei que você não gostasse de Quadribol. — Patrick gracejou enquanto eles seguiam o fluxo de pessoas para fora do estádio. Os torcedores irlandeses pareciam sob o efeito de um concentrado Felix Felicitis, gritando e entoando o hino de seu país como se tivessem conquistado o mundo. Os búlgaros dividiam-se entre um ar pesaroso e uma cara amarrada a muitos aceitavam a provocação dos torcedores irlandeses de bom grado, levando tudo na esportiva, outros estavam levando para o lado pessoal e Dallas pulou de susto quando dois bruxos começaram a duelar do nada ao seu lado. Liam pousou a mão em seu ombro e no de Patrick e guiou os dois jovens para longe da confusão bem no momento em que um grupo de aurores surgiu para apartar a briga. 

— Quadribol tem os seus atrativos. — ela comentou, respondendo a pergunta de Patrick e dando um último relance por cima do ombro para os bruxos brigões. — Você, melhor do que ninguém, deveria saber disto. — finalizou com uma piscadela marota que fez Patrick corar até a raiz do cabelo. 

O jantar na barraca dos Gordon havia sido uma mistura de cachorro quente, tacos e hambúrgueres caseiros. Aparentemente a comunidade mágica australiana tinha uma maior interação com a trouxa e Liam trouxe esses costumes consigo quando veio para a Inglaterra, e passou adiante para os filhos, o que explicava a casa dos Gordon ter coisas como TV e telefone. 

— Você poderia começar um diário. — Patrick comentou enquanto Dallas e ele estavam sentados sobre a cama do garoto, após o jantar, concentrados em um jogo de Monopólio, outra herança trouxa trazida por Liam para dentro de seu lar mágico. 

— Diário? — Dallas nunca foi garota de diários. Suas emoções eram somente dela e deveriam ser mantidas escondidas do mundo, deste modo não eram usadas contra ela. 

— Você reclama que não há muita literatura sobre Veelas, que está tendo que aprender tudo no tranco. Um diário poderia ser uma boa ideia para deixar como legado para garotas que, no futuro, encontrarem-se na mesma situação que você. — completou ao rolar os dados dentro da tampa da caixa do jogo.

— Hum… — foi o único comentário de Dallas antes dela lembrar-se de algo de extrema importância. — E Davon? — Patrick vacilou na contagem de casas e ergueu os olhos para mirá-la por entre longos cílios negros. Havia rubor em suas bochechas e ele ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:

— Você sabe que não é assim que o mundo dos encontros funciona, não é mesmo? Só porque eu sou gay e Davon bissexual, não quer dizer que vamos viver um romance tórrido, nos apaixonarmos no primeiro olhar. — Dallas rolou os olhos. Patrick achava que ela era estúpida?

— Isto porque o mundo dos encontros funciona da seguinte maneira: “oi, eu sou Patrick e gostaria de saber se você tem interesse em tomar uma cerveja amanteigada comigo em Hogsmeade” e então, se a resposta dele for sim, vocês dão início ao seu romance tórrido e de amor à primeira vista. — foi a resposta dela em tom de deboche. Havia dado um empurrão inicial na situação, feito Davon tomar ciência da existência de Patrick e agora tudo o que o menino precisava fazer era aproveitar o gancho e convidar o rapaz sonserino para um encontro. Davon era uma criatura relativamente agradável de se conviver, embora viesse de uma família sangue puro americana, onde as leis de sigilo mágico eram bem mais rígidas. Às vezes Dallas questionava o que tinha colocado o colega na Sonserina. Davon era tranquilo demais para o ar esnobe da casa. 

— Crianças. — Annabeth bateu na porta entreaberta, chamando a atenção dos dois jovens sobre a cama. — Esta tarde. Amanhã partimos cedo. — avisou e seguiu corredor abaixo. Dallas ajudou Patrick a guardar as peças do Monopólio na caixa e retornou ao quarto que dividia com Aurora, após desejar ao amigo boa noite, somente para ser acordada uma hora mais tarde porque o acampamento estava sob ataque.


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